segunda-feira, dezembro 19, 2005

A Fúria!

Talvez eu esteja envelhecendo sem deixar de acreditar nas mesmas teorias da minha juventude. Eu que acredito em tantas coisas antigas não ouso desafiar o poder colonizador de idéias. A capacidade do ser humano de se adaptar ao que lhe é mais favorável e cômodo não tem um final feliz na minha cabeça. Eu que vou ser pai estou na busca pela identidade do meu bebê. O que ele vai ouvir de mim senão reclamações? E de minhas atitudes o que virá senão a fúria? Pois bem. Tenho certeza de uma coisa: quanto mais velho eu fico, mais merda eu sou forçado a ouvir. Claro, eu não sou inocente ou puro o suficiente pra não merecer ovações ridículas sobre música brasileira, cantar em português ou se eu sei algo sobre o reggae no mundo. No fundo, eu só quero fazer perguntas e ouvir respostas. No fundo, eu quero ver o oco de quem passa pelo meu caminho. No fundo, a ignorância tem que ser atacada ao invés de ignorada porque é profundo e triste o caminho de quem "acha", de quem vive do "e se" ou de quem não sabe responder perguntas diretas e bem formuladas. A raiva e a falta de educação geralmente prescedem a desinformação ou a culpa. Eu não sinto culpa.
O passado é o calo dos idiotas. Como postulou Einstein, nosso passado é congelado pela vivência do presente, esquecido no tempo pelo gelo e praticamente impossível de ser atingido pela matéria humana. No mundo dos sonhos vive o passado. Quanto mais atrelado ao passado fica o ignorante, mais desatualizada fica a sua existência. Eu convivo com muitas pessoas desatualizadas. Mas pior do que isso, eu convivo demais com pessoas que não são interessantes ou que não se interessam por nada relevante. Assim me torno outro gênio do desinteresse geral pelo todo. O que é o todo?
O idiota é a pessoa que admite saber algo mais sobre qualquer assunto sem que ele tenha sido aprofundado em tese ou em um evento informal, uma conversa de bar. O idiota fala de maneira enriquecedora sobre a importância de viver sem se esforçar, sobre não saber tocar um acorde no violão para a namorada. O idiota se sente à vontade quando não sabe que está falando merda.
Eu não sou advogado. Talvez eu tenha repentes de idiotice e isto seja fundamental para eu me distanciar dos idiotas de plantão ou dos vagabundos que se aproximam de mim e da minha família. Quem são os vagabundos?
Vou meditar. Obrigado!