O efeito devastador do ser humano sobre si e sobre sua prole é uma faceta considerada humana que precisa ser revista. A humanidade tem sido uma bela desculpa esfarrapada para que o indivíduo reaja ao seu meio e cometa atos que considera além da natureza, como se o homem fosse algo maior, melhor, fora da natureza em si. Essa faceta humana de se distanciar dos animais é fruto de um tipo de pensamento que margeia à razão dos poetas e dos filósofos; é o monstro que o indivíduo imerso nesse mundo de competição, guerra e escravidão enfrenta de olhos fechados, mas que não estão vendados, por isso me espanta a capacidade do homem de fugir da verdade hoje em dia. É como se o ser corresse sem objetivo de viver algo que está ao seu alcance e ficasse imaginando absurdos, acreditando em verdades que não são tão verdadeiras porque não são para todos; corresse da natureza que engloba a humanidade e que se apropria do homem sem ele querer.
Pais e mães estão planejando e criando seus filhos para matá-los ou abandoná-los à própria sorte, como se a sorte fosse um item facilmente conseguido em uma prateleira de supermercado. Jogam dos céus as crianças como se elas pudessem realizar o desejo mais do que interior de voar como fazem os pássaros e as borboletas. Largam crianças em sacos de lixo às margens de rios. Essa é a humanidade, a mesma, que mantém a chama da guerra social, da distorção da sociedade e da divisão na democracia do que está em cima e do que está embaixo. Esse relativismo nocivo tem sido uma face da verdade desde que os alemães invadiram a Polônia? Desde que os norte-americanos interviram em praticamente todos as culturas e sociedades? Desde que os portugueses chegaram no Brasil e trouxeram malária, febre, gripe?
A humanidade está realmente coberta da sujeira que cria, mas com certeza não foi a natureza que definiu esse lado desumanizador do homem. Isso é fruto de uma racionalização burra que define o homem pelo que ele tem e não pelo que ele é; as representações que todo indivíduo desenvolve desde seu nascimento são plurais. Cada pessoa tem diversos papéis que se somam e que se unem e que se calam e se bastam. Ninguém pode ser melhor do que ninguém enquanto todos respiram, comem, bebem água e acessam as mesmas notícias e tendências.
É triste, mas eu não leio jornal ou vejo noticiários. As mesmas reportagens sobre sofrimento, miséria, fome, guerra, sabotagem infantil e morte cansam. Cadê os aspectos que interessam de verdade a todos nós? Cada indivíduo é filho e desenvolve-se até se tornar mais do que isso? Não! Continua filho de alguém, amigo de alguém, inimigo de alguém, desconhecido para alguém, etc. São tantos humanos desejando algo mais do que ser humano, mas até que o problema mental sobre a razão de se viver em um tipo de sistema que nos corrompe como seres for debatido com vontade de vitória será impossível impedir o infanticídio real e moral que vem abatendo a sociedade mundial. Desumanos são aqueles que assistem à tudo que ocorre de estranho ao seu redor e não reagem com indignação e senso de despertar dessa ignorância mental que assola cada ser.
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