sexta-feira, outubro 30, 2009

Se me perguntarem, eu digo

Muito importante dizer que esta semana que não finda hoje foi das mais proveitosas. Começando pelo breve tempo que tomou a manhã, das nove horas até uma e meia da tarde, eliminando ervas daninhas, guinés, replantando grama, dando um tapa na frente de casa. Antes, ontem, escrevendo um rap e uma canção que pretendo lançar para um filme com o Bílis Negra. Antes, passando uma tarde muito atarefada com meu filho. Antes ainda acordando muito cedo para cuidar dos assuntos do Maskavo mais pendentes, muitos telefonemas em um dia, mais do que o usual.
A semana foi composta pela composição de duas canções inéditas. Gravá-las tomou outra parte da semana. O quintal veio como brinde nesta sexta-feira. Fez sol e isso facilita o corte de algumas plantas. A terra está úmida e  as plantas não resistem a nossa puxada.
Meu irmão tinha uma idéia de design sobre um site de banda. Os sites ficaram cada vez mais flashwave e javascript e menos fotos, design, posicionamento de links, etc. Nada melhor ou pior, sem julgamentos. Mas Bill Gates uma vez disse que o site ideal tem que ter uma programação de poucos Kbytes. Pensando na realidade do Brasil, nas ADSLs e conexões à cabo disponíveis, pensando em mim mesmo, resolvi topar o desafio de Gates, propus a meu irmão esse lance e ele fez um site de 83Kbytes. A música que toca ao fundo tem buffer automático e não tem 1Mbyte. Convenhamos, um programador cobraria R$0000 por um trabalho que não leva algumas horas para fazer. Não há porque se enganar mais. Conteúdo online é tudo.
Hoje será lançada a canção que o Maskavo produziu de um novo artista, Pê,H Moraes. Chama-se A SAUDADE. Fomos contratados para ser a banda dele, questão de sonoridade. Deu muito certo e todos da banda curtiram a idéia. A sonoridade é uma continuação do que estamos fazendo e isso me deixa animado. É como se a vela do barco apontasse pro lado certo sem querer. Velejemos.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Procurando Bruno Prieto

Esse papo de sonhar me deixou preocupado comigo. Estava dormindo agora mesmo, caí da cama, verifiquei se o sono do meu filho estava ok, tive que ir ao banheiro, sentei e pensei, descobri porque não sonho mais, porque sou perseguido por fantasmas da minha consciência, porque tenho muitas questões mau resolvidas. Acordei tendo um flashback de um mail que eu li, um mail antigo, de Julho, que dizia um monte de desaforos e pessoalidades, desabafos de anos e anos de convivência, os argumentos pareciam palavras secas, travadas, adstringentes, eu ali excluindo aquele arquivo porque preciso parar de tentar entender o passado, já passou, e os diálogos do passado são os meus fantasmas.
Seria como o louco que ouve vozes, mas não sou nada disso.
Lembro muito bem das decisões realmente sérias que tive que tomar na vida e todas elas foram muito dolorosas para mim. Eu fui criado para execitar uma força mental enorme para não chorar e sucumbir ao primeiro fracasso. Mas chorei muito nos últimos quatro anos. Lavei com lágrimas sentimentos que fui acumulando, torrei dinheiro para ver se conseguia um pouco de sossego mas não adiantou. Mudei de cidade algumas vezes para ter novos horizontes, nada serviu. Namorei, casei, tive filho, aluguei casa, mobiliei tudo e quis ali formar um lar, desgastando minha coluna vertebral em quase todas as companhias de ônibus da região sul do país; me separei, não tinha nada e nem precisava. Fui roubado por um dos meus empresários, pouco dinheiro, o outro abandonou a banda por motivos pessoais e agora, depois de trabalhar anos e anos construindo algo que durou, mas está no osso de manter, preciso recomeçar a erguer minha banda. Fiz músicas que nunca serão gravadas, produzi canções que nunca serão ouvidas, tudo para que uma delas, como uma gota, caia nas mãos de alguma editora que não irá trabalhar ou vender esta canção.
Não tenho apoio financeiro de ninguém. Meus pais são pessoas ótimas e me legaram um teto onde morar. Mas só isso. Nunca ganhei mesada, nunca fui pra Disney, nunca ganhei carro do ano, nunca achei que isso seria mais importante do que o apoio moral que eu necessitava para ser artista, músico, escritor, até historiador. Não foi em casa que eu consegui esse suporte. Foda-se.
Mas agora, embalado por minhas reclamações, vejo porque os fantasmas da minha mente me assolam. Enquanto outros esquecem, fingem que não enxergam, dão as costas, eu acho que tenho essa vida escondida, cheia de mentiras e desaprovações, ilusões, separações, dor de cotovelo, tudo isso encrustado em alguma parte viva de mim. E talvez isso esteja, enfim, saindo pra fora porque é preciso aceitar que estou muito feliz, muito bem resolvido, muito trabalhador, muito sério, muito focado em fazer coisas que sejam reais para mim, para meu filho, para minha família, para meus sócios e amigos, para o amor que algumas mulheres ainda sentem por mim, pela paz universal, pelo dinheiro que ainda vou ter que conquistar.
Estou procurando e na verdade o caminho é todo, todo, todo, todinho bem longe do passado. E que morra esse passado.


