Eu fui chamado outro dia de bucólico pós-moderno. Não entendo o significado de nada que seja pós-moderno, até porque meu amigo mais poeta de hoje em dia sabe muito bem que a pós modernidade é apenas uma análise inferior da já atualizada hiper-modernidade, sociedade de consumo infinito que não tem parâmetros pessoais para saber se tem por necessidade ou por não mais diferenciar o necessário do que é supérfluo e neuroproduzido pela ignorância e desejo se perde nesse tempo.
Fui olhando por aí até que meu olho doeu. Como se eu visse meu retrato de 1994, atualizasse uns 15 quilos e depois colocasse ao lado a memória brasiliense do canal arte. Eu não tenho mais nada a perder senão um ou dois neurônios. O choque, eu sinto ele como um implulso elÉtrico em meus cabelos. É a minha inteligência e a minha consciência dizendo "use seus olhos para olhar fixamente um ponto qualquer que se reproduza no nada, um ponto de luz" e eu olharei meu filho. Coloquei a foto dele colada em meu peito para que todos os dias eu possa ficar com ele. Estou desperto neste sonho elétrico em vibrações ultravioleta e sonoridade ruidosa, minha mente cessa e não quero mais parar de não mais pensar e deixar de estar por aqui. Um sonho apenas se torna realidade quando deixa de ser apenas uma reflexão interior e passa a ser olhado por observadores críticos e impessoais. Mais um choque na cabeça e meus cabelos ficaram como arame farpado. Já basta de tantas lembranças. Meu amigo poeta diria que divaguei, mas tenho certeza de que no subliminar existe, com certeza, uma boa história de ódio entre amigos, uma inimizade extrema em tons negros e a saudade de não se importar com o que não tem solução. Enfim, eu não sou muito fácil e ninguém é, em suma. Silêncio.
sábado, maio 27, 2006
quarta-feira, maio 17, 2006
Expor-se como uma cicatriz - Ópus, o pus, depois
Faz tempo que eu não tenho tempo para expor tudo aquilo que tenho observado. Ou seja, estou como a cachoeira da fumaça duas vezes por ano. Resolvi abrir um pouco a torneira da minha mente, desanuviando um rio de emoções que se afloraram com o nascimento do meu filho. Seu olhar quase não se fixa ao meu. Tudo para ele é novidade inclusive eu. Mas minha voz ele conhece, sabe que é a voz do conforto, de um homem que beija, beija e faz prrrrrrrrrrr na barriga dele, beija os pezinhos. Daí, depois de tanto beijo, um carinho apertado para que ele arrote. Fico criando melodias durante este tempo, uma letra pra ele, quem sabe um tema musical. Esta noite sofri pois estive cantarolando uma excelente melodia abraçado com minha mulher e filho. ´Nem me atrevi a decorar, deixar de dormir com eles, para fazer a música. Sei que ela, a melodia noturna, está comigo e se escondeu-se, aparecerá!
Fui tocado por uma maliciosa vontade de vencer. É necessário o carinho para que tudo isso, viver, não seja em vão. Escrevo velozmente e feroz porque não posso ficar. Meu filho só tem olhos pra ele. E eu também. Silêncio.
Fui tocado por uma maliciosa vontade de vencer. É necessário o carinho para que tudo isso, viver, não seja em vão. Escrevo velozmente e feroz porque não posso ficar. Meu filho só tem olhos pra ele. E eu também. Silêncio.
quarta-feira, maio 03, 2006
Deixe-me ir. Preciso andar. Vou por aí a procurar...Rir pra não chorar - Cartola
Na medida em que os anos passam e aquela história de vida começa a se tornar, ao invés de um conto ou um filme, um livro é bom avaliar o peso e a qualidade das coisas mais importantes. Na medida em que os anos conjugam distância e proximidade, saudade e memória, amor e ódio é também possível avaliar se estamos ou não bem acompanhados nesse livro.
A história da amizade é muito antiga. A amizade fraterna, essa coisa moderna em que dois ou mais indivíduos são amigos por interesses comuns, já era. Quando os gregos sentiam amor pelo amigo, eles viravam amantes. Rumi, o poeta místico, também encontrou em um amigo sua alma gêmea, o então Shams de Tabriz. Existe a inesplicável natureza dos irmãos gêmeos univitelinos e a relação de amizade que ela forma: é intensa e amorosa. ´
Os anos passaram para mim com velocidade zero e de tão vagarosos permitiram que certas facetas dos outros indivíduos fossem muito bem observadas por mim. Isso implica dizer que eu sabia dizer, desde criança, se uma pessoa era ou não um bom amigo. Mesmo que meus pais não gostassem dele. Mesmo que ele fosse mudando de um bom amigo para um péssimo amigo, eu conseguia enxergar a linha tênue entre o infinito fraterno e a amizade passageira. A maior revelação de todas foi entender que para ser um bom amigo eu tinha que virar amante de mim mesmo, aprender a ser sereno para poder doar e receber o que é fundamental em uma amizade: amor.
