A maioria das famílias brasileiras (54%) tem dívidas, segundo levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta terça-feira. O valor médio é de R$ 5.427.
Entre as 3.810 famílias entrevistadas em 214 cidades do país, 11,08% disseram estar muito endividadas. Já 26,25% avaliam que suas dívidas são pequenas.
Para cerca de 15% das endividadas, o débito corresponde a aproximadamente metade do rendimento mensal. Já 23,5% têm dívidas entre uma e duas vezes o salário. Outros 16% têm entre duas e cinco vezes a renda mensal comprometida.
Para outros 23%, a situação é ainda mais preocupante: o endividamento supera em cinco vezes a renda familiar mensal.
A pesquisa mostra também que o comprometimento da renda com dívidas aumenta de acordo com a elevação da faixa salarial. Entre as famílias que recebem até um salário mínimo, por exemplo, 58,54% responderam não ter débitos. Já aquelas com renda de cinco a dez salários mínimos, 38,66% estão em situação semelhante. Para as famílias com renda superior a esse patamar, essa proporção cai para 36,92%.
OTIMISMO
Ainda de acordo com o levantamento do Ipea, a maior parte dos brasileiros (73%) avalia estar em uma melhor situação financeira do que há um ano.
O IEF (Índice de Expectativas das Famílias) revela também otimismo dos brasileiros em relação à situação socio-econômica futura. A média nacional chegou a 62,75 pontos em agosto --numa escala que vai de zero a cem. A pesquisa mostra que 58% das famílias vislumbram que o país passará por melhores momentos nos próximos 12 meses.
Para os próximos cinco anos, o otimismo é parecido, já que 55,4% das famílias apostam num cenário positivo. Do total de entrevistados, 19,24% disseram esperar piora no quadro socio-econômico nos próximos 12 meses.
Para os próximos cinco anos, 15% esperam piores condições.
terça-feira, agosto 31, 2010
Estudo preliminar concluiu que maconha reduz a dor crônica - BBC Brasil
Fumar maconha em cachimbo pode reduzir significativamente a dor crônica em pacientes com nervos danificados, revelou um pequeno estudo feito no Canadá. O experimento, envolvendo 23 participantes, também melhorou o sono e reduziu a ansiedade entre os que fumaram a droga. Em artigo publicado na revista científica Canadian Medical Association Journal, os cientistas disseram que são necessários mais estudos, em larga escala e com a utilização de inaladores.
Comentando o trabalho, especialistas britânicos disseram que a melhoria na dor foi relativamente pequena, mas acrescentaram que o trabalho pode ter implicações importantes. Entre 1 e 2% da população sofrem de dor neuropática crônica - dor resultante de problemas de sinalização entre os nervos -, porém há poucos tratamentos disponívels.
Segundo relatos de alguns pacientes que sofrem dessa condição, fumar maconha melhora seus sintomas. Isso levou pesquisadores a investigar se a ingestão de canabinóides - as substâncias químicas presentes na erva cannabis - em forma de pílula poderia produzir o mesmo efeito.
A equipe da McGill University, em Montreal, disse, no entanto, que faltam estudos clínicos com pacientes fumantes da erva.
Potências
Durante o estudo, foram usadas maconhas com três potências diferentes - contendo 2,5%, 6% e 9,4% do ingrediente ativo tetrahidrocanabinol, THC - e placebos. Sob supervisão de enfermeiros, usando cachimbos, os participantes inalaram uma dose única, de 25mg de maconha, três vezes ao dia durante cinco dias. Depois de um intervalo de nove dias, eles repetiram a operação até completar quatro ciclos.
Comparados aos pacientes que ingeriram placebos, os participantes que receberam as maiores doses de THC sentiram menos dor, dormiram melhor e sentiram menos ansiedade, concluíram os autores do estudo.
O líder da equipe, Mark Ware, disse: "Até onde sabemos, este é o primeiro estudo clínico com pacientes não internados usando maconha fumada de que se tem notícia". Ware disse que estudos de longo prazo, com cannabis mais potentes e usando inaladores especiais que permitem maior controle das dosagens, são necessários para que se obtenha resultados mais precisos e também para que se avalie a segurança do tratamento.
Repercussão
Segundo o médico Tony Dickenson, do University College of London, vários pacientes com dor crônica dizem se beneficiar da cannabis, mas ele alerta que a auto-medicação é perigosa. Dickenson notou que a redução da dor revelada pelo estudo foi pequena, mas acha que a droga pode fazer diferença para pacientes com dor crônica que sofrem de insônia e depressão por causa de sua condição.
Também valeria a pena investigar se inalar a droga seria mais efetivo do que ingeri-la por via oral, ele acrescentou. "Talvez seja importante encontrar pacientes que respondam particularmente bem (à cannabis) pois é possível que ela não seja adequada para alguns grupos, como pacientes mais idosos".
"(Os pesquisadores) não conseguiram tantos voluntários quando queriam para os testes e isso demonstra como esse tipo de pesquisa é difícil de realizar", acrescentou.
Outro especialista, o neurocientista Peter Shortland, do St Bartholomew's Hospital e da London School of Medicine and Dentistry, ressaltou o fato de que "fumar a droga não produziu os efeitos mentais comumente associados à cannabis de potência total". Para ele, o estudo foi um passo importante e precisa ter continuidade.
Comentando o trabalho, especialistas britânicos disseram que a melhoria na dor foi relativamente pequena, mas acrescentaram que o trabalho pode ter implicações importantes. Entre 1 e 2% da população sofrem de dor neuropática crônica - dor resultante de problemas de sinalização entre os nervos -, porém há poucos tratamentos disponívels.
Segundo relatos de alguns pacientes que sofrem dessa condição, fumar maconha melhora seus sintomas. Isso levou pesquisadores a investigar se a ingestão de canabinóides - as substâncias químicas presentes na erva cannabis - em forma de pílula poderia produzir o mesmo efeito.
A equipe da McGill University, em Montreal, disse, no entanto, que faltam estudos clínicos com pacientes fumantes da erva.
Potências
Durante o estudo, foram usadas maconhas com três potências diferentes - contendo 2,5%, 6% e 9,4% do ingrediente ativo tetrahidrocanabinol, THC - e placebos. Sob supervisão de enfermeiros, usando cachimbos, os participantes inalaram uma dose única, de 25mg de maconha, três vezes ao dia durante cinco dias. Depois de um intervalo de nove dias, eles repetiram a operação até completar quatro ciclos.
Comparados aos pacientes que ingeriram placebos, os participantes que receberam as maiores doses de THC sentiram menos dor, dormiram melhor e sentiram menos ansiedade, concluíram os autores do estudo.
O líder da equipe, Mark Ware, disse: "Até onde sabemos, este é o primeiro estudo clínico com pacientes não internados usando maconha fumada de que se tem notícia". Ware disse que estudos de longo prazo, com cannabis mais potentes e usando inaladores especiais que permitem maior controle das dosagens, são necessários para que se obtenha resultados mais precisos e também para que se avalie a segurança do tratamento.
Repercussão
Segundo o médico Tony Dickenson, do University College of London, vários pacientes com dor crônica dizem se beneficiar da cannabis, mas ele alerta que a auto-medicação é perigosa. Dickenson notou que a redução da dor revelada pelo estudo foi pequena, mas acha que a droga pode fazer diferença para pacientes com dor crônica que sofrem de insônia e depressão por causa de sua condição.
Também valeria a pena investigar se inalar a droga seria mais efetivo do que ingeri-la por via oral, ele acrescentou. "Talvez seja importante encontrar pacientes que respondam particularmente bem (à cannabis) pois é possível que ela não seja adequada para alguns grupos, como pacientes mais idosos".
"(Os pesquisadores) não conseguiram tantos voluntários quando queriam para os testes e isso demonstra como esse tipo de pesquisa é difícil de realizar", acrescentou.
Outro especialista, o neurocientista Peter Shortland, do St Bartholomew's Hospital e da London School of Medicine and Dentistry, ressaltou o fato de que "fumar a droga não produziu os efeitos mentais comumente associados à cannabis de potência total". Para ele, o estudo foi um passo importante e precisa ter continuidade.
segunda-feira, agosto 30, 2010
Couch Surfing reúne 2 milhões de viajantes que dormem de graça em sofás alheios
"Participe da criação de um mundo melhor, um sofá de cada vez." Essa é a ideia do Couch Surfing (surfe de sofá), rede on-line que reúne mais de 2 milhões de membros em 77 mil cidades.
Como? Ofereça o sofá para um viajante. Ou peça um. No Couch Surfing (ou CS, para os íntimos) não há cobrança de diária, como em hotéis.
O sistema é baseado na confiança. Referências positivas ou negativas são postadas nos perfis de viajantes e hospedadores, que não podem alterá-las.
Mais do que um cantinho para largar seu mochilão, o bacana é a troca cultural, dizem os surfistas de sofá ouvidos pelo Folhateen.
Rodrigo Oliveira, 18, já recebeu nove gringos. "Ver que você fez parte da jornada de uma pessoa não tem preço."
Oliveira só não tem boas recordações de um hóspede inglês "bastante folgado", que não lavava as próprias louças e atrapalhava a rotina da casa, por ser baladeiro.
Talita Torres, 23, calcula ter conhecido 70 novos amigos pelo Couch Surfing, na Turquia e na Europa.
PARA MAIORES
Por motivos de segurança, a comunidade não permite usuários menores de 18 anos. Mesmo assim, os jovens são maioria: 40% dos surfistas têm entre 18 e 24 anos.
Russo, Vadim Novozhilov, 24, teve sua primeira experiência no CS em São Paulo. "Não é só conseguir um canto para dormir de graça, mas, sim, ter a experiência de conhecer uma cultura de verdade", diz Novozhilov.
Por meio do CS, Leandro Provença, 23, conheceu um professor nos Estados Unidos, deu aulas para crianças por um dia e até jogou futebol com elas.
"Não é o tipo de coisa que acontece com quem viaja e fica em hotel, né?"
HÓSPEDE ESPECIAL NA ITÁLIA
Eu, Elisângela Roxo, 26, colaboradora do Folhateen, já viajei algumas vezes no esquema CS. Eis o relato de uma dessas viagens.
*
"O trem saiu de Ventimiglia com destino a Gênova sem que eu tivesse ideia de onde dormiria naquela noite na Itália. Ainda na estação, conheci um casal de ingleses. Tínhamos o destino em comum. Eles perguntaram se o dono do sofá teria lugar para uma terceira surfista: eu!
Fui aceita e recebida por um senhor italiano e sua esposa. Ela cozinhou um banquete. Ele perguntou: gostam de vinho?
Com o sim, se levantou e voltou com uma garrafa de vinho guardada há 30 anos para "hóspedes especiais", que, naquela noite, éramos nós, surfistas de sofá.
-
"FUI ROUBADO NO COUCH SURFING"
Gabriel Gaspar, 26, embaixador de São Paulo no Couch Surfing, conta uma experiência negativa no surfe de sofá.
*
"Uma hora antes do voo de volta, percebi que meu iPod tinha sido roubado.
Eu e um casal de franceses estávamos hospedados pelo Couch Surfing na casa de uma família em Cartagena, na Colômbia. Conversei e contei o que tinha acontecido, mas não tinha como saber quem roubou, nem dava para acusar ninguém.
Foi uma situação chata. A filha, com quem eu tinha feito contato para pedir o sofá, ficou arrasada.
Eu também não sabia o que dizer. Sei que, em cinco anos de CS, foi a única vez em que fui roubado. Em albergues, isso aconteceu muitas vezes."
(ER)
-
PEQUENO MANUAL DO SURFISTA
CONDUTA COM O DONO DO SOFÁ
1. Couchsurfing não é só um jeito de viajar de graça. Reserve um tempo para conhecer bem a pessoa que está lhe hospedando
2. Leia com atenção o perfil de quem vai hospedar você para ver as referências de outros hóspedes e checar se vocês têm gostos parecidos. Quem é mais tranquilo não precisa ficar na casa de um baladeiro, por exemplo
3. A hospedagem é de graça, mas pega bem levar um presente, tipo uma lembrancinha do Brasil
4. Para saber as regras da casa, não tenha vergonha de conversar com o dono, e siga o combinado
5. Não seja bagunceiro na casa dos outros. Dobre os seus lençóis e se ofereça para lavar a louça
6. Se a estadia no sofá foi boa, deixe uma referência no site sobre a sua experiência
SEGURANÇA DO SURFISTA
1. Informe alguém de confiança sobre quem vai lhe hospedar. Combine de ligar ou enviar um e-mail para dizer como está indo a viagem
2. Caso não se sinta confortável na casa, vá embora. Você não é obrigado a ficar
3. Anote telefone e endereço de albergues para onde possa ir se não se sentir à vontade no sofá alheio
4. Tenha à mão telefones de empresas de táxi locais
5. Leve um cartão de crédito com limite para "gastos de emergência"
Como? Ofereça o sofá para um viajante. Ou peça um. No Couch Surfing (ou CS, para os íntimos) não há cobrança de diária, como em hotéis.
O sistema é baseado na confiança. Referências positivas ou negativas são postadas nos perfis de viajantes e hospedadores, que não podem alterá-las.
Mais do que um cantinho para largar seu mochilão, o bacana é a troca cultural, dizem os surfistas de sofá ouvidos pelo Folhateen.
Rodrigo Oliveira, 18, já recebeu nove gringos. "Ver que você fez parte da jornada de uma pessoa não tem preço."
Oliveira só não tem boas recordações de um hóspede inglês "bastante folgado", que não lavava as próprias louças e atrapalhava a rotina da casa, por ser baladeiro.
Talita Torres, 23, calcula ter conhecido 70 novos amigos pelo Couch Surfing, na Turquia e na Europa.
PARA MAIORES
Por motivos de segurança, a comunidade não permite usuários menores de 18 anos. Mesmo assim, os jovens são maioria: 40% dos surfistas têm entre 18 e 24 anos.
Russo, Vadim Novozhilov, 24, teve sua primeira experiência no CS em São Paulo. "Não é só conseguir um canto para dormir de graça, mas, sim, ter a experiência de conhecer uma cultura de verdade", diz Novozhilov.
Por meio do CS, Leandro Provença, 23, conheceu um professor nos Estados Unidos, deu aulas para crianças por um dia e até jogou futebol com elas.
"Não é o tipo de coisa que acontece com quem viaja e fica em hotel, né?"
HÓSPEDE ESPECIAL NA ITÁLIA
Eu, Elisângela Roxo, 26, colaboradora do Folhateen, já viajei algumas vezes no esquema CS. Eis o relato de uma dessas viagens.
*
"O trem saiu de Ventimiglia com destino a Gênova sem que eu tivesse ideia de onde dormiria naquela noite na Itália. Ainda na estação, conheci um casal de ingleses. Tínhamos o destino em comum. Eles perguntaram se o dono do sofá teria lugar para uma terceira surfista: eu!
Fui aceita e recebida por um senhor italiano e sua esposa. Ela cozinhou um banquete. Ele perguntou: gostam de vinho?
Com o sim, se levantou e voltou com uma garrafa de vinho guardada há 30 anos para "hóspedes especiais", que, naquela noite, éramos nós, surfistas de sofá.
-
"FUI ROUBADO NO COUCH SURFING"
Gabriel Gaspar, 26, embaixador de São Paulo no Couch Surfing, conta uma experiência negativa no surfe de sofá.
*
"Uma hora antes do voo de volta, percebi que meu iPod tinha sido roubado.
Eu e um casal de franceses estávamos hospedados pelo Couch Surfing na casa de uma família em Cartagena, na Colômbia. Conversei e contei o que tinha acontecido, mas não tinha como saber quem roubou, nem dava para acusar ninguém.
Foi uma situação chata. A filha, com quem eu tinha feito contato para pedir o sofá, ficou arrasada.
Eu também não sabia o que dizer. Sei que, em cinco anos de CS, foi a única vez em que fui roubado. Em albergues, isso aconteceu muitas vezes."
(ER)
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PEQUENO MANUAL DO SURFISTA
CONDUTA COM O DONO DO SOFÁ
1. Couchsurfing não é só um jeito de viajar de graça. Reserve um tempo para conhecer bem a pessoa que está lhe hospedando
2. Leia com atenção o perfil de quem vai hospedar você para ver as referências de outros hóspedes e checar se vocês têm gostos parecidos. Quem é mais tranquilo não precisa ficar na casa de um baladeiro, por exemplo
3. A hospedagem é de graça, mas pega bem levar um presente, tipo uma lembrancinha do Brasil
4. Para saber as regras da casa, não tenha vergonha de conversar com o dono, e siga o combinado
5. Não seja bagunceiro na casa dos outros. Dobre os seus lençóis e se ofereça para lavar a louça
6. Se a estadia no sofá foi boa, deixe uma referência no site sobre a sua experiência
SEGURANÇA DO SURFISTA
1. Informe alguém de confiança sobre quem vai lhe hospedar. Combine de ligar ou enviar um e-mail para dizer como está indo a viagem
2. Caso não se sinta confortável na casa, vá embora. Você não é obrigado a ficar
3. Anote telefone e endereço de albergues para onde possa ir se não se sentir à vontade no sofá alheio
4. Tenha à mão telefones de empresas de táxi locais
5. Leve um cartão de crédito com limite para "gastos de emergência"
sábado, agosto 21, 2010
Sumida, focaccia reaparece em São Paulo; aprenda receita - MARINA FUENTES
Salgado tipicamente italiano, a focaccia era encontrada facilmente na década de 90 em diversas cafeterias e até lojas de conveniência da cidade. Sumida há alguns anos, ela reaparece de tempos em tempos em feiras e festas de rua, mas agora é a estrela do cardápio de uma nova casa, o recém-inaugurado restaurante Serafina, e tema do Boa Vida desta semana
A história do menu do restaurante, que faz parte de uma rede nova-iorquina, é curiosa: os dois proprietários, ambos velejadores, sofreram um naufrágio e, em pleno de momento de apuros, prometeram um ao outro que, caso se salvassem, abririam uma casa de cozinha italiana, com direito a pizza e focaccia.
São e salvos, a promessa foi cumprida e a focaccia foi incluída no menu como outro prato qualquer. Mas o sucesso, diz o chef da unidade paulistana Ricardo di Camargo, foi tão grande e imediato, que a entrada virou o carro-chefe da casa.
"O segredo da boa focaccia é fazê-la em forno em alta temperatura e usando produtos de excelente qualidade, a começar pela farinha", explica Camargo. O chef alerta que a massa deve ser preparada com cerca de 12 hora de antecedência para atingir boa elasticidade.
O chef da matriz de Nova York, Juan Mendienta, dá outra dica: fazer furinhos na massa ao levá-la ao forno para assar. "Assim ela não forma uma bolha e não queima por cima", sugere. Depois de assada, a focaccia recebe os recheios a gosto de quem prepara, e volta ao forno para esquentar rapidamente.
Inspirada na região da Ligúria, um dos berços do prato, a receita que o chef Juan Mendieta ensina leva presunto cru, mussarela de búfala e manjericão.
Veja abaixo a forma de preparo:
Ingredientes
Para massa (4 porções)
300 ml de água
400g de farinha (a chamada 00, que é mais fina, não muito fácil de
encontrar) ou 600g de farinha de trigo normal
1 colher de chá de fermento em pó ou biológico
25 ml de azeite
1 colher de sobremesa de sal
Para rechear:
4 tomates em fatia
12 fatias de presunto cru
Um maço de manjericão
Oito bolotas de mussarela de búfala
Orégano e sal a gosto
Azeite o quanto baste (para regar)
Modo de preparo
Misture a farinha, o sal e o fermento, adicione a água e misture com a ajuda das mãos até a massa ficar homogênea. Faça quatro bolotas de tamanhos iguais e deixe repousar por 30 minutos. Depois disso, leve a massa para a geladeira e deixe ali por no mínimo 12 horas.
20 minutos antes de preparar a focaccia, retire a massa da geladeira.
Com um rolo ou com as mãos, faça com que cada uma das bolotas vire um disco do tamanho de um prato de sobremesa.
Esquente o forno em temperatura alta por ao menos 20 minutos. Regue a massa com um fio de azeite e coloque os discos para assar. A massa vai começar a crescer e então, com a ajuda de um garfo, faça furinhos na superfície para que essa bolha se desfaça.
Quando a parte de cima estiver dourada, o que deve levar cerca de oito minutos, retire a focaccia do forno e corte-a no meio com uma faca sem serras.
Recheie cada uma começando pelas fatias de tomate. Depois, coloque a mussarela de búfala, acrescente as ervas e o azeite e cubra com o presunto cru. Volte ao forno por dois minutos ou até que o queijo derreta. Corte em quatro cada uma delas e sirva em seguida.
A história do menu do restaurante, que faz parte de uma rede nova-iorquina, é curiosa: os dois proprietários, ambos velejadores, sofreram um naufrágio e, em pleno de momento de apuros, prometeram um ao outro que, caso se salvassem, abririam uma casa de cozinha italiana, com direito a pizza e focaccia.
São e salvos, a promessa foi cumprida e a focaccia foi incluída no menu como outro prato qualquer. Mas o sucesso, diz o chef da unidade paulistana Ricardo di Camargo, foi tão grande e imediato, que a entrada virou o carro-chefe da casa.
"O segredo da boa focaccia é fazê-la em forno em alta temperatura e usando produtos de excelente qualidade, a começar pela farinha", explica Camargo. O chef alerta que a massa deve ser preparada com cerca de 12 hora de antecedência para atingir boa elasticidade.
O chef da matriz de Nova York, Juan Mendienta, dá outra dica: fazer furinhos na massa ao levá-la ao forno para assar. "Assim ela não forma uma bolha e não queima por cima", sugere. Depois de assada, a focaccia recebe os recheios a gosto de quem prepara, e volta ao forno para esquentar rapidamente.
Inspirada na região da Ligúria, um dos berços do prato, a receita que o chef Juan Mendieta ensina leva presunto cru, mussarela de búfala e manjericão.
Veja abaixo a forma de preparo:
Ingredientes
Para massa (4 porções)
300 ml de água
400g de farinha (a chamada 00, que é mais fina, não muito fácil de
encontrar) ou 600g de farinha de trigo normal
1 colher de chá de fermento em pó ou biológico
25 ml de azeite
1 colher de sobremesa de sal
Para rechear:
4 tomates em fatia
12 fatias de presunto cru
Um maço de manjericão
Oito bolotas de mussarela de búfala
Orégano e sal a gosto
Azeite o quanto baste (para regar)
Modo de preparo
Misture a farinha, o sal e o fermento, adicione a água e misture com a ajuda das mãos até a massa ficar homogênea. Faça quatro bolotas de tamanhos iguais e deixe repousar por 30 minutos. Depois disso, leve a massa para a geladeira e deixe ali por no mínimo 12 horas.
20 minutos antes de preparar a focaccia, retire a massa da geladeira.
Com um rolo ou com as mãos, faça com que cada uma das bolotas vire um disco do tamanho de um prato de sobremesa.
Esquente o forno em temperatura alta por ao menos 20 minutos. Regue a massa com um fio de azeite e coloque os discos para assar. A massa vai começar a crescer e então, com a ajuda de um garfo, faça furinhos na superfície para que essa bolha se desfaça.
Quando a parte de cima estiver dourada, o que deve levar cerca de oito minutos, retire a focaccia do forno e corte-a no meio com uma faca sem serras.
Recheie cada uma começando pelas fatias de tomate. Depois, coloque a mussarela de búfala, acrescente as ervas e o azeite e cubra com o presunto cru. Volte ao forno por dois minutos ou até que o queijo derreta. Corte em quatro cada uma delas e sirva em seguida.
Tai chi chuan alivia sintomas da fibromialgia, diz estudo - da ASSOCIATED PRESS
A prática do tai chi chuan alivia dores nas articulações e outros sintomas da fibromialgia, segundo um pequeno estudo sobre o antigo exercício chinês. Os resultados foram publicados no New England Journal of Medicine, na quinta-feira (19).
A atividade combina meditação com movimentos lentos, suaves, respiração profunda e relaxamento. Pode melhorar a força muscular, o equilíbrio, o sono, a coordenação e, de acordo com evidências, a fibromialgia.
Os sintomas da doença incluem dor no corpo, fadiga e pontos sensíveis nas articulações, músculos e outros tecidos leves. O problema é mais comum em mulheres de meia-idade e sua causa ainda é desconhecida.
Por causa da falta de sinais evidentes e testes definitivos, alguns médicos questionam se o problema é físico ou psicológico.
O estudo liderado por Wang Chenchen, da Tufts University School of Medicine, em Boston, envolveu 66 pacientes com fibromialgia que experimentaram o tai chi chuan ou exercícios de bem-estar e alongamento duas vezes por semana, durante 12 semanas.
Os sintomas melhoraram de forma significativa para o grupo de tai chi chuan e pouco para os outros. Os pesquisadores notaram melhorias na dor, humor, qualidade de vida, sono e capacidade de exercício, que se mantiveram por 24 semanas após o início do estudo.
Em um editorial, dois médicos e um especialista em medicina oriental do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, classificaram os resultados como "provocativos" e "impressionantes", mas disseram que ainda não está claro se benefício se deve a um efeito placebo. De acordo com os médicos, os resultados precisam ser repetidos em um estudo maior.
O principal patrocinador do estudo foi o Centro Nacional para Medicina Complementar e Alternativa, do governo dos EUA. Diversos autores recebem verbas federais para a investigações sobre corpo e mente e tem vínculo financeiro com empresas que produzem medicamentos para tratar a fibromialgia.
A atividade combina meditação com movimentos lentos, suaves, respiração profunda e relaxamento. Pode melhorar a força muscular, o equilíbrio, o sono, a coordenação e, de acordo com evidências, a fibromialgia.
Os sintomas da doença incluem dor no corpo, fadiga e pontos sensíveis nas articulações, músculos e outros tecidos leves. O problema é mais comum em mulheres de meia-idade e sua causa ainda é desconhecida.
Por causa da falta de sinais evidentes e testes definitivos, alguns médicos questionam se o problema é físico ou psicológico.
O estudo liderado por Wang Chenchen, da Tufts University School of Medicine, em Boston, envolveu 66 pacientes com fibromialgia que experimentaram o tai chi chuan ou exercícios de bem-estar e alongamento duas vezes por semana, durante 12 semanas.
Os sintomas melhoraram de forma significativa para o grupo de tai chi chuan e pouco para os outros. Os pesquisadores notaram melhorias na dor, humor, qualidade de vida, sono e capacidade de exercício, que se mantiveram por 24 semanas após o início do estudo.
Em um editorial, dois médicos e um especialista em medicina oriental do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, classificaram os resultados como "provocativos" e "impressionantes", mas disseram que ainda não está claro se benefício se deve a um efeito placebo. De acordo com os médicos, os resultados precisam ser repetidos em um estudo maior.
O principal patrocinador do estudo foi o Centro Nacional para Medicina Complementar e Alternativa, do governo dos EUA. Diversos autores recebem verbas federais para a investigações sobre corpo e mente e tem vínculo financeiro com empresas que produzem medicamentos para tratar a fibromialgia.
Agressividade de homens no Twitcam é defesa, sugere sexóloga - RAFAEL CAPANEMA
"É impressionante como os homens são agressivos nos comentários! É sempre assim?", perguntou a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, que, a pedido da Folha, acompanhou parte da transmissão ao vivo de uma garota de biquíni no Twitcam, vista por mais de 3.000 espectadores.
A especialista, autora de "A Cama na Varanda", achou "assustadora" a quantidade de comentários chamando a menina de "biscate" e "piranha" e pedindo a ela que mostrasse logo "esses peitões".
Indiferente às grosserias, a garota permaneceu ao vivo por quase duas horas e dançou o "Créu".
"Na nossa cultura patriarcal, o homem sempre tomou a iniciativa, e a mulher tinha que ser passiva", afirma Navarro Lins. "Quando se vê uma mulher ativa, que dança e rebola, isso parece provocar raiva [nos homens]. Fico pensando se essa raiva não é algo defensivo por eles estarem assustados com essa mulher. E se eles brocharem? E se a mulher não escolhê-los?"
Ao ver a transmissão, Navarro Lins se lembrou do caso da estudante Geisy Arruda, que no ano passado foi hostilizada na Uniban por causa de seu vestido curto. "Eles tratam-na como prostituta. E tratam a [suposta] prostituta com agressão."
Para Adriana Braga, psicóloga e professora do departamento de comunicação social da PUC-Rio, a grande quantidade de "conteúdo sexual ou banal" no Twitcam reflete "uma relação histórica que as sociedades têm com a banalidade, com o grotesco" (leia artigo na íntegra).
PEDOFILIA
Transmissões picantes no Twitcam costumam se espalhar com rapidez no Twitter.
No caso de se deparar com imagens que caracterizam pedofilia, como no episódio dos adolescentes que se masturbaram no Twitcam, quem acessa esse material por engano pode ser punido?
Segundo Patrícia Peck Pinheiro, advogada especializada em direito digital, isso só pode ocorrer se, durante a investigação, for constatado que há mais conteúdo ilegal armazenado no computador -ou seja, que há uma conduta reiterada.
A especialista, autora de "A Cama na Varanda", achou "assustadora" a quantidade de comentários chamando a menina de "biscate" e "piranha" e pedindo a ela que mostrasse logo "esses peitões".
Indiferente às grosserias, a garota permaneceu ao vivo por quase duas horas e dançou o "Créu".
"Na nossa cultura patriarcal, o homem sempre tomou a iniciativa, e a mulher tinha que ser passiva", afirma Navarro Lins. "Quando se vê uma mulher ativa, que dança e rebola, isso parece provocar raiva [nos homens]. Fico pensando se essa raiva não é algo defensivo por eles estarem assustados com essa mulher. E se eles brocharem? E se a mulher não escolhê-los?"
Ao ver a transmissão, Navarro Lins se lembrou do caso da estudante Geisy Arruda, que no ano passado foi hostilizada na Uniban por causa de seu vestido curto. "Eles tratam-na como prostituta. E tratam a [suposta] prostituta com agressão."
Para Adriana Braga, psicóloga e professora do departamento de comunicação social da PUC-Rio, a grande quantidade de "conteúdo sexual ou banal" no Twitcam reflete "uma relação histórica que as sociedades têm com a banalidade, com o grotesco" (leia artigo na íntegra).
PEDOFILIA
Transmissões picantes no Twitcam costumam se espalhar com rapidez no Twitter.
No caso de se deparar com imagens que caracterizam pedofilia, como no episódio dos adolescentes que se masturbaram no Twitcam, quem acessa esse material por engano pode ser punido?
Segundo Patrícia Peck Pinheiro, advogada especializada em direito digital, isso só pode ocorrer se, durante a investigação, for constatado que há mais conteúdo ilegal armazenado no computador -ou seja, que há uma conduta reiterada.
Estudantes americanos acham que Beethoven é um cachorro e Michelangelo, um vírus - KARIN ZEITVOGEL
A maioria dos americanos que está prestes a entrar na universidade não consegue escrever em letra cursiva, acha que o e-mail é lento demais, que Beethoven é um cachorro e Michelangelo, um vírus de computador, revelou um estudo divulgado nesta terça-feira nos Estados Unidos.
Para os estudantes que se formarão em 2014, a Checoslováquia nunca existiu, Clint Eastwood é um cineasta que nunca interpretou "Dirty Harry" e John McEnroe é garoto propaganda que nunca pisou numa quadra de tênis, segundo as respostas de uma pesquisa feita por acadêmicos da Universidade de Beloit.
A lista Mindset ("modo de pensar") foi compilada pela primeira vez em 1998 a partir de perguntas feitas à geração que se formaria em 2002, pelo professor de Humanidades Tom McBride e o ex-diretor de relações públicas Ron Nief, da Universidade Beloit.
Criar a lista levou um ano, durante o qual Nief e McBride coletaram contribuições externas, estudaram minuciosamente jornais, trabalhos literários e a mídia do ano de nascimento das pessoas que entraram na universidade em agosto ou setembro, início do ano letivo nos Estados Unidos.
"Em seguida, apresentamos as ideias a todos os jovens de 18 anos de quem conseguimos chamar a atenção", explicou Nief.
O objetivo era lembrar às autoridades educacionais como as referências culturais se perdem rápido, mas acabou se tornando, rapidamente, uma popular lista anual que demonstra os conhecimentos de uma geração.
VOCÊ SABIA?
Os nascidos em 1980 acham que só houve um papa, João Paulo 2º, que assumiu em 1978 e morreu em 2008.
Para os que chegaram ao mundo em 1981, a Iugoslávia nunca existiu. Eles não entendem por que se escreve com letra maiúscula o nome do sindicato Solidariedad, único independente na União Soviética e que conseguiu terminar pacificamente com o comunismo na Polônia, em 1989.
Os que nasceram em 1984 não tinham ideia de que algo como o apartheid existiu na África do Sul. Enquanto para os que hoje têm 29 anos, Mike Tyson foi "sempre um delinquente", os que são cinco anos mais velhos consideraram o boxeador "sempre um competidor".
"Há dois anos, havia alguns estudantes que [disseram que] aprenderam datilografia em uma máquina de escrever", enquanto agora há alguns de 30 anos que não sabem que a IBM foi fabricante de máquinas de escrever, disse Nief.
Para os alunos secundaristas que se formam este ano, a Alemanha nunca foi dividida, os atletas profissionais sempre competiram nos Jogos Olímpicos, os "reality shows" sempre existiram na televisão e as companhias aéreas jamais permitiram fumar a bordo.
Para os estudantes que se formarão em 2014, a Checoslováquia nunca existiu, Clint Eastwood é um cineasta que nunca interpretou "Dirty Harry" e John McEnroe é garoto propaganda que nunca pisou numa quadra de tênis, segundo as respostas de uma pesquisa feita por acadêmicos da Universidade de Beloit.
A lista Mindset ("modo de pensar") foi compilada pela primeira vez em 1998 a partir de perguntas feitas à geração que se formaria em 2002, pelo professor de Humanidades Tom McBride e o ex-diretor de relações públicas Ron Nief, da Universidade Beloit.
Criar a lista levou um ano, durante o qual Nief e McBride coletaram contribuições externas, estudaram minuciosamente jornais, trabalhos literários e a mídia do ano de nascimento das pessoas que entraram na universidade em agosto ou setembro, início do ano letivo nos Estados Unidos.
"Em seguida, apresentamos as ideias a todos os jovens de 18 anos de quem conseguimos chamar a atenção", explicou Nief.
O objetivo era lembrar às autoridades educacionais como as referências culturais se perdem rápido, mas acabou se tornando, rapidamente, uma popular lista anual que demonstra os conhecimentos de uma geração.
VOCÊ SABIA?
Os nascidos em 1980 acham que só houve um papa, João Paulo 2º, que assumiu em 1978 e morreu em 2008.
Para os que chegaram ao mundo em 1981, a Iugoslávia nunca existiu. Eles não entendem por que se escreve com letra maiúscula o nome do sindicato Solidariedad, único independente na União Soviética e que conseguiu terminar pacificamente com o comunismo na Polônia, em 1989.
Os que nasceram em 1984 não tinham ideia de que algo como o apartheid existiu na África do Sul. Enquanto para os que hoje têm 29 anos, Mike Tyson foi "sempre um delinquente", os que são cinco anos mais velhos consideraram o boxeador "sempre um competidor".
"Há dois anos, havia alguns estudantes que [disseram que] aprenderam datilografia em uma máquina de escrever", enquanto agora há alguns de 30 anos que não sabem que a IBM foi fabricante de máquinas de escrever, disse Nief.
Para os alunos secundaristas que se formam este ano, a Alemanha nunca foi dividida, os atletas profissionais sempre competiram nos Jogos Olímpicos, os "reality shows" sempre existiram na televisão e as companhias aéreas jamais permitiram fumar a bordo.
Velejadora de 14 anos inicia volta ao mundo sozinha
A adolescente holandesa Laura Dekker, de 14 anos, iniciou neste sábado uma volta ao mundo sozinha em um veleiro após partir de Portugal rumo às ilhas Canárias.
Assim que chegar ao arquipélago, ela esperará até o fim da temporada de furacões antes de adentrar no Oceano Atlântico, explicou a agência de notícias holandesa ANP.
O roteiro de Laura inclui o Panamá, as ilhas Galápagos, a Polinésia Francesa e a Austrália, antes de retornar à Holanda.
Seu objetivo é se tornar a pessoa mais jovem do mundo a fazer sozinha uma viagem dessas características.
Até agora, o recorde era da australiana Jessica Watson, que fez a mesma façanha dois dias antes de completar 17 anos.
Os planos de Laura atrasaram porque um tribunal holandês impediu sua partida há um ano por considerar a expedição perigosa demais à menina. O tribunal retirou parcialmente a custódia de seu pai, quem havia autorizado a viagem da filha.
A Justiça revisou o caso e, em 27 de julho, suspendeu a decisão ao considerar que Laura já estava apta para iniciar a viagem, após um ano de preparação e treinamento.
sexta-feira, agosto 20, 2010
A blindagem mística dos cangaceiros - MANUEL DA COSTA PINTO
"Criminosos na epiderme e irredentos no mais fundo da alma." Assim o historiador Frederico Pernambucano de Mello define bandidos míticos como Lampião e Corisco em "Estrelas de Couro: A Estética do Cangaço".
O livro reúne uma impressionante iconografia de chapéus, roupas, alpercatas, punhais, pistolas, rifles e bornais (sacolas para carregar provisões) usados pelo bando do rei do cangaço. Os utensílios pertencem ao acervo particular de Pernambucano de Mello e a coleções públicas e privadas.
Além do prefácio em que Ariano Suassuna expõe "os sentimentos contraditórios de admiração e repulsa" desencadeados pelas lendas de Lampião e Maria Bonita, os ensaios de "Estrelas de Couro" dissecam as raízes do irredentismo nordestino, movimentos de resistência sertaneja às leis trazidas pelo governo litorâneo.
É nesse conflito entre o arcaico e o moderno, entre a virilidade dos costumes e a violência do Estado, que se inserem desde revoltas populares do século 19, como a Balaiada ou a Sabinada (no Maranhão e na Bahia, respectivamente) e a Guerra de Canudos, até sua faceta menos politizada, e por isso associada ao crime comum: o cangaço.
À condição ambígua de facínora e herói popular conquistada por Lampião, soma-se outra ambiguidade: o fato de que seus fora da lei, em vez de se camuflarem para escapar das autoridades, tenham criado um fardamento vistoso e roupas de festa, com bordados repletos de símbolos, que Pernambucano de Mello descreve como "blindagem mística" nesse livro belíssimo, que mostra como a estética inscreveu bandoleiros cruéis no imaginário dos mártires.
LIVRO
ESTRELAS DE COURO: A ESTÉTICA DO CANGAÇO
autor: Frederico Pernambucano de Mello
editora: Escrituras (258 págs., R$ 150)
O livro reúne uma impressionante iconografia de chapéus, roupas, alpercatas, punhais, pistolas, rifles e bornais (sacolas para carregar provisões) usados pelo bando do rei do cangaço. Os utensílios pertencem ao acervo particular de Pernambucano de Mello e a coleções públicas e privadas.
Além do prefácio em que Ariano Suassuna expõe "os sentimentos contraditórios de admiração e repulsa" desencadeados pelas lendas de Lampião e Maria Bonita, os ensaios de "Estrelas de Couro" dissecam as raízes do irredentismo nordestino, movimentos de resistência sertaneja às leis trazidas pelo governo litorâneo.
É nesse conflito entre o arcaico e o moderno, entre a virilidade dos costumes e a violência do Estado, que se inserem desde revoltas populares do século 19, como a Balaiada ou a Sabinada (no Maranhão e na Bahia, respectivamente) e a Guerra de Canudos, até sua faceta menos politizada, e por isso associada ao crime comum: o cangaço.
À condição ambígua de facínora e herói popular conquistada por Lampião, soma-se outra ambiguidade: o fato de que seus fora da lei, em vez de se camuflarem para escapar das autoridades, tenham criado um fardamento vistoso e roupas de festa, com bordados repletos de símbolos, que Pernambucano de Mello descreve como "blindagem mística" nesse livro belíssimo, que mostra como a estética inscreveu bandoleiros cruéis no imaginário dos mártires.
LIVRO
ESTRELAS DE COURO: A ESTÉTICA DO CANGAÇO
autor: Frederico Pernambucano de Mello
editora: Escrituras (258 págs., R$ 150)
Na UnB, disco voador e astrologia têm status de ciência - por Ricardo Mioto
Na pequena sala do professor Álvaro Luiz Tronconi, no prédio principal da Universidade de Brasília, misturam-se livros-texto de suas duas especialidades: física da matéria condensada e percepção extrassensorial.
Doutor em física pela Universidade de Oxford, Reino Unido, Tronconi coordena um grupo de uma dezena de docentes que se reúnem para estudar fenômenos que supostamente existem, mas que estão fora do alcance da ciência "tradicional".
Fundado em 1989, o Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais da UnB promove pesquisas e cursos em quatro áreas: astrologia, ufologia, conscienciologia (relacionada aos potenciais do cérebro humano) e terapias integrativas (propondo novas abordagens na medicina).
Um curso de percepção extrassensorial, por exemplo, envolvia "acessar o mundo extrafísico". Um exercício ajudava a "ver assombração, acessar algo do passado, olhar algo do futuro".
"PRECONCEITO"
Tronconi diz que o núcleo já passou por vacas magras e gordas, dependendo do reitor. "Na atual administração o pessoal é menos radical", alegra-se o pesquisador.
Ele reclama de preconceito contra a área. Com frequência os comitês da UnB negam dinheiro para seu grupo. "Mas eles negaram sem julgar o mérito. Sempre falaram que era bobagem, que a UnB não podia permitir aquilo porque ia colocar a universidade em descrédito."
Os órgãos de fomento federais também negam verba, fazendo com que o núcleo procure fundações estrangeiras interessadas na área.
Uma pena, diz. Esses conhecimentos poderiam ser úteis para a sociedade.
"Existe a astrologia médica, por exemplo. Aqui em Brasília você até encontra um ou outro médico que, quando você vai lá fazer o exame, ele pega seus dados e diz qual parte do seu corpo é mais vulnerável, o que pode ajudar no diagnóstico."
Ele diz que sensitivos poderiam também ajudar a polícia. Suas opiniões não deveriam servir como palavra em tribunais, diz, mas eles deveriam fazer parte das equipes de investigações.
"Algumas pessoas dizem que é charlatanismo, que é feitiçaria, que é coisa de quem tem distúrbio mental", diz. Mas, segundo ele, os alunos se interessam profundamente pelo assunto.
Entre as atividades de pesquisa recentes está a busca pela compreensão dos episódios de supostos aparecimentos de extraterrestres na Terra. Uma outra pesquisa tenta mostrar que sensitivos podem dar diagnósticos precisos da doença de alguém.
PERSISTÊNCIA
O último trabalho de Tronconi envolveu levar seis deles para o hospital da UnB para adivinhar o que os pacientes tinham. A conclusão foi que os sensitivos não conseguiam acertar mais do que um computador chutando doenças aleatórias.
Isso não é motivo para desistir das pesquisas, porém, diz Tronconi.
"Quando há um grande médium, um paranormal, a gente vê que ele é capaz de realizar certos fenômenos", diz. "Mas chega uma hora que ele está cansado ou estressado e vai fazer uma demonstração. Então percebe que não vai dar conta e arruma um jeito de fazer usando um truque. Isso pode acabar com toda a reputação dele."
Doutor em física pela Universidade de Oxford, Reino Unido, Tronconi coordena um grupo de uma dezena de docentes que se reúnem para estudar fenômenos que supostamente existem, mas que estão fora do alcance da ciência "tradicional".
Fundado em 1989, o Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais da UnB promove pesquisas e cursos em quatro áreas: astrologia, ufologia, conscienciologia (relacionada aos potenciais do cérebro humano) e terapias integrativas (propondo novas abordagens na medicina).
Um curso de percepção extrassensorial, por exemplo, envolvia "acessar o mundo extrafísico". Um exercício ajudava a "ver assombração, acessar algo do passado, olhar algo do futuro".
"PRECONCEITO"
Tronconi diz que o núcleo já passou por vacas magras e gordas, dependendo do reitor. "Na atual administração o pessoal é menos radical", alegra-se o pesquisador.
Ele reclama de preconceito contra a área. Com frequência os comitês da UnB negam dinheiro para seu grupo. "Mas eles negaram sem julgar o mérito. Sempre falaram que era bobagem, que a UnB não podia permitir aquilo porque ia colocar a universidade em descrédito."
Os órgãos de fomento federais também negam verba, fazendo com que o núcleo procure fundações estrangeiras interessadas na área.
Uma pena, diz. Esses conhecimentos poderiam ser úteis para a sociedade.
"Existe a astrologia médica, por exemplo. Aqui em Brasília você até encontra um ou outro médico que, quando você vai lá fazer o exame, ele pega seus dados e diz qual parte do seu corpo é mais vulnerável, o que pode ajudar no diagnóstico."
Ele diz que sensitivos poderiam também ajudar a polícia. Suas opiniões não deveriam servir como palavra em tribunais, diz, mas eles deveriam fazer parte das equipes de investigações.
"Algumas pessoas dizem que é charlatanismo, que é feitiçaria, que é coisa de quem tem distúrbio mental", diz. Mas, segundo ele, os alunos se interessam profundamente pelo assunto.
Entre as atividades de pesquisa recentes está a busca pela compreensão dos episódios de supostos aparecimentos de extraterrestres na Terra. Uma outra pesquisa tenta mostrar que sensitivos podem dar diagnósticos precisos da doença de alguém.
PERSISTÊNCIA
O último trabalho de Tronconi envolveu levar seis deles para o hospital da UnB para adivinhar o que os pacientes tinham. A conclusão foi que os sensitivos não conseguiam acertar mais do que um computador chutando doenças aleatórias.
Isso não é motivo para desistir das pesquisas, porém, diz Tronconi.
"Quando há um grande médium, um paranormal, a gente vê que ele é capaz de realizar certos fenômenos", diz. "Mas chega uma hora que ele está cansado ou estressado e vai fazer uma demonstração. Então percebe que não vai dar conta e arruma um jeito de fazer usando um truque. Isso pode acabar com toda a reputação dele."
Queniano é condenado a prisão por tentar vender homem albino - por FUMBUKA NG'WANAKILALA
O queniano Nathan Mutei, 28, foi condenado a 17 anos de prisão por tentar vender um homem albino a curandeiros na Tanzânia, informou a mídia local nesta quinta-feira.
Partes dos corpos de albinos --doença genética que deixa a pessoa com pouca ou nenhuma pigmentação na pele, cabelo e olhos-- são vendidas em algumas regiões da Tanzânia, Burundi e outros países africanos na crença de que trazem sorte e riqueza e para serem usadas em atos de feitiçaria.
Um tribunal no noroeste da Tanzânia determinou a sentença após Mutei se declarar culpado das acusações de tráfico humano e abdução com a intenção de vender um homem albino, também queniano, por 400 milhões de xelins tanzanianos (R$ 462 mil).
Ao menos 53 albinos foram assassinados desde 2007 na Tanzânia. Partes dos corpos deles foram vendidas para uso em feitiçaria, especialmente nas regiões remotas de Mwanza e Shinyanga, ambas regiões de mineração de ouro, altamente supersticiosas. Há cerca de 170 mil albinos hoje na Tanzânia.
"Pelo crime de tráfico humano, você irá à prisão por nove anos ou pagará uma fiança de 80 milhões de xelins. Pelo segundo crime, você irá à prisão por oito anos", disse o juiz de Mwanza Angelous Rumisha, segundo o jornal Mwananchi.
As sentenças de Mutei são pagas simultaneamente para cada condenação, significando que ele passará apenas nove anos em uma cadeia tanzaniana já que não pagou a fiança. O Mwananchi informou que Mutei foi preso no dia 16 de agosto.
Um grupo de albinos tanzanianos elogiou a decisão da corte, mas pediu por punições mais severas. "Estamos satisfeitos com a conclusão rápida do julgamento, porque esses casos têm se arrastado por muito tempo", disse à Reuters Zihada Ali Msembo, secretário-geral da Sociedade Albina da Tanzânia.
"Entretanto, achamos que nove anos na prisão é uma sentença muito leve. Esse homem deveria ter sido condenado à prisão perpétua, porque sabia muito bem que esse pobre albino que tentava vender seria assassinado."
A Tanzânia terá eleições presidenciais e parlamentares em outubro. A Sociedade Albina da Tanzânia teme uma nova onda de mortes de albinos na segunda maior economia da África antes do pleito.
É comum que políticos visitem curandeiros durante as eleições, acreditando que os poderes deles consigam aumentar suas chances de vitória.
Partes dos corpos de albinos --doença genética que deixa a pessoa com pouca ou nenhuma pigmentação na pele, cabelo e olhos-- são vendidas em algumas regiões da Tanzânia, Burundi e outros países africanos na crença de que trazem sorte e riqueza e para serem usadas em atos de feitiçaria.
Um tribunal no noroeste da Tanzânia determinou a sentença após Mutei se declarar culpado das acusações de tráfico humano e abdução com a intenção de vender um homem albino, também queniano, por 400 milhões de xelins tanzanianos (R$ 462 mil).
Ao menos 53 albinos foram assassinados desde 2007 na Tanzânia. Partes dos corpos deles foram vendidas para uso em feitiçaria, especialmente nas regiões remotas de Mwanza e Shinyanga, ambas regiões de mineração de ouro, altamente supersticiosas. Há cerca de 170 mil albinos hoje na Tanzânia.
"Pelo crime de tráfico humano, você irá à prisão por nove anos ou pagará uma fiança de 80 milhões de xelins. Pelo segundo crime, você irá à prisão por oito anos", disse o juiz de Mwanza Angelous Rumisha, segundo o jornal Mwananchi.
As sentenças de Mutei são pagas simultaneamente para cada condenação, significando que ele passará apenas nove anos em uma cadeia tanzaniana já que não pagou a fiança. O Mwananchi informou que Mutei foi preso no dia 16 de agosto.
Um grupo de albinos tanzanianos elogiou a decisão da corte, mas pediu por punições mais severas. "Estamos satisfeitos com a conclusão rápida do julgamento, porque esses casos têm se arrastado por muito tempo", disse à Reuters Zihada Ali Msembo, secretário-geral da Sociedade Albina da Tanzânia.
"Entretanto, achamos que nove anos na prisão é uma sentença muito leve. Esse homem deveria ter sido condenado à prisão perpétua, porque sabia muito bem que esse pobre albino que tentava vender seria assassinado."
A Tanzânia terá eleições presidenciais e parlamentares em outubro. A Sociedade Albina da Tanzânia teme uma nova onda de mortes de albinos na segunda maior economia da África antes do pleito.
É comum que políticos visitem curandeiros durante as eleições, acreditando que os poderes deles consigam aumentar suas chances de vitória.
Primeiras gravações de Ary Barroso não são lançadas por falta de verba - JULIANA VAZ
"Meus amigos. Quero deixar às futuras gerações alguma coisa que o tempo não destrua. Muita gente, daqui a muitos anos, irá ouvir falar no compositor popular Ary Barroso. (...) Se o meu objetivo for colimado, estarei perfeitamente tranquilo e compensado."
As palavras, de ninguém menos que Ary Barroso (1903-1964), abriam o LP "Encontro com Ary", de 1955.
Mais de meio século depois, o desejo do mineiro de Ubá que se tornou um dos mais importantes ícones da música brasileira ainda vale.
Uma caixa ambiciosa que resgata a obra completa do autor de "Aquarela do Brasil", reunindo em 20 CDs 318 de 323 gravações originais de músicas compostas por Ary --sambas, choros, valsas, foxtrotes, canções-- permanece sem perspectivas de chegar ao mercado.
Segundo o responsável pela compilação, o pesquisador e colecionador musical Omar Jubran, 57, nenhuma instituição privada ou órgão público se dispôs a lançá-la.
Jubran, um ex-professor de biologia, levou mais de uma década para reunir as gravações, a maioria originalmente lançada em discos de 78 rotações por minuto, com uma faixa em cada lado.
Com o rigor de um cientista, recuperou e remasterizou os fonogramas, sem comprometer a sonoridade da época.
O pacote traz um livro com a letra de cada canção, o intérprete, o ano de lançamento e gravação, o número do disco, além de comentários sobre o teatro de revista.
"É uma batalha inglória", diz Jubran. "As pessoas pensam que vai ter que botar uma nota preta. Não sei, mas para grandes empresas não é nada. Para o próprio Ministério da Educação, é dinheiro de pinga."
DESILUSÃO
A seu favor, Jubran tem a caixa "Noel Pela Primeira Vez", lançada há dez anos, em que reuniu em 14 CDs as primeiras gravações do Poeta da Vila (1910-1937).
À época, a compilação saiu graças a um acordo entre a gravadora Velas e a Funarte, e lhe rendeu, além de espaço na mídia, um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Com tal cartão de visitas, Jubran achou que podia repetir o feito. Enganou-se.
"Depois do Noel, veio a desilusão", lamenta.
A esperança chegou em 2002, quando, às vésperas do centenário de nascimento de Ary, foi criada pelo Ministério da Cultura uma comissão para celebrar sua memória. Dela, o pesquisador diz que recebeu apenas um "parabéns" pelo projeto.
"O trabalho do Omar Jubran é fantástico. Deveria ser prestigiado. A caixa tem que sair, é fundamental", afirma Sérgio Cabral, crítico musical e biógrafo de Ary Barroso.
Jubran não é tão otimista. "O Ary Barroso está pronto porque ainda foi no vácuo da ilusão. Agora eu não faço mais nada mesmo, acabou."
As palavras, de ninguém menos que Ary Barroso (1903-1964), abriam o LP "Encontro com Ary", de 1955.
Mais de meio século depois, o desejo do mineiro de Ubá que se tornou um dos mais importantes ícones da música brasileira ainda vale.
Uma caixa ambiciosa que resgata a obra completa do autor de "Aquarela do Brasil", reunindo em 20 CDs 318 de 323 gravações originais de músicas compostas por Ary --sambas, choros, valsas, foxtrotes, canções-- permanece sem perspectivas de chegar ao mercado.
Segundo o responsável pela compilação, o pesquisador e colecionador musical Omar Jubran, 57, nenhuma instituição privada ou órgão público se dispôs a lançá-la.
Jubran, um ex-professor de biologia, levou mais de uma década para reunir as gravações, a maioria originalmente lançada em discos de 78 rotações por minuto, com uma faixa em cada lado.
Com o rigor de um cientista, recuperou e remasterizou os fonogramas, sem comprometer a sonoridade da época.
O pacote traz um livro com a letra de cada canção, o intérprete, o ano de lançamento e gravação, o número do disco, além de comentários sobre o teatro de revista.
"É uma batalha inglória", diz Jubran. "As pessoas pensam que vai ter que botar uma nota preta. Não sei, mas para grandes empresas não é nada. Para o próprio Ministério da Educação, é dinheiro de pinga."
DESILUSÃO
A seu favor, Jubran tem a caixa "Noel Pela Primeira Vez", lançada há dez anos, em que reuniu em 14 CDs as primeiras gravações do Poeta da Vila (1910-1937).
À época, a compilação saiu graças a um acordo entre a gravadora Velas e a Funarte, e lhe rendeu, além de espaço na mídia, um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Com tal cartão de visitas, Jubran achou que podia repetir o feito. Enganou-se.
"Depois do Noel, veio a desilusão", lamenta.
A esperança chegou em 2002, quando, às vésperas do centenário de nascimento de Ary, foi criada pelo Ministério da Cultura uma comissão para celebrar sua memória. Dela, o pesquisador diz que recebeu apenas um "parabéns" pelo projeto.
"O trabalho do Omar Jubran é fantástico. Deveria ser prestigiado. A caixa tem que sair, é fundamental", afirma Sérgio Cabral, crítico musical e biógrafo de Ary Barroso.
Jubran não é tão otimista. "O Ary Barroso está pronto porque ainda foi no vácuo da ilusão. Agora eu não faço mais nada mesmo, acabou."
quarta-feira, agosto 11, 2010
Contra desmate, Justiça Federal suspende siderúrgicas antigas
A Justiça Federal acatou pedido do Ministério Público Estadual e Federal em Mato Grosso do Sul e determinou a suspensão da comercialização de carvão nativo para siderúrgicas com mais de dez anos de existência. Siderúrgicas com menos de dez anos deverão apresentar plano de sustentabilidade.
Com decisão liminar de abrangência nacional, o Ibama deverá bloquear o sistema de emissão do Documento de Origem Florestal (DOF), que autoriza a comercialização de carvão vegetal nativo, lenha ou matéria-prima florestal do Estado. A medida vale para siderúrgicas de todo o país, com mais de dez anos de atividade.
Já as emissões de DOF para as empresas siderúrgicas com menos de 10 anos de existência, ficam condicionadas à comprovação de que estas empresas estão tomando providências para se tornarem autossustentáveis em carvão vegetal oriundo de florestas plantadas de reflorestamento, o que será apreciado pelos órgãos ambientais do Estado onde o carvão é produzido.
As empresas que não cumprirem esta exigência deverão ser bloqueadas em até 180 dias. O tempo de existência é contado a partir da instalação do pátio industrial da empresa, independente de mudança no quadro acionário, fusão ou incorporação.
CÓDIGO FLORESTAL
A ação civil pública e a liminar deferida se baseiam no cumprimento do Código Florestal, que em seu artigo 21 determina que tais empresas são obrigadas a manter florestas plantadas de reflorestamento próprias para exploração racional sustentável, tendo o prazo de cinco a dez anos (no máximo) para adotarem essa providência.
O bloqueio deve ser efetuado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), que é responsável pelo controle do sistema e delega a emissão do DOF aos órgãos ambientais estaduais. O Ibama deverá ainda fiscalizar a legalidade da emissão de DOF para empresas que comercializem produtos florestais em todo o país.
Para o MP, "a medida determinada pela Justiça auxilia o aumento de empregos formais em florestas plantadas, incrementa este setor da economia, reduz o trabalho escravo, aumenta a arrecadação e preserva o meio ambiente".
1997 A 2005
O Instituto Estadual de Florestas informou que, entre 1997 e 2006, só para abastecer as siderúrgicas de Minas Gerais, foram desmatados entre 299.491 e 377.461 hectares de cerrado nativo em Mato Grosso do Sul, ou mais de 87 milhões de árvores. Estudos apontam que para produzir uma tonelada de ferro gusa são utilizadas 3 toneladas de carvão vegetal.
Além do dano ao meio ambiente, a produção de carvão ilegal com mata nativa lesa os cofres públicos, que não contam com a arrecadação dos impostos sobre a atividade. Também é grave problema de direitos humanos, pela utilização frequente de mão-de-obra escrava infantil e adulta.
A principal causa para o uso de madeira nativa é o menor custo. Informações levantadas pelo MP mostram que, em 2006, o metro cúbico de carvão produzido com eucalipto plantado foi de 43 dólares enquanto o preço do carvão de mata nativa, em 2007, foi de 27 dólares.
Com decisão liminar de abrangência nacional, o Ibama deverá bloquear o sistema de emissão do Documento de Origem Florestal (DOF), que autoriza a comercialização de carvão vegetal nativo, lenha ou matéria-prima florestal do Estado. A medida vale para siderúrgicas de todo o país, com mais de dez anos de atividade.
Já as emissões de DOF para as empresas siderúrgicas com menos de 10 anos de existência, ficam condicionadas à comprovação de que estas empresas estão tomando providências para se tornarem autossustentáveis em carvão vegetal oriundo de florestas plantadas de reflorestamento, o que será apreciado pelos órgãos ambientais do Estado onde o carvão é produzido.
As empresas que não cumprirem esta exigência deverão ser bloqueadas em até 180 dias. O tempo de existência é contado a partir da instalação do pátio industrial da empresa, independente de mudança no quadro acionário, fusão ou incorporação.
CÓDIGO FLORESTAL
A ação civil pública e a liminar deferida se baseiam no cumprimento do Código Florestal, que em seu artigo 21 determina que tais empresas são obrigadas a manter florestas plantadas de reflorestamento próprias para exploração racional sustentável, tendo o prazo de cinco a dez anos (no máximo) para adotarem essa providência.
O bloqueio deve ser efetuado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), que é responsável pelo controle do sistema e delega a emissão do DOF aos órgãos ambientais estaduais. O Ibama deverá ainda fiscalizar a legalidade da emissão de DOF para empresas que comercializem produtos florestais em todo o país.
Para o MP, "a medida determinada pela Justiça auxilia o aumento de empregos formais em florestas plantadas, incrementa este setor da economia, reduz o trabalho escravo, aumenta a arrecadação e preserva o meio ambiente".
1997 A 2005
O Instituto Estadual de Florestas informou que, entre 1997 e 2006, só para abastecer as siderúrgicas de Minas Gerais, foram desmatados entre 299.491 e 377.461 hectares de cerrado nativo em Mato Grosso do Sul, ou mais de 87 milhões de árvores. Estudos apontam que para produzir uma tonelada de ferro gusa são utilizadas 3 toneladas de carvão vegetal.
Além do dano ao meio ambiente, a produção de carvão ilegal com mata nativa lesa os cofres públicos, que não contam com a arrecadação dos impostos sobre a atividade. Também é grave problema de direitos humanos, pela utilização frequente de mão-de-obra escrava infantil e adulta.
A principal causa para o uso de madeira nativa é o menor custo. Informações levantadas pelo MP mostram que, em 2006, o metro cúbico de carvão produzido com eucalipto plantado foi de 43 dólares enquanto o preço do carvão de mata nativa, em 2007, foi de 27 dólares.
Cientistas indicam relação entre calor russo e mudanças climáticas - BBC Brasil
As mudanças climáticas globais podem ser parcialmente responsáveis pelo clima quente e seco que vem causado incêndios na Rússia e feito com que a capital Moscou esteja há dias sob uma espessa camada de fumaça, afirmam cientistas ouvidos pela BBC.
De acordo com Jeff Knight, cientista especializado em variações climáticas do UK Met Office, o centro nacional de meteorologia do Reino Unido, a situação vivida por Moscou pode ser atribuída a diversos fatores, entre eles, a concentração de gases causadores do efeito estufa, que vem aumentando de forma constante.
Segundo o pesquisador, o fenômeno El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico e afeta o clima em várias partes do mundo, além de padrões climáticos locais, também podem estar contribuindo para as condições anormais registradas na Rússia neste verão.
"A onda de calor na Rússia está relacionada a um padrão persistente de circulação de ar do sul e do leste", diz.
"Anomalias de circulação (de ar) tendem a criar anomalias de calor e frio. Enquanto está muito quente no oeste da Rússia, está mais frio que a média em partes da Sibéria".
"Isto faz com que recordes antigos de temperatura tenham sido quebrados, como, por exemplo, o de temperatura mais alta em Moscou. Nós esperamos mais temperaturas extremamente altas com as mudanças climáticas", diz Knight.
TRÊS SEMANAS
Há cerca de três semanas, a Rússia vem sofrendo com uma onda de calor que tem causado uma série de incêndios florestais, que fazem com que a capital Moscou esteja há dias sofrendo com uma intensa neblina.
Segundo autoridades médicas da cidade, as condições fizeram com que a taxa de mortalidade na capital dobrasse.
Para cientistas ligados à ONG ambientalista WWF, o clima quente que vem causando os incêndios perto de Moscou também está relacionado às mudanças climáticas.
De acordo com o chefe do programa de clima e energia da WWF Rússia, Alexei Kokorin, as altas temperaturas que chegam a 40º C aumentaram a probabilidade de incêndios nas redondezas da capital.
Kokorin ainda afirma que, embora pessoas e animais já estejam sofrendo com as condições climáticas locais, é possível que as temperaturas aumentem ainda mais nos próximos anos.
"Nós precisamos estar prontos para combater estes incêndios, porque há uma grande possibilidade de este verão se repetir. Esta tendência não vai parar nos próximos 40 anos, até que as emissões de gases causadores de efeito estufa sejam reduzidas", afirmou.
Segundo Kokorin, o aquecimento global cria outros problemas.
"Se ficar mais quente no inverno, na primavera e no verão, a fauna irá mudar".
"Por exemplo, nunca tivemos tantas regiões na Rússia afetadas pela malária. Isto acontece porque os invernos estão se tornando mais quentes, e menos e menos desses organismos morrem durante os períodos de frio".
Há ainda informações sobre o aparecimento de águas-vivas, comuns em lagos e rios quentes da Europa, Ásia e América do Norte, no rio Moscou, cujas águas estão mais quentes que o normal.
De acordo com Jeff Knight, cientista especializado em variações climáticas do UK Met Office, o centro nacional de meteorologia do Reino Unido, a situação vivida por Moscou pode ser atribuída a diversos fatores, entre eles, a concentração de gases causadores do efeito estufa, que vem aumentando de forma constante.
Segundo o pesquisador, o fenômeno El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico e afeta o clima em várias partes do mundo, além de padrões climáticos locais, também podem estar contribuindo para as condições anormais registradas na Rússia neste verão.
"A onda de calor na Rússia está relacionada a um padrão persistente de circulação de ar do sul e do leste", diz.
"Anomalias de circulação (de ar) tendem a criar anomalias de calor e frio. Enquanto está muito quente no oeste da Rússia, está mais frio que a média em partes da Sibéria".
"Isto faz com que recordes antigos de temperatura tenham sido quebrados, como, por exemplo, o de temperatura mais alta em Moscou. Nós esperamos mais temperaturas extremamente altas com as mudanças climáticas", diz Knight.
TRÊS SEMANAS
Há cerca de três semanas, a Rússia vem sofrendo com uma onda de calor que tem causado uma série de incêndios florestais, que fazem com que a capital Moscou esteja há dias sofrendo com uma intensa neblina.
Segundo autoridades médicas da cidade, as condições fizeram com que a taxa de mortalidade na capital dobrasse.
Para cientistas ligados à ONG ambientalista WWF, o clima quente que vem causando os incêndios perto de Moscou também está relacionado às mudanças climáticas.
De acordo com o chefe do programa de clima e energia da WWF Rússia, Alexei Kokorin, as altas temperaturas que chegam a 40º C aumentaram a probabilidade de incêndios nas redondezas da capital.
Kokorin ainda afirma que, embora pessoas e animais já estejam sofrendo com as condições climáticas locais, é possível que as temperaturas aumentem ainda mais nos próximos anos.
"Nós precisamos estar prontos para combater estes incêndios, porque há uma grande possibilidade de este verão se repetir. Esta tendência não vai parar nos próximos 40 anos, até que as emissões de gases causadores de efeito estufa sejam reduzidas", afirmou.
Segundo Kokorin, o aquecimento global cria outros problemas.
"Se ficar mais quente no inverno, na primavera e no verão, a fauna irá mudar".
"Por exemplo, nunca tivemos tantas regiões na Rússia afetadas pela malária. Isto acontece porque os invernos estão se tornando mais quentes, e menos e menos desses organismos morrem durante os períodos de frio".
Há ainda informações sobre o aparecimento de águas-vivas, comuns em lagos e rios quentes da Europa, Ásia e América do Norte, no rio Moscou, cujas águas estão mais quentes que o normal.
Harvard afasta Hauser, famoso por investigar origem da moral - Jill Greenberg
A notícia acabrunhante foi dada ontem pela repórter Carolyn Johnson no jornal Boston Globe: Marc Hauser, expoente da psicologia evolucionista que se dedica a investigar comportamentos morais inatos em primatas e humanos, afastou-se de sua universidade, Harvard, após investigação por má conduta.
Impossível não se lembrar da história do escorpião e do sapo.
Grosso modo, esse gênero de explicação entende que a maldade fincou suas raízes no humano por força da evolução por seleção natural (logro e violência teriam valor adaptativo). Os mais entusiasmados com a teoria exoneradora podem enxergar na desgraça de Hauser uma confirmação constrangedora, mas de todo modo confirmação, do poder avassalador das inclinações "gravadas" no cérebro de todos nós pelo ferro em brasa da hereditariedade.
Quem mantém o ceticismo diante das pretensões absolutistas da psicologia evolutiva (e de toda a matriz de pensamento sociobiológico dos anos 1970) verá a notícia com outros olhos. E lamentará.
Afinal, adeptos da noção de que a mentira e a falsidade nos são impostas por um mecanismo deveriam encontrar-se mais imunes a elas. Má conduta científica, neste caso, reforça a hipótese de que o raciocínio evo-psi tem um fundo ideológico e de que alguns de seus militantes não conseguem livrar-se do viés comprobatório quando analisam os dados observacionais (se é que não os fabricam).
A má nova sobre Hauser amplifica a decepção por ser o professor de Harvard um dos psicólogos evolucionistas mais sofisticados, preocupado em corroborar as explicações inventivas da disciplina com dados, experimentos e observações. Mais ainda, por ser autor de livros muito comentados, como Moral Minds (Mentes Morais), de grande repercussão entre jornalistas de ciência, por exemplo.
Só no arquivo da Folha de S.Paulo encontram-se 22 referências a Hauser, a mais antiga de 1994. Até o grande José Reis chegou a escrever (aqui, para assinantes) sobre suas pesquisas. Este blogueiro também citou o homem (aqui, idem), ainda que para adicionar um grão de sal às elucubrações sociobiológicas sobre a fonte da religiosidade.
Os detalhes da má conduta ainda não são bem conhecidos, relata Johnson no Globe. Sabe-se por ora só que será retirado um artigo de 2002 no periódico especializado Cognition, sobre reconhecimento de classes de objetos por macacos resos (uma precondição da linguagem em humanos, supõe-se). O mesmo poderá acontecer com trabalho mais recente, de 2007, na publicação de alto impacto Science.
Ninguém pode dar-se por satisfeito com o caso Hauser. A própria ciência e sua imagem saem prejudicadas quando se macula o registro dos dados e interpretações nos periódicos especializados e se contamina o ambiente de debate entre teorias concorrentes.
Como na fábula do sapo e do escorpião, ambos perecem quando a natureza do segundo o leva a aferroar o primeiro na travessia do rio.
Impossível não se lembrar da história do escorpião e do sapo.
Grosso modo, esse gênero de explicação entende que a maldade fincou suas raízes no humano por força da evolução por seleção natural (logro e violência teriam valor adaptativo). Os mais entusiasmados com a teoria exoneradora podem enxergar na desgraça de Hauser uma confirmação constrangedora, mas de todo modo confirmação, do poder avassalador das inclinações "gravadas" no cérebro de todos nós pelo ferro em brasa da hereditariedade.
Quem mantém o ceticismo diante das pretensões absolutistas da psicologia evolutiva (e de toda a matriz de pensamento sociobiológico dos anos 1970) verá a notícia com outros olhos. E lamentará.
Afinal, adeptos da noção de que a mentira e a falsidade nos são impostas por um mecanismo deveriam encontrar-se mais imunes a elas. Má conduta científica, neste caso, reforça a hipótese de que o raciocínio evo-psi tem um fundo ideológico e de que alguns de seus militantes não conseguem livrar-se do viés comprobatório quando analisam os dados observacionais (se é que não os fabricam).
A má nova sobre Hauser amplifica a decepção por ser o professor de Harvard um dos psicólogos evolucionistas mais sofisticados, preocupado em corroborar as explicações inventivas da disciplina com dados, experimentos e observações. Mais ainda, por ser autor de livros muito comentados, como Moral Minds (Mentes Morais), de grande repercussão entre jornalistas de ciência, por exemplo.
Só no arquivo da Folha de S.Paulo encontram-se 22 referências a Hauser, a mais antiga de 1994. Até o grande José Reis chegou a escrever (aqui, para assinantes) sobre suas pesquisas. Este blogueiro também citou o homem (aqui, idem), ainda que para adicionar um grão de sal às elucubrações sociobiológicas sobre a fonte da religiosidade.
Os detalhes da má conduta ainda não são bem conhecidos, relata Johnson no Globe. Sabe-se por ora só que será retirado um artigo de 2002 no periódico especializado Cognition, sobre reconhecimento de classes de objetos por macacos resos (uma precondição da linguagem em humanos, supõe-se). O mesmo poderá acontecer com trabalho mais recente, de 2007, na publicação de alto impacto Science.
Ninguém pode dar-se por satisfeito com o caso Hauser. A própria ciência e sua imagem saem prejudicadas quando se macula o registro dos dados e interpretações nos periódicos especializados e se contamina o ambiente de debate entre teorias concorrentes.
Como na fábula do sapo e do escorpião, ambos perecem quando a natureza do segundo o leva a aferroar o primeiro na travessia do rio.
AI alerta para risco de Sakineh ser executada "a qualquer momento" no Irã - DA EFE, EM LONDRES
A Anistia Internacional (AI) alertou nesta quarta-feira para o grave risco que a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, 42, acusada de adultério, corre de ser executada no Irã.
A mulher foi considerada culpada por ter mantido "relações ilícitas" com dois homens no ano 2006 e desde A AI lembrou hoje, em um comunicado, que a iraniana perdeu sua principal defesa após a saída do Irã de seu advogado, Mohammad Mostafaei.
Para a organização dos direitos humanos, embora em 4 de agosto a condenação à morte de Ashtiani tenha então permaneceu em prisão na cidade de Tabriz.
começado a ser revisada no Tribunal Supremo iraniano, tal revisão poderia tratar-se de uma tentativa das autoridades do Irã para reduzir a pressão internacional.
O grupo ressaltou que enquanto não existir uma declaração expressa da magistratura iraniana anulando a condenação por apedrejamento, Ashtiani "poderá ser morta a qualquer momento".
Por isso, a AI continua recolhendo assinaturas no site para pedir que a execução não ocorra.
EUA
Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, expressou a preocupação dos Estados Unidos com a situação dos cidadãos que enfrentam risco de execuções "iminentes" no Irã, e pediu que o país não as realize.
"Estamos preocupados com o destino dos condenados à morte depois das eleições de junho de 2009. Os Estados Unidos urgem o governo iraniano a deter estas execuções, em concordância com sua obrigações às convenções internacionais", diz a nota da secretária.
"Os EUA continuarão a defender as pessoas no mundo todo que buscam exercer seu direito universal de se expressar e de defender as liberdades individuais", acrescenta a nota.
ASILO NO BRASIL
Na segunda-feira (9) o embaixador do Brasil em Teerã, Antonio Salgado, se reuniu com o governo local para apresentar aos canais oficiais, formalmente, a oferta de asilo à iraniana.
Mãe de dois filhos, Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que Sakineh era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio.
Mesmo assim, Sakineh foi, paralelamente à primeira ação, julgada e condenada por adultério. Ela chegou a recorrer da sentença, mas um conselho de juízes a ratificou, ainda que em votação apertada --3 votos a 2.
Assassinato, estupro, adultério, assalto à mão armada, apostasia e tráfico de drogas são crimes passíveis de pena de morte pela lei sharia do Irã, em vigor desde a revolução islâmica de 1979.
A mulher foi considerada culpada por ter mantido "relações ilícitas" com dois homens no ano 2006 e desde A AI lembrou hoje, em um comunicado, que a iraniana perdeu sua principal defesa após a saída do Irã de seu advogado, Mohammad Mostafaei.
Para a organização dos direitos humanos, embora em 4 de agosto a condenação à morte de Ashtiani tenha então permaneceu em prisão na cidade de Tabriz.
começado a ser revisada no Tribunal Supremo iraniano, tal revisão poderia tratar-se de uma tentativa das autoridades do Irã para reduzir a pressão internacional.
O grupo ressaltou que enquanto não existir uma declaração expressa da magistratura iraniana anulando a condenação por apedrejamento, Ashtiani "poderá ser morta a qualquer momento".
Por isso, a AI continua recolhendo assinaturas no site para pedir que a execução não ocorra.
EUA
Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, expressou a preocupação dos Estados Unidos com a situação dos cidadãos que enfrentam risco de execuções "iminentes" no Irã, e pediu que o país não as realize.
"Estamos preocupados com o destino dos condenados à morte depois das eleições de junho de 2009. Os Estados Unidos urgem o governo iraniano a deter estas execuções, em concordância com sua obrigações às convenções internacionais", diz a nota da secretária.
"Os EUA continuarão a defender as pessoas no mundo todo que buscam exercer seu direito universal de se expressar e de defender as liberdades individuais", acrescenta a nota.
ASILO NO BRASIL
Na segunda-feira (9) o embaixador do Brasil em Teerã, Antonio Salgado, se reuniu com o governo local para apresentar aos canais oficiais, formalmente, a oferta de asilo à iraniana.
Mãe de dois filhos, Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que Sakineh era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio.
Mesmo assim, Sakineh foi, paralelamente à primeira ação, julgada e condenada por adultério. Ela chegou a recorrer da sentença, mas um conselho de juízes a ratificou, ainda que em votação apertada --3 votos a 2.
Assassinato, estupro, adultério, assalto à mão armada, apostasia e tráfico de drogas são crimes passíveis de pena de morte pela lei sharia do Irã, em vigor desde a revolução islâmica de 1979.
Audiência sobre condicional de assassino de John Lennon é adiada - DA EFE, EM NOVA YORK
A audiência sobre o pedido de liberdade condicional do assassino de John Lennon foi adiada por um mês, com o objetivo de que o comitê encarregado de estudar sua situação possa obter toda a documentação necessária.
"Mark David Chapman compareceu hoje perante a junta e foi informado de que sua audiência seria adiada em um mês, até a semana de 6 de setembro", explicou Marc Violette, porta-voz de Junta de Liberdade Condicional do Estado de Nova York.
Violette detalhou que na prisão nova-iorquina de segurança máxima de Attica, onde Chapman está preso há cerca de 30 anos, a revisão da situação dos presos para autorizar uma possível liberdade condicional acontece uma vez ao mês.
"Esse processo começa sempre em uma terça-feira e se prolonga durante o tempo em que for necessário. Neste caso, pode ser mais tempo que o normal por se tratar de uma prisão muito grande", disse Violette.
É a sexta audiência de Chapman diante da Junta de Liberdade Condicional, que a cada dois anos o possibilita a pedir a liberdade condicional.
Chapman, 55, foi condenado a uma pena de um mínimo obrigatório de 20 anos e um máximo de prisão perpétua por assassinato em segundo grau.
Ele matou John Lennon em dezembro de 1980 em frente ao edifício Dakota, em Nova York, onde o ex-beatle morava.
YOKO ONO
A viúva do músico, Yoko Ono, se posicionou contrária a libertação de Chapman, porque ele seria uma ameaça a sua família.
No dia 9 de outubro deste ano, John Lennon completaria 70 anos.
"Mark David Chapman compareceu hoje perante a junta e foi informado de que sua audiência seria adiada em um mês, até a semana de 6 de setembro", explicou Marc Violette, porta-voz de Junta de Liberdade Condicional do Estado de Nova York.
Violette detalhou que na prisão nova-iorquina de segurança máxima de Attica, onde Chapman está preso há cerca de 30 anos, a revisão da situação dos presos para autorizar uma possível liberdade condicional acontece uma vez ao mês.
"Esse processo começa sempre em uma terça-feira e se prolonga durante o tempo em que for necessário. Neste caso, pode ser mais tempo que o normal por se tratar de uma prisão muito grande", disse Violette.
Por isso, provavelmente o assassino do ex-beatle deve comparecer no dia 7 de setembro diante de dos dois membros do comitê encarregado de avaliar sua situação, junto à de dezenas de pessoas mais.
É a sexta audiência de Chapman diante da Junta de Liberdade Condicional, que a cada dois anos o possibilita a pedir a liberdade condicional.
Chapman, 55, foi condenado a uma pena de um mínimo obrigatório de 20 anos e um máximo de prisão perpétua por assassinato em segundo grau.
Ele matou John Lennon em dezembro de 1980 em frente ao edifício Dakota, em Nova York, onde o ex-beatle morava.
YOKO ONO
A viúva do músico, Yoko Ono, se posicionou contrária a libertação de Chapman, porque ele seria uma ameaça a sua família.
No dia 9 de outubro deste ano, John Lennon completaria 70 anos.
terça-feira, agosto 10, 2010
Estudo liga sono pesado a atividade cerebral que bloqueia ruídos - RICARDO BONALUME NETO
Tem gente que consegue dormir no meio de um tiroteio ou show de rock, tem quem acorde com uma colher de café caindo no chão.
Uma equipe da Escola de Medicina da Universidade Harvard testou 12 voluntários saudáveis e verificou que era possível prever a capacidade de um indivíduo de manter o sono, mesmo sujeito a barulho crescente, de acordo com o ritmo da sua atividade cerebral medida por eletroencefalografia.
"Sono de qualidade é uma parte essencial da saúde. Mas o sono fraturado está perturbadoramente prevalente na sociedade, parcialmente devido a insultos de uma variedade de barulhos", escreveram os cinco autores na edição de hoje da revista "Current Biology", liderados pelo médico Jeffrey M. Ellenbogen, chefe da Divisão de
Medicina do Sono do Hospital Geral de Massachusetts.
O ritmo que interessava é conhecido como "fuso do sono", vinculado a uma estrutura do cérebro chamada tálamo. Ele é responsável por enviar informações dos sentidos, incluindo sons, para outras áreas do cérebro.
"Dado que o cérebro bloqueia sons, e o tálamo está em posição para ser a estrutura potencial para fazer isso, e que ele gera os fusos do sono, nossa hipótese era de que se uma pessoa gera mais fusos do sono, ela teria maior probabilidade de continuar dormindo mesmo em meio ao barulho", disse Ellenbogen à Folha.
E foi o que aconteceu. Os voluntários que geraram mais fusos durante uma noite prévia quieta de sono toleraram melhor as duas noites seguintes, em que foram expostos a barulhos variados.
"Todos os participantes tinham sono pesado. Mas, mesmo entre essas pessoas, havia variação na maneira como seus cérebros lidavam com ruídos. Alguns dormiram durante todo o experimento, enquanto que outros acordavam muito, mesmo que por pouco tempo."
SONO DO IDOSO
"Eles notaram uma alteração biológica em quem tem o sono mais estável", comenta a pesquisa o pediatra brasileiro Gustavo Antonio Moreira, especialista em medicina do sono da Unifesp, e que fez doutorado nessa mesma área de estímulo sonoro.
"Com a idade, o sono fica mais leve, diminui a quantidade dos fusos, por isso os idosos acordam mais vezes de madrugada", diz Moreira. "O tálamo é como um relê elétrico que controla a conexão com o córtex cerebral, permitindo o repouso do cérebro durante o sono", diz.
Mas, ele nota, não se sabe ainda que tipo de atividade ou medicamento poderia aumentar o número de fusos do sono e com isso melhorar sua qualidade. "Talvez o exercício físico, mas isso ainda precisa ser pesquisado."
Uma equipe da Escola de Medicina da Universidade Harvard testou 12 voluntários saudáveis e verificou que era possível prever a capacidade de um indivíduo de manter o sono, mesmo sujeito a barulho crescente, de acordo com o ritmo da sua atividade cerebral medida por eletroencefalografia.
"Sono de qualidade é uma parte essencial da saúde. Mas o sono fraturado está perturbadoramente prevalente na sociedade, parcialmente devido a insultos de uma variedade de barulhos", escreveram os cinco autores na edição de hoje da revista "Current Biology", liderados pelo médico Jeffrey M. Ellenbogen, chefe da Divisão de
Medicina do Sono do Hospital Geral de Massachusetts.
O ritmo que interessava é conhecido como "fuso do sono", vinculado a uma estrutura do cérebro chamada tálamo. Ele é responsável por enviar informações dos sentidos, incluindo sons, para outras áreas do cérebro.
"Dado que o cérebro bloqueia sons, e o tálamo está em posição para ser a estrutura potencial para fazer isso, e que ele gera os fusos do sono, nossa hipótese era de que se uma pessoa gera mais fusos do sono, ela teria maior probabilidade de continuar dormindo mesmo em meio ao barulho", disse Ellenbogen à Folha.
E foi o que aconteceu. Os voluntários que geraram mais fusos durante uma noite prévia quieta de sono toleraram melhor as duas noites seguintes, em que foram expostos a barulhos variados.
"Todos os participantes tinham sono pesado. Mas, mesmo entre essas pessoas, havia variação na maneira como seus cérebros lidavam com ruídos. Alguns dormiram durante todo o experimento, enquanto que outros acordavam muito, mesmo que por pouco tempo."
SONO DO IDOSO
"Eles notaram uma alteração biológica em quem tem o sono mais estável", comenta a pesquisa o pediatra brasileiro Gustavo Antonio Moreira, especialista em medicina do sono da Unifesp, e que fez doutorado nessa mesma área de estímulo sonoro.
"Com a idade, o sono fica mais leve, diminui a quantidade dos fusos, por isso os idosos acordam mais vezes de madrugada", diz Moreira. "O tálamo é como um relê elétrico que controla a conexão com o córtex cerebral, permitindo o repouso do cérebro durante o sono", diz.
Mas, ele nota, não se sabe ainda que tipo de atividade ou medicamento poderia aumentar o número de fusos do sono e com isso melhorar sua qualidade. "Talvez o exercício físico, mas isso ainda precisa ser pesquisado."
Menina de sete anos paga férias na Disney vendendo limonada nos EUA - BBC Brasil
Uma menina de sete anos vai passar férias na Disney World com a mãe, nos Estados Unidos, depois de conseguir quase US$ 2 mil vendendo limonada em uma barraquinha.
Em 29 de julho, Julie Murphy montou sua barraquinha ajudada pela mãe, Maria, em um festival de artes em Portland. A barraquinha, entretanto, foi interditada por autoridades sanitárias do condado de Multnomah, porque a menina não tinha licença para operar como restaurante.
Os fiscais afirmaram que a licença custava US$ 120 (cerca de R$ 210) e advertiram que se ela se recusasse a suspender as vendas, a multa seria de US$ 500 (cerca de R$ 870).
O copo de limonada estava sendo vendido por Julie a US$ 0,50 (R$ 0,87).
Segundo informações do jornal local "The Oregonian", alguns visitantes do festival sugeriram que ela distribuísse a bebida em troca de doações, mas os fiscais não aceitaram a proposta, e a menina acabou deixando o local às lágrimas.
O caso causou comoção entre os americanos, despertando um debate na internet e gerando críticas ao excesso de burocracia.
Na quinta-feira passada, a menina, que mora em um subúrbio de Portland, recebeu um pedido de desculpas oficial do condado pelo ocorrido.
O diretor do conselho administrativo do condado, Jeff Cogen, declarou à imprensa americana: "Há uma razão para as leis existirem", mas "uma menina de sete anos de idade vendendo limonada em uma barraquinha não equivale a um adulto vendendo burritos em uma carrocinha".
Cogen afirmou ainda que a venda de limonada por crianças em frente de suas casas é uma tradição americana, lembrando que ele vendia limonada quando pequeno e seus filhos o fazem até hoje.
Com a notoriedade do caso, Julie foi procurada por estações de rádio e TV locais. Uma dessas estações de TV e uma loja de pneus patrocinaram uma nova barraquinha para a menina vender limonada durante uma tarde.
Ao todo, Julie conseguiu US$ 1.838,31 (cerca de R$ 3.220) com a venda da bebida, e decidiu usar o dinheiro para passar férias na Disney com sua mãe, no fim do mês.
"A gente aprecia muito o que todo mundo fez", disse sua mãe, Maria Fife ao jornal.
"Ela abriu sua barraquinha de limonada, teve uma boa experiência, e isso é tudo o que ela queria, em primeiro lugar. E ela também conheceu algumas pessoas bastante legais."
Em 29 de julho, Julie Murphy montou sua barraquinha ajudada pela mãe, Maria, em um festival de artes em Portland. A barraquinha, entretanto, foi interditada por autoridades sanitárias do condado de Multnomah, porque a menina não tinha licença para operar como restaurante.
Os fiscais afirmaram que a licença custava US$ 120 (cerca de R$ 210) e advertiram que se ela se recusasse a suspender as vendas, a multa seria de US$ 500 (cerca de R$ 870).
O copo de limonada estava sendo vendido por Julie a US$ 0,50 (R$ 0,87).
Segundo informações do jornal local "The Oregonian", alguns visitantes do festival sugeriram que ela distribuísse a bebida em troca de doações, mas os fiscais não aceitaram a proposta, e a menina acabou deixando o local às lágrimas.
O caso causou comoção entre os americanos, despertando um debate na internet e gerando críticas ao excesso de burocracia.
Na quinta-feira passada, a menina, que mora em um subúrbio de Portland, recebeu um pedido de desculpas oficial do condado pelo ocorrido.
O diretor do conselho administrativo do condado, Jeff Cogen, declarou à imprensa americana: "Há uma razão para as leis existirem", mas "uma menina de sete anos de idade vendendo limonada em uma barraquinha não equivale a um adulto vendendo burritos em uma carrocinha".
Cogen afirmou ainda que a venda de limonada por crianças em frente de suas casas é uma tradição americana, lembrando que ele vendia limonada quando pequeno e seus filhos o fazem até hoje.
Com a notoriedade do caso, Julie foi procurada por estações de rádio e TV locais. Uma dessas estações de TV e uma loja de pneus patrocinaram uma nova barraquinha para a menina vender limonada durante uma tarde.
Ao todo, Julie conseguiu US$ 1.838,31 (cerca de R$ 3.220) com a venda da bebida, e decidiu usar o dinheiro para passar férias na Disney com sua mãe, no fim do mês.
"A gente aprecia muito o que todo mundo fez", disse sua mãe, Maria Fife ao jornal.
"Ela abriu sua barraquinha de limonada, teve uma boa experiência, e isso é tudo o que ela queria, em primeiro lugar. E ela também conheceu algumas pessoas bastante legais."
Uma cobertura cheia de dedos - Por Alberto Dines em 10/8/2010
O primeiro debate entre os presidenciáveis foi chocho, chato, morno – por causa do horário, da extensão, das exigências legais cada vez mais restritivas, dos acertos entre os partidos e da falta de energia da emissora-anfitriã (Rede Bandeirantes) para impor um modelo televisivo mais dinâmico.
A repercussão foi ainda mais lamentável, diletante, desenxabida. Para começar: em seguida ao debate, na madrugada da sexta-feira (6/8), os portais de notícias ofereceram uma cobertura lamentável. Seguiram um confronto político como se fosse uma partida de futebol – lance por lance. Como ainda não dispunham das referências dos jornais diários e não contam com um quadro de comentaristas qualificados para analisar os fatos 24 horas por dia, simplesmente omitiram-se. Se é assim que pretendem esmagar os jornais impressos, podem desistir: vão perder de goleada.
A tentativa do UOL de apurar quem se saiu melhor foi bruscamente abortada. A votação evaporou-se subitamente. Para não desagradar os perdedores.
Assepsia opinativa
Depois da deserção na hora do acontecimento, vieram os maneirismos e os rapapés no dia seguinte. Os comentaristas de rádio, tevê e internet estavam cheios de dedos, constrangidos, sem jeito de expressar o que sentiram para não serem acusados de favorecer candidaturas. Na verdade, não queriam ser patrulhados. Por isso, juntaram-se para elogiar Plínio de Arruda Sampaio, o simpático candidato do PSOL – mais solto porque nada tem a perder – sem se importar com suas desnecessárias grosserias pessoais que distribuiu entre os pares.
No sábado (7), quando os jornalões finalmente começaram a comentar os desempenhos, o debate já era coisa do passado. Prejudicados por este súbito acesso de bom-mocismo foram os eleitores que esperavam dos jornais opiniões aferidoras, técnicas, abalizadas.
Dirão alguns que este tipo de "distanciamento" – ainda que hipócrita – é mais aceitável do que ataques arrasadores. Falso dilema: assumir as responsabilidades críticas não é sinônimo de avacalhação. O público quer da mídia os elementos básicos para formar seus próprios juízos. Muitas vezes na direção oposta.
Opinar não transgride as normas de conduta jornalística, sobretudo quando se trata de colunistas, comentaristas ou analistas cuja obrigação é justamente acionar o veio crítico da sociedade.
O que os leitores abominam é o engajamento, o fanatismo e, principalmente, a falta de diversidade nos veículos e na mídia em geral.
Com os jornalões oferecendo agora esta pletora de opinionistas seria conveniente liberá-los para expressar opiniões de forma civilizada, urbana. A assepsia opinativa que se seguiu ao primeiro debate é enganosa e perigosa. Parece isenção, mas é subtração pois retira dos meios de comunicação sua função maior que é o estímulo à formação de juízos.
Observar sem ferir
A eleição será no dia 3 de outubro, há ainda cinco debates pela frente; registrar agora um reparo desfavorável porém respeitoso ajuda o processo, ajuda o candidato e ajuda o eleitor.
Dois jornalistas, altamente credenciados, mostraram que é possível criticar o desempenho de um candidato num debate sem atacá-lo impiedosamente ou confrontar suas idéias:
** Juan Arias, correspondente no Brasil do espanhol El País, não tem escondido em seus despachos e análises uma empatia com o presidente Lula e, evidentemente, com a candidata escolhida para sucedê-lo. Mas na edição de sábado (7/8), o veterano jornalista foi claro, incisivo, correto – e muito crítico:
"[Dilma Roussef] revelou sua inexperiência e seu nervosismo com titubeios, tropeços de linguagem, repetições e o suor no rosto. Serra, ao contrário, que já disputou dezenas de eleições legislativas e locais, dominou os assuntos, sentindo-se à vontade" (ver "Tibio arranque en Brasil de los debates electorales").
** José Roberto de Toledo, mais jovem do que Arias, porém não menos tarimbado em matéria de cobertura política, está desenvolvendo um excelente trabalho estatístico para o Estado de S.Paulo e na segunda-feira (9/8) ofereceu uma valiosa contribuição para desarmar esta falsa isenção adotada pela mídia:
"Debate não é luta de boxe. A idéia de que um candidato só ganha quando leva o oponente à lona projeta o desejo mórbido de ver um deles deitado em uma poça de sangue. Ninguém vira eleição com um golpe só, nem aprende a debater do dia para a noite. A vitória de um candidato é sempre por votos, nunca por nocaute" (ver "O debate e o nocaute").
Desinibam-se, senhoras e senhores opinionistas! Aprendam a observar sem ferir. A crítica é uma apreciação, parte inalienável do exercício jornalístico. Aprendam a discernir. Este é um hábito contagioso. Não se omitam, mas não exorbitem. [Texto finalizado às 19h25 de 9/8/2010]
A repercussão foi ainda mais lamentável, diletante, desenxabida. Para começar: em seguida ao debate, na madrugada da sexta-feira (6/8), os portais de notícias ofereceram uma cobertura lamentável. Seguiram um confronto político como se fosse uma partida de futebol – lance por lance. Como ainda não dispunham das referências dos jornais diários e não contam com um quadro de comentaristas qualificados para analisar os fatos 24 horas por dia, simplesmente omitiram-se. Se é assim que pretendem esmagar os jornais impressos, podem desistir: vão perder de goleada.
A tentativa do UOL de apurar quem se saiu melhor foi bruscamente abortada. A votação evaporou-se subitamente. Para não desagradar os perdedores.
Assepsia opinativa
Depois da deserção na hora do acontecimento, vieram os maneirismos e os rapapés no dia seguinte. Os comentaristas de rádio, tevê e internet estavam cheios de dedos, constrangidos, sem jeito de expressar o que sentiram para não serem acusados de favorecer candidaturas. Na verdade, não queriam ser patrulhados. Por isso, juntaram-se para elogiar Plínio de Arruda Sampaio, o simpático candidato do PSOL – mais solto porque nada tem a perder – sem se importar com suas desnecessárias grosserias pessoais que distribuiu entre os pares.
No sábado (7), quando os jornalões finalmente começaram a comentar os desempenhos, o debate já era coisa do passado. Prejudicados por este súbito acesso de bom-mocismo foram os eleitores que esperavam dos jornais opiniões aferidoras, técnicas, abalizadas.
Dirão alguns que este tipo de "distanciamento" – ainda que hipócrita – é mais aceitável do que ataques arrasadores. Falso dilema: assumir as responsabilidades críticas não é sinônimo de avacalhação. O público quer da mídia os elementos básicos para formar seus próprios juízos. Muitas vezes na direção oposta.
Opinar não transgride as normas de conduta jornalística, sobretudo quando se trata de colunistas, comentaristas ou analistas cuja obrigação é justamente acionar o veio crítico da sociedade.
O que os leitores abominam é o engajamento, o fanatismo e, principalmente, a falta de diversidade nos veículos e na mídia em geral.
Com os jornalões oferecendo agora esta pletora de opinionistas seria conveniente liberá-los para expressar opiniões de forma civilizada, urbana. A assepsia opinativa que se seguiu ao primeiro debate é enganosa e perigosa. Parece isenção, mas é subtração pois retira dos meios de comunicação sua função maior que é o estímulo à formação de juízos.
Observar sem ferir
A eleição será no dia 3 de outubro, há ainda cinco debates pela frente; registrar agora um reparo desfavorável porém respeitoso ajuda o processo, ajuda o candidato e ajuda o eleitor.
Dois jornalistas, altamente credenciados, mostraram que é possível criticar o desempenho de um candidato num debate sem atacá-lo impiedosamente ou confrontar suas idéias:
** Juan Arias, correspondente no Brasil do espanhol El País, não tem escondido em seus despachos e análises uma empatia com o presidente Lula e, evidentemente, com a candidata escolhida para sucedê-lo. Mas na edição de sábado (7/8), o veterano jornalista foi claro, incisivo, correto – e muito crítico:
"[Dilma Roussef] revelou sua inexperiência e seu nervosismo com titubeios, tropeços de linguagem, repetições e o suor no rosto. Serra, ao contrário, que já disputou dezenas de eleições legislativas e locais, dominou os assuntos, sentindo-se à vontade" (ver "Tibio arranque en Brasil de los debates electorales").
** José Roberto de Toledo, mais jovem do que Arias, porém não menos tarimbado em matéria de cobertura política, está desenvolvendo um excelente trabalho estatístico para o Estado de S.Paulo e na segunda-feira (9/8) ofereceu uma valiosa contribuição para desarmar esta falsa isenção adotada pela mídia:
"Debate não é luta de boxe. A idéia de que um candidato só ganha quando leva o oponente à lona projeta o desejo mórbido de ver um deles deitado em uma poça de sangue. Ninguém vira eleição com um golpe só, nem aprende a debater do dia para a noite. A vitória de um candidato é sempre por votos, nunca por nocaute" (ver "O debate e o nocaute").
Desinibam-se, senhoras e senhores opinionistas! Aprendam a observar sem ferir. A crítica é uma apreciação, parte inalienável do exercício jornalístico. Aprendam a discernir. Este é um hábito contagioso. Não se omitam, mas não exorbitem. [Texto finalizado às 19h25 de 9/8/2010]
sexta-feira, agosto 06, 2010
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