quinta-feira, setembro 25, 2008

anel da pureza

querida consciência,
tem duas músicas que não saem da minha cabeça
uma é de minha autoria
outra é da autoria de outros
ambas são muito distintas, uma é rock eletrônico e a outra um banquinho, um violão.
apesar da pressão que levo nos ombros, dos desgostos e sapos calados que engulo frequentemente
tenho, mais do que nunca, sorrido pelos cantos da boca.
o estúdio está começando a ficar legal
as produções melhoram porque, na medida em que se estuda técnicas de audio e gravações vão sendo feitas, você melhora e apura os instintos trabalhando todos os dias.
política? realmente acredito no ser político e somos cem por cento inseridos nesse contexto por votarmos, pagarmos impostos, cremos, porque é questão de fé, que tem alguém trabalhando ou rezando pelos nossos direitos, deveríamos rever os nossos deveres e tentar fazer mais pelo que nos cerca, pela nossa família e pela nossa calçada, depois pela vizinhança, pelo quintal e pelos seres que dependem de nós diretamente como animais domésticos que não deveriam ser humanizados e sim bestializados novamente. o ambiente político que nos cerca é massificante e só nos apresenta vias de mão única, mas a vida está longe de ser apenas só isso, portanto, além de política, me interessa o lado boêmio da vida: a busca por um certo tipo de beleza que não é material mas que se materializa em uma canção de amor ou em um samba de tristeza. um certo tipo de beleza que se estampa no rosto de uma pessoa querida e nas flores amarelas dos ipês que pontuam de norte a sul o céu azul de quem dirige no eixo monumental de Brasília.
anel de pureza que não se coloca no dedo
vejo estampado nos olhos do meu pequeno
tentam matar nele aquilo que lhe é mais caro
"o puro" não saber de nada e nada fazer a respeito disso
que bom
que bonito
respirar sem querer
brincar sem pensar
pedir sem querer
dormir sem morrer
anel da pureza é poder assistir feito cahorro bobo
o amadurecimento sadio de um infante protegido do medo
do medo de cair, de comer terra, de nadar na água mineral
"o puro" nem enxerga a solidão, ele só enxerga as diferenças

domingo, setembro 21, 2008

um sentimento constante de ir a nenhum lugar

ouço o som do avião a milhas de distância
ele me tira daqui, me coloca asas
lembro que hoje choveu e o ar ficou mais suave
senti o cheiro do alecrim no vaso
e o cheiro do banco de madeira úmido
minha infância revivi olhando os velhos brinquedos
os mesmos que estão nas mãos do meu filho
coisa boa, coisa das antigas, coisa de plástico bom
havia algo de duradouro no amor
ou na lataria de um carro antigo, ano 77 inclusive, havia amor
olho pra minha cópia de Rodin, não sinto nada
nada comparado a esse sentimento constante
de ir a nenhum lugar
os dias são diferentes por detalhes ínfimos
minha lente grande angular está cada vez mais angular
e grande
não percebe o plano astronônimo, nem o passar das horas
é tudo igual, é como o som de todos os aviões que passam
por cima de casa só o canto dos pássaros anuncia:
sabiá, bem-te-vi, ararinha-verde
o atrito dos pneus é um ruído que conflita com meu aparelho de som
chet baker, mel brown, dorival caymmi, joão gilberto, caetano veloso
no mesmo violão que abusei tocar, todas as cordas dedilhar
para que não seja ouvido
por nenhuma puta, nenhuma donzela, apenas por meus ouvidos
nesse sentimento constante
de ir a nenhum lugar
é só passar, passar, passar
está bom, vai melhorar, vai acabar
acendi um incenso indiano muito forte
impregnou a vizinhança toda e isso foi bom
era o que faltava para eu sair da cama e ir pra rua
comprar almoço e cerveja, chorar as mágoas do dia anterior
por que me sujeito a ser tolo? dizendo impropriedades
falsa esperança ou querência de retorno ao passado
já não mais aprendo indo confraternizar na família dos outros
pra que ficar sozinho falando bobagens na sala dos outros?