terça-feira, outubro 27, 2009

Procurando Lily Allen

Fui uma criança muito sonhadora e um dos meus passatempos preferidos entre as aulas no Alvorada e na Casa Thomas Jefferson era imaginar para onde meus sonhos, meus objetivos, me levariam se eu fosse nascido em outro lugar. Criava aquela ilusão gigantesca dentro da mente, conseguia enxergar pessoas, conseguia ver lugares onde eu nunca estive, fotografias, compunha hinos populares, roques, etc, nada que pudesse me tirar da minha verdadeira realidade.
Na juventude eu fui pai da primeira filha da Madonna. Tive um sonho muito longo sobre o assunto, ela dizia que me amava porque eu não invejava o sucesso dela, me pagava uma passagem por semana de Brasília para New York para eu poder ver nossa filha e me abraçava e beijava como nunca. Visto que não sou jesus e nem luz, hoje acho maneiro saber que o namorado da Madonna é um menino comum. Zina, o homem mais comentado das mesas de bares, repetido por tantas pessoas, já imaginava que teria casa, que conheceria a Sabrina Sato e o Ronaldo, imaginação pra tudo.
Um dia eu li que a Lily Allen gosta de homens mais velhos. Porra, ela só vem namorando anciões mesmo, o último deles é um homem de meia idade, (risos), imaginei que eu também estou nesta mesma reta, a reta da meia idade chegará, e eu serei o sonho de consumo da Lily Allen. Qual o caminho e o preço?
Mas convenhamos, da minha parte acho ela uma gata. Uma gata incondicional.
Da outra parte, convenhamos, eu só fui até os cassinos argentinos, ciudad del este, rosário, venezuela, e na pontinha do uruguai. Quando eu imaginava um lugar, era a Califórnia que aparecia para mim.
A melhor parte de todas elas era ter um fender jazz bass, que eu tenho, mas que eu sonhei anos e anos e anos com isso. O fender perdia nos sonhos para algumas gatas desconhecidas, para um fórmula 1 e para o tenista número 1 de 1993.






terça-feira, outubro 20, 2009

Crônicas do Lago Norte

O jovem Jonas sempre quis ter uma namorada. Era até um menino bonito, dentes perfeitos, olhos pretos bem delineados, a cabeça era ideal para o tamanho dos ombros e as roupas das marcas mais fuleiras sempre caiam bem nele. Então, além de sempre se apresentar bem ainda tinha a inteligência a seu favor. Costumava ser um jovem bastante requisitado pelos amigos pela sua capacidade de fazer rir e tocar violão, aliás, tocava muito bem violão e cavaquinho.
Queria uma namorada. Elas sumiam quando ele chegava com a proposta. Jonas até ficava com as meninas, mas elas não queriam ele para namorado. Achavam ele lindo, bonitinho, o melhor cara para se abrir. Merda, ser amigo de mulher, das meninas que desejava... uma merda.
Um dia Jonas simplesmente desistiu e foi pro Rio de Janeiro. Lá conseguiu um emprego como assistente de um programa de televisão virtual, nada demais. Uma câmera, um A4 de sinopse, um fundo azul e pronto. Tudo na mão dos entrevistados. Jonas achava que o trabalho lhe tirava a idéia de namorar da cabeça. Não só começou a achar como, de assistente, passou a diretor do programa e não teve mais tempo para curtir a praia ou sair pra balada. Jonas virara um excelente profissional.
Um dia resolveu caminhar pelo seu bairro. Já tinha grana e tempo de Rio de Janeiro pra morar em um bairro legal; escolheu morar em Copacabana porque curtia o Arpoador e porque sentia naqueles corredores de vento que se formam entre os prédios a beira-mar que as coisas não paravam no mesmo lugar, assim como suas idéias.
Geovanna tinha vontade de ser solteira e esbarrou com Jonas no programa dele de internet. Ela era uma negra muito bonita, cabelos armados no estilo "poder negro", usava saias florais o tempo todo e usava argolas muito grandes nas orelhas. Era uma mulher de deixar qualquer pessoa confusa, ou pela beleza, ou pelo tamanho. Para Jonas, mais uma pessoa. Mas para Geovanna era o final da sua solteirice. Apegada ao sentimento de ser sempre cortejada e desejada, não sentiu nenhum de seus charmes fazer efeito em Jonas. Nada, nem o decote abertinho no final funcionou. Ela foi embora e pensou nele durante meses, meses, meses, meses.


