quinta-feira, julho 30, 2009
se me perguntarem, eu digo
Nada me deu uma sensação mais familiar nesta minha estadia em São Paulo do que a garoa que teimou em cair ontem o dia inteiro. A madrugada começou com uma chuvarada brava na verdade que amansou e virou uma bela garoa... uma garoa de gotas finas e intermitentes que eu não via cair desde minha infância, aqueles dias negros nos quais a metrópole paulistana ainda tinha indústrias dentro do perímetro urbano, indústrias que emitiam gases poluentes no ar muito antes do infortúnio da poluição emitida pelos automóveis de hoje, muita sujeira espalhada no ar mesmo. O mês de Julho registrou o maior volume de chuvas na cidade desde 1943 e isso me pareceu uma nota musical da natureza, estou aqui ela bradou, e tende a equilibrar o que os homens tendem a desequilibrar. Essa garoa era chuva ácida nos anos 80. Hoje limpa os céus paulistanos e evita que o ar seco se misture ao dióxido de carbono em excesso e nos mate à todos de intoxicação.
terça-feira, julho 28, 2009
se me perguntarem, eu digo
Estou revivendo este momento único, misto de ansiedade por estar lançando uma nova canção, viajando e passando mais tempo fora de Brasília, consolidando os planos de 2008 e da vontade de assentar o corpo na cama, descansar mais um pouco e voltar a escrever novas canções. A realidade me coloca sempre em meios tempestuosos e me força a tomar as mais rápidas decisões sobre estar e o que fazer, eu sempre tenho que me antecipar e deixar uma mala pronta, muitas contas acertadas, preciso me organizar com relação ao meu filho, muita saudade, telefonemas, muita dor de cabeça e dor de barriga por causa das circunstâncias que separam filho e pai nos muitos dias em que preciso trabalhar fora de casa, ensaios inócuos, a solitude na Avenida Corifeu de Azevedo Marques em puro contraste comigo, tanto amor para dar e receber, doando o mais puro sêmen da minha alma durante o sono em que não descanso. Enfim, para quem precisa ir trabalhar em São Paulo e precisa escrever uma canção não basta avião ou uma hospedagem 5 estrelas. Eu preciso me concentrar em outro tipo de beleza, a beleza na curva do decote ou na cintura feminina, a beleza nos cabelos da Juliana BBB ou no cheiro da japonesa que povoa meus sonhos mais mundanos. Este momento único, misto de ansiedade e vontade, precisa ter seu final feliz descrito em lábios femininos, nas cordas do violão ser dedilhado e em Brasília ser aproveitado.
terça-feira, julho 14, 2009
segunda-feira, julho 13, 2009
se me perguntarem, eu digo: esse foi o dia mais louco da minha vida
Me sinto tomado por uma força inacreditavelmente maior do que eu para revelar algo que eu mesmo havia esquecido. Até ontem eu achava que minha vida estava prestes a se tornar uma comédia, gênero que não me agrada inclusive. Fui confundido com o novo marido da minha ex-mulher pela síndica do prédio dela, tenho que ir lá buscar meu filho e essa foi a piada mais sem graça que já vivi, tenho que me contentar com a idéia de que viver de música é maneiro, porque está foda viver exclusivamente de música e digo isso com pesar, se passam 9 anos de pura autonomia pessoal e agora ficou muito difícil de planejar algo duradouro com o lamentável meio musical econõmico vigente, não rola de guardar dinheiro pra nada.
