segunda-feira, junho 19, 2006

Extemporâneas N# 4 - O Brasil precisa de um plano melhor

Pra mim não é muito fácil ler notícias pela internet. O efeito que um jornal ou revista tem em minhas mãos é muito maior do que tem a informalidade dos meus olhos refletindo a radiação do monitor colorido. Uma coisa na qual eu acredito bem mais ou menos são nos meus olhos e por isso eu aceito o experimental e o espontâneo como uma bela faceta humana. Mas me impressiona como, depois de anos de estudo e observação, pequenas linhas em sites de notícias me desapontam.
Meu pai uma vez me disse que teria um dia na minha vida onde eu teria que escolher entre viver uma ideologia pessoal política ou apenas viver surfando o sistema apoiado meramente no estar vivo e poder apreciar aquilo que é bom nas coisas da vida. Demorei muito para compreender que meu pai tem razão quando diz isso pra mim, afinal nada que eu tenho foi construído facilmente. Minhas mãos calejadas, sim, calos de verdade porque já brinquei muito com enxada, tijolos, sacos de fumo de arapiraca, corte de grama, lava-carros humano e muito mais, parecem úteis depois de tantas práticas mecânicas, servem para me alimentar e acariciar os cabelos, os pêlos, a pele, as penas, o algodão. Política parece não ter sentido. Marx me assusta pois ele previu o que somos em suma: escravos do salário. Mesmo que o salário seja uma surrealidade do brasileiro e, na melhor das piores hipóteses, o buraco da previdência social pois não teve político capaz de entender que para uma reforma, para uma revolução interior, é necessário abrirmos mãos de privilégios coletivos. É necessário começar do ZERO para que, de uma vez por todas, uma idéia séria sobre dinheiro ampare com modernidade a falência do governo, o buraco negro das contas. Li que o PPS vai apoiar Alckmim discretamente. Alckmim? Já me deparei com o fantasma-Lula e não entendi nada do que aconteceu com seu governo, apesar das estatísticas favoráveis, na verdade o que era preciso mudar e melhorar, o que era preciso coragem vermelha pra igualar e aparar arestas não foi feito. Continua-se a po´lítica dos números e do assistencialismo social público. Meu sogro foi ótimo quando disse que estamos vivendo as legislações do século XVIII, eu me sinto colonizado como um brasileiro do século retrasado também. Pense bem, a dissidência do PT apoia o PSDB, o PT não está em posição de encarar as deficiências estruturais de cento e poucos anos de República e nossa república, uma das únicas verdadeiramente, é uma bagunça, e as opções para o VOTO ficam restritas ao interesse pessoal, ao ego e dinheiro e a moral e aética ficam em segundo plano. Quantas vezes vi amigos votarem em candidatos que ia priviliegiar seus pais literalmente. Eu nunca fiz isso. Não sei mais o que fazer com meu voto pra falar a verdade. Já discuti sobre o voto nulo, já escrevi uma música que fala levemente sobre isso mas não sei se o preparo político do povo intelectual e burguês e da indústria do Brasil tem a capacidade de incorporar novos canditados além destes poucos que nos representam mal e porcamente. Em quem eu votaria depois de anular meu voto? O presidente colombiano recém-eleito, Uribe, disse que a América Latina está pagando o preço por colocar no poder pessoal sem profissionalização política e intelectual em cargos de responsabilidade. Taí, eu concordo com este político mas sofro muito por isso. Eu já tinha pensado muitas vezes nisso e só as contas, a vida na estrada e minha família já me dão mais do que muito para pensar. A vida, como eu disse, nunca me foi fácil. Grato e feliz eu me sinto por isso. Sinto que carrego uma cruz bem menos pesada do que muita gente por aí. A saúde me é companheira e da minha mulher e filho também. Tenho uma avó de 90 anos e outra de 75. Na genética em mim existe uma química favorável à velhice. Bem, Brasil, é preciso coragem para mudar. Eu sou do tipo de homem que, se meu pai aceitasse suborno, eu não mais falaria com ele e ele bem sabe disso. Eu entregaria meus irmãos se eles fossem bandidos. Eu sou moderno a esse ponto. Silêncio.

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