terça-feira, julho 31, 2007

Favelas Verticais

É cedo e sinto um grande remorso no peito
faltei comigo mesmo
dormi mais cedo, tomei uma bronca bem cedo
matei a faculdade
eu sabia que estava me metendo em encrenca

Acordei por causa do frio seco de Brasília
daqueles que ninguém conhece
porque ninguém vem pra Brasília em Julho
porque aqui é de uma aridez social esquisita

Ao telefone, me senti desprezível e imaturo
mas, não irresponsável, levei meus irmãos ao trabalho
e fui à faculdade pública recuperar meus documentos
minha identidade acadêmica
98/27307

O remorso foi se esgotando
fui tirar fotos para renovar a carteira de motorista
Nelson Piquet está, hoje mesmo, frequentando a mesma escola de motorista
coisa boa, coisa benéfica
passei na nova faculdade para me interar

E ontem não teve nada. E o remorso ficou.
Hoje cedo a desmotivação me elevou
tirei fotos, fiz minha requisição
agora só falta voltar quem me deu à mão

Para completar, antes do retorno à casa de mamãe
passamos em frente às favelas verticais
eu não sabia
que nas mais excelentes e bem localizadas quadras de Brasília
no começo da Asa Norte, se encontram apartamentos

Para os senadores foram reservados
mas lá eles não ficam
gambiarras já tomam conta do concreto exterior
as portarias ainda mantém seus porteiros
quem mora lá, senhor, me diga por favor?

segunda-feira, julho 30, 2007

Pitu e captain Black

Abri os olhos e agradeci
bom dia, mais um dia, menos um dia
foram exatos 30 anos e alguns meses
para que fizesse sentido
sentir tudo tão vivo a minha volta
e dividir o indivisível com o ar a minha volta

Dirigi mais de 25km para minha própria casa
o silêncio aqui é revigorante
a música toca na rádio célebro
divido um pouco do que passo a semana digerindo
como um suco de graviola
ouço músicas, indico e sugiro músicas

O sol queima o chão vermelho
que secura que fere os lábios despreparados
o vento revigora o ambiente em que me encontro
o barulhinho do vento encobre o som da rádio
estou com saudades
morrendo e sobrevivendo
feliz e ansioso

Lavei a louça e guardei as pequenas roupas do meu filho
Joguei fora muita comida velha e isso é desperdício
já diminuí a minha cota
de dióxido de carbono, de lixo, mas ainda posso melhorar
As 10:21 o sol se alinha com marte e isso é favorável
em 3 minutos
Obrigado!

sexta-feira, julho 27, 2007

Vale uma hora da sua vida?

Quem sou eu para dizer...

Praticidade

Para ser prático
e não depender de guru, personal trainer ou terapeuta
alopatia ou homeopatia
e dançar em harmonia com os sintomas da boa vida
respire como se deve respirar
sentado ou de pé
encha a barriga, depois as costelas e por fim infle seu peito
dor, um pouco de desconforto? Isso passa em 5 dias
coma devagar
preste atenção à sua mastigação
triture tudo o que você colocar na boca
mastigue na conta de 30 vezes cada garfada
verduras e legumes crus são excelentes pra saúde
azeite e alho
seja grato por se alimentar
durma sem se apegar à nada
durma e deixe o corpo pesado virado pra cima
respire lentamente até que a cadência do coração domine o ritmo do sono
medite sobre tudo o que você realizou
depois apague os pensamentos, tire-os da cabeça
e durma feliz
o dia acabou
Preste atenção à sua postura
não leve o peso do mundo e da gravidade nos ombros
respire com as costas que a força da coluna aparecerá
se assim ficar
em poucos dias nem sentirá o peso do mundo
leia concentrado na leitura
pense concentrado em soluções e não em problemas que não levam à nada
faça o que lhe dá prazer na hora de sentir prazer
coma antes da fome lhe matar o desejo
beba água
Seja feliz

