Há muitas coisas que me inspiram nessa vida. Ontem foi meu primeiro dia dos pais como pai. O que me inspirou nesse dia, além da vontade louca de voltar pra casa depois do dever cumprido, ainda que sob ameaça de ser parado em alguma blitz por causa do vídeo do PCC. Vamos fazer um raio-x do crime.
O assunto PCC não é do meu interesse pessoal por um motivo: não se dá visibilidade ao crime. Isso não deveria estar acontecendo, nem em São Paulo, nem no Rio de Janeiro e nem em Brasília. Nem em Recife ou Ceará, Vitória ou Macapá. Organizações criminosas, na minha infãncia, eram movimentos paramilitares de oposição ao regime extremamente de direita, popularmente conhecidos como Ditaduras Militares das Américas, que usavam a força para criar mercados ilegais de abastecimento de drogas, o famoso narcotráfico, ou guerras tribais que moíam a identidade cultural africana e do Oriente Médio. Era o lado negro do capitalismo, a guerrilha, o terrorista. Eram os locais para onde as velhas armas do Vietnã, da segunda guerra mundial também,, da guerra da Coréia, iam parar. Eram os locais das guerras das sucatas da corrida armamentista russo-norte-americana, a tal Guerra Fria, e das ampliações do antigo colonialismo, um quase feudalismo aristrocrático sem rei ou rainha, o cinismo da dominação global por via da política do crescimento e dominação exacerbada do fogo, da terra, da água, do ar e do espaço, do vácuo na ciência e na corrida pela biotecnologia. O PCC não é um rabisco disso. Não tem identidade e não está em sintonia com nada, a não ser com a sem-vergonhice, vagabundagem e a ladroagem. Querem ganhar nas costas de quem ganha sua vida honestamente, extorquem quem os deve sem dever, sem querer; matam que lhes dá na telha, inclusive em sua pequena disputa interna por poder. Poder vender drogas, armas e munições captadas entre a polícia, o exército ou em trocas por armas, geralmente com países do leste europeu, do oriente médio e das nações africanas. Uma bazuca, doze fuzis AR-15 e pistolas 9mm. Para que dar atenção a isso?
O Sudeste tem problemas muito mais sérios a serem resolvidos. O sistema carcerário em si é, a priori, uma deficiência da sociedade e dos mecanismos de inclusão social em todos os países do mundo. O crime existe pelo excesso de regras que conduzem a ilegalidade à boa-vida. Mordomia na cadeia, eu declaro. Porque eu pago minha água, minha luz e uso elas o quanto eu quiser. Não tenho T.V. a cabo porque não posso pagar. Não tenho internet ADSL pelo mesmo motivo. Me incluo como posso nessa pequeníssima parcela da classe média que possuí acesso, pouco acesso a porra nenhuma. Quando eu ligo a Globo na hora do jornal eu me espanto todos os dias ao assistir matérias especiais sobre o PCC, sobre o CV, menos sobre temas importantes. Menos sobre os países onde o Brasil investe pesadamente seus cobrados impostos em petróleo, minério e outros bens materiais. O mesmo Brasil que fica sustentando uma classe, no sentido mais marxista possível, de criminosos que se misturam a uma camada substancial, grande, de contraventores, bandidos menores ou apenas desajustados, homens e mulheres desesperados pela máquina de subsistência capitalista ou bandidos do colarinho branco, os novos-ricos e ricas, os mal pagadores e sonegadores de impostos. Daí como se sustentam os presos? Com direito a energia elétrica paga pelo contribuinte? Contradição constituinte. Com direito a ver o sol? Para tanto, bastava não ter sido preso. Ditar normas de conduta especiais para os piores indivíduos incorporados ao sistema carcerário do pior escalão? Sim, e sem direito a contato individual. Basta você estar livre para ter esse direito também. Ou seja, o PCC não merece nem o direito à mídia porque é nela que se fortalece e se estabele um contato entre algo que inexiste, o poder dentro do presídio e a busca por direitos sobre as regras que limitam os direitos dos presos em comparação aos ditados pela Constituição ao cidadão comum e íntegro.
