segunda-feira, novembro 26, 2007

Tocar para ninguém

Esse talvez seja um dos dilemas que toda pessoa quando pensa em ser músico tem. Quando alguém me pergunta alguma coisa interessante, geralmente é sobre tocar em um show que tinha tudo para ser cheio e não foi.
Sendo leigo, é melhor sempre pensar nas possibilidades extremas: algo muito positivo e algo muito negativo. A análise disso cria muitas possibilidades entre esses extremos e é no bom senso que a resposta mais próxima da verdade se encontra.
Já tive raras oportunidades de viver esse clima que é ruim pro contratante e desolador pro empresário. Pro público é chocante, especial, intimista um fato como esse.
E simplesmente não é nada de mais. Pra quem toca um instrumento o mais importante é o bem estar de se dedicar à música. Começa pela relação íntima com seu instrumento, tocar bem a extensão dos seus dedos e dos seus neurônios; depois tem a sensação sempre deliciosa de tocar em um som alto, com amplificadores; e depois tem o compromisso interior de, por menos ou ninguém que esteja ali te vendo, tem sempre seu companheiro de banda que está ali presente, pode ser que o sublime aconteça e à vontade de tocar supere até mesmo o silêncio entre as notas que respiram ao final de cada canção executada; tem o compromisso com a essência do músico onde estar tocando é estar sendo feliz.
Já tive experiências muito intensas e chocantes quanto à perda ou queda de um show. Isso realmente não merece alegria ou comemoração. Mas tocar, pra 100, 10, 1 ou 3000 é a mesma coisa em essência. O que dá o tempero de cada um desses números são fatores particulares que não tem nada a ver com música.

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