O meu beijo
é uma sala de visitas
que encontra
pessoas
estados
bebidas
saliva
skin
e que faz
como o pólen
no bico
da ararinha verde
que vi
em três lagoas
e que vi
no coqueiro de casa
faz com que nos unamos
e sejamos mais
do que meros
mortais
com lábios
inócuos
Estou no final da corda madrugando, ouvindo um tango de Paolo Conte, quase nada na cabeça. Pudera, depois de voltar de Três Lagoas com um "feeling nice" no bolso e surpreendido pela viagem toda apenas deixo a memória me levar, um pouco pra Santa Fé do Sul e Rubinéia, um pouco para Três Lagoas...
Ontem, depois de tocar no Viracopos Botequim, bater o recorde de público da casa e fazer o primeiro (será?) show de reggae da região, com um copo de vodca com red bull e gelo na mão, olhando as casadas dançarem e as solteiras xavecarem no balcão, depois de ver o muro interno da boate cair e não machucar ninguém, pensei "sorte?". Minha mente, no entanto, ainda estava no show, na naturalidade como tudo aconteceu desde a chegada e a recepção na cidade até os churrascos, a galinhada caipira, as modas de viola no Bartês e a troca de energia do show em si, a naturalidade como as notas foram tocadas e as frases foram ditas... fazia tempo que eu não sentia isso e foi muito real olhar as pessoas nos olhos e nem lembrar que eu estava com um baixo às mãos... e tinha um menino lindo desenhado na minha testa de dois anos, dentuço e que tinha os meus olhos... que saudade de casa.
Santa Fé do Sul fica bem perto do rio Paraná, divisa dos estados do MS e de SP. Do taxi matinal que tomei entre Santa Fé do Sul e Rubinéia, uma bahiana linda me dizia que já existiu uma primeira Rubinéia que foi inundada, Rubens com Nicéia vê se pode?, e que show de reggae naquela região era raridade. A memória, o show, a guerra entre o átomo e o alcóol, aquela naturalidade no ar, mas aquele senso de perigo no ar, tudo tão natural que fez o som soar bom e o reggae atingiu não-violentamente a todos e a mim... fiquei IRYE.
Muitas pessoas imaginam que somos todos réles urbanos. Mas eu mesmo sou filho de caipira, o Marceleza é goiano e todos ouvimos muita música boa, incluindo Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Xangai, Vital Brasil, etc... ou seja, do caipira ao sertanista, temos ouvidos treinados e nunca me canso de ouvir, não importa se no rádio da padoca ou na viola, : "ainda ontem chorei de saudade...."
Tudo isso com a benção da chuva, que caiu durante nosso show em Três Lagoas pela primeira vez em 5 meses, e na volta pra São Paulo toda. Axé.
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