segunda-feira, outubro 19, 2009

Crônicas do Lago Norte

O jovem I estava com a faca nos dentes indo de encontro a uma senhora. Ela parecia frágil e usava apenas um robe vermelho bem comprido e puído pelo uso. Na sua mão pousava leve, na palma da mão, uma navalha fechada. O jovem I queria muito aquela navalha e sabia como conquistá-la. Jogou a faca que estava em seus dentes na direção da senhora, bem na altura dos olhos dela. No instante em que ela desviou do ataque lá estava ele, ao lado dela. Apenas tocou com a mão esquerda o ombro da senhora e gentilmente tirou com a outra mão a navalha da palma da mão dela.
O sonho mudou...
O jovem I respirava ofegante deitado de costas para o chão. Não sabia de onde tinha caído ou se tinha sido jogado. Mas o corpo estava todo dolorido e uma das pernas parecia esmagada. Apesar do terror, do sangue, da sujeira toda não havia dor. Apenas terror.
O raio que caiu ao seu lado não fez barulho. Emanou uma forte descarga de luz, iluminou a sala bem no cantinho e desenhou no firmamento um feixe de energia dos mais grossos. I ficou dominado pela fúria da natureza, não podia se mexer e estava tomando raios na cabeça. O som voltaria depois, três dias depois, aos seus ouvidos.
O sonho mudou...
O jovem I olhava o corpo da jovem ao seu lado como se não pudesse afastar seus olhos um segundo sequer. Ela era linda, jovem da pele alva sem pintas. Dormindo parecia exatamente como quando estava acordada: tímida, silenciosa, esbelta. I, nu, só pensava na segunda vez, na segunda chance que teria com ela, acorde jovem querida, ele queria mais uma dose daquele corpo, daquela mulher que cuidava da portaria de seu coração. I lembrou-se da primeira vez que a viu. Sentiu um estranho esquisito frio na espinha, que é isso, ficar abobado por causa de mulher? I pensava, abobado, mas por esta mulher aqui... acorde, acorde, acorde de novo. E quando a bela jovem abriu os olhos, I não mais olhava ela de tão perto. Preparava café, um sanduíche frio e apertava um baseado para ela. Então Thaiane se levantou nua e foi quando seus seios emanaram uma luz forte e I sentiu que talvez pudesse tê-la quantas vezes quisesse naquela hora. I estava muito feliz.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Crônicas do lago Norte

Um irmão disse para o outro ao ouvir a nova canção de Michael Jackson, esse cara não acompanhou o tempo, não abusa das coisas na moda e usa estalo de dedo como caixa, mas os turnovers dela são ótimos, ao que o outro respondeu, ele não acompanhou mesmo. não deve nem saber quem é Britney, Chistina ou Amy, ehehehhehe.
Michael Jackson morreu como Elvis Presley: de overdose de remédios, à beira da falência, depois dos 40 anos e tentando retomar a carreira, disse o irmão menos cabeludo.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Crônicas do Lago Norte