Na minha infância existia o Cartel de Medelín e um cara conhecido mundialmente como Pablo Escobár. Esse era o maior bandido do mundo depois de Fidel Castro. Era assim que a mídia usava o narcotráfico, a exploração infantil e outras manobras de massa para instigar o que, de acordo com as pesquisas, indica que são 43% os brasileiros de direita, notícias de que estaríamos vivendo em meio aos criminosos. Eu me pergunto se, nas origens do Brasil, deva existir a busca por algum alinhamento político de origem norte-americana ou européia visto que elas nunca nos beneficiaram na forma de poder, escolher e entender as questões vitais de nosso país. Eu me pergunto se não é melhor defender um plano que nos salve da desordem indireta a que estamos submetidos, nem de direita ou de esquerda, um plano pleno e que mexa nas cicatrizes de nossos problemas. Um plano que nos honre e que nos manche de glórias. A direita, historicamente falando, foi quem criou todos os mecanismos de influência funestos na sociedade global. O tráfico, as corporações, a escravidão, o capitalismo, o neoliberalismo, a centralização do sistema energético em torno do Petróleo e dos remédios, das pesquisas em busca de cura. É disso tudo aí que o Brasil não precisa. Falta-nos malícia para superar as idéias aristotélicas e cartesianas, Deus e a filosofia que se inspirou no divino e a dependência comercial baseada na agroindústria mundial. Silêncio.
segunda-feira, agosto 14, 2006
quarta-feira, agosto 02, 2006
Recife
Em Recife, eu já me dava conta de que habitamos uma grande fazenda. Onde as cidades se projetam com a eficiência e criatividade do povo brasileiro. A importância do povo em todo o trajeto de Aracaju à João Pessoa, o povo que habita as encostas e beiras de estrada. As enconstas são todas plantadas de cana, até a linha do que seria um acostamento, mas não é. É chão, cascalho. E as crianças pedindo um dinheiro na estrada? Acho que só tinha visto coisa tão triste na vida em Porto Alegre, uma cigana que tentou me enrolar dizendo coisas sobre mim tão passíveis de acerto - eu tenho um problema? Estou com problemas de dinheiro? Alguma coisa me incomoda! - Ela, a cada acerto, me dava mais pena. Uma tristeza sem dó. E depois me pediu tudo o que eu tinha na carteira pra fazer uma reza e me proteger. O dinheiro? Ele viria depois, em dobro! Pô, minha cigana, eu disse à ela que aquele era meu único dinheiro, que se tudo o que ela dissera era verdade, eu precisava economizar e não fazer mandinga. Ela ficou muito irritada comigo. Uma tristeza só se isso fosse a minha realidade. No final, fui menos que um homem e acabei dando metade do que eu levava. Estava frio e ela estava só com três crianças no abrigo dos trapos dela...
Uma hora na viagem, eu pousei levemente meu olhar em uma daquelas casas de barro. Sempre me fascinou a simplicidade da vida no sertão. O aproveitamento de todos os derivados da terra e dos animais e vegetais. A comunhão com um Deus que só existe lá, é um Deus do sertão que tira tudo o que é subnecessário e deixa apenas a enxada, os bodes, um roçado, uma árvore frondosa no meio do nada pra descansar. Fumar é tudo no sertão. Fomos recebidos pelo pessoal da banda Iup, está lá no trama virtual, pessoal gente fina que, muito novo, resolveu ir pra São Paulo tentar a vida como músicos. O mais velho conta contava com 21 anos. Eu achei aquilo muito ousado da parte deles, o tal espírito valente que eu admiro em Lampião. Mas lá me disseram que o tal chapéu de couro, daqueles grandes mesmo, não se vê mais. É folclore. E eu querendo comprar um pra usar no show em homenagem à Lampião. Tocamos em um armazém na beira do rio muito velho. Um teatro adaptado nas ruínas. Um lugar muito estiloso, alto e com uma acústica ótima. O pessoal que produziu o show era muito jovem, conversou bastante e disse uma coisa que eu acredito: é impossível ganhar uma verba pública através da Lei de Incentivo à Cultura se o projeto, a música ou a banda não tiver zabumba e pandeiro. a gente riu da nossa desgraça pra caralho! O show, de noite, foi marcado por uma ameaça da bandidagem, os caras estão ficando cada dia mais corajosos. Um grupo de 15 ou 20 manos resolveram que a festa ia custar mais barato e que o lance lá dentro era deles. E que a festa seria de Rock. Põ, aí, não rolou nada disso. O baixo astral feminino permaneceu até que tocamos a quinta música do set-list. "É muito melhor para nós dois deixar o tempo andar...", daí um dos manos, e eu sou craque em leitura labial, disse lá longe pro outro: mano, isso aqui é reggae. Vamo nessa. E todos foram embora. Claro, o prejuízo da festa ficou nas costas dos jovens da Iup e da gente, que foi fazer esse show na parceria. Viva os bandidos, né?
