quarta-feira, setembro 29, 2010

Your Mother Likes It

Stuff No One Told Me


Australia's Next Top Model host announces the WRONG winner

Nos EUA, crise muda famílias e adia casamentos - O Globo, com agências internacionais

WASHINGTON - A crise financeira está afetando o modo de vida dos americanos, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Escritório do Censo. A pesquisa, que traz as características socioeconômicas da população, mostra que a renda média dos americanos caiu, o abismo entre ricos e pobres atingiu um patamar recorde e o número de casamentos diminuiu, enquanto o número de pessoas por domicílio aumentou.

A renda familiar média recuou 2,9%, de US$ 51.726 por ano em 2008 para US$ 50.221 em 2009. A menor é a do estado do Mississippi, que recuou de US$ 37.749 anuais em 2008 para US$ 36.646 no ano passado. E a maior, a de Maryland, com US$ 69.272. O Mississippi também tem a maior taxa de pobreza dos Estados Unidos: 21,9% da população, contra a média nacional de 14,3%.
População que vive com US$ 10 mil anuais atinge 6,3%

A taxa de pobreza fixada para 2009 foi de renda anual de US$ 21.954 para uma família de quatro pessoas, com base em cálculo do governo que só considera rendimento em dinheiro.

Segundo o censo, a pobreza está em nível recorde. A fatia de americanos com renda de metade da linha da pobreza - US$ 10.977 anuais para uma família de quatro pessoas - aumentou de 5,7% em 2008 para 6,3%. É o maior patamar desde que o governo começou a apurar esse dado, em 1975.

Já a diferença entre os mais ricos e os mais pobres atingiu a maior margem já registrada. Os 20% do topo da pirâmide - aqueles que ganham mais de US$ 100 mil por ano - ficaram com 49,4% de toda a a riqueza gerada nos EUA, enquanto os 20% na base ficaram com 3,4%. A proporção é de 14,5 para 1, contra 13,6 em 2008. Isso é quase o dobro da mínima histórica registrada em 1968, de 7,69.

- A desigualdade de renda está aumentando - disse Timothy Smeeding, professor da Universidade de Wisconsin-Madison especializado em pobreza. - Mais que em outros países, temos uma distribuição de renda muito desigual, na qual os salários vão para o topo em uma economia do tipo "o vencedor leva tudo".
Número de casas vazias cresce para 12,6%

Essa também é a visão de Sheldon Danziger, professor de políticas públicas da Universidade de Michigan. Ele afirmou que, mesmo desenvolvendo políticas de combate à pobreza, os EUA não conseguem resolver o problema da desigualdade.

- Somos ótimos em não falar sobre desigualdade de renda - disse Danziger.

A crise também prejudicou o romantismo dos americanos. Segundo a ACS, o número de adultos casados atingiu um mínimo recorde. No ano passado, apenas 52% dos americanos com mais de 18 anos se casou, contra 57% em 2000.

Na faixa entre 25 e 34 anos, o número dos que nunca se casaram (46,3%) passou pela primeira vez o dos casados (44,9%). Segundo sociólogos, os jovens adiam o casamento por terem cada vez mais dificuldade em encontrar emprego.

Enquanto isso, o número de pessoas vivendo sob o mesmo teto passou de 2,41 em 2006 para 2,48 no ano passado, segundo o jornal "USA Today". E o de casas vazias passou de 11,6% para 12,6% na mesma comparação. Isso seria um reflexo da retomada de imóveis pela inadimplência das hipotecas.

sexta-feira, setembro 24, 2010

Contemple a arte de malas antigas transformadas em caixas de som


Ele se identifica como Mr. Simo e diz que sua missão é “transformar a música em algo portátil novamente”. A principal arma nessa jornada é a BoomCase, uma caixa de som construída sobre malas de viagem, com preços a partir de US$ 250 (cerca de R$ 430).
As malas contam com uma bateria interna recarregável com capacidade para 7 horas de música e têm entradas para conexão com iPods e outros tocadores de MP3. O tal Mr. Simo se considera um “aficcionado por som” e diz que trabalha só com malas de couro e madeira, que proporcionam uma acústica melhor.
A galeria no site oficial mostra os modelos já criados – alguns vendidos, outros ainda disponíveis -, e faz você querer comprar uma dessas na hora, nem que seja um modelo “bagagem de mão”.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Nada saberei do que não explorei - Bruno Prieto

Há coisas que não ficam tão bonitas quando ditas
fragmentos deste instante muito louco
entre nós, não tem jeito, nem esforço
é apenas um engano que não causa grandes danos

Se há coisas tão implícitas em meus atos
e esconder eles faz parte deste jogo insano
entre nós, não há espaço, nem vácuo
nem superfície, nem profundidade, nem segundo plano

Pode, a vida, unir milhões de almas malditas?
cada qual com sua chaga pra curar ou cruz pra carregar?
entre anônimas tentativas frustradas
entre o fim do desejo e das necessidades criadas
esse lastro a nos segurar

No fundo, há coisas esquisitas e estranhas
coisas sem sentido ofuscam a memória
quem estava sóbrio entre nós nos abandonou à própria sorte
à deriva, afastado da glória
esse lastro a nos segurar

O sentido da arte - hélio schwartsman

Há coisas que nunca imaginei que viveria para ver. Elas incluem assistir ao PT no comando da fisiologia nacional (sim, "mea culpa, mea maxima culpa", eu fui um dos trouxas que acreditaram que o partido era "diferente") e testemunhar o pedido da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para que os trabalhos do artista pernambucano Gil Vicente sejam excluídos da Bienal de São Paulo, que começa neste sábado.