Ela realmente me perguntou isso? Foi o que pensou o jovem músico quando uma amiga distante lhe disse que a vida era melhor quando você conhecia pessoas por todo o lugar. Não!, ele pensou. Não é tão simples assim. Porque existe um sentimento, a saudade, que se torna forte aliada da distância entre duas pessoas, duas almas que poderiam se conhecer melhor, ser mais amigas, até amantes, qualquer coisa as vezes é melhor do que viver a vida viajando. No entanto, ser um rambler fez dele essa pessoa notória, nômade, conhecedora dos métodos de esperteza que são necessários para viver na estrada. Nem doenças normais lhe aflingiam mais.
A saudade, esse sentimento encostado entre o peito e a cabeça, que se manifesta nas formas e nos dias e nas horas em que somos tomados pelo medo ou pela perda de alguma referência, que nos diz, porra, você pode ir atrás dela, tomá-la nos braços e dizer te amo, porra, abandonando tudo ou o pouco que temos, será viável?
A última mensagem que ele recebeu dela pelo msn foi assim, eu não sinto saudade daquilo que não tive, não, e deu-se uma trovoada forte em Brasília e a conexão da internet caiu. Ele tinha uma resposta na ponta dos dedos. Mas a saudade dela, dos olhinhos puxados dela, daquilo que nunca aconteceu entre eles, acabou se misturando com uma certa dose de bebida e virou uma triste canção.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Crônicas do Lago Norte

Dona I sempre se sentiu privilegiada. Morava na mesma casa onde criou seus filhos, onde conseguiu seu primeiro milhão de reais. Uma casa tão aconchegante quanto seria o útero de sua mãe, onde esteve um dia flutuando no plasma dourado do amor.
Acordou mais cedo, Dona I teve uma breve sensação de dever e foi olhar da porta da sala o seu quintal. Um quintal maravilhoso cheio de frutíferas árvores, flores, capim-santo, arbustos e rasteiras plantinhas verdes povoavam aqueles metros quadrados. Era o quintal onde todo dia de manhã Dona I pisava o orvalho descalça e sentia a energia do dia, do nascer.
Meses atrás uma bem-te-vi fez o seu ninho na mexeriqueira do quintal e ali teve três filhotes. Durante todo o processo Dona I acompanhou o maravilhoso crescimento dos pequenos bem-te-vis, aqueles biquinhos minúsculos aprendendo a comer, as cabecinhas começando a amarelar, o risquinho branco em forma de colar característico já estava lá, eles cantavam logo cedo na janela de Dona I, uma benção.
Olhar o pequeno bem-te-vi se exercitar, aprender a voar todos os dias era o prazer de Dona I. De manhã o bichinho vinha não sei de onde e pousava na máquina de execícios na varanda. E depois ele voava em tempo ritmado dali para a grade da porta e assim ficava, indo e vindo, batendo as pequenas asas, durante minutos seguidos até tomar coragem e voar para o nada de novo. E Dona I lembrou de uma conversa que teve ainda menina, sabe, os gatinhos quando nascem ficam sempre muito perto da mãe. Quanto mais eles crescem, mais a coragem os domina. Eles saem um passo, depois dois passos, depois um metro, depois seis metros e depois vão pra onde querem ir e as vezes não voltam mais. Foi nisso que pensou Dona I.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Crônicas do Lago Norte

Ele fica esperando no carro por dez minutos. O horário da reunião de pais é as onze horas da manhã. Enquanto em silêncio, aproveita esse tempo para registrar no celular uma nova canção, um blues inspirado na leitura da biografia de Big Bill Broonzy, um autêntico descarrego de emoções, uma experiência real.
Entrou em silêncio na sala designida para a reunião onde outras mães já se encontravam. Em poucos minutos outro casal chegou, eram dois pais apenas e algumas mães. Ele olhou atentamente o boletim de desempenho de seu filho, nada de notas e números, apenas anotações sobre o interesse da criança nas atividades da turminha e sobre seu grau de desenvolvimento ao longo do ano, ele olhou, achou graça de algumas colocações, sim, verdadeiras colocações, e esperou.
No meio da explicação de técnicas pedagócias e das atividades empregadas no alunos, ele quis saber como a concordância dos verbos poderia ser utilizada de forma criativa na escola. Sem nem deixar a professora responder, uma jovem mãe logo coloca, olha, na minha casa não é assim e minha filha já usa todas as concordâncias verbais. A gente ensina com exemplos. Vai ver na sua casa, com a convivência com a faxineira, os filhos dela, seu filho esteja vendo coisas erradas e tal..." Ignorância?
Como uma sábia coruja, ele postou-se calado. Todos os outros pais ficaram calados ante um comentário tão impróprio e carregado de preconceito.
E ele ficou ainda mais confuso. Será que a professora, a monitora, a pedagoga, o porteiro, ele mesmo, tem noção de que está o tempo todo usando corretamente a concordância dos verbos perto das crianças?
Ele não ficou mais confuso. Na sua família, com seu filho, ele nunca usou a expressão "a gente". Apenas "nós". Sorriu, foi dar um beijo no filho depois da reunião orgulhoso e foi pro trabalho continuar a rotina.

