quarta-feira, setembro 29, 2010

Nos EUA, crise muda famílias e adia casamentos - O Globo, com agências internacionais

WASHINGTON - A crise financeira está afetando o modo de vida dos americanos, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Escritório do Censo. A pesquisa, que traz as características socioeconômicas da população, mostra que a renda média dos americanos caiu, o abismo entre ricos e pobres atingiu um patamar recorde e o número de casamentos diminuiu, enquanto o número de pessoas por domicílio aumentou.

A renda familiar média recuou 2,9%, de US$ 51.726 por ano em 2008 para US$ 50.221 em 2009. A menor é a do estado do Mississippi, que recuou de US$ 37.749 anuais em 2008 para US$ 36.646 no ano passado. E a maior, a de Maryland, com US$ 69.272. O Mississippi também tem a maior taxa de pobreza dos Estados Unidos: 21,9% da população, contra a média nacional de 14,3%.
População que vive com US$ 10 mil anuais atinge 6,3%

A taxa de pobreza fixada para 2009 foi de renda anual de US$ 21.954 para uma família de quatro pessoas, com base em cálculo do governo que só considera rendimento em dinheiro.

Segundo o censo, a pobreza está em nível recorde. A fatia de americanos com renda de metade da linha da pobreza - US$ 10.977 anuais para uma família de quatro pessoas - aumentou de 5,7% em 2008 para 6,3%. É o maior patamar desde que o governo começou a apurar esse dado, em 1975.

Já a diferença entre os mais ricos e os mais pobres atingiu a maior margem já registrada. Os 20% do topo da pirâmide - aqueles que ganham mais de US$ 100 mil por ano - ficaram com 49,4% de toda a a riqueza gerada nos EUA, enquanto os 20% na base ficaram com 3,4%. A proporção é de 14,5 para 1, contra 13,6 em 2008. Isso é quase o dobro da mínima histórica registrada em 1968, de 7,69.

- A desigualdade de renda está aumentando - disse Timothy Smeeding, professor da Universidade de Wisconsin-Madison especializado em pobreza. - Mais que em outros países, temos uma distribuição de renda muito desigual, na qual os salários vão para o topo em uma economia do tipo "o vencedor leva tudo".
Número de casas vazias cresce para 12,6%

Essa também é a visão de Sheldon Danziger, professor de políticas públicas da Universidade de Michigan. Ele afirmou que, mesmo desenvolvendo políticas de combate à pobreza, os EUA não conseguem resolver o problema da desigualdade.

- Somos ótimos em não falar sobre desigualdade de renda - disse Danziger.

A crise também prejudicou o romantismo dos americanos. Segundo a ACS, o número de adultos casados atingiu um mínimo recorde. No ano passado, apenas 52% dos americanos com mais de 18 anos se casou, contra 57% em 2000.

Na faixa entre 25 e 34 anos, o número dos que nunca se casaram (46,3%) passou pela primeira vez o dos casados (44,9%). Segundo sociólogos, os jovens adiam o casamento por terem cada vez mais dificuldade em encontrar emprego.

Enquanto isso, o número de pessoas vivendo sob o mesmo teto passou de 2,41 em 2006 para 2,48 no ano passado, segundo o jornal "USA Today". E o de casas vazias passou de 11,6% para 12,6% na mesma comparação. Isso seria um reflexo da retomada de imóveis pela inadimplência das hipotecas.

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