É verdade que os desenhos da série "Inimigos" são fortes. Eles retratam o próprio artista atentando contra a vida de figuras públicas como Lula, Fernando Henrique Cardoso, Bento 16 e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Mas, como já escrevi algumas vezes neste espaço, ninguém precisa de licença para dizer o que todos querem ouvir. Para fazer sentido, as garantias constitucionais à liberdade de expressão precisam ser robustas. Devem necessariamente abranger discursos, textos e imagens capazes de chocar e até de causar a revolta de parcelas da sociedade. Que boa parte dos cidadãos não entenda isso e proteste contra a exibição de obras específicas é esperado; que o presidente da OAB caia nessa mesma esparrela e advogue pela censura é sintomático da decadência dessa instituição, que já desempenhou papéis mais nobres na história deste país. Mas não pretendo, na coluna de hoje, falar mal da OAB. Isso eu já fiz num texto mais antigo. O que eu quero discutir é a arte.

Para que diabos ela serve? A questão é das mais polêmicas entre neurocientistas. A exemplo do que se dá com a religião, os especialistas podem ser divididos no bloco dos que acreditam que a arte é uma adaptação humana obtida por seleção natural e o dos que pensam que ela é apenas um efeito colateral resultante da forma como nossos cérebros estão montados. No primeiro grupo encontram-se pesos-pesados do neodarwinismo, como o eterno Richard Dawkins, Stephen Jay Gould e Steven Pinker. No segundo, estão o próprio Charles Darwin (para ele, o senso estético era uma faculdade intelectual fruto da seleção), a antropóloga Ellen Dissanayake, o psicólogo Geoffrey Miller, e a dupla dinâmica da psicologia evolutiva, John Tooby e Leda Cosmides, que mudaram de lado, abandonando a tese da arte como subproduto para abraçar a teoria da adaptação. Mas prossigamos com um pouco mais de calma, pois essa é uma questão extremamente controversa e que envolve conceitos complicados.

Dawkins, Gould e Pinker relutam em aceitar a arte como adaptação porque isso teria implicações profundas sobre a biologia. Em primeiro lugar, mesmo que recuemos o comportamento artístico para uns 50 mil ou 100 mil anos atrás (e poucos ousam ir mais longe), esse ainda é um período curto demais para que a evolução tenha deixado marcas em nossos genes.

Outra objeção forte é que admitir o caráter adaptativo da arte abre um flanco para a noção de seleção de grupo, vista com grande desconfiança pela linha dura do darwinismo. A ideia, defendida principalmente por Dissanayake, é que a arte teria sido selecionada porque, ao reforçar a coesão do grupo através de cantos e danças comunais, por exemplo, ela o tornaria mais apto a enfrentar bandos rivais e sobreviver. O problema com a seleção de grupo é que ela não é lá muito estável, porque sempre valeria a pena para indivíduos egoístas pegar uma carona na coesão grupal sem dar sua justa contribuição. Eles teriam maior sucesso reprodutivo, espalhando genes menos colaborativos. Seria assim muito difícil fixar num "pool" genético qualquer características que favorecem o grupo.

É por essas e outras que Pinker classifica a arte como "cheesecake mental", algo sem valor adaptativo em si, mas que explora, como as comidas gordurosas e doces, os mecanismos biológicos que nos dão prazer. Uma outra analogia válida é com as drogas recreativas. Seria até ridículo imaginar que elas representam uma adaptação, mas é inegável que afetam, e muito, nossos cérebros, proporcionando prazer em doses tão cavalares que podem mobilizar toda nossa atenção neuronal, como no caso do vício.

A exemplo do neurocientista Michael Gazzaniga, autor de "Human: The Science Behind What Makes Your Brain Unique", acho mais prudente não tomar partido nessa polêmica, mas apenas expor o que me parecem ser os melhores argumentos de cada lado. E, por falar em argumento, Geoffrey Miller, tem um interessante. Para ele, a arte é o resultado da seleção sexual. Ela está para o gênero humano como a cauda do pavão está para a família dos fasianídeos: uma exuberância biologicamente custosa que só existe porque atribui a seu detentor inequívoco sucesso entre as fêmeas, o que se traduz em importante vantagem reprodutiva.

Curiosamente, a teoria de Miller acaba explicando um pouco da demografia da arte: considerados os grandes números, a maioria dos artistas são homens no pico da atividade sexual. São ideias que, se levadas muito a sério, tiram algo da transcendência da arte e nos aproximam dos canários. Mas quem disse que pássaros, ao cantar, não experimentam a versão aviária da transcendência?