Depois disso o show virou um sucesso nordestino. Já comentei que nosso reggae foi bem recebido por lá pela similaridade com o forró? Nada a ver o tema das letras ou os arranjos, mas o ritmo do bumbo, a levada do baixo na frente e a melodia de voz sussurrada. Pô, maior tesão! O show ficou leve, as meninas foram se acalmando e os cuecas que lá estavam, centenas inclusive, cantando todas as músicas, dançando com as namoradas e depois pedindo autógrafos. Foi massa estar em Recife, mas os contrastes lá são dignos de São Paulo e Rio de Janeiro.
Uma hora na viagem, eu pousei levemente meu olhar em uma daquelas casas de barro. Sempre me fascinou a simplicidade da vida no sertão. O aproveitamento de todos os derivados da terra e dos animais e vegetais. A comunhão com um Deus que só existe lá, é um Deus do sertão que tira tudo o que é subnecessário e deixa apenas a enxada, os bodes, um roçado, uma árvore frondosa no meio do nada pra descansar. Fumar é tudo no sertão. Fomos recebidos pelo pessoal da banda Iup, está lá no trama virtual, pessoal gente fina que, muito novo, resolveu ir pra São Paulo tentar a vida como músicos. O mais velho conta contava com 21 anos. Eu achei aquilo muito ousado da parte deles, o tal espírito valente que eu admiro em Lampião. Mas lá me disseram que o tal chapéu de couro, daqueles grandes mesmo, não se vê mais. É folclore. E eu querendo comprar um pra usar no show em homenagem à Lampião. Tocamos em um armazém na beira do rio muito velho. Um teatro adaptado nas ruínas. Um lugar muito estiloso, alto e com uma acústica ótima. O pessoal que produziu o show era muito jovem, conversou bastante e disse uma coisa que eu acredito: é impossível ganhar uma verba pública através da Lei de Incentivo à Cultura se o projeto, a música ou a banda não tiver zabumba e pandeiro. a gente riu da nossa desgraça pra caralho! O show, de noite, foi marcado por uma ameaça da bandidagem, os caras estão ficando cada dia mais corajosos. Um grupo de 15 ou 20 manos resolveram que a festa ia custar mais barato e que o lance lá dentro era deles. E que a festa seria de Rock. Põ, aí, não rolou nada disso. O baixo astral feminino permaneceu até que tocamos a quinta música do set-list. "É muito melhor para nós dois deixar o tempo andar...", daí um dos manos, e eu sou craque em leitura labial, disse lá longe pro outro: mano, isso aqui é reggae. Vamo nessa. E todos foram embora. Claro, o prejuízo da festa ficou nas costas dos jovens da Iup e da gente, que foi fazer esse show na parceria. Viva os bandidos, né?
Depois disso o show virou um sucesso nordestino. Já comentei que nosso reggae foi bem recebido por lá pela similaridade com o forró? Nada a ver o tema das letras ou os arranjos, mas o ritmo do bumbo, a levada do baixo na frente e a melodia de voz sussurrada. Pô, maior tesão! O show ficou leve, as meninas foram se acalmando e os cuecas que lá estavam, centenas inclusive, cantando todas as músicas, dançando com as namoradas e depois pedindo autógrafos. Foi massa estar em Recife, mas os contrastes lá são dignos de São Paulo e Rio de Janeiro.
terça-feira, agosto 01, 2006
Extemporâneas N#5 - Cana de açúcar, cerveja - turnê desbravando o nordeste em meus olhos
Meus olhos já não tinham mais lágrimas pois o sol, os primeiros raios de sol das Américas, na Barra do Seixas, João Pessoa, Paraíba, 2006, secou minhas ilusões visuais, meu suor alcoólico era apenas o rubor que refletia a luz do sol no mar. Ali eu realizava o sonho pela metade. O sonho de ir assistir, ver e olhar, enxergar os primeiros raios de sol que energizam nosso país. Um país que, em minhas rasgadas reflexões, está opulento, no sentido opu"LENTO", e miserável, desigual, tão desigual e burocrático, arcaico, aristocrático, latifundiário, tão real que está nos livros de história, está na televisão quase todos os dias, está em meu dia-a-dia no interior de São Paulo; tão em nós que paramos de assistir ao espetáculo do colonialismo que se abraça em nossos pescoços desde sempre, se o sempre tivesse começado em meados de 1500. Sempre! Minha mulher as vezes me toma por duro, um coração duro que já não consegue verter lágrimas. Mesmo as lágrimas doces de alegria e paixão secaram com as amargas. O fogo dentro de minhas idéias, o vulcão derramando lava todos os dias em meus pés só podia evaporar as mais profundas amarguras que eu jamais poderei chorar. Isso é lindo, mas é deveras irônico.
