Promotores da Holanda disseram nesta quinta-feira que um jovem de 16 anos foi preso por suspeita de envolvimento com os ataques de hackers a sites financeiros que cancelaram seus serviços ao site de vazamentos WikiLeaks.
Em comunicado, eles afirmam que o jovem participou dos ataques contra os sites da operadora de cartões de crédito MasterCard e o popular site de pagamento online Paypal, entre outros. Ele foi preso em Haia e seu nome não foi revelado.
Não se sabe exatamente qual a extensão da participação do jovem nos ataques, reivindicados por um grupo de cerca de 1.500 hackers autointitulado Anônimo --e que ganhou notoriedade com ataques à Igreja da Cientologia e ao músico Gene Simmons.
O grupo anunciou nos últimos dias a Operation PayBack (Operação Vingança, em tradução livre), uma série de ataques contra sites de empresas que cancelaram os serviços prestados ao WikiLeaks desde o início do vazamento de 250 mil documentos diplomáticos americanos.
Entre as vítimas, estão os sites da Mastercard, da Visa, que suspenderam contas de doações ao site, além do banco suíço PostFinance, que fechou a conta do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e o governo sueco.
As ações dos ativistas envolvem um "ataque distribuído de negação de serviço" --um método praticado por hackers para reduzir a velocidade de um site ou mesmo tirá-lo do ar. Conhecido como DDoS (um acrônimo em inglês para Distributed Denial of Service), o ataque é uma tentativa de tornar os recursos de um sistema indisponíveis através de sobrecarga.
Um computador mestre tem sob seu comando até milhares de outras máquinas, preparadas para acessar um site em uma mesma hora de uma mesma data. Como servidores web possuem um número limitado de usuários que pode atender simultaneamente, o grande e repentino número de requisições de acesso esgota o atendimento.
MAIS ATAQUES
O grupo prometeu ainda mais ataques cibernéticos contra os "inimigos" do WikiLeaks, incluindo o site de pagamentos online PayPal e o serviço de servidor Amazon --para a qual admitem precisar de mais forças.
"Não podemos atacar a Amazon, atualmente. [...] Nós não temos forças suficientes", escreveu o grupo em uma mensagem no Twitter.
Em uma carta online, o Anônimo disse que seus militantes não eram nem justiceiros, nem terroristas. "O objetivo é simples: conquistar o direito de manter a internet livre de qualquer controle de qualquer entidade, empresa ou governo".
Algumas das motivações para a campanha cibernética parecem resultar da raiva com a prisão de Assange, suspeito de crimes sexuais alegadamente cometidos na Suécia. Ele está preso em Londres, à espera de uma audiência de extradição.
PROCESSO
A empresa processadora de pagamentos do WikiLeaks, a Datacell, da Islândia, prepara-se para mover uma ação contra Visa e Mastercard, que se recusaram a intermediar as doações feitas ao site que é alvo de críticas dos EUA por ter divulgado mais de 250 mil documentos diplomáticos do país.
O presidente da empresa, Andreas Fink, disse que procuraria uma indenização das companhias americanas por terem bloqueado os fundos do WikiLeaks.
"É difícil acreditar que empresas tão grandes como a Visa podem tomar uma decisão política", disse Fink. Em uma declaração anterior, a DataCell defendeu o WikiLeaks concluindo que "é simplesmente ridículo concluir que o site tenha feito algo criminoso".
O WikiLeaks tem estado sob intensa pressão desde que começou a publicar uma série de telegramas do Departamento de Estado americano, com ataques ao seu website e ao seu fundador, que está preso no Reino Unido e luta contra extradição para Suécia sob acusações de crimes sexuais.
Serviços de hospedagem de empresas americanas de internet e finanças suspenderam suas ligações com o WikiLeaks, a maioria alegando violação dos termos de uso. No começo desta semana, Visa e Mastercard disseram que parariam de processar pagamentos para o WikiLeaks.
O presidente da DataCell disse que o foi oficialmente notificado das duas suspensões pela empresa de serviços financeiros Teller, que gerencia parte da infraestrutura de pagamentos da companhia e deve agora se dirigir à Islândia para conduzir procedimentos de auditoria.
Enquanto isso, segundo Fink, as doações de cartões de crédito ao WikiLeaks estavam congeladas até pelo menos a próxima semana, algo que ele disse deverá custar dinheiro para sua empresa.
"Não aceitar nenhuma autorização de cartão de crédito é praticamente matar o negócio", disse ele, que não especificou que tipo de indenização ele estaria buscando.
As declarações de Fink surgiram quando a empresa de pagamento pela internet PayPal comunicou que vai devolver o dinheiro da conta do WikiLeaks para a fundação que estava recolhendo os fundos. Em uma mensagem de blog, a PayPal defendeu sua decisão e negou ter sido um resultado do lobby americano.
Procurada pela Associated Press, a MasterCard se recusa a comentar o caso. Já um porta-voz da Visa Europe, Simon Kleine, disse que organizações podem receber fundos por meio da Visa desde que sejam legais e não quebrem as regras de operação da companhia.
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