Bom dia, São Paulo

Ter um bom motivo para acordar
e passar um belo café
ouvir uma boa música, mesmo que mal gravada
dar uma bronca independente de qualquer motivo
estabelecer uma rotina de respiração
passar frio
ouvir um solo de baixo gravado por si mesmo
ter o celular cortado por causa dos outros
reclamar internamente para não ter um tumor
dar risada da desgraça
passar frio nos pés
"eu não quero ver o sol se por"
sentir saudades de casa
sentir saudades da mulher amada
sentir saudades do filho amado
não reclamar disso e compor uma canção
saber ouvir o mentor espiritual
deixar fluir
tem só você

quinta-feira, julho 26, 2007

Entrevista concedida a cinco dias atrás para o site Cidade Ligada, de Guarapuava, PR

BANDA MASKAVO MANTÉM A TRADIÇÃO DO REGGAE BRASILEIRO

O reggae é um gênero musical que tem suas origens na Jamaica, e devido ao seu balanço envolvente e melodias atraentes, tornou-se um ritmo universal. Quem nunca ouviu falar de Bob Marley??? Podemos encontrar bandas regueiras na Itália, Alemanha, Japão, Austrália, Canadá, Estados Unidos, enfim, no mundo todo. Quanto ao Brasil, podemos nos orgulhar dos nossos representantes do gênero. Na década de 70, músicos como Gilberto Gil e Jorge Ben Jor já demonstravam fortes influências do gênero. Nos anos 80, bandas como a Blitz e os Paralamas do Sucesso promoveram a fusão do rock com o reggae. Já na década de 90 o movimento começou a crescer e ganhar amplitude; bandas como Cidade Negra, Alma D'Jem, Tribo de Jah e Natiruts transformaram o ritmo jamaicano em um dos gêneros de maior sucesso no país.
Para dar continuidade a essa historia, destacamos o ressurgimento, no ano 2000 de uma das bandas mais representativas do reggae nacional, a Maskavo. Ressurgimento porque o grupo apareceu no cenário musical de Brasilia em 1993 com o nome de “Maskavo Roots”, lançando seu primeiro CD em 1995 pelo selo Banguela, da WEA. Mas foi somente no ano de 2000, com Marceleza na voz, Prata na guitarra, Bruno Pietro no baixo e Quim na bateria, que a banda encontrou o caminho das flores. Autores de grandes sucessos como “um anjo do céu” e “asas”, eles alcançaram a graça do publico brasileiro, que tem lotado os shows por onde passam. No mês passado (junho) foi lançado o primeiro DVD do grupo intitulado Transe Acústico, gravado no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. O registro conta com 13 musicas de sucesso da banda e mais duas inéditas, todas com a roupagem acústica.
Confira a seguir a entrevista exclusiva que a banda concedeu via e-mail para a revista eletrônica Cidade Ligada:


Cidade Ligada - A banda Maskavo possui uma discografia muito expressiva, com 7 álbuns e muitos quilômetros rodados pelo Brasil. Eu gostaria que você comentasse sobre a trajetória da banda.
Maskavo - A história do Maskavo tem suas peculiaridades. Ela começa com o final de uma banda chamada Maskavo Roots, onde o Prata e o Quim, por serem pessoas dedicadas e persistentes, resolveram chamar o Marceleza para cantar e gravar o primeiro álbum do Maskavo, Já, de 2000. Naquele mesmo ano eu, Bruno Prieto, fui convidado a tocar na turnê do disco depois que o compadre/baixista da banda resolveu seguir nova jornada, outra carreira. Nós quatro saímos de Brasília de van e, por 3 semanas, viajamos para São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e depois voltamos pra São Paulo e retornamos enfim para a capital federal. Fizemos uns 12 shows de todos os tipos e logo percebemos que ali estava uma banda boa no que se propunha: fazer shows sem medo do perigo. Daí nos mudamos pra São Paulo e a música Um Anjo do Céu virou nosso talismã, nosso abre-alas para o Brasil. Outra peculiaridade foi termos ganho o prêmio Dynamite de melhor álbum de reggae independente de 2005. Você veja que sem almejar algo desse naipe e tendo o Maskavo recém saído de sua gravadora, seu trabalho mais obscuro se tornou outro amuleto da sorte e abriu as portas para a primeira turnê do Nordeste da banda.