sei que uma parte de mim está como que perdida em uma floresta
outra parte está se encondendo na senzala, acendendo velas pros orixás
a terceira vive surfando mal no sistema financeiro
o eu quarto encontra felicidade na simplicidade de respirar bem
o quinto não fala, está mudo desde 2005
e descobriu hoje que adora ouvir música bem alto
nenhum deles, no entanto, suoera o dono da cerca, o eu paterno
este eu tem uma personalidade recente, porém ímpar
forte, paciente, ética, gigantescamente cortês, impiedosa e apaixonada
cruel no silêncio
meticulosa no planejamento e na ação
incapaz de se permitir errar, mesmo que isso seja humano!
fabricando uma lógica baseada na zona, na mentira, na lama
lutando contra esse sentimento constante
de ir a nenhum lugar
já não basta a cama, os sonhos, todos os livros lidos
as viagens de trabalho ou simples turismo
o ato de sumir sumiu
é chegada a hora de olhar meu filho crescer
e eu, meus eus, seguiremos esse caminho que se eterniza enquanto vivemos
participar
estimular
dividir e multiplicar
não temer jamais que ele cresça e pergunte coisas difíceis
filhos são o reflexo do que fomos, sem dúvida reflexos
que devem ser melhorados, amados, beijados e abraçados
qual é o limite maior do que o amor incondicional?
explicar com amor o que é errado é lindo
é maravilhoso e árduo
instinto ferino que nos cabe desde sempre
sobreviver dentro da existência pequena que nos fazem crer
falsos pastores, políticos de carreira, corruptores
que é pequena a existência
que sempre existe algo a mais
nesse sentimento constante
de ir a nenhum lugar

sexta-feira, setembro 19, 2008

enrolado em lençóis

Há quem pense que atividade boêmia não combina mais comigo e eu estou aqui disposto à provar o contrário e, adiciono feliz esse comentário, estou quebrando as maiores barreiras psicológicas e sociais possíveis convivendo com gente que parece sempre estar enrolada em lençóis, mas que na verdade não passa de plebe. assim como eu. A boemia é para todos e posso incluir toda sorte de playboys, desajustados, meninas super produzidas, garçons, anônimos desgrenhados (eu), idiotas, prostitutas, manés e amigos de infância. Aquela salada de ninguém pega ninguém com muita bebida alcoólica de altíssimo valor agregado e dance música da pior qualidade com djs péssimos. Estamos aí, eu e a boemia, procurando um lábio para umidecer ou um colo quentinho pra cerrar os olhos, em busca daquele brinde com aquela menina, aquela piscadela de olho que resulta em uma motivação para os dois, quem piscou e quem retribuiu o piscar de olhos, ir em frente com otimismo. Não é fácil lidar com jovens na porra-seca ou velhos tarados. Inclusive um velho tarado tomou o maior sabão de uma mulher, muito bonita, que esculhambou a atitude daquele senhor, o senhor que tirou de todos os outros senhores a chance de dar uma xavecadinha naquela mulher porque ela parou, pirou, bebeu e não olhou mais pra ninguém. Acho que o velho tarado tentou beijar enfaticamente na força aquela mulher... que grosseiro.
Da minha parte, eu transbordo um tipo de paixão que me mete medo, me mete um fogo doido na parte de trás da cabeça, quase me envaidece mas é pouco... é como o nascer do sol na Islândia: é todo dia e dura muito tempo durante o verão. Depois vira aquele inverno rigoroso e escuro; é só lua e breu e estrelas lá no céu, é! Também me sinto enrolado nos lençóis da paixão, só que eu estou no formato múmia. Silêncio.

quinta-feira, setembro 18, 2008

celular

Te garanto que dou muita importância para a telefonia móvel, em especial os telefones celulares. Sou fascinado pelo estilo Jetsons que saiu das telas dos desenhos animados para a vida social. É normal, é legal e se for bem aproveitado e utilizado, é 10!
Sempre houve um cineasta frustrado em meu consciente. Quando surge a oportunidade de filmar algo inusitado, ótimo, rápido e rasteiro não penso duas vezes: uso o celular. O meu é um aparelho que opino ser obsoleto em muitos sentidos (menos naqueles em que este aparelho no meu bolso se presta que é ligar, desligar, telefonar, fotogravar, filmar e mandar sms) porque a tecnologia digital portátil está cada vez mais impressionante e com grandes capacidades de armazenamento e resolução. Magavilha!!!
Filmo pouco; quase não mostro o que filmo; quando o fiz, passei batido; não sou bom; minhas idéias sem sentido não vingam; apenas no meu cérebro antevejo o desfecho; mais um filme sem views no you tube, mas afinal eu já mostrei o meu verdadeiro filme de celular?

terça-feira, setembro 16, 2008

doses do dia-a-dia

Muito pouco me influenciam as notícias-relâmpago exibidas nos maiores portais do Brasil e do mundo. Não sou idiota, possuo um tipo de bom senso que é dos tempos dos meus mais antigos ancestrais bantus e tupinambás. O que me interessa é quase aquilo que me atinge, por assim dizer.
Me interesso por aviação comercial, por exemplo. Mais do que a maioria das pessoas e por um motivo bem simples: por causa do trabalho eu estou sempre nos vôos. Quando um comandante avisa pelo seu microfone, de dentro da cabine, que por motivos X ou Y a aeronave não pode partir e que o problema está sendo resolvido e em 20 minutos estaremos no procedimento de vôo muitas pessoas ao meu lado perguntam-se se algo está errado. Claro que sim, por que nos embarcaram se, possivelmente, o comandante da aeronave e alguns funcionários da área técnica sabem desse possível atraso por manutenção rotineira, mas o fato é que é preciso embarcar todo mundo para que o vôo não perca suas regalias... e isso cai sempre nas costas dos passageiros que as vezes esperam 40 minutos para que a nave saia de seu destino... chatice.
Mas o pior é ver na televisão que um avião da Gol, mais um né?, quase colidiu com um avião Tucano, da FAB, perto do aeroporto de Rio Branco. Fica aquela coisa na cabeça, aquele pânico no estômago, aquele azedo na boca, porra, que merda!. Minha observação é a seguinte: as aeronaves da Gol devem estar voando um pouco abaixo da altitude que cabe às suas aeronaves. Deveriam estar a 11mil pés e voam a 10mil e 500 para economizar combustível. Muito plausível pra quem entende de avião?
As notícias na internet são menores do que os menores pensamentos. Não tenho dinheiro investido na bolsa e nem me preocupo com as eleições de outros países porque não invisto nisso. Se houvesse algo parecido para música, quem sabe? Me preocupo mesmo é com educação infantil, mesmo que eu não me obrigue a escrever sobre o tema, acho fascinante o mundo das crianças e todo o processo de formação da intelligência e cultura de um bebê até a infância, etc, fascinante mesmo.
Já gostei mais de cozinhar diariamente, aprender com a prática determinados segredos do arroz, do feijão, das tortas e dos temperos das carnes. Fazer molhos. Me descobri uma pessoa metódica demais para o processo, eu fico mais preocupado com os pedaços dos picadinhos e lavando as facas do que elaborando e absorvendo os aromas e os sabores dos alimentos que eu cozinhava. Fiz muita sopa de nenê, das boas mesmo, e queimei todos os meus dedos passando elas na peneirinha, as primeiras papinhas do meu filho. Coisa fina, cheio de fibras e orgânicos pra estimular o estômago do bebê.
Os calos das pontas dos meus dedos me tiraram a sensibilidade ao toque mais sutil... sinto falta deste sentido e me pergunto se não estou malhando eles mais ainda ao datilografar essas linhas... estou sempre usando a ponta dos meus dedos.
Hoje fiz uma bela seleção musical e escolhi uma foto nova de rádio para o Célebro, quem tiver paciência como eu, que estou aqui no computador a uma hora ouvindo músicas para a rádio, poderá se deleitar com o novo e com o velho flavor das canções. Axé.

Extemporâneas

segunda-feira, setembro 15, 2008

o mundo se repetindo

o mundo se repetindo
e eu dizendo baixinho
não
não pode ser que isso esteja por acontecer
de novo
sem um motivo plausível
pois é redondo, o mundo
é enorme, o círculo
e grande é a fé
por que?
por que repetir o feito depois de conquistado?
perde-se o efeito do desfeito
assim
fica a saudade
e a novidade torna-se obrigatória

sexta-feira, setembro 12, 2008

Realidade

A minha realidade é o espaço entre dois pontos
dentro deles existe mais do que vazio ou vácuo
mais do que as pegadas e mãozadas e corpanzadas
no espaço reside os orgãos, os sentidos finitos
relações de amor e ódio, frustração e prazer
a ejaculação precoce desta merda de ansiedade
tem o adeus, o até logo e tchau para sempre também
Dois pontos que são como postes de luz, acesos
eu sei onde estou mas não me sinto presente
eu vou pra onde me leva o labor e retorno pra casa
uma casa arrendada, sem dono definido ou número
dentro de mim é pouco, é muito pouco o que se encontra
doei tudo para os átomos que me circundam
infinitamente despreocupado com o tempo e com os fatos
sem ter onde morrer. Sem ter o que dividir.
doeu demais ter de mentir esse tempo todo pra mim
acabou o que eu plantei, secou-se a bica
o que produzi em solo estéril fica comigo nesse espaço
sementes plantadas e secas pela estiagem das promessas
(vontade de ir atrás daquela bunda, daquela teta)
de namorar no litoral e de dormir na areia
apenas os sons dos pássaros me acalma, o sabiá e a arara verde
o bem-te-vi e as rolinhas deste jardim exaurido
repleto de velhas minhocas californianas
tantos sonhos, planos, projetos, metas, etceteras
é preciso tomar uma decisão quanto à realidade
porque sem ela não há paz, não há beleza
é só tristeza e melancolia que não sai de mim
não sai de mim
não sai
entre eu e o que eu quero existem, por demais, caminhos
tento trilhá-los todos, não consigo, fico com meus irmãos e amigos
retidão e luz
meu filho
eu buscando me desculpar pelos erros cometidos
me perdoe, eu sou assim tão fodido porque eu quis
essa é minha realidade

segunda-feira, setembro 08, 2008

BBC, vai se foder!