De São Paulo à Paraíba o que eu vi foi muita cana de açúcar plantada. Como estou envolvido com estudos sociológicos, estudando Gilberto Freyre, mesmo sabendo que ele não estava totalmente certo, me coloco no papel marxista de pensador e penso... vejo com meus olhos a mesma realidade que ele via com os dele. A mesma realidade que escravos africanos viam com os olhos deles na capitania de Pernambuco. Que os bandeirantes e emboabas abandonaram, eles viram quando rumavam para as Minas no sertão. Muita cana de açúcar pra fazer alcóol pra abastecer carros FlexPower para que? Para deixar muita gente sem ter onde cair morta. Para valorizar os espaços urbanos, que valorizam muito a segurança?, que valorizam a saúde?, que valorizam a qualidade de vida? Li a revista Veja da Semana passada com horror. O sr italiano presidente da G&E, uma das coorporações que dominam sistematicamente a economia mundial, disse que o Brasil vai bem porque planta cana, soja e que as exportações da agroindústria são essenciais para o mundo. E que eles tomariam conta de fazer remédios, desenvolver espaçonaves, carros do futuro e outras coisas que vemos nos filmes de ficção científica. Fiquei triste com a opção que ele nos legou: fornecedores de matéria-prima. Assim, nunca teremos uma chance real na participação do crescimento de uma realidade, pro Brasil, de igualdade social.
Quando estive em Aracaju pude ver o orgulho dos sergipanos: a maior orla do Nordeste. R$80 milhões! O taxista falava normalmente que aquilo ali era uma roubalheira só. As menores prostitutas não estavam nas esquinas ali perto pois chovia. Não via naquela obra a mesma coisa que vi quando cheguei por lá. Um povo educado, solícito, bonito. Com aquele tempero no sotaque, coisa bastante peculiar no país como um todo, sob o geral falamos a mesma linguagem. O Tequila Bar, local onde tocamos, era muito bonito com seu acabamento mexicano em mosaicos, com uma área que se recheou de 900 pessoas para curtir um reggae em uma quinta-feira chuvosa. Mas que nada. O frio de 23 graus celsius de lá não é como se pensa. É um desaforo da natureza mesmo! Mas assim, com muito axé fizemos um belo show em Aracaju. A minha certeza se confirmou: é só dançar Maskavo juntinho que dá pé! E como no Nordeste o que pega é forró e forró com reggae é quase a mesma coisa, a batida one drop, o bumbo no ritmo do coração, bum puru bum bum. O clima foi de primeira qualidade e a surpresa superou à cana. O povo sabia cantar canções do disco O Som que vem da Luz do Sol. Alegria, alegria, alegria.
Em Maceió, no Maikaii, a surpresa se tornou um êxito antecipado de orgulho e sorriso. todos os ingressos para o show haviam esgotado desde o meio-dia. Quando chegamos de micro-ônibus lá já era mais do que isso. Fomos comer peixe e tomar suco de cajá, ouvir Roupa Nova no dvd e rir da nossa própria fortuna. Bucho cheio e sem chuva na cabeça. Maceió foi a terra onde tinha mais mulher bonita que eu já vi na vida. Apesar do palco pequeno, dava pra sentir a vibração do lugar. As meninas todas dançando, quando melhor com seus pares, e todo mundo cantava "a la la u ê", "te ver passar é viver mais feliz...", "ficar esperando, a permissão do seu amor..." foi lindo. A mesma surpresa se cobria com as imagens infinitas de canaviais pela estrada que liga Aracaju a Maceió. Quase 300Km de cana na beira da estrada. A festa em Maceió terminou assim que nosso show acabou e eu ouvi um grupo de mulher reclamar que o cheiro de calcinha estava enorme naquele lugar. Outro problema a se discutir em breve.