Outro ponto interessante é o da ficção. Foi ele que fez com que Tooby e Cosmides mudassem de posição. OK, todo mundo está cansado de saber que a arte é um universal humano. Não há aldeia indígena, por mais remota que seja, que não faça alguma coisa pragmaticamente inútil com penas e sementes e não se reúna para cantar e dançar. Mas isso não é tudo. A ficção, isto é, histórias inventadas também são universais e, exceto por fundamentalistas religiosos, ninguém as toma por realidade. Já desde a mais tenra idade aprendemos a diferenciá-las. Para os dois pesquisadores, esse mecanismo de decupagem é um sinal de adaptação. Confundir fatos com ficções é, evidentemente, perigoso, como o provam os homens-bombas que imaginam ir para um paraíso repleto de virgens (Alcorão 44:54 e 55:70) e "mancebos eternamente jovens" (Idem 56:17). Se desenvolvemos um sistema para operar a distinção e aparentemente estamos todos dotados com a capacidade de extrair prazer de narrativas inventadas, isso implica que a experiência ficcional é benéfica. Ponto para a adaptação.

Resta apenas explicar como ela pode ser benéfica. Já abordei com algum detalhe esse tema na coluna "A título de brincadeira", publicada em junho. O que vale a pena reter é que a ficção nos proporciona a possibilidade de "viver" determinadas situações. A experiência pode não ser tão intensa como na realidade e, embora isso atenue as sensações, também nos preserva dos perigos. Assistir no cinema a alguém sendo devorado por tubarões é mais seguro do que presenciar a cena "in loco". Sempre pode sobrar uma dentada. Essa simulação segura é, em geral, uma boa oportunidade de aprendizado, seja para lidar com as próprias emoções, seja para adestrar-se numa atividade relevante. No mundo animal, as brigas de brincadeira entre filhotes são uma forma de aprendizado para a luta --sem o risco de ferimentos.

É exatamente isso o que faz Gil Vicente ao "atentar" artisticamente contra Lula, FHC "et caterva". De um só golpe, ele exibe seus dotes para o desenho, nos faz experimentar emoções e quem sabe até refletir. É o verdadeiro sentido da arte. Só a OAB não percebe aqui a diferença entre ficção e realidade.

Dupla americana simula milagre de Moisés; divisão do mar teria sido no Nilo - REINALDO JOSÉ LOPES

Segundo o texto bíblico, "um forte vento leste" soprando sobre o mar teria aberto as águas para Moisés e os israelitas que fugiam do Egito. Agora, dois cientistas dizem que o "milagre" é compatível com as leis da física.

Carl Drews, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, e Weiqing Han, da Universidade do Colorado em Boulder, traçam um cenário que eles consideram "relativamente próximo" do descrito no livro do Êxodo, o segundo da Bíblia.



Em artigo recente na revista científica "PLoS One", eles estimam que um vento de velocidade próxima de 100 km/h, soprando sobre a desembocadura do rio Nilo por 12 horas, teria sido suficiente para empilhar as águas e abrir uma passagem com alguns quilômetros de largura.

Drews e Han chegaram a essa conclusão com simulações, em computador, do comportamento do líquido, e levando em conta como seria a topografia do Egito no fim da Idade do Bronze (por volta de 1250 a.C.). Essa é a época mais aceita para a suposta fuga dos escravos israelitas, liderados pelo profeta Moisés.

Um detalhe importante para que a análise dê certo é que, de acordo com essa hipótese, a travessia dos fugitivos não teria acontecido no mar Vermelho atual.

MAR DE CANIÇOS

A maioria dos estudiosos do texto bíblico considera que a melhor tradução para o termo original hebraico, "Yam Suph", não é "mar Vermelho", mas sim "mar de Caniços". A expressão seria uma referência, portanto, não ao mar entre a África e a Arábia, mas a uma área pantanosa (daí os caniços, plantas aquáticas) onde o Nilo encontra o mar Mediterrâneo.

Acontece que as simulações de como era o delta do Nilo nessa época, levando em conta as rochas e sedimentos da região, indicam a presença de um grande braço do rio, o qual se conectava com uma lagoa salobra, o chamado lago de Tânis.

O vento leste descrito no Êxodo, portanto, teria feito recuar as águas rasas (com cerca de 2 m de profundidade) do braço do Nilo e do lago, o que, em tese, teria permitido a passagem de Moisés e seu povo para longe dos guerreiros do faraó.

EXEMPLOS MODERNOS

Além das simulações e dos dados geológicos, os cientistas citam a ocorrência de fenômenos parecidos em épocas recentes. O vento conseguiu façanha parecida em 2006 e 2008 no lago Erie, nos EUA. No fim do século 19, oficiais britânicos viram algo do tipo acontecer no próprio Nilo (leia texto abaixo).

Como tudo que cerca o lado histórico dos textos bíblicos, a pesquisa já nasce polêmica. Drews, por exemplo, fez algo pouco comum em outros artigos científicos: declarou, logo no início do estudo, que poderia ter conflitos de interesse sobre o tema, já que é cristão e tem um site no qual defende a compatibilidade entre ciência e fé.

Nem ele nem Han dizem ter provado a veracidade do Êxodo. Toda a história da fuga dos israelitas do Egito, aliás, é muito contestada por arqueólogos e historiadores.

Gente como o arqueólogo Israel Finkelstein lembra, primeiro, que não há menções ao épico nos registros egípcios nem artefatos ligados à migração de 40 anos de Moisés e hebreus no deserto.