terça-feira, outubro 06, 2009

Crônicas do Lago Norte

Não parecia o cantar de um sabiá. Muito menos parecia o zumbido de um mosquitinho a zanzar e bater no spot de luz do quarto. Era o ruído, o uníssono, o monótono som de um motor de avião rasgando bem longe o sono, o céu devia estar começando a ficar em tons mais lindos do que nunca, mas ela não estava nem aí para isso, seu corpo esfregava macio e lento sobre o meu e em um sussurro ela saiu: não busque água. não acenda a luz, não se deixe levar, a gente só tem que trabalhar de tarde, não é?
Quando o sono é verdadeiro, o corpo é um peso que a mente esquece ali, deitado, inerte, pulsando breve e lento e o coração fica leve. Não pude deixar de admirar minha mulher e aceitei seu conselho sem titubear. Eu sabia que nos próximos anos nunca mais teria essa paz de espírito. Um filho estava para chegar...

segunda-feira, outubro 05, 2009

Crônicas do Lago Norte

A questão do desperdício entre as pessoas não é algo bem resolvido na minha opinião. Há muita exaltação sobre os benefícios da preservação de alimentos e do consumo sustentável da natureza, mas vi nitidamente que, enquanto indivíduos, as pessoas na fila de um supermercado podem estar abusando da facilidade que pegar itens nas prateleiras e dispensá-los no caixa sem pensar no custo que isso gera para outras pessoas. O sistema de capital prevê o desperdício e o preço final de todos os produtos de um supermercado é baseado em muitos números, inclusive nas perdas materiais resultantes de manipulação indevida de certos produtos dentro do mercado.
Eu sou um desses homens que entra no supermercado com uma lista escrita para não perder tempo, nem o meu e nem o dos trabalhadores, nessas incursões. Ontem eu estava lá com meus irmãos comprando ingredientes para a mega feijoada que produzimos na casa de amigos, a lista inteira escolhida, aquele sol do lado de fora, todo mundo usando chinelo. Vem um senhor funcionário do supermercado e me pergunta se eu tinha pego um pacote de pães de queijo que estava em cima do balcão. Não, senhor, se fosse meu estava no meu carrinho. A resposta dele foi sensata: eu só trago até o caixa aquilo que tenho pra gastar. Esse pão de queijo já derreteu, deve estar estragando e, olha, isso sempre acontece aqui. Fiquei olhando o senhor, concordando com ele, a explicação para os preços dos supermercados tem a ver com isso, pagamos pelos produtos que são largados nas prateleiras, abandonados nos caixas e que não serão entregues a nenhuma pessoa necessitada. Vai tudo pra lixeira.
E se o lixo pudesse reclamar, aposto que só criticaria as latas meio cheias de cerveja, pô, esvazia isso aí antes de jogar fora, que desperdício, meu!

quinta-feira, outubro 01, 2009

Crônicas do Lago Norte

Meu cérebro estava pegando fogo hoje de manhã. Quando meu filho dorme em casa, eu acordo cedo para levá-lo a escola, faço o café da manhã dele e preparo o uniforme, até brinco de carrinho ou de outra coisa também, entro no carro e vou para a Asa Sul deixar meu filho na escola. Chego em casa as oito e pouco. Cérebro em chamas. Penso em música habitualmente, estou olhando meu irmão mexendo no computador, pensando demais nas coisas, Caetano disse que existem canções demais hoje em dia, eu acolhendo essa idéia porque existem guitarras demais hoje em dia sendo produzidas; de todos os tipos, cores, modelos, qualidade, origem, tamanho. Eu que não compro instrumento desde 2005 não sinto necessidade de comprar mais um baixo ou uma guitarra. Eu teria um violão muito bom, coisa que eu não tenho, e talvez um microfone alemão. Nada mais. No entanto, cérebro fritando de idéias, são demais essas guitarras produzidas, mais de uma por pessoa, mais de mil por músico de verdade, e ainda existem as antigas guitarras e baixos e teclados e pianos e sanfonas e tudo mais...
Tanta coisa produzida e a qualidade da música produzida ainda está abaixo dos padrões em que o Brasil esteve a trinta anos atrás. Estamos cada vez mais distantes de um passado bonito, glorioso, virtuoso, boêmio, chique, preservado e rico em cores e mulheres bonitas. E eu que não fico perto de mulher bonita de jeito nenhum penso: está muito errado, são demais as guitarras nessa vida!