Sou tomado por essa força que hoje me fez rolar de brincar no chão descalço com meu filho, ele sim, a única força que me tira de 0 a 10, me põe no eixo, me faz sentir que tenho uma função importante. Eu estava sentado nesse mesmo computador, em frente ao nada, sem nada mesmo querer quando comecei a rever minha vida... como estou lendo muita coisa séria sobre o universo, e tomo o universo como algo tão grande e tão velho que segundos representam mil anos nas esferas cósmicas... e eu estou aqui no último milésimo de segundo da existência humana na Terra... bom, em minutos eu vi minha vida toda, os pontos bons e ruins, as coisas legais e as não... eu sempre soube quando, onde, como e com quem eu queria estar. Eu sempre soube onde fica o meu pedaço de paraíso e as pessoas mais lindas que eu já pude conhecer. A melhor família do mundo, o melhor exemplo de beleza e amor humano. Não ouso dividir esse local com ninguém, mas algo me atraiu a essa imagem, algo como "não quero essa comédia para mim" ou melhor, onde foi que eu resolvi perder essa mulher, onde foi que eu perdi minha coragem, coragem que só o meu filho trouxe de volta com firmeza de titãnio, de fibra de carbono mesmo. Onde foi que eu desisti da felicidade plena? E no entanto, me sinto como esse normal relez ser humano que, com meus erros, tento estabelecer um padrão moral legítimo, feliz, pleno e rico para esse meu filho que eu amo tanto e que, se não fosse por minhas falhas, talvez nem tivesse nascido desse jeito porque eu teria me perdido nos braços de uma outra mulher, mulher que era menina e que nunca foi uma piada, foi o maior amor da minha vida. Acho que me redimi de algo agora porque me sinto muito bem... bem... bem...

Sou tomado por essa força que hoje me fez rolar de brincar no chão descalço com meu filho, ele sim, a única força que me tira de 0 a 10, me põe no eixo, me faz sentir que tenho uma função importante. Eu estava sentado nesse mesmo computador, em frente ao nada, sem nada mesmo querer quando comecei a rever minha vida... como estou lendo muita coisa séria sobre o universo, e tomo o universo como algo tão grande e tão velho que segundos representam mil anos nas esferas cósmicas... e eu estou aqui no último milésimo de segundo da existência humana na Terra... bom, em minutos eu vi minha vida toda, os pontos bons e ruins, as coisas legais e as não... eu sempre soube quando, onde, como e com quem eu queria estar. Eu sempre soube onde fica o meu pedaço de paraíso e as pessoas mais lindas que eu já pude conhecer. A melhor família do mundo, o melhor exemplo de beleza e amor humano. Não ouso dividir esse local com ninguém, mas algo me atraiu a essa imagem, algo como "não quero essa comédia para mim" ou melhor, onde foi que eu resolvi perder essa mulher, onde foi que eu perdi minha coragem, coragem que só o meu filho trouxe de volta com firmeza de titãnio, de fibra de carbono mesmo. Onde foi que eu desisti da felicidade plena? E no entanto, me sinto como esse normal relez ser humano que, com meus erros, tento estabelecer um padrão moral legítimo, feliz, pleno e rico para esse meu filho que eu amo tanto e que, se não fosse por minhas falhas, talvez nem tivesse nascido desse jeito porque eu teria me perdido nos braços de uma outra mulher, mulher que era menina e que nunca foi uma piada, foi o maior amor da minha vida. Acho que me redimi de algo agora porque me sinto muito bem... bem... bem...

sábado, julho 11, 2009
se me perguntarem sobre azar, eu digo
eu sou desse tipo de homem que identifica e anda lado à lado com o azar. O que é azar? Se me falam sobre azar com mulher, não acredito. Se me falam de azar com dinheiro, acredito. Azar é má sorte, ou seja, pode ser identificado como um símbolo, uma pessoa ou um ato de falta de fortuna, oportunidade. Eu sou do tipo de homem que tem azar quando encontra determinadas pessoas que me causam um mal presságio, mal agouro mesmo, eu chego a vomitar as vezes de tanto azar que eu sinto.
