Quarta-Feira fui assistir as apresentações de duas bandas brasilienses: Lips, desconhecida, e Virgem Again, a banda do meu irmão que é considerada uma promessa local.
Pois bem. Já produzi 4 canções do Virgem Again em 2005 e fiz dois vídeos recentes da banda. Acho fundamental unir música com imagem, website, notícias e raridades. Tento fazer isso com minha própria banda e trabalho solo e vejo nitidamente os resultados desse trabalho virtual.
No entanto me incomoda muito a abordagem do público com relação aos artistas novos, os mais jovens "tolos sonhadores" que estão aí dando a cara à tapa. É notória a falta de interesse do público em ouvir a letra de uma canção que não é o hit da rádio. Falta qualidade individual para sair de si mesmo, dos questionamentos interiores e sim, abrir a alma para uma nova letra, uma nova idéia musical pois é ela, fundamentalmente, que faz com que uma bela melodia vá além disso.
No livro "A profecia Celestina" existe uma passagem onde dá-se uma dica sobre como proceder ao estar ouvindo uma nova idéia:
focalize sua energia na pessoa que está falando e deixe ela falar até parar, sem interrupções; pense em boas coisas enquanto direciona essa energia, absorva com o coração aberto a nova idéia, a nova letra que está a sua disposição, agradeça por alguém querer dividir essa energia com você.
Para quem não sabe, essa troca de olhares entre público e artista é o que faz o artista prosseguir. Não é o dinheiro ou a fama repentina que abastecem o autor de uma canção e sim a profundidade que se alcança em cada indivíduo quando você está lá se expondo imensamente.
Para ouvir a letra de uma música é preciso estar vazio, em silêncio interior. Na minha opinião, esse é o motivo pelo qual as canções de hoje são superficiais, insossas e perenes. Ninguém está nem aí pra o que está sendo dito na canção. O ritmo é que está na moda dos sentidos. Cuidado com isso. Você pode estar cantando coisas que nem imagina, sem sentido real ou mesmo sendo xenófobo ou otário por investir seu gogó cantando os refrões da sua bandinha preferida.
Quando eu tinha menos do que 20 anos a banda do momento no Brasil era o Mamonas Assassinas. Pior banda que esse país já teve em todos os sentidos: conteúdo, ritmo, performance. O Brasil estava imerso em sua crise econômica e o povo só sabia cantar robocop gay e baladas da axé music. Era um momento desesperador. E esse desespero existe até hoje, enfim, um artista como eu vive o dilema de fazer arte ou criar músicas comerciais. O meio termo entre isso que eu disse é o público. É ele quem escolhe o que quer ouvir. Grande responsabilidade tem os artistas, então.
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