Em segundo lugar, tanto a língua quanto os artefatos dos povos que formariam mais tarde o reino de Israel são praticamente idênticos aos dos povos que já habitavam a antiga terra de Canaã (hoje dividida entre judeus e palestinos), supostamente invadida pelos israelitas.

Por isso, muitos arqueólogos apostam que o povo de Israel teria surgido dentro da própria Canaã, a partir de tribos que já viviam por lá.

Em caso polêmico, Virgínia executa primeira mulher em quase cem anos

O Estado americano de Virgínia executará nesta quinta-feira Teresa Lewis, 41, condenada por auxiliar na morte de seu marido e enteado. Lewis será a primeira mulher executada em quase cem anos, em um caso que atraiu apelos da União Europeia e uma comparação do Irã com a iraniana Sakineh Ashtiani.

Lewis, que teria graves problemas de aprendizado, deve receber a injeção letal às 21h (em Brasília) no Centro de Correção Greensville, em Jarratt. Ela foi acusada de contratar assassinos de aluguel, aos quais ofereceu sexo, dinheiro e uma parte do seguro de vida, para matar os dois, em outubro de 2002.

Mesmo diante dos apelos internacionais contra a pena de morte, nem o governador Bob McDonnell, nem a Corte Suprema dos EUA quiseram intervir por Lewis. Seu advogado, pago pelo Estado, alegou que ela não tinha a inteligência necessária para organizar os assassinatos e que foi manipulada pelos assassinos, que seriam seus amantes.

Os defensores de Lewis dizem que ela é uma mulher mudada e que mesmo suas colegas de prisão dizem que ela é uma inspiração por sua fé e música gospel que canta no Centro de Correção para Mulheres Fluvanna.

Em uma carta a McDonnell, a UE pediu ao governador que alterasse sua sentença para prisão perpétua, citando a deficiência mental de Lewis, o que seria contrário aos padrões mínimos de direitos humanos.

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, também apelou para o caso de Lewis, mas para rebater as duras críticas recebidas pelo caso da iraniana Ashtiani, condenada ao apedrejamento por adultério e participação no assassinato de seu marido. Ele denunciou um padrão duplo diante do "silêncio da mídia" sobre o caso de Lewis, que considera similar.

Lewis encontrou Rodney Fuller e Matthew Shallenberger em uma loja da rede de supermercados Wal-Mart, em Pittsylvania. Ela ofereceu sexo e dinheiro por armas que entregou aos assassinos contratados para matar seu marido, Julian Clifton Lewis Jr, e seu filho, Julian Lewis, que tinha um seguro de vido de US$ 250 mil em nome do pai.

Na noite anterior ao Halloween, em 2002, Shallenberger e Fuller entraram na casa e mataram os dois homens a tiros. Quando Julian ainda estava sangrando, deitado no chão, Lewis pegou a carteira do bolso de sua calça, tirou US$ 300 e deu aos assassinos.

Os advogados de Lewis alegam que Shallenberger admitiu ser o autor do crime e que enganou Lewis para conseguir parte do seguro de vida. Shallenberger cometeu suicídio na prisão, em 2006. Ele e Fuller foram sentenciados à prisão perpétua.

A execução de Lewis seria a primeira de uma mulher em Virgínia, segundo Estado americano com mais execuções, desde 1912. Texas foi o último Estado a matar uma condenada, em 2005.

Das mais de 1.200 pessoas condenadas à pena de morte desde 1976, quando a Suprema Corte dos EUA retomou a punição, apenas 11 eram mulheres.

Hypnotic Brass Ensemble - Jools Holland Show

terça-feira, setembro 21, 2010

Ex-projetista da F1 cria carro sem portas que combate engarrafamento - JORN MADSLIEN

Um ex-projetista da Fórmula 1 criou um carro ecológico que pode ser a solução para o congestionamento nas grandes cidades. O veículo ocupa um terço do espaço de um carro convencional quando estacionado, é tão estreito que pode dividir uma mesma faixa de rua ou pista com outro automóvel e é construído à base de materiais reciclados.

Sua manufatura dispensa grande parte da maquinaria pesada usada pela indústria automobilística hoje e requer apenas 20% do capital necessário atualmente.
Herói dos amantes do automobilismo, Gordon Murray desenhou, entre outros, a McLaren dirigida por Ayrton Senna quando o brasileiro venceu seu primeiro campeonato na Fórmula 1.

Há seis anos, o projetista abandonou as corridas e, levando consigo a mesma equipe de engenheiros que trabalhava com ele na McLaren, saiu em busca de um novo desafio: construir o minúsculo T 25, um carro urbano que, ele espera, vai revolucionar a forma como automóveis são construídos hoje em dia.

T 25: O PROJETO

O carro de Murray é construído em um galpão à base de fibra de vidro, garrafas de plástico recicladas e tubos ocos de aço. Ele utiliza um quinto dos materiais necessários para se construir um carro convencional.

O veículo leva três passageiros, pesa 575 kg, tem 240 cm de comprimento, 130 cm de largura e 160 cm de altura. Ele alcança a velocidade máxima de 145 km/h e deve custar em torno de US$ 9 mil.

Segundo seus idealizadores, um carro como esse teria o potencial de impedir engarrafamentos nas estradas do mundo, tendo em vista projeções de que o número de veículos no planeta deva atingir 2,5 bilhões por volta de 2020.

Ele também pode permitir que milhões de pessoas realizem seu sonho de ter um carro - mas consumindo menos recursos vitais para o planeta, como água, energia ou aço.

MENTALIDADE DE FORMULA 1

O objeto que concretiza a visão de Murray está guardado em um prédio modesto em uma região industrial em Surrey, no sudeste da Inglaterra. O T 25 não tem portas. Para entrar nele, é preciso erguer a cabine do motorista.

Seguindo o padrão dos supercarros da Fórmula 1, o motorista se senta sozinho na parte dianteira do carro, no meio do veículo, com os dois assentos de passageiros localizados na parte traseira.

Também seguindo o modelo da F1, o T 25 é construído com materiais compostos --e apenas os mais baratos. Os painéis do corpo do carro e o monocoque (ou base) são reforçados com vidro, que custa muito menos do que o carbono, diz Murray.

"Algumas das fibras são (agrupadas em padrões) aleatórios, algumas são entrelaçadas e outras são unidirecionais - isso é mentalidade de Fórmula 1", disse Murray à BBC.

A estrutura está fixada em uma armação feita com um tubo de aço que "sozinho, não é forte o suficiente". Murray explica, no entanto, que uma vez que o monocoque é colado ao tubo, em um processo similar à forma como as janelas de um carro são fixadas no corpo do veículo, ele se torna "tão resistente e seguro como um carro convencional".

MANUFATURA

Segundo Murray, o processo de fabricação dos carros criados por sua equipe, batizado de iStream, é flexível e barato. Ele dispensa as instalações gigantescas das fábricas convencionais e grande parte da maquinaria pesada e altamente poluidora, como as grandes prensas que fabricam componentes de aço e as soldadoras.

Para fazer qualquer modificação no tamanho da armação ou na forma e cor do corpo do carro, basta reescrever o software, explica Murray. Ou seja, uma mesma linha de produção pode fabricar modelos diferentes em um único dia.

Dessa forma, a fábrica do futuro pode ser menor e mais barata, além de poluir menos.

PROPRIEDADE INTELECTUAL

Gordon Murray explicou que o objetivo de sua equipe é projetar carros que, ele espera, sejam produzidos em massa muito em breve. Além do modelo para três passageiros, Murray e sua equipe - composta por 30 engenheiros - estão secretamente desenvolvendo vários desenhos diferentes - veículos para dois, cinco e oito passageiros, além de um ônibus.

Ele enfatiza, no entanto, que seu objetivo não é fabricar os carros e, sim, mostrar ao mundo o que sua equipe é capaz de fazer. "Sou conhecido como um projetista, minha equipe constitui uma empresa de engenharia, mas na verdade a essência do nosso negócio é propriedade intelectual."

"Quero vender tantas licenças iStream para tantas pessoas e para tantos carros diferentes quanto possível, no mundo inteiro", diz Murray.

ECONOMIA

O argumento final de Gordon Murray em favor de seu carro visionário, no entanto, é econômico.

O uso de componentes mais baratos, em menor quantidade, e uma estrutura de fabricação menor, oferece aos fabricantes cortes tremendos nos custos e reduz os riscos do investimento. "A fábrica que constrói um carro iStream - qualquer que seja a forma ou o tamanho do carro - tem cerca de 20% do investimento de capital e 20% do tamanho de uma planta convencional de fabricação", ele disse. "E (usa) cerca de a metade da energia".

"Nós rasgamos o manual de regras e o jogamos pela janela".

Senna Trailer in Lego Stopmotion (HD)

quinta-feira, setembro 16, 2010

Ator famoso nos anos 80 vive escondido de amigo que acredita querer matá-lo - CRISTINA FIBE

John Lurie, 58, sumiu. O ator e músico, que nos anos 1980 virou ícone "cool" ao fazer alguns dos filmes mais incensados da década, fugiu de Nova York há dois anos.

Nascido em Worcester, Massachusetts, ele morava em Manhattan desde 1978. Foi vivendo ali que virou amigo do diretor Jim Jarmusch e de Tom Waits ("Daunbailó"), fez sucesso com o grupo The Lounge Lizards e usou cocaína com outras personalidades "cool".

Um amigo que conheceu nos anos 1990 foi o motivo da fuga da cidade à qual ficaria para sempre associado.

O pintor John Perry, 13 anos mais novo, havia se tornado uma das pessoas mais próximas de Lurie, mesmo após 2002, quando o ator foi dominado pelos sintomas de uma doença misteriosa.

Enquanto era diagnosticado com inúmeros distúrbios, de esclerose múltipla a epilepsia, Lurie, sem poder tocar nem filmar, fechou-se em seu apartamento, no Soho.

"Depois que fiquei doente, meus amigos artistas, à exceção de Flea [do Red Hot Chili Peppers] e Steve Buscemi, me largaram", Lurie disse à revista "New Yorker", que, na edição de agosto, dedicou dez páginas ao ator.