Ontem eu saí de casa disposto a me divertir com meus irmãos. Fomos, os três, para uma festa característica de Brasília, uma festa de roqueiros. Dançamos, um de nós até se engafinhou, o outro bebeu, nos divetimos. E eu ali, com aquele sentimento de roda presa, uma coisa esquisita nas vértebras, um sentimento de que algo me rondava e me deixava borocoxô. Identifiquei a pessoa, disse a ela o quanto eu me sentia azarado do lado dela, assim como essa pessoa teve o azar de me ouvir dizer isso, é tudo azar, a pessoa falou, ok, eu não falo mais com você. Como se isso fosse resolver o meu problema... o fato é que, as vezes eu digo aquilo que não preciso para pessoas que não conheço e isso não é legal. Por outro lado, apesar de estar escrevendo sobre esse azarado filho da puta que me causa enjôo, eu poderia não ter explicitado à ele minha opinião. Poderia ter ficado calado.... mas daí o azar seria só meu e isso não pode.
Ontem eu saí de casa disposto a me divertir com meus irmãos. Fomos, os três, para uma festa característica de Brasília, uma festa de roqueiros. Dançamos, um de nós até se engafinhou, o outro bebeu, nos divetimos. E eu ali, com aquele sentimento de roda presa, uma coisa esquisita nas vértebras, um sentimento de que algo me rondava e me deixava borocoxô. Identifiquei a pessoa, disse a ela o quanto eu me sentia azarado do lado dela, assim como essa pessoa teve o azar de me ouvir dizer isso, é tudo azar, a pessoa falou, ok, eu não falo mais com você. Como se isso fosse resolver o meu problema... o fato é que, as vezes eu digo aquilo que não preciso para pessoas que não conheço e isso não é legal. Por outro lado, apesar de estar escrevendo sobre esse azarado filho da puta que me causa enjôo, eu poderia não ter explicitado à ele minha opinião. Poderia ter ficado calado.... mas daí o azar seria só meu e isso não pode.
sexta-feira, julho 10, 2009
se me perguntarem sobre viver de música em 2009, eu digo
Tenho certeza que hoje eu curto mais ouvir música do que tocar música. Já foi o inverso, já vivi o tesão das multidões e dos pequenos espaços, do indie ao mainstream sem ser nem um e nem o outro. Contudo, isso me causa um certo desgosto pessoal. Não sei se posso dizer que estou realizando nada de novo. Não tenho certeza de que Tudo de Bom dará certo nas rádios, nos shows, não sei mais quais são os padrões a serem seguidos no meio musical. No conforto do meu estúdio, trabalhando em família e com muito pouco dinheiro eu sou mais feliz, mais completo e mais livre. O abismo que se abre entre ouvir música e tocar música é uma ferida exposta. Não me parece sadio curá-la na atual conjuntura. No que vou me agarrar? Nos sonhos alheios? Não é do meu feitio encostar nas costas dos outros ou depender dos outros assim como aconteceu no meu trabalho. A solidão das respostas que tenho para meu problema é infinitamente pequena frente a desilusão de saber que, se não foi pela qualidade e pela vontade e tamanha dedicação, que seja pelo menos pelo exemplo do Maskavo que eu prossiga os meus anseios mais internos, continuar desempenhando meu papel nessa banda, nesse mundo, sem muitas pretensões pois não sou filho de mãe virgem e nem de pai milionário. Misteriosamente, sinto uma fé muito grande nas músicas que tenho ouvido, me sinto feliz pelos outros que me agraciam com tamanho sentimento, dedicação, prazer. Queria estar lá, no Dó Maior, no Lá menor e no Fá sustenido maior. O sol está brilhando lá fora e eu vou ter com ele uma conversa solar.
quinta-feira, julho 09, 2009
se me perguntarem, eu digo
sábado, julho 04, 2009
se me perguntarem sobre deus, eu digo
Estou bem longe de casa e sempre trafegando pela internet neste distanciamento obrigatório. Gosto de observar as fotos dos meus amigos porque alguns deles realmente curtem fotografia. Estava observando uma foto do pôr do sol na casa do Guri, uma do Demian, e lendo os comentários, principalmente quando deus é mencionado, estartou em minha cachola um repúdio muito grande a essa palavra, uma coisa que vem me incomodando a anos. É uma constatação pessoal muito forte, atômica, quando junto todo o conhecimento que pude adquirir sobre o divino, sobre essa busca espiritual, sobre fé, sobre religião e crenças, sobre a natureza em si, sobre nós todos envolvidos em algum plano de deus, ou do TAO... nada saciou, respondeu a pergunta que as sete sementes de hawaiian baby estalaram dentro de mim e para os meus olhos, a pergunta que me fez voltar a escrever em 2002, existe deus?
