Casado com sua primeira esposa, Guilheumina, ZéPessoa já tinha seus dezenove anos de cabra-homi quando resolveu que, com ela, haveria de ter um filho logo conseguisse o desejado emprego de peão-de-obra na capital. Até entãoZéPessoa achava que tinha casado com uma Guilheumina grávida, mas que nada. Como diziam seus melhores amigos, ela deu o golpe da barriga no pobre que tinha um corcel II e agora queria ir pra São Paulo com ele. Como previsto pelos amigos, isso aconteceu em um dia sete de setembro. o Zé e a Mina foram de mala e cuia até a Bahia e depois desceram de ônibus até São Paulo; o corcel II ficou em Salvador, virou sucata de desmanche e patrocinou alguns meses de hospedagem no hotel Mirage, centro de São Paulo. Lá os dois migrantes arranjaram empregos: um de peão-de-obra e a outra faxineira do boteco da esquina. Logo, logo já passados onze meses longe de casa, numa bela manhã de Domingo, o Zé Pessoa foi dar um rolê com sua nova camisa do timão de mãos dadas com Guilheumina. Ambos sorriam felizes um para o outro e em suas testas brilhava o sol da manhã, sorridentes por saberem que Mina estava grávida de cinco semanas e sem ela ter enjôos ou tonteiras; que mulher de ferro. Desde que chegaram à São Paulo, Zé e Mina passaram a frequentar classes de aceleração. Ele com 19 e ela com 20 anos mal tinham terminado a terceira série do elementar. Mas queriam tanto aprender a escrever um para o outro cartas de amor e de saudades ou suas memórias e desabafos e faziam isso juntos todas as semanas. Se amavam feito loucos proletários, o Zé e a Guilheumina. O Zé Pessoa estava decidido pelo nome que daria, afinal tinha aprendido algo na escola que influenciava seus pensamentos: o nome do primeiro elemento químico. Aquele nome zanzava em sua cabeça o tempo todo e o Zé só se permitia sonhar com ele se o bebê fosse menino. A Guilheumina já tinha em mente o nome da herdeira: Felícia, pela felicidade que era aquela família de Pessoas.
No vigésimo mês de saudades de casa e da farinha d'água, nascia em São Paulo o menino batizado Zé Hélio Pessoa; Mina seria mãe as 18:11hs enquanto o Zé terminava um belo muro na obra em que estava acompanhada da mãe, Dona Rizaldina, que chorava de emoção ao ver o menino cabeludinho todo sujo de sangue. Dona Rizaldina achava que um milagre estava acontecendo à sua frente e, sem poder conectar o Zé pela benção, rezou em seu nome pela felicidade. O Zé finalmente era alguém para a família de Guilheumina.
Zé Hélio traduzia os sonhos realizados do casal Pessoa e agregava os sonhos dos outros familiares ali, em seus pequeninos olhos fechados. O menino mamou ao sair da barriga da mãe e, como o gás hélio, peidou logo após o último gole de colostro.
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