terça-feira, setembro 13, 2011

Maskavo na terra do sol nascente ou um gaijin olhando o taifu - por Bruno Prieto

A expectativa para nossas primeiras apresentações fora do Brasil era muito grande. Passagem aérea na mão, passaporte carimbado, eu via nos olhos de todos os meus colegas a excitação inerente em desbravar um novo horizonte: Japão. Pousamos em Narita depois de 28 horas de vôo e já ficamos sabendo do Taifu. Pra mim, não parecia grande coisa, então entramos na van e rumamos para Hamamatsu. Quando chegamos ao hotel,  ninguém conseguia dormir. Então fomos dar uma volta na cidade. De noite, sem um alma viva nas ruas. O vento era forte e quente e as gotas de chuva iam e vinham.
Em Hamamatsu, na Young Adult, fizemos nossa primeira apresentação. Intensa, magnífica, arrebatadora. Tudo por causa do grande público que fora nos prestigiar. Nunca imaginei tantas pessoas cantando nossas
músicas tão longe de casa. Mas a impressão era de que estávamos todos conectados com nossas raízes brasileiras naquele momento único então era aproveitar e ser feliz. Foi um show marcante na carreira do Maskavo. O melhor do ano até agora.
Pegamos a van e fomos direto pra Gunma no outro dia. Naquela hora a sensação era de que estávamos em uma turnê normal: mala, van, rodovia, parada no posto pra comprar água, fotos e mais fotos, povo dormindo, ouvindo música, batendo papo. Rodamos mais de 400km com o Taifu açoitando os quebra-mares na costa de Fuji. Que ventania. Nosso motorista, o Fábio, me explicava o perigo de trafegar naquelas condições. Eu fiquei impressionado mesmo foi com as montanhas russas que vi no caminho.
Em Gunma fizemos nosso segundo show. Tocamos na Ibiza Ota Night Club. Tão excitante e intensa como a primeira apresentação para um público tão feroz quanto em Hamamatsu. O Maskavo tirava a saudades de casa dos nipo-brasileiros presentes e a gente só queria mais, mais, mais de tudo aquilo. Para cada nota que tocávamos, uma onda de alegria surgia. Tudo aquilo rememorava os tempos de quando comecei minha vida
profissional como músico. A essência era a mesma. As músicas também. Mas nós já estávamos sendo, todos, tomados pela idéia de que aqueles ares japoneses estavam nos dominando as idéias. Foi um baita show de reggae brasileiro.
Quando fomos para Nagoya, ninguém tinha dormido. Tudo era tão real que merecia ser aproveitado. Aquela coisa: mais 400Km de estrada, fotos e mais fotos, muita conversa. Saímos do Brasil em 8 pessoas e, em certo momento, todos falávamos ao mesmo tempo cada qual com sua bebida preferida. A minha? Kirin biro.
Em Nagoya sentimos com mais veemência os ventos do Taifu. Era evidente a força daquilo tudo pois as motos e as bicicletas estavam todas no chão das ruas do bairro de Sakae. Nossa ida para o Japão tinha como objetivo final o show no Brazilian Fest. Mas não pudemos completar essa missão por causa da chuva e do vento. Claro que ficamos tristes. Arrebatados por aquela vontade louca de fazer algo pra mudar aquela
situação ou nos rendermos à força da natureza, fomos convidados a resolver tamanha confusão que resultou em uma apresentação intimista em Chiryu, no Recanto da Terra. Lá, com o Marceleza vestido com
roupas de samurai, trocamos idéias com a galera que iria prestigiar o festival em Nagoya. Pegamos emprestado com a Bárbara Hudz dois violões e tocamos quatro canções para dar aquela satisfação especial para todos que haviam nos recebido tão bem naqueles dias de trabalho. Que felicidade!
Fomos a Tóquio para dizer que passamos por lá, olhamos os outdoors e as fachadas dos prédios, nos perdemos por duas horas nas ruas de Akihabara e depois pegamos nosso vôo em Narita direto pra Doha, direto pra São Paulo. E ficamos, em peso e alma, com algo dos brasileiros no Japão encrustados em nossas lembranças para sempre. Diá matá né.
Gostaria de agradecer especialmente a nossa produção no Japão: Mike, Edna, Fábio, Haru, Mary. Foi tudo divino, maravilhoso. Arigatô Gozaímasu. Nos veremos em breve.

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