Craques de 8 ou 80 (anos)
EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online
O Campeonato Brasileiro-2007 é um dos piores dos últimos anos, sem dúvida. Não existe nenhum time que dê gosto de ver jogar. Mas a situação mais desalentadora é ter chegado a um ponto em que não existe nenhum grande jogador atuando nos gramados nacionais que esteja em seu auge. Nenhum. Zero.
Isso não quer dizer que não exista nenhum bom jogador no Brasil hoje. Mas todos os que estão aqui, salvo alguma raríssima exceção, ou são jovens que estão despontando e esperando a primeira oportunidade para ir para o exterior ou são veteranos --que na maior parte das vezes já tiveram passagem pelo futebol estrangeiro.
Não existem craques de "meia-idade" no país. Estes estão todos fora. Escolher o melhor jogador de cada time neste Brasileiro é dificílimo. Quase ninguém tem um grande destaque. E, quando tem, encaixa-se facilmente o tal "craque" no perfil que descrevi.
O São Paulo, líder do Campeonato, por exemplo, tem como maior ídolo o goleiro Rogério Ceni, veterano de 34 anos. No Corinthians, encontrar o melhor é tarefa hercúlea. Talvez Vampeta, 33. No Santos, Kléber é ótimo e tem 27 anos. Mas, apesar disso, já está na fase da volta ao Brasil após passagem pelo exterior. É um "veterano novo". Os palmeirenses têm de se contentar com Edmundo aos 36 anos --sem contar Valdívia, que é chileno.
O cenário é o mesmo em outros Estados. No Rio, o Vasco tem como estrela o rodado Leandro Amaral, 30, ou, se preferirem, Romário, 41. O Botafogo se apóia em Dodô, 33. O destaque principal do Fluminense é o jovem meia-atacante Thiago Neves, 22. E, no Flamengo, Renato Augusto tem apenas 19.
Mesmo em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul ou qualquer outro Estado não se encontra um único craque verdadeiro no auge. A explicação para isso parece bem óbvia --a saída dos atletas cada vez mais jovens--, mas nunca antes a falta de grandes atletas foi tão latente no Brasileiro.
O time que for campeão, seja lá qual for, será um time meia-boca. E até a seleção do campeonato, eleita no prêmio Craque Brasileirão no final do ano, vai ser meia-boca.
Certa vez li em algum lugar que no futuro as pessoas do mundo inteiro iriam torcer pelas grandes potências do futebol europeu em detrimento dos times locais. Do jeito que a coisa anda, isso não deve estar muito longe de acontecer.
Eduardo Vieira da Costa, 30, é jornalista e foi repórter do diário "Lance" e da
Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve semanalmente,
às sextas-feiras, sobre futebol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário