segunda-feira, fevereiro 23, 2009

na piscina

quando eu fico satisfeito me sinto estranho porque o meu caminho sempre foi essa necessidade de acabar com a insatisfação que eu sinto dentro de mim. daí eu estava na piscina rodeado de talentosos amigos e conhecidos e tudo me pareceu natural, meu filho já estava dormindo de barriga cheia e banho tomado, eu só não deixei o sono me vencer. na piscina alguém comentou algo sobre nietzsche, algo sobre a invalidade das soluções deste cara ou sobre o egocentrismo deste personagem, e eu não pude concordar com ele porque gosto muito do que li, do tipo de narrativa que ilustra a mente dos seres que se fundiram as minhas próprias convicções, até porque eu só li nietzsche com mais de 20 anos, eu sou mais influenciado por morrissey ou ginsberg inclusive, de que é preciso um grau de insatisfação nas conquistas para a superação do tipo de humanidade que fazemos parte, não uma vontade de ganhar dinheiro ou de fazer uma viagem mirabolante, uma humanidade que respira o mesmo ar da liberdade e que se iguala pelas diferenças, que se soma e alcança o ápice pela diversidade e pelo forte apelo à vontade de ser grande como gigantes na terra.
na piscina também teve o seguinte comentário: moisés é o homem que mais influenciou o mundo, depois jesus e depois aristóteles. também não pude concordar com essa afirmação. eu sou um átomo tão antigo como os átomos antigos dos tempos antidiluvianos, somos todos átomos de uma singular especialidade. somos átomos pensativos e nossos pensamentos não são palavras de fé apenas ou mandamentos ou diálogos. pra mim, o homem mais influente do mundo foi a primeira pessoa que amou sem ser bicho e, por isso, estamos todos aqui tentando ser uma família.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

25 confissões íntimas

1 - eu nadava de cueca branca durante anos
2 - eu rôo as unhas
3 - uma vez eu acertei um carro de polícia com uma zarabatana e culpei o irmão de um amigo meu
4 - joguei um abacate pela cerca e atingi um carro, pura falta de sorte
5 - eu matei mais de 200 ratos com minha espingarda de chumbo
6 - já beijei uma namorada do meu irmão gêmeo
7 - eu já tirei um cartão da C&A em 5 minutos por ser de banda
8 - já soltaram cachorros em mim porque eu gostava de espiar duas irmãs que tomavam banho de sol peladas aqui no Lago Norte nos anos 80
9 - eu já me envolvi em um acidente de carro em que eu salvei três pessoas do afogamento e fugi dos repórteres depois por medo da publicidade
10 - eu não corto os cabelos por preguiça
11 - eu gosto de dirigir sempre do lado esquerdo da via
12 - minha maior obsessão é a arte de mentir
13 - minha segunda maior obsessão é ser um bom homem
14 - as minhas melhores canções foram feitas para minha ex-mulher
15 - tenho uma canção chamada A HORA MARCADA nunca finalizada. Ela começou a ser escrita em Janeiro de 2001 e ainda não está pronta
16 - um cachorro meu já me esperou chegar para morrer me olhando nos olhos
17 - eu enterrei ao todo 8 cachorros e 3 gatos desde que me mudei para Brasília. Todos em minha família confiam a mim esse trabalho. Tiveram 3 animais que eu não enterrei.
18 - eu acredito em Feng Shui
19 - eu leio o mesmo livro muitas vezes
20 - eu paro de ler um livro quando eu acho que ele já me ensinou o que eu precisava
21 - a mulher que eu mais amei na vida eu nunca nem beijei, nem conheci, eu vi em um sonho
22 - eu sonhei que era o pai da primeira filha da Madonna e ela me amava por eu não ter ciúmes do sucesso dela
23 - eu nunca digo totalmente o que eu penso por uma questão simples: cada um tem que ter sua própria opinião sobre as coisas
24 - eu nunca conheci uma musa de verdade que me fizesse ser menos eu e mais ela, sempre me ocorreu o contrário
25 - eu nunca fiquei com uma mulher mais velha do que eu

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Mexicanos batem recorde mundial de mais beijos simultâneos

Eu estava fora do centro de Brasília desde Sábado. Fui pro interior dar uma pequena pausa, ouvir o barulho da água correndo no córrego, dormir na rede, sonhar, ficar de bode como a calopsida, que é a largata que corrói o célebro, tudo bem, é errado mesmo, é uma piada do youtube.
Pensei, faltam beijos no mundo, todo mundo se beija no rosto, mas o brasil é a terra do amor e as pessoas deveriam dar mais selinhos.
Hoje eu li a notícia: mexicanos quebram recorde mundial de beijos simultâneos. Poxa, essa idéia tinha que ter sido nossa!

descarrego

Me lembro muito bem do ano de 2001 quando consegui, através de uma amiga, tirar um encosto imenso de minha aura. Era uma meleca preta que me perseguia desde 1998 fruto de raiva, ódio e decepção. Mas eu não me sentia ruim. Todo caso de amor finito deixa suas seqüelas e aquela mancha preta era a minha. Mas os anos correram e eu queria me apaixonar de novo. Conheci nos meus primeiros anos de banda três mulheres que eram perfeitas pra isso. Uma japonesa espetacular, uma gaúcha espetacular e uma coreana espetacular. Nenhuma delas, no entanto, conseguia tirar aquele encosto de mim e eu estava precisando do descarrego e aliviar as minhas costas daquele peso antigo. Conheci o meu amuleto árabe, uma pessoa que tinha mais problemas do que eu, merecia sair de suas tolices e não tinha ninguém melhor do que eu para ajudar. Um homem mais velho, mais maduro e totalmente seco por dentro, ou seja, no que eu poderia dar trabalho? Nossa amizade foi bombástica, uma coisa forte de pele que explodia nas festas e nas mesas do bares, éramos duas almas erradas muito animadas. Quando eu pedi a ela que me livrasse daquela sensação, daquela meleca preta, ela não teve dúvidas: tirou a roupa, me levou para um esconderijo, tirou a minha roupa e me benzeu dos pés a cabeça com todo o seu carinho e respeito e amor. E eu fui ficando leve com todo aquele sentimento e lembro perfeitamente a hora quando tudo acabou, o meu fardo de 1998 tinha se esvaído pelo ralo da minha coluna, saiu como um peido, e foi essa amiga árabe que produziu este milagre. Ontem eu a reencontrei aqui em Brasília e, apesar dos anos separados, é ela ainda quem eu acho que tem o segredo para todas as minhas macumbas e mau-olhados... ela é uma amiga boa demais pra ser verdade.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Dilúvio

Não foi o barulho do dilúvio que me acordou, não foi o barulho da água batendo na calçada que me instigou, não foi o sonho cíclico em estado alfa que me tirou o sono e não foi a vontade de ir ao banheiro que me fez levantar. Foi a necessidade de ler que, como o cão da arma de fogo, foi engatilhada e disparada pela minha mente esta manhã. Me sinto muito distante de Anais Nin em toda e qualquer comparação, que seja o estúpido o elemento que dirá "ela é de Paris, está morta, você está aqui" mas, meu caro estúpido, não é o caso de todos os átomos estarem aqui? E eu desejando tanto mulheres que não tenho chance e sendo perseguido pelas doidas que não me causam nenhuma paixão, meu vidro está limpo, sem riscos, é de uma translucidez invejável e, cá estou, inacessível a toda forma de contato sexual ao amanhecer porque durmo sozinho. Durmo sozinho faz meses e ainda não estou em forma, não sinto o vaso cheio e nem vazio. Acordei e senti saudades de uma menina chamada Marina, de Goiânia, que era uma pessoa poética, musical e o tipo de gente que transforma café com leite em algo desejável e, da forma como fala, dá vontade de ouví-la sem parar horas a fio. Sinto isso com outra Marina também, uma brasiliense, cuja maior qualidade é a potência de sua voz e o tamanho de seus seios. Esteriótipos de força que deixam um homem minúsculo amedrontado: como posso segurar uma mulher dessas com apenas duas mãos? Meus braços estão fortes mas meus dedos estão muito mais fortes e isso está errado. A força deveria estar em meus cabelos e eles já estão compridos demais, não suportam o calor de Salvador. Quando estive em Salvador, encontrei com Paty; Paty é outra poetisa da vida. Usa vestidos florais ou listrados curtos para mostrar suas longas pernas. Ela é mais forte que eu, pelo menos ela aparenta isso, mas é a delicadeza de suas mãos e o charme do seu sotaque que me causam forte impressão. Da forma como puxei seu corpo contra o meu é da forma como se dilacera a carne cozida entre os dentes que é do jeito que elas gostam. Um beijo doce, suspiros suaves, ritmo crescente, olhos fechados, esse transe mental que se misturou com a saudade de estar com ela misturado com tesão reprimido, esse tesão que me tirou da cama as sete horas da manhã. Tem essa menina chamada Isadora, cearense, ela é linda, inteligente e, quando está de óculos não deixa-os pendendo no nariz. Ela é decidida, apesar de não ter uma opinião firme sobre os assuntos que debate; ainda não tem porque é jovem e se arrisca pouco; ainda. Quando eu conheci a "careca" achei ter notado algo de feminino ao quadrado nela mas me enganei. A careca é apenas mais uma mulher que trocou as tempestades dos relacionamentos heterossexuais pelo charme da bissexualidade enrustida, pela penetração artificial do dia-a-dia. Dou risada disso sempre que posso. Já fumei todos os cigarros que pude e hoje só sinto que ainda tenho muitas cervejas pra degustar, muitas vodcas para vomitar e muito champagne para espocar. A chuva parou.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

o louco

em uma cidade grande
onde tudo parece distante
bem longe do centro urbano
ouvindo latidos em seqüência caótica
apostando suas fichas na felicidade
nos momentos que se acumulam aos tantos no passado
na saudade do presente que se esvaí
observador das belezas da natureza
o louco
apenas o som do seu coração
nada a pensar ou filosofar
está lá na vereda, na mexeriqueira
louco por água de coco
que não derrama do coqueiro