Chegamos em Recife naquele microônibus recém-lanternado, sem pintura, no mais chique hotel da praia de Boa Viagem, aquela mesma da canção do Alceu Valença, hoje o reduto de tubarões que atacam banhistas não desavisados. Há placas com alertas sobre ataques de tubarões por todos os lados. Isso é meio triste de ver. Silêncio.
De São Paulo à Paraíba o que eu vi foi muita cana de açúcar plantada. Como estou envolvido com estudos sociológicos, estudando Gilberto Freyre, mesmo sabendo que ele não estava totalmente certo, me coloco no papel marxista de pensador e penso... vejo com meus olhos a mesma realidade que ele via com os dele. A mesma realidade que escravos africanos viam com os olhos deles na capitania de Pernambuco. Que os bandeirantes e emboabas abandonaram, eles viram quando rumavam para as Minas no sertão. Muita cana de açúcar pra fazer alcóol pra abastecer carros FlexPower para que? Para deixar muita gente sem ter onde cair morta. Para valorizar os espaços urbanos, que valorizam muito a segurança?, que valorizam a saúde?, que valorizam a qualidade de vida? Li a revista Veja da Semana passada com horror. O sr italiano presidente da G&E, uma das coorporações que dominam sistematicamente a economia mundial, disse que o Brasil vai bem porque planta cana, soja e que as exportações da agroindústria são essenciais para o mundo. E que eles tomariam conta de fazer remédios, desenvolver espaçonaves, carros do futuro e outras coisas que vemos nos filmes de ficção científica. Fiquei triste com a opção que ele nos legou: fornecedores de matéria-prima. Assim, nunca teremos uma chance real na participação do crescimento de uma realidade, pro Brasil, de igualdade social.
Quando estive em Aracaju pude ver o orgulho dos sergipanos: a maior orla do Nordeste. R$80 milhões! O taxista falava normalmente que aquilo ali era uma roubalheira só. As menores prostitutas não estavam nas esquinas ali perto pois chovia. Não via naquela obra a mesma coisa que vi quando cheguei por lá. Um povo educado, solícito, bonito. Com aquele tempero no sotaque, coisa bastante peculiar no país como um todo, sob o geral falamos a mesma linguagem. O Tequila Bar, local onde tocamos, era muito bonito com seu acabamento mexicano em mosaicos, com uma área que se recheou de 900 pessoas para curtir um reggae em uma quinta-feira chuvosa. Mas que nada. O frio de 23 graus celsius de lá não é como se pensa. É um desaforo da natureza mesmo! Mas assim, com muito axé fizemos um belo show em Aracaju. A minha certeza se confirmou: é só dançar Maskavo juntinho que dá pé! E como no Nordeste o que pega é forró e forró com reggae é quase a mesma coisa, a batida one drop, o bumbo no ritmo do coração, bum puru bum bum. O clima foi de primeira qualidade e a surpresa superou à cana. O povo sabia cantar canções do disco O Som que vem da Luz do Sol. Alegria, alegria, alegria.
Em Maceió, no Maikaii, a surpresa se tornou um êxito antecipado de orgulho e sorriso. todos os ingressos para o show haviam esgotado desde o meio-dia. Quando chegamos de micro-ônibus lá já era mais do que isso. Fomos comer peixe e tomar suco de cajá, ouvir Roupa Nova no dvd e rir da nossa própria fortuna. Bucho cheio e sem chuva na cabeça. Maceió foi a terra onde tinha mais mulher bonita que eu já vi na vida. Apesar do palco pequeno, dava pra sentir a vibração do lugar. As meninas todas dançando, quando melhor com seus pares, e todo mundo cantava "a la la u ê", "te ver passar é viver mais feliz...", "ficar esperando, a permissão do seu amor..." foi lindo. A mesma surpresa se cobria com as imagens infinitas de canaviais pela estrada que liga Aracaju a Maceió. Quase 300Km de cana na beira da estrada. A festa em Maceió terminou assim que nosso show acabou e eu ouvi um grupo de mulher reclamar que o cheiro de calcinha estava enorme naquele lugar. Outro problema a se discutir em breve.
Chegamos em Recife naquele microônibus recém-lanternado, sem pintura, no mais chique hotel da praia de Boa Viagem, aquela mesma da canção do Alceu Valença, hoje o reduto de tubarões que atacam banhistas não desavisados. Há placas com alertas sobre ataques de tubarões por todos os lados. Isso é meio triste de ver. Silêncio.
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