CL - Sabemos que do inicio dos anos 90 para cá muita coisa mudou no mercado fonográfico. O advento da Internet abalou as estruturas das grandes gravadoras e potencializou as possibilidades do mercado independente. Como a Maskavo sente essa nova perspectiva?
M - Acho que todas as bandas deveriam se sentir muito à vontade neste momento de mudança porque, se por um lado se vende menos discos, por outro lado você pode muito bem disponibilizar sua música de forma criativa e gratuita, de forma que o maior prejudicado é quem quer lucrar com música. Não existe um regulamento no Brasil que legitima o músico e o intérprete e o autor de verdade, ou seja, está tudo errado desde a distribuição dos direitos autorais, direitos de execução em rádios, em boates, até a forma como se comercializa o produto final, o disco, a obra. O buraco é bem mais embaixo em se tratando de negócios.

CL - As musicas “Asas” e “Um Anjo do Céu” são os grandes sucessos da banda. Vocês as consideram um divisor de águas? Por que elas agradam tanto os ouvidos das pessoas?
M - Elas são divisores de águas para nós. Ficamos todos muito satisfeitos em saber que essas canções acabam permanecendo com as pessoas e no imaginário popular e não temos a menor idéia de como isso aconteceu ou como isso acontece. Sabemos que uma música, para ser boa, tem que ter alma boa, nascer boa. O resto é trabalho e bom gosto.

CL– O reggae seria um remédio para os males da modernidade?
M - Eu vivo me perguntando isso. Será que "música" ainda salva vidas? Será que há na modernidade espaço para um santo remédio? Minha resposta é não, o reggae não é um remédio que cura os males. O reggae serve para que encontremos em nós mesmos a cura para os males internos e externos a nós mesmos. Se isso fizer sentido, ok. Pra mim, a cura vem do curandeiro.

CL - Por que vocês escolheram Porto Alegre para a gravação do DVD?
M - Foram 3 circunstâncias essenciais que fizeram a diferença na escolha do Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
1 - Fomos convidados para produzir um show acústico por uma empresa de celular, que seria no Theatro
2 - Queríamos gravar um DvD diferencial, que não se parecesse com nada do que tivéssemos feito até então
3 - A oportunidade em produzir o dvd, junto com o cineasta René Goya
Com esses 3 elementos nós juntamos a fome e a vontade de comer e trabalhamos 230 horas de ensaios, mais duas sessões de show/gravação, e depois alguns meses de pós-produção lançamos o dvd em 2006.

CL – Sabemos que Brasília é um grande “celeiro” musical, muitas bandas importantes do cenário nacional são provenientes do Distrito Federal. Isso acontece também com São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Rio Grande do Sul, porém, Santa Catarina e Paraná não possuem nenhuma banda de sucesso nacional expressivo. O que está faltando para nós?
M - Pra ser sincero, eu admiro muito alguns renomados artistas do Norte e do Nordeste do país, como Saia Rodada ou Balança Neném, porque eles são justamente o oposto do que é ser um sucesso nacional expressivo. Eles são muito bem sucedidos em seu próprio recanto, no Nordeste por exemplo, dominando o circuito de shows em 10, 12 estados e ninguém em São Paulo fala deles. Mas eles fazem shows pra 10 mil pessoas em média e são totalmente independentes; lançam cds, dvds, tem lojinha e o escambau, ônibus próprio, iluminação. O Maskavo não tem isso ainda e tocamos em média 2 vezes por ano em Brasília. Somos nômades procurando um oásis para nos refrescarmos. A maioria das bandas é assim também... Nomes como Caetano Veloso, Paralamas do Sucesso, Engenheiros do Hawaii, acredito, foram mais longe por abandonar naturalmente suas raízes, ao abranger o Brasil todo em suas canções. Acho que é isso o que o Maskavo busca: universalidade musical sem preconceitos. Se for pra filosofar, o que falta no SC e no PR em termos de banda é apenas timing, que quer dizer temporalidade.

CL – Como é viver o sonho de muitas bandas, ou seja, fazer sucesso, tocar nas rádios e televisão e fazer shows para milhares de pessoas? Isso acabou afetando o ego dos integrantes?
M - Uma vez lendo os Analectos de Confúcio, em uma de suas passagens, o autor diz que ser músico, apesar de parecer que ele faz algo sublime, nada mais é do que ser um perito em alguma coisa, ou seja, o músico é uma pessoa especial como outra qualquer.

CL – Quais são os planos para o futuro? Cd novo?
M - Pretendemos continuar a turnê de divulgação do Dvd, que foi relançado no mês de Junho, e já temos planos de produzir um novo material, só estamos em dúvidas se será um CD. Pensamos em usar novos formatos para lançar músicas no futuro.

CL – Como vocês viajam pelo Brasil todo para fazer shows, acabam entrando em contato com as diferenças culturais que aqui existem. Qual é a visão que vocês tem do nosso País?
M - O Brasileiro é o povo que gosta de festa, de dançar e de ser espontaneamente alegre. O Brasil é um país que é um rascunho do que a Rede Globo exibe em seu horário nobre, mas é isso aí. No Brasil, todo mundo quer ser rico mas ninguém quer ser notado por isso. É um país contraditório desde a sua concepção. Tem gente que não sabe onde fica Brasília, pode?

CL - Muito obrigado pela entrevista. Para finalizar eu gostaria que vocês deixassem uma mensagem para toda a galera que acessa a revista eletrônica Cidade Ligada.
M - Gostaria de agradecer a oportunidade desta entrevista, ao Vitor pelo convite e dizer que o sonho só vale à pena se for vivido além de idealizado. Obrigado.

quarta-feira, julho 25, 2007

Não sei

Não sei bem o que significa o conceito de apologia. Já busquei saber o que significa no dicionário, já vi que esta palavra se associa principalmente às reivindicações minoritárias que usam, em ritos ou sob a forma de standartes ou brasões ou símbolos, ou mesmo no oculto do que está apenas debaixo da poeira, da matéria ou da idéia para defender algo que é intrínseco do homem: se defender da morte.
Qualquer coisa diferente disso que não seja uma apologia seria o que? Como você passa conhecimento para frente de maneira científica ou hereditária sem que, sendo você mesmo a prova, não esteja fazendo apologia a algo que é seu, é sua experiência comprovada de algo metafísico ou espiritual?
Não li e não tenho real interesse na escritora raquel, vulgo Bruna surfistinha. Acabei de ler uma notinha no UOL que diz que ela prevê preconceito e críticas infundadas sobre o filme que será produzido sobre seu livro, o doce veneno do escorpião. O título é bem anos 30, trópico de câncer, é sugestivo para o jovem leitor, mas não para mim. Mas me interessa o debate: por que prostitutas voltam a ser foco de interesse da mídia?
Olhe a sua volta, não precisa ser muito inteligente para detectar que o mundo das imagens está totalmente focado na sensualidade e no sexo virtual. Está nas propagandas e nos anúncios de revistas e outdoores pelo Brasil todo; está nos links de sites gratuitos e nos anúncios do g1 e do terra, google; está no personagem da Camila Pitanga, Bebel, no horário nobre e tem uma causa lógica.
O velho ditado mais do que sabido das senhoras do século passado é que mulher tem que ser santa de dia e o capeta na cama.
A meu ver o interesse e apologia ao sexo pago e às prostitutas, porque de miché ninguém quer saber mas é uma realidade também, vem do interesse bíblico em saber se o sexo é realmente um entrave espiritual. Visto que a população mundial aumenta, que os métodos contraceptivos são os mais eficazes possíveis, visto que hoje sabe-se mais sobre sexo do que ontem ou antes de ontem, não é por acaso que o sexo tenha alterado seu padrão de discussão e exposição. O caso é que sentir prazer com a consciência direcionada para o prazer é como beber água com sede ou comer com fome. E que o maior pecado do mundo é não reconhecer os sinais que nosso corpo e instinto emitem silenciosamente, independente do sinal ser sexual ou não e de estar em todos os lugares, os mais comuns inclusive, estimulantes visuais, comerciais e mentais do prazer sexual sobre as coisas mais efêmeras como se vestir ou comprar um anel de presente.
Só sei que na minha vida o que eu mais vi, às abertas ou às escondidas, foram mulheres que preferiam trabalhar com sexo ao invés de entrar no sistema proletário. E eu dizia pra elas; por que vocês não transformam isso em um negócio ao invés de ficarem na ilegalidade ou trabalhando para terceiros? Isso sim é crime, cafetinagem!
Nem elas sabiam me responder... só sei que Jesus Cristo preferiu ficar ao lado de Maria Madalena do que ao lado dos romanos e dos judeus.
Obrigado à chuva fina que molha e suaviza o ar de São Paulo. Aqui o calor do concreto e o cheiro que ele exala são péssimos. Com a água vem a beleza do trópico de capricórnio, da latitude semi tropical vem o mais puro ar do interior com seu frescor. Os pássaros cantam para isso, inclusive.
Isso seria apologia à filosofia e ao Tao. Obrigado.

terça-feira, julho 24, 2007

São Paulo, 24/07/07, uma semana depois do acidente aéreo da TAM

Obrigado ao céu e a terra por respirarem comigo esta interpretação do fim.
Vou ser apolítico.
Não acredito que o destino juntou 180 pessoas dentro e fora do avião e uniu elas no caminho para a morte. Mas acredito que uma pessoa apenas, uma delas que estaria morta de qualquer jeito, levou as outras e influenciou a trajetória do vôo. Por que isso? Jesus Cristo não fez isso ao contrário? Uma pessoa sofrendo por milhares, uma centena delas sofreriam por apenas uma.
A teoria do caos, a natureza do caos em si, nos ilumina com questões que estão dormindo no inconsciente das pessoas. Mas o caos que hoje é iminente, porque assistimos aos efeitos caóticos da urbe em todo o mundo globalizado via internet e televisão, não é uma invenção ou teoria apenas. É previsto pela própria natureza como elemento diferencial das imensas similaridades que possuem os seres vivos.
E, sendo apolítico, acredito que o resultado de muitas indecisões resultou no acidente que chocou os brasileiros semana passada. O acidente começou quando não decidiram construir um novo aeroporto que seja condizente com o status de São Paulo, capital econômica do país. É isso que o povo acredita, mas não é isso que a realidade aponta. A falta de coragem é superior à capacidade de corrupção nos homens hoje em dia. Roubar, extorquir, desviar verba pública, pagar e receber suborno, isso tudo é tão normal desde a Grécia, senhoras e senhores. Assim como o Céu é o Céu e a terra é a Terra a muito mais tempo do que isso.
Deixe de achar um monitor de 17 polegadas LG Black bonito e vá olhar pela janela um pouco. Deixe de ouvir o som da televisão ligada ou do computador e vá ouvir o som do seu coração um pouco. Feche os olhos e sinta seu corpo um pouco. Da ponta dos pés ao último fio de cabelo, inale o ar lentamente e exale-o lentamente. Abra os olhos. Será que você estará no mesmo lugar de antes?
O que vier a seguir, para os descontrolados, é o chamado caos mental, previsto pela meditação. É o primeiro passo para vencer o caos interior. Seja feliz.

segunda-feira, julho 23, 2007

me perco nesse tempo

o homem se perde no tempo
pois teme que o tempo se esgote
a vida é um dom misterioso
e o tempo é amigo do homem

Walking Bess

Outros Mundos - POP of the Tops

Outros Mundos

Nunca havia passado na cabeça do Zé Pessoa que, sentado no saguão de embarque do aeroporto de Congonhas, ele poderia ver tantos computadores notebook ligados e funcionando ao mesmo tempo. Nunca. O Zé olhava admirado todos os lados, todas as pessoas usando um computador em seus colos, todos iguais e o Zé à admirar todas elas sentado sozinho perto do portão 4. Nada sobre seu vôo era favorável: muita chuva, muitos atrasos do dia anterior acumulados, muita neblina e era muito cedo. O Zé já não tinha mais forças para pensar quando parou seu olhar para cima, inclinando a cabeça e deixando de lado à visão e deixando a consciência tomar conta de tudo sem mais nada pensar... daí veio vindo aquele cheio de café e dois olhos dentro dos óculos e um fino nariz apareceram em seu desfoco. O Zé suspirou, estava com a boca seca e babou internamente pela sede de café que lhe acometeu. E aquela voz grave, tem alguém sentado aí? era do tipo educada e feroz adocicada. O Zé não tremeu nem piscou. Foda-se, pensou, o que é pior do que sair do estado de luz? O cheiro do café estava ótimo e o silêncio estava ótimo.
Daí a moça perguntou algo sobre os atrasos e algo no Zé disparou. O atraso virou um tormento para o Zé. Por que, POr que, Por que?
Porque você estava sonhando, Zé.

terça-feira, julho 17, 2007

Excelente brasileiro - excelente profissional

Os panamericanos jogos estão sendo uma bela demonstração de falta de brio dos atletas brasileiros nas modalidades mais exaltadas pelos meios de comunicação. As ginastas estão todas bichadas e com muitos problemas psicológicos, principalmente em se tratando de estima própria e capacidade de reação aos revezes inerentes às competições deste nível.
O problema de estima do qual sofre o povo brasileiro é dos mais irracionais e não tendo uma explicação lógica só pode ser interpretado como uma característica emocional associada à fraqueza de todo os sistema social do Brasil. Quando um(a) atleta chora antes de fazer sua rotina, assim como foi o caso de Jade Barbosa nas barras paralelas, estando em primeiro lugar e com a responsabilidade de fazer o mínimo para ser medalha de ouro, quando ela chora e simplesmente sucumbe ao medo, isso me causa enjôos, dor de estômago, dor de cabeça. Me dá uma tremenda raiva. Ela chorou porque sabia que não iria ser bem sucedida. Ninguém tem que dizer pra ela "sorria, força" isso já deveria estar lá, o sentimento de vitória plantado no coração pra sempre e sempre e sempre.
Aliás, todos os atletas do Brasil são como jogadores de futebol, salvo excessões como Robert Scheidt, a seleção de vôlei do BRasil. Todos tem o mesmo discurso de perdedor que caracteriza o mundo moderno: eu fiz o melhor que pude. Fez nada. O melhor é competir e sair de cabeça erguida porque faz parte da vida ganhar ou perder e ninguém, nem mesmo eu, tem nada a ver com isso.
Ontem meu amigo ligou aqui em casa para pegar um baixo emprestado. Meu irmão respondeu: te empresto o baixo e o tocador de baixo. Fui na casa dele, peguei meus fenders e meu steinberger, ouvi 3 faixas inéditas cruas, rasculhos de belas melodias e fiz o meu melhor. E foi o melhor mesmo! O que era 9 virou 10! Depois de 3 horas e 3 músicas arranjadas, tocadas e gravadas, o dono das canções me deu vários abraços de felicidade. Nem ele imaginava que eu seria o Robert Scheidt naquela hora. Eu fiz o melhor. Eu sempre busco fazer o melhor e isso me faz melhor. Um brasileiro melhor. E eu não tenho problemas de estima ou sou fraco psicologicamente porque fui preparado pra vencer e perder e ser grato. Obrigado, pai e mãe. Obrigado meus irmãos, mulher e filho. Vocês me fazem mais forte e mais fiel ao que eu chamo de excelência.

sexta-feira, julho 13, 2007

Música doce música

Bloc Party

Thom York

The Racounteurs

Nação Zumbi

Cansei de ser sexy - CSS

Gorillaz

Caô

Não assisti à abertura dos jogos Pan Americanos do Brasil. Ela deve estar sendo transmitida neste exato momento e ela não desperta nenhum interesse maior do que outra abertura de jogos qualquer, ou seja, deve ter os mesmos elementos que compõem todas as aberturas de todos os jogos. E olha que eu acompanho os jogos, as modalidades, os atletas e as performances desde 1980 pois gosto muito do desempenho sempre de alto nível dos participantes.
Vamos aos elementos:
- Pessoas dançando e correndo ao ritmo de algumas canções características do país;
- Discurso do presidente do país ou do representante do comitê dos jogos;
- várias atrações musicais de artistas populares e consagrados;
- uma participação de uma atração musical desconhecida do grande público mas que tem moral entre os críticos;
- desfile das bandeiras e dos atletas vestidos com roupas de moleton ou jogging;
- pirotecnia;
- o acendimento da pira olímpica por uma personalidade decadente do esporte do país;
- lágrimas de emoção dos organizadores;
- Galvão Bueno narrando emocionadamente os detalhes da mesma coisa de sempre;
- muitos flashs de câmeras fotográficas ao fundo detonando a iluminação característica da abertura;
- falta de emoção;

A única abertura de jogos olímpicos que eu assisti mais ou menos foi a de 1972, na Alemanha. E foi uma reprise porque eu nem era vivo na época e achei aquele ursinho chorando deveras piegas.

Outra coisa. Apesar de tudo parecer muito bonito, uma celebração como essa tem motivações políticas apenas e não melhora em nada a vida das pessoas envolvidas ou do povo em si e nem distribuí melhor a renda dos jogos em atividades que seriam realmente olímpicas.

quinta-feira, julho 12, 2007

M M M - M M B

Dedico este texto ao meu filho, Ravi. Obrigado pela paz de espírito, sabedoria e pureza. Obrigado por você ser uma luzinha atômica nuclear que inspira amor, carinho, humildade e senso de dever.

M M M - Mandando muito mal
Um dia eu sonhei com essa sigla. Pensei em Tom Cruise e, refletindo sobre seu tipo de sucesso, acabei por me dar conta de que ele, na minha opinião, é M M M. Assim como tantas outras pessoas mais prosaicas, assim como eu também tenho meus momentos de desilusão, tão M M M... comecei a escrever dois livros simultâneos e não terminei nenhum deles. Um dos livros eu idealizo a história e o personagem desde meus 17 anos. O outro romance tem título e muitos cacos e não tem uma alma bem definida ainda. M M M.
Assisti ao jogo da seleção brasileira agachado em frente à televisão. Uma semifinal me deixa muito apreensivo, eu rôo as unhas, cutuco o dente, o suor corre frio em minhas veias. Sou daquele tipo de torcedor cético. A seleção brasileira é da CBF e não do povo ou do governo do Brasil. É uma empresa privada de futebol e eu fico lá, M M M, na frente da T.V. como milhões remoendo as proezas dos craques, escalando times e mais times e defendendo os pênaltis. Eu agarrei todas as cobranças porque estava no meio da tela. E o Doni estava lá, M M M.
Compus 83 canções este ano de 2007, umas 30 ano passado e não publiquei nenhuma delas ainda. Gravei apenas uma dúzia delas porque estou M M M comigo mesmo.
Toquei em Joinville e fui cobrado: tenho que escrever mais! Mas é preciso ter o que dizer e eu tenho mais observado do que escrito ou falado.
Criei uma rádio virtual que não tem um servidor do nível que eu preciso, do nível que ela, a rádio precisa. M M M para ela também.
Hoje meu filho ficou com saudades da mãe e eu fiz de tudo para que ele não se desolasse. Depois de M M M, eu relaxei e M M B e agora me deu vontade de escrever porque o Tom Cruise, com certeza, não cria os filhos dele como eu. M M M pra ele.
Comprei um livro maravilhoso. Demorou 6 semanas para chegar e quando chegou, era uma edição maravilhosa em inglês do Be Here Now. M M B.
Ontem eu fui me despedir de um super amigo. Eu estava feliz da vida bebendo cerveja e fumando cachimbo enquanto comíamos pizza feita pela minha mãe. Daí eu M M M e comecei a falar sobre Jesus, Zoroastro, Crítias e Platão, Sócrates, Buda. Pra que? O que eu quero é saber é: por que é melhor ficar calado do que dizer a verdade?