quinta-feira, outubro 13, 2011

Carlos e a chupeta de ouro - por Bruno Prieto

"Porra, Bruno. Essa coisa de arranjar namorada puta é uma merda".
"Que é isso, Carlos? Você está querendo me dizer que está apaixonado?".

Bruno nem havia se levantado e feito suas pedaladas matinais quando ouviu a reclamação de Carlos, esse diabo disfarçado de abajur, em alto e bom som. Ao longe, a mãe de Bruno disse: "Está falando sozinho, filho?"
Na maior paciência do mundo, Bruno ficou esperando Carlos continuar sua história. O diabo adorava reclamar pra ele mesmo sobre a consciência humana, mulheres, a proibição de cigarros em espaços fechados e públicos, enfim, as coisas boas da vida para Carlos estavam sendo todas cerceadas.

"Porra, Bruno. Olha o que está acontecendo comigo. Eu estava saindo com uma prostituta que dizia que me amava, que adorava meus cabelos, meu cheiro.... essas coisas que elas fazem pra agradar os homens volúveis como eu. Daí, saímos várias vezes. E eu sempre faço o que ela quer e levo ela pra fazer o que ela gosta. Seu nome é Maria Paula e a danada gosta mesmo é de sushi e sashimi. Cara, já comi esta porra umas duzentas vezes com ela e até hoje não sei qual o gosto daquilo. Só sei que o tal do shoyo com wasabi é uma delícia quando ingerido com vodca. Bruno, namorar uma prostituta tem suas vantagens. Elas não são frescas com relação a sexo e, por trabalharem com isso e terem experiências com todos os tipos de pervertidos ou tímidos, elas acabam trazendo para nossos lençóis muita paixão, uma coisa meio dormir de conchinha.... acho que isso soou meio boiola, mas tudo bem. Nunca paguei por sexo com a Maria Paula e confesso que eu me sentia o rei dela até ontem.
Ontem foi diferente. Sabe como é, eu tinha que ir dar uma supervisionada básica nas coisas da vida, dar aquele rolê e acabei chegando na Rua Augusta. Entrei em várias boates, puteiros, estava indo tudo bem até que eu encontrei minha gata trabalhando em um destes estabelecimentos. Pô, fiquei feliz. Pensei: hoje vou ver minha gata em ação deixando os homens todos loucos. Ia ser ótimo ver a cara deles... colei na Maria, dei um beijo nela e ela me disse: benzinho, me paga uma vodca com red bull? É claro que eu busquei e paguei a bebida. Fiquei naquela boate uma hora ouvindo aquela porcaria de house music e assistindo aqueles filminhos meia-boca que passam nas televisões. Todo mundo babando naquelas cenas falsamente eróticas, as outras meninas iam se insinuando, mostrando a barriguinha, a tatuagenzinha, deixando passar a mão na bundinha. Até que eu me cansei daquilo. Até eu me canso daquela vadiagem toda. Fui perto da Maria e disse: vamos, meu bem? E ela disse: Vamos. Me pegou pela mão e me levou escadaria acima para um quarto de bosta todo imundo, pequeno, escuro e com roupa de cama verde. Ou seja: um horror de lugar! Mas eu fui. estava com minha gata. Uma senhora bem feia de uns 60 anos me parou e disse: 50 reais pelo quarto, senhor. Eu e meus cabelos penteados pagamos aquela pequena quantia e assim pude seguir a minha gata até o quarto imundo que descrevi. Chegando lá foi meio estranho. Maria estava com a cara diferente. Me olhou e foi ao banheiro. Disse pra eu ficar à vontade, mas como ficar à vontade naquela pocilga? Pra mim, tinha pulga ali. Vamos, Carlos. Você é o diabo e até as pulgas devem temer a sua treva! Minha roupa sumiu, sei lá pra onde eu mandei as minhas roupas. Só sei que a Maria voltou semi nua de calcinha, ligou a televisão e disse: adoro esses filminhos pornôs vagabundos.... me excita. E foi logo fazendo aquela chupeta de ouro. Eu estava animadão a essa hora e só pensava nas coisas boas que a Maria fazia comigo durante nossas orgias. Foi tudo lindo, nem quero descrever porque eu estava de olhos fechados. Aquele quarto era feio demais. E o filme, de boa, era uma bosta. Tive que colocar no mudo.
Terminada a sessão de amor, Maria me olha nos olhos e diz: vou tomar banho. O programa custou 300 reais. Me dá a grana? Grana? Grana? Que porra era aquela naquela hora?
Peguei o dinheiro e dei na mão dela. Sabe, ser o diabo tem dessas. Eu não preciso de bolsos... mas eu estava puto e meio transtornado. Ela colocou o dinheiro na bolsa e foi pro banheiro. Eu, como um ótimo diabo que sou, não pensei duas vezes: peguei o celular da Maria e apaguei o meu número de lá. Depois, revirei a bolsa, achei meus 300 reais, peguei eles, dei o dedo pra Maria e me mandei daquele lugar."
"Carlos, você é um FDP mesmo, hein?"
"Bruno, aquela vodca com red bull me custou 30 reais. Agora a Maria me cobrar pelo programa me mostrou que eu, o sushi, o sashimi, as festas no Love, as viagens pra Paraty, qualquer coisa entre eu e ela era, na verdade, uma porra de uma mentira. Era a PQP!!! Sacou?
"Carlos, eu acho que você está ficando um homem suave".
"Bruno, quer saber? Vai se foder."
E o Carlos sumiu todo bravo. Foi engraçado ver o diabo se dar mal no final de tudo.

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