eu digo que gravar um disco nos dias de hoje é um desafio que precisa de muita paciência, amor, senso de dever e crítica, beleza e estética e muita autenticidade. Ser autêntico na realidade dos tempos não é fácil e muito menos natural. Nos anos 60, 50 do século passado, quando a economia, a informação e os métodos de produção ainda eram bem artesanais no campo das artes em geral, um disco só era gravado quando você tinha 12 ou 13 canções muito boas para registrar. Os singles eram muito recorrentes: baratos, leves, pequenos, descartáveis. Assim como acontece hoje, haviam inúmeras bandas que gravavam singles, mas poucas delas gravavam um disco e muito menos ainda delas gravavam mais de dois discos durante a carreira. Veja bem, era um trabalho de arte consistente, duradouro um disco. Não é à tôa que o The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd, ainda é considerado o álbum mais bem feito do mundo: tem conceito, uma idéia forte que une as canções do começo ao fim, 4 instrumentistas antenados e jovens, a voz do David Gilmor em Breath, a linha de baixo de Money, etc. É uma obra de engenharia de som também pois utilizou equipamentos eletrônicos que na época eram experimentais, loops de fitas de rolo presas com durex em pedestais de microfone para efeitos de relógio, transes hipnóticos, etc.
Enfim, se me perguntarem, eu digo que só gravo um disco quando tiver essas 12 ou 13 músicas na manga. Até lá, paciência com os singles.
Dica: ouvir Moon Safari, do Air e Funeral, do Arcade Fire. Dois álbuns excelentes do começo ao final.
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