Estou desligando e o último tracinho de energia que existe está por acabar, oxalá, não é nem Abril e o mar já está de ressaca, a chuva cai como torrente quando resolve desaguar e o frio é repentino, é uma rajada veloz de ar que passa só pra gelar o ambiente, a natureza está ligada em outra fonte de energia, não em pilhas artificiais ou em torres eólicas, contorce a transformação humana e devolve ao homem o que ele produz e joga fora, joga ao relento e nos aterros e nos córregos porque os rios são o esgoto do mundo e as veias dos rios estão se entupindo, entupindo de gordura e papéis de bala e bitucas de cigarro. Estou desligando a minha inteligência e gostaria muito de trocá-la por paz de espírito ou por uma missão simples, gravar um disco que não existirá, oxalá, por que tanto trabalho se ele não vingará?
Paul McCartney gravou em 1971 o ótimo álbum chamado RAM. Foi produção caseira, um homem, sua mulher, sua casa, seus instrumentos musicais, seus microfones, um engenheiro de som e uma máquina de gravação de fita de 16 canais. O homem tocou todos os instrumentos, cantou com a família, compôs com a mulher algumas canções lindas, como EAT AT HOME, e se não escreveu IMAGINE, lançada pelo homem John Lennon no mesmo ano, era porque esse cara tinha outras coisas para fazer. A contracapa do disco é Paul com Linda e sua filha, deve ser a Estella, que aparece também puxando a calça do pai na foto do encarte do álbum. E RAM, de acordo com minha pala de ácido, é WAR de cabeça para baixo, uma daquelas piadas internas de Liverpool.
Oxalá, proteja Paul e John.
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