Perry ficou ao seu lado. Até que, em 2008, pediu-lhe um favor. O pintor queria que Lurie posasse para ele na gravação do piloto de um programa sobre desenho, na esperança de ser contratado por um canal de TV.

VIDA EM FUGA

A revista conta que, em uma noite de novembro de 2008, Lurie se sentiu mal algumas horas depois do início das filmagens, que teve um investimento de US$ 6 mil (cerca de R$ 10 mil).

Quando começou a ter a sensação de que abelhas o estavam picando, avisou de sua "agonia". Pediu desculpas e cortou a gravação. Precisou de ajuda para pegar um táxi para casa.

Ao observá-lo indo embora, Perry "tinha o semblante intenso, perdido, infantil. Mais tarde, pensei, aquele foi o momento em que decidiu me matar", afirma Lurie.
Inconformado com a inconclusão do vídeo, Perry passou a acreditar que Lurie saíra para assistir a uma luta de boxe pela TV. Ligava e escrevia pedindo explicações.

Quando Lurie tentou cortar relações, passou a ser perseguido e concluiu que o amigo queria matá-lo.

Em entrevista à Folha, o ator, que viaja de um lado a outro e evita contar onde está, atribui a fuga ao fato de ter "um amigo que ficou louco e quer me machucar a qualquer custo".

À "New Yorker" Perry reconheceu que "nunca havia ficado tão bravo", mas disse que jamais teve a intenção de fazer mais do que "bater nele" --queria apenas aterrorizá-lo até ser compreendido.

Leia a seguir trechos da entrevista que o ator concedeu à Folha:

Folha - Como vê hoje a sua carreira como ator? Algum orgulho ou arrependimento?
John Lurie - Eu não sei, nunca senti realmente que tivesse uma carreira como ator. Nunca fiz o bastante para saber o que estava fazendo. Não, não me arrependo de nada.

Quando começou a pintar profissionalmente?
Comecei quando criança e nunca parei. Quando fiquei doente e preso em casa, concentrei-me mais nisso.

As pessoas falam muito de sua amizade com Jean-Michel Basquiat [1960-1988], mas me parece que o acha superestimado. Por quê?
Eu não acho que ele seja superestimado. Quero dizer, ele fez algumas pinturas que não eram tão boas, mas também algumas ótimas. É estranho como as pessoas falam sobre a nossa amizade. Ele era um garoto que me seguia. Dormia no meu chão. E, de repente, ele era esse sucesso gigantesco como pintor --e então ficou desagradável e confuso.

O que o fez deixar Nova York?
Tenho um amigo que ficou louco e quer me machucar a qualquer custo.

Pode me contar onde está morando agora? Vive sozinho? Sente-se isolado?
Eu não me sinto isolado, eu estou isolado.

Algo mudou por causa da reportagem da "New Yorker"? John Perry ainda o persegue?
A reportagem era realmente ruim. Nada mudou, exceto pelo fato de que as pessoas supõem que o problema está resolvido porque apareceu em uma revista --mas nada poderia estar mais distante da verdade.

As pessoas dizem que você é um "ícone 'cool' de NY". O que acha disso?
Eu ignoro. O que isso quer dizer? Não gosto da ideia de "cool" ["frio", na tradução literal]. Preferiria ser "warm" ["quente", "afetuoso"].

Quais são seus planos para o futuro?
Não tenho a menor ideia.

Bem-amado de Cristo, Judas não traiu Jesus nem se suicidou, mostra romance bíblico - ARIADNE ARAÚJO

De o mais infame traidor das histórias religiosas, ele foi alçado ao seu verdadeiro papel de discípulo bem-amado de Cristo. A verdade por trás da história de Judas Iscariotes gerou comoção em 2005, com a descoberta de um manuscrito em péssimo estado, no deserto egípcio, que apenas os eruditos desconfiavam existir. Os fragmentos, chamados agora de Evangelho de Judas, abalaram não só pesquisadores no mundo todo, mas fizeram o Vaticano reconsiderar o caso do homem que, por 20 séculos, foi sinônimo de traição.

Em "Judas, o Bem-Amado" (Bertrand), o ensaísta, erudito e romancista Gerald Messadié vai construindo a imagem desse personagem lendário que, de tão dedicado ao seu Mestre, foi arrastado à pior desgraça. Pois, ao contrário do que nos foi contado desde a infância, Judas não traiu Jesus em troca das tais 30 moedas, mas teria atendido a um difícil pedido do próprio Cristo: "Você é quem deve lhes revelar onde estarei, depois da ceia de Nicodemos". Judas, ainda sem fôlego, teve forças de pedir: "Mestre, peça a um outro".

Para escrever seu romance bíblico, Messadié se apoiou em evangelhos canônicos, textos bíblicos e os da exegética moderna, que é a área da teologia cristã que estuda e interpreta livros sagrados. A partir desse material, o autor revela o porquê da hostilidade ferrenha que levou o clero de Jerusalém a pedir a morte de Jesus. Os judeus adoravam o Criador que, no início, criou tudo, o bem e o mal, Jeová e Satã. Mas o Mestre pregava outra coisa: "O Criador é um deus indiferente. Não é o nosso, Somente Jeová é o Deus Bom".

