sexta-feira, julho 10, 2009

se me perguntarem sobre viver de música em 2009, eu digo

Tenho certeza que hoje eu curto mais ouvir música do que tocar música. Já foi o inverso, já vivi o tesão das multidões e dos pequenos espaços, do indie ao mainstream sem ser nem um e nem o outro. Contudo, isso me causa um certo desgosto pessoal. Não sei se posso dizer que estou realizando nada de novo. Não tenho certeza de que Tudo de Bom dará certo nas rádios, nos shows, não sei mais quais são os padrões a serem seguidos no meio musical. No conforto do meu estúdio, trabalhando em família e com muito pouco dinheiro eu sou mais feliz, mais completo e mais livre. O abismo que se abre entre ouvir música e tocar música é uma ferida exposta. Não me parece sadio curá-la na atual conjuntura. No que vou me agarrar? Nos sonhos alheios? Não é do meu feitio encostar nas costas dos outros ou depender dos outros assim como aconteceu no meu trabalho. A solidão das respostas que tenho para meu problema é infinitamente pequena frente a desilusão de saber que, se não foi pela qualidade e pela vontade e tamanha dedicação, que seja pelo menos pelo exemplo do Maskavo que eu prossiga os meus anseios mais internos, continuar desempenhando meu papel nessa banda, nesse mundo, sem muitas pretensões pois não sou filho de mãe virgem e nem de pai milionário. Misteriosamente, sinto uma fé muito grande nas músicas que tenho ouvido, me sinto feliz pelos outros que me agraciam com tamanho sentimento, dedicação, prazer. Queria estar lá, no Dó Maior, no Lá menor e no Fá sustenido maior. O sol está brilhando lá fora e eu vou ter com ele uma conversa solar.

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