terça-feira, julho 22, 2008

Certo grau de agressividade

Minha mãe costuma sempre lembrar que eu sou um mal perdedor e de que eu não devo apostar porque não tenho espírito de jogador. Quando eu era moleque fui incentivado a fazer dois esportes individuais: karatê-do e tênis. Ambos os esportes são complexos e exigem físico aprimorado e capacidade de ação e reação instantâneos, além de exigirem doses de improvisos e de sorte. Fundamental mesmo é ter talento para antecipar o adversário ou, como no xadrez, fazer seu oponente ir onde ele precisa pra você derrotá-lo. Não existem apostas nestes esportes, pelo menos para quem os joga, porque é impossível, mesmo crendo na possibilidade estatística do melhor/pior, prever quem vai ganhar uma luta ou um jogo que soma talento, capacidade de solucionar problemas e envolver psicologicamente o adversário é uma tarefa que não cabe a quem luta.
De uns tempos pra cá eu apostei muito no Maskavo. Muito de mim, muita coisa que o dinheiro não recupera, muito tempo esperando para ver no que ia dar essa banda. Cheguei a conclusão que minha mãe acertou de novo e eu não vou mais apostar, mesmo que na banda, de novo. Apostar me torna obssessivo, agressivo e ansioso. Apostar tira a glória da excelência porque só dá ao dono do bilhete motivo de riso temporário e que só se satisfará com outra aposta e outra vitória ou derrota. E um apostador nunca é saudado como uma pessoa que viu algo além do alcance; ele é visto como um oportunista e que só enxerga matéria no final, lucro enfim.
Estou a dois anos tentando desesperadamente convencer meus colegas a gravar alguma coisa nova. Alguma coisa realmente contemporânea. O Marceleza tem suas idéias, quer trabalhar novidades, novos arranjos e melodias. Eu admiro isso artisticamente, estou na mesma sintonia só que tendo que criar do nada muitas canções para que duas ou três sejam do Maskavo. Não é fácil escrever uma música que perdure por muitos e muitos anos. O Prata conseguiu isso com Um Anjo do Céu, mas a música não é só dele. O Tato conseguiu isso com o Maskavo com Asas, e sozinho com Rindo à tôa e Xote dos Milagres. Eu também quero entrar nesse grupo e só trabalho pensando nisso. Compus em parceria Folhas Secas, Ela, só Ela, É muito melhor e Quando o sol nascer, por exemplo. Mas essas canções não chegaram lá no topo e isso é uma lição: não é coisa pra qualquer um mesmo fazer uma canção!
Só que eu não consigo convencer, principalmente o Prata, de que estamos perdendo tempo fazendo ensaios, meditando spbre canções inacabadas ou que não são tão boas. E como eu apostei no Maskavo, me sinto frustado com o resultado dos últimos anos. Nada gravado. A melhor música composta é do meu irmão, chama-se Alma de Gato, e não conseguimos gravá-la. É uma travassão incrível e eu cansei disso.
Sou uma força da natureza. E como tal, depois da tempestade ficará à calmaria. Eu vou me acalmar e que se dane esse Maskavo. Por mim, eu toco baixo.

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