O amigo não pede; o amigo senta ao lado do silêncio e morde como um leão frente às mazelas que aflingem suas amizades; o amigo sabe aconselhar; o amigo reconhece quando erra; o amigo não abandona o amigo; o amigo pensa em seu amor pelos outros; o amigo divide a alegria e a tristeza na mesma sintonia e medida que divide cerveja, dívidas pequenas e namoradas; o amigo troca uma mulher para não chatear o amigo. E talvez aqui eu coloque um parênteses. O amor que sentimos pelo amigo e pela amante pode conflitar porque o amigo as vezes não quer saber de ser amigo da amante do amigo, sacou? As vezes a amante acha que o amigo é uma influência ruim; na maioria das vezes o amigo tem a razão. Mas as exceções existem para colorir o ciclo das rotinas. Amigo não faz fofoca; amigo chora e o outro chora junto.
Muitas vezes acontece de você se tornar amigo da sua amante. Isso é uma situação ideal e muitas vezes ela eleva muito a qualidade da relação amorosa entre duas pessoas porque o amor delas jorra como uma fonte inesgotável. Isso gera inveja porque todo mundo quer viver assim.
Voltemos à antiguidade e assim veremos que no começo dos tempos homens preferiam bichos aos homens para serem amigos. Amigo do gato, do rato, do camelo. Pois se havia divindade nos animais era melhor ser amigo de Deus do que dos homens. Na Pérsia existe um ditado que diz:" Visita é como peixe: depois de três dias começa a feder." Moral da história: amigo é peixe que nunca fede! Silêncio.
A história da amizade é muito antiga. A amizade fraterna, essa coisa moderna em que dois ou mais indivíduos são amigos por interesses comuns, já era. Quando os gregos sentiam amor pelo amigo, eles viravam amantes. Rumi, o poeta místico, também encontrou em um amigo sua alma gêmea, o então Shams de Tabriz. Existe a inesplicável natureza dos irmãos gêmeos univitelinos e a relação de amizade que ela forma: é intensa e amorosa. ´
Os anos passaram para mim com velocidade zero e de tão vagarosos permitiram que certas facetas dos outros indivíduos fossem muito bem observadas por mim. Isso implica dizer que eu sabia dizer, desde criança, se uma pessoa era ou não um bom amigo. Mesmo que meus pais não gostassem dele. Mesmo que ele fosse mudando de um bom amigo para um péssimo amigo, eu conseguia enxergar a linha tênue entre o infinito fraterno e a amizade passageira. A maior revelação de todas foi entender que para ser um bom amigo eu tinha que virar amante de mim mesmo, aprender a ser sereno para poder doar e receber o que é fundamental em uma amizade: amor.
O amigo não pede; o amigo senta ao lado do silêncio e morde como um leão frente às mazelas que aflingem suas amizades; o amigo sabe aconselhar; o amigo reconhece quando erra; o amigo não abandona o amigo; o amigo pensa em seu amor pelos outros; o amigo divide a alegria e a tristeza na mesma sintonia e medida que divide cerveja, dívidas pequenas e namoradas; o amigo troca uma mulher para não chatear o amigo. E talvez aqui eu coloque um parênteses. O amor que sentimos pelo amigo e pela amante pode conflitar porque o amigo as vezes não quer saber de ser amigo da amante do amigo, sacou? As vezes a amante acha que o amigo é uma influência ruim; na maioria das vezes o amigo tem a razão. Mas as exceções existem para colorir o ciclo das rotinas. Amigo não faz fofoca; amigo chora e o outro chora junto.
Muitas vezes acontece de você se tornar amigo da sua amante. Isso é uma situação ideal e muitas vezes ela eleva muito a qualidade da relação amorosa entre duas pessoas porque o amor delas jorra como uma fonte inesgotável. Isso gera inveja porque todo mundo quer viver assim.
Voltemos à antiguidade e assim veremos que no começo dos tempos homens preferiam bichos aos homens para serem amigos. Amigo do gato, do rato, do camelo. Pois se havia divindade nos animais era melhor ser amigo de Deus do que dos homens. Na Pérsia existe um ditado que diz:" Visita é como peixe: depois de três dias começa a feder." Moral da história: amigo é peixe que nunca fede! Silêncio.
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