No romance bíblico de Messadié, surge uma história bem diferente da versão tradicional. Além da reabilitação do nome de Judas, o Mestre teria escapado com vida dos suplícios da cruz. Judas viu o Mestre com sangue nos lábios e teve aí um sobressalto. Os cadáveres não sangram. "Ele sabia, ele sabia! Jesus não estava morto!". No túmulo, no Monte das Oliveiras, para onde foi levado, Jesus recobra os sentidos e murmura: "Então estou vivo".

"O que deveria ser, não será", disse Jesus, ao dar-se conta que tinha sobrevivido ao suplício na cruz. Na tumba, aos companheiros, Ele tenta entender: "Então, é uma outra história e não a minha". Pois, para o Cristo do livro de Messadié, se Ele não fora sacrificado conforme era previsto nas Escrituras, a cólera do Pai não tinha sido conjurada e, então, a ignorância iria durar ainda muito tempo no mundo. "O combate, então, será bem mais demorado e mais cruel".

Os diálogos, as paisagens, o clima histórico, os conflitos - a história é a mesma, a história é bem diferente. Gerald Messadié resolve contradições presentes nos Evangelhos. Onde há dúvida e lacunas, ele preenche com soluções possíveis. Assim, Judas, o bem-amado de Cristo nem teria traído nem se suicidado. O fato de ter sido encontrado enforcado em uma árvore tem outra explicação. No posfácio, o autor diz que essa nova história não altera em nada o ensinamento de Jesus, "mas sacode muitos pontos de uma tradição baseada em dogmas".

quinta-feira, setembro 09, 2010

Amante é condenada a pagar US$ 5,8 milhões a esposa traída - BBC Brasil

Uma mulher acusada de destruir um casamento na Carolina do Norte foi condenada a pagar US$ 5,8 milhões de dólares (cerca de R$ 10 milhões) em indenização à mulher traída, depois de "roubar seu marido".

Susan Percoraro foi passar um tempo na casa da ex-amiga, a radiologista Lynn Arcara, quando esta estava grávida de alguns meses do primeiro filho, para ajudá-la a decorar o quarto do bebê.

Só que na ocasião, Percoraro, de 45 anos, também começou uma relação extra-conjugal com o marido de Arcara, Russell, militar da reserva.

"Ela veio, ajudou minha cliente a pintar o quarto do bebê e, no processo, tomou o marido dela", disse a advogada de Arcara, Cynthia Mills.

A condenação foi baseada em uma lei antiga, de alienação de afeto, em vigor apenas em sete Estados americanos.

No tribunal de Pitt County, na Carolina do Norte, a advogada de Arcara teve que provar que o casal era feliz antes da intervenção da amiga.

"Ela era uma grande esposa, é uma grande mãe e uma grande pessoa", disse Mills.

O valor da indenização foi o segundo mais alto já imposto no Estado para a violação desta lei, segundo a rede de TV WNCT.

Arcara só descobriu a traição depois do nascimento da filha e, desde então, mudou-se para a Flórida.

A Carolina do Norte é um dos poucos Estados americanos a adotar a lei de alienação de afeto, mas a ré poderá abrir mão de pagar a indenização, já que mora no Estado de Maryland, onde a sentença não seria aplicada.

Se ela voltar à Carolina do Norte, no entanto, corre o risco de ser presa.

"Modelo econômico cubano não funciona mais para nós", diz Fidel Castro - DA REUTERS, EM HAVANA

Fidel Castro disse que o modelo econômico de Cuba não funciona mais, escreveu um jornalista dos EUA nesta quarta-feira, após entrevistar o ex-ditador cubano na semana passada. Jeffrey Goldberg, da revista "Atlantic Monthly", contou em um blog que perguntou a Fidel, 84, se ainda valeria tentar exportar o modelo comunista cubano para outros países."'O modelo cubano não funciona mais nem para nós", respondeu ele.

No blog, o jornalista conta que, no momento, chegou a duvidar do que ouvia. "Eu não tinha certeza de que escutara corretamente", escreveu.

O encontro com Fidel -- que ocorreu no Aquário Nacional de Cuba-- contou também com a presença de Adela Dworin, presidente da comunidade judaica no país. Goldberg conta que buscou Adela em uma sinagoga e ambos se encontraram com Fidel na porta do aquário. Os três seguiram então até o local onde ocorre o show dos golfinhos.

Durante a visita, Fidel beijou Dworin diante das câmeras, em uma "possível mensagem aos líderes iranianos", disse Goldberg no seu blog.

Segundo o autor, Fidel lhe pareceu "fisicamente frágil, mas mentalmente lúcido e com energia".

"Você gosta de golfinhos?", perguntou Fidel ao jornalista no início do encontro, que retrucou: "Gosto muito".

O ex-ditador teria chamado então Guillermo Garcia, diretor do aquário e disse: "Goldberg, faça perguntas a ele sobre os golfinhos"."Que tipo de perguntas?", teria dito o jornalista. "Você é jornalista, faça boas questões", respondeu Fidel. "Ele não entende muito sobre golfinhos, de qualquer forma. Ele é físico nuclear".

"Por que você cuida do aquário?", perguntou então Goldberg, segundo o blog.