O lao-tsé disse que o caminho, o céu, a terra e o grande sábio estão com as pessoas que nele crêem, que a ele enxergam e com quem é indiferente à sua existência também. Me coloco nesse jogo filosófico, boto fé em Confúcio quando ele diz que o músico brinca com o sublime mas não passa de mero obreiro. Fico feliz com esse valor muito mais do que com a graça de deus que nunca me deu senão desconfiança e discussões inócuas. Meu irmão gêmeo teve um sonho onde ele e lúcifer conversavam, lúcifer fora do inferno. E ele dizia que não havia deus porque deus foi embora daqui. O mundo era coisa pra humano desde que deus tinha ido embora... sonho doido.
Minha experiência foi totalmente psicodélica, mas a visão e o silêncio infinito que meu coração sentiu ao tentar encontrar deus no vasto universo que somos e estamos me fez avaliar se esse divino é realmente importante, se é realmente uma pergunta: deus existe? porque não faz diferença, não está fazendo diferença alguma as propostas divinas que não são aquelas defendidas unicamente pelo uno, ou seja, cada uno cada ser cada qual ao mesmo tempo. É uma utopia das bravas a fé em deus. Isso porque nem apresentei o maior equívoco dos tempos: o amor de jesus. Estamos ocidentalmente desesperados nessa busca ideológica por algo que só é necessário sentir o tempo todo por tudo e por todos, é um exercício mais do que um ofício; é a obra de arte que pode existir em cada um de nós.
quando eu leio sobre deus, ou sobre pessoas falando de deus, sublimando deus, eu fico com pena de deus, essa palavra de 4 letras...
Ramara Bello

Demian Moura
Bruno Prieto

Ramara Bello
O lao-tsé disse que o caminho, o céu, a terra e o grande sábio estão com as pessoas que nele crêem, que a ele enxergam e com quem é indiferente à sua existência também. Me coloco nesse jogo filosófico, boto fé em Confúcio quando ele diz que o músico brinca com o sublime mas não passa de mero obreiro. Fico feliz com esse valor muito mais do que com a graça de deus que nunca me deu senão desconfiança e discussões inócuas. Meu irmão gêmeo teve um sonho onde ele e lúcifer conversavam, lúcifer fora do inferno. E ele dizia que não havia deus porque deus foi embora daqui. O mundo era coisa pra humano desde que deus tinha ido embora... sonho doido.
Minha experiência foi totalmente psicodélica, mas a visão e o silêncio infinito que meu coração sentiu ao tentar encontrar deus no vasto universo que somos e estamos me fez avaliar se esse divino é realmente importante, se é realmente uma pergunta: deus existe? porque não faz diferença, não está fazendo diferença alguma as propostas divinas que não são aquelas defendidas unicamente pelo uno, ou seja, cada uno cada ser cada qual ao mesmo tempo. É uma utopia das bravas a fé em deus. Isso porque nem apresentei o maior equívoco dos tempos: o amor de jesus. Estamos ocidentalmente desesperados nessa busca ideológica por algo que só é necessário sentir o tempo todo por tudo e por todos, é um exercício mais do que um ofício; é a obra de arte que pode existir em cada um de nós.
quando eu leio sobre deus, ou sobre pessoas falando de deus, sublimando deus, eu fico com pena de deus, essa palavra de 4 letras...
Demian Moura
Ramara Bello
sexta-feira, julho 03, 2009
se me perguntarem sobre estética e beleza, eu digo
preferências físicas são como quadros, pinturas... tem padrões que nos fazem gostar ou repudiar
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