Consumidores são mais pães-duros quando pagam à vista, diz estudo

da BBC Brasil

Quatro estudos americanos sugeriram que consumidores acabam gastando menos quando pagam à vista, em relação a quando pagam usando crédito.

Além disso, elas também gastam menos quando precisam estimar seus gastos de forma mais detalhada, indicaram as pesquisas.

"Quanto mais transparente o fluxo de dinheiro, maior a aversão ao gasto, ou maior a 'dor do gasto'", resumiram os pesquisadores, em um artigo na revista científica "Journal of Experimental Psychology: Applied".

Os cientistas da Stern Business School, da Universidade de Nova York, e da Smith School of Business, da Universidade de Maryland, ambas nos Estados Unidos, pediram aos participantes dos estudos que examinassem vários cenários e respondessem a quanto gastariam pagando à vista ou usando outras formas de pagamento.

No primeiro estudo, em que 114 pessoas se depararam com o cenário de uma refeição em um restaurante, os resultados sugeriram que "as pessoas estão mais dispostas a gastar (ou pagar) mais quando usam cartão de crédito que quando pagam à vista", diz o estudo.

Para os cientistas, pagar à vista ressalta a "dor de gastar".

Este é o exemplo de pesquisa inútil. Beira a obviedade saber que gasta-se mais no crédito do que à vista. Por que o bêbado bebe e não come? Porque é líquido, oras. Tudo o que é líquido faz efeito, mas só depois de ingerido. Assim como o crediário, eu compro e depois vejo como pago. Este me parece ser o sistema vigente, é perversamente arquitetado para todos os correntistas e contribuintes. Recebo ligações semanais para aumentar meu crédito e eu sempre respondo a mesma coisa: não posso, não devo, não quero.
Silêncio.

sexta-feira, setembro 05, 2008

veja o meu sorriso no final do filme do Janderson

A arte de viver

quem tem algo demais no coração
que nem o sofrimento abala
e se sofre, é de um tipo de calor gostoso
daqueles que move montanha
é pessoa boa, que sabe o que quer
porque mesmo sem dizer busca na arte de viver
um algo mais, um bem-me-quer

terça-feira, setembro 02, 2008

Pensando a longo prazo

A uns meses atrás eu e minha ex tivemos uma longa conversa sobre a Copa do Mundo de 2014. Para os menos informados esta será a Copa do Mundo do Brasil 2014. Da nossa parte chegamos a conclusão de que um evento do porte e organização da fifa, que é firma privada, em parceria com o governo, qualquer que seja o governo, o partido e o governante no período, essa vitória monumental no plano das relações internacionais tem que catapultar as melhorias sociais necessárias para o combate em massa da miséria e da fome. Eu e ela cremos nisso e temos razão. Na UnB os alunos são menos do que céticos: são irresponsáveis com relação ao assunto. Dizer que uma copa é praga do sistema, que é capitalismo disfarçado, que é corporativista, etc, é superficializar as reais melhorias estruturais que a copa trás por si mesma: melhoria nos transportes, telecomunicações, rede de hotéis, serviços de restaurante, tradutores, muitos empregos diretos e indiretos de 2008 até lá e mais. O mais será da responsabilidade dos civis, assim como eu que tem filho ou que paga o imposto de renda corretamente ou que é dono de sua própria empresa, cabe a nós prepararmos nossos filhos para serem os melhores cidadãos possíveis, atletas de ponta, gente educada, fina, com vontade de vencer, empreendedores naturais. Por que esperar o governo ou o dinheiro da fifa se o que precisa mudar, antes de mais nada, é a mentalidade derrotista que se firmou na última olimpíada, a chinesa, nos nossos atletas? O comentário do medalha de prata no vôlei de praia de que só o ouro vale no Brasil é típica, é a cara do governo, mas não é a cara do povo. Tem que fazer valer é a oportunidade, que é isso que diferencia o grande do pequeno, de quem é e de quem queria ser. Falou-se muito em psicologia dos atletas brasileiros na televisão. O que não se falou foi no que a China melhorou estruturalmente, de fato, desde que foi anunciada sede desses jogos. A China desbancou os EuA em número de medalhas de ouro, fato histórico, e que isso sirva de lição para nós, brasileiros. Sem sacrifícios, sem dinheiro e sem objetivo não se chega a lugar algum. Que venha a Copa de 2014 logo pra que meus olhos vejam as melhorias que estarão presentes no meu país. Porque filosofia, política e sexo são coisas muito velhas, muito discutidas e descritas em livros e manuais de todos os velhos povos do mundo. E é sempre tudo igual: uns em cima, quase todos embaixo.