"Nós o colocamos aqui para evitar que ele construísse uma bomba nuclear!", brincou Fidel.

"Em Cuba, nós só construímos armas nucleares com fins pacíficos", respondeu Garcia.

"Não pensei que estivéssemos no Irã", acrescentou Goldberg.

Fidel apontou então para um pequeno tapete que seus seguranças trazem junto com a cadeira especial que usa e disse: "Veja, é persa!", brincou.

MUDANÇAS

O comentário parece refletir a concordância de Fidel --já manifestada em uma coluna publicada em abril na imprensa estatal cubana-- com as modestas reformas econômicas que vêm sendo promovidas por seu irmão caçula Raúl Castro, atual presidente de Cuba.

Goldberg disse ainda que Julia Sweig, especialista em Cuba na entidade norte-americana Conselho de Relações Exteriores --que o acompanhou a Havana-- acredita que as palavras de Fidel reflitam uma admissão de que "o Estado tem um papel grande demais na vida econômica do país".

Tal sentimento ajudaria Raúl, no poder desde 2008, contra membros do Partido Comunista que são contrários às tentativas de enfraquecer o domínio econômico estatal, disse Sweig a Goldberg.

Nesta terça-feira, Goldberg escreveu que Fidel o chamou a Havana para discutir seu recente artigo sobre a possibilidade de um conflito nuclear entre Israel e Irã, com possível envolvimento dos EUA.

O jornalista disse que Fidel criticou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por fazer comentários antissemitas e negar a existência do Holocausto.

Depois de reaparecer em público, após quatro anos de afastamento por motivos de saúde, Fidel se tornou um ativista do desarmamento nuclear. Ele teme uma guerra atômica caso Israel e os EUA tentem impor o cumprimento de sanções internacionais ao programa nuclear iraniano. Washington e seus aliados acusam Teerã de tentar desenvolver armas atômicas, o que a República Islâmica nega.

Fidel também criticou suas próprias ações durante a chamada Crise dos Mísseis, em 1962, quando ele aceitou a instalação de ogivas nucleares soviéticas na ilha e tentou convencer Moscou a atacar os EUA. Na entrevista a Goldberg, ele disse que aquele impasse "não valeu nada a pena".

terça-feira, setembro 07, 2010

"O Brasil de hoje deve sua existência à capacidade de vencer obstáculos que pareciam insuperáveis em 1822", diz Laurentino Gomes - Antônio Carlos Olivieri Karina Yamamoto

O jornalista Laurentino Gomes costuma dizer que escrever sobre a Independência do Brasil era "quase uma obrigação". Jornalista experiente e talentoso, ele é autor do famoso 1808, livro que narra as aventuras da família real no Brasil. Por que ler 1822? "Este é um livro reportagem, escrito em linguagem simples e acessível a qualquer pessoa interessada em entender um pouco melhor o Brasil de hoje", conta Laurentino.
Segundo ele, a colônia que viria a ser o Brasil, "tinha tudo para dar errado". Confira trechos da entrevista concedida ao UOL Educação, por e-mail:
UOL Educação - 1822 é um livro apenas para quem gosta de histõria?
Laurentino Gomes - No livro eu mostro que em 1822 o Brasil tinha tudo para dar errado. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. O analfabetismo era geral. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na divisão do território, a exemplo do que já ocorria nas vizinhas colônias espanholas. Sem dinheiro, o novo país nascia falido. Curiosamente, esse Brasil improvável conseguiu se manter unido e se firmar como nação independente por uma notável combinação de sorte, acaso, improvisação, e também de alguma sabedoria. O Brasil de hoje deve sua existência à capacidade de vencer obstáculos que pareciam insuperáveis em 1822. E isso, por si só, é uma enorme vitória, mas de modo algum significa que os problemas foram resolvidos. Ao contrário. A Independência foi apenas o primeiro passo de um caminho que se revelaria difícil, longo e turbulento nos dois séculos seguintes. As dúvidas a respeito da viabilidade do Brasil como nação coesa e soberana, capaz de somar os esforços e o talento de todos os seus habitantes, aproveitar suas riquezas naturais e pavimentar seu futuro persistiram ainda muito tempo depois da Independência.
UOL - Dom Pedro 1º é de fato, o protagonista da histõria da Independência do Brasil?
Laurentino - D. Pedro foi um meteoro que cruzou os céus da história numa noite turbulenta. Deixou para trás um rastro de luz que ainda hoje os estudiosos se esforçam por decifrar. Viveu pouco, apenas 35 anos, mas seu enigma permanece nos livros e nas obras populares que inspirou. Raros personagens passaram para a posteridade de forma tão controversa. Era uma força viva da natureza.
UOL - E o Dom Pedro chefe de Estado, como era? Tinha ideias próprias ou sempre estava sob as asas de José Bonifácio?
Laurentino - Nas idéias políticas, D. Pedro foi um personagem à frente do seu tempo. Era admirador de Napoleão Bonaparte, o homem que havia obrigado seu pai, D Pedro, a fugir de Portugal. Tinha um discurso liberal, mas uma índole autoritária. Fechou a constituinte em 1823 porque os deputados não se curvaram à sua vontade e, no ano seguinte, outorgou ao Brasil uma das constituições mