A minha realidade é o espaço entre dois pontos
dentro deles existe mais do que vazio ou vácuo
mais do que as pegadas e mãozadas e corpanzadas
no espaço reside os orgãos, os sentidos finitos
relações de amor e ódio, frustração e prazer
a ejaculação precoce desta merda de ansiedade
tem o adeus, o até logo e tchau para sempre também
Dois pontos que são como postes de luz, acesos
eu sei onde estou mas não me sinto presente
eu vou pra onde me leva o labor e retorno pra casa
uma casa arrendada, sem dono definido ou número
dentro de mim é pouco, é muito pouco o que se encontra
doei tudo para os átomos que me circundam
infinitamente despreocupado com o tempo e com os fatos
sem ter onde morrer. Sem ter o que dividir.
doeu demais ter de mentir esse tempo todo pra mim
acabou o que eu plantei, secou-se a bica
o que produzi em solo estéril fica comigo nesse espaço
sementes plantadas e secas pela estiagem das promessas
(vontade de ir atrás daquela bunda, daquela teta)
de namorar no litoral e de dormir na areia
apenas os sons dos pássaros me acalma, o sabiá e a arara verde
o bem-te-vi e as rolinhas deste jardim exaurido
repleto de velhas minhocas californianas
tantos sonhos, planos, projetos, metas, etceteras
é preciso tomar uma decisão quanto à realidade
porque sem ela não há paz, não há beleza
é só tristeza e melancolia que não sai de mim
não sai de mim
não sai
entre eu e o que eu quero existem, por demais, caminhos
tento trilhá-los todos, não consigo, fico com meus irmãos e amigos
retidão e luz
meu filho
eu buscando me desculpar pelos erros cometidos
me perdoe, eu sou assim tão fodido porque eu quis
essa é minha realidade
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