terça-feira, abril 12, 2005

A hora do tufão! - um tormento e um velho dormindo com seus pensamentos

Estava eu e Marceleza discutindo a canções sertanejas nordestinas, os autores e poetas e artistas que trazem para nossos dias as tradições de um tempo que não volta mais. Por que?
É difícil falar sobre isso, mas é veemente que é inegavelmente, insofismável e cabal que a escalada da vida nos aproxima de nós mesmos e nos afasta do que fomos. Meu senso cíclico e atômico aponta o seguinte: Luiz Gonzaga. Resgate. Geraldo Azevedo. resgate. Os repentes de gente que nunca saberei quem foi. resgate.
Hoje em dia o artista é dominado pela idéia de sobrevivência. E para tanto ele coloca na balança sua arte com a durabilidade de sua carreira. O efêmero da classe, a anarquia do pensamento está esquecida e não existe vanguarda que possa hoje enfrentar o capitalismo da intolerância. Porque a gente faz aquilo que gosta, mas não tão do jeito que quer. As vezes sim. As vezes a gente sofre.
A arte é um auto-retrato sem público. O público sintoniza ou não a essênciado que sente ao ver, ouvir, tocar algo belo, de arte.
Mas estou desacostumado com a negação da tradição. Eu mesmo, que não ouço bossa, acabo preferindo ela a qualquer modernidade eletrônica com três minutos e quinze segundos que engulo todos os dias nas fms do Brasil. E eu gostaria que minha música tocasse, não pelo apelo comercial somente, mas pela vontade popular. Já tocou Tim Maia, Alcione, Fagner, Jorge Ben. Mas eu prefiro os cancioneiros sertanejos nordestinos. O que eles devem praguejar sobre nossa juventude? Quais serão seus medos pois poetas sofrem?