domingo, abril 13, 2008

Rumo ao enforcamento

Não basta acordar
não basta respirar
não basta abrir os olhos
não basta sair da cama

é sempre a mesma ligação
com os mesmos nós que irão um dia me enforcar

não basta dizer a verdade
não basta esconder os pequenos problemas
nada basta
nada basta nos momentos de desilusão

é sempre a mesma ligação
com os mesmos dizeres que irão me puxar pra baixo

não basta separar
não basta sequer ir embora
não basta dizer que é preciso calma
nada basta nesse momento incerto

é sempre a mesma pessoa
com as mesmas cobranças que irão me chatear

não basta o silêncio
não basta a distância
não basta um novo amor
não basta uma vagina

é sempre a mesma vontade de sumir
sem dizer adeus ou au revoir

não basta me dizer que preciso cuidar das últimas pendências
não basta me cobrar sem fazer a sua parte
não basta a injustiça da intimidade que acaba
não bastam os anos jogados fora

é sempre a mesma pergunta
como se a gente não soubesse a resposta

não basta jogar limpo e ter bom senso
não basta a educação e o respeito
não basta a corda no pescoço me apertando
não basta finalizar a mudança

é sempre a mesma pessoa que me dirá
como, quando, onde e quanto eu devo nisso tudo

rumo ao enforcamento,
eu vou matar o que em mim está pedindo para morrer e ser morto
e deixar pra lá os restos da mobília, das roupas, dos copos
porque não basta construir

tem que destruir pra ver se o casulo é à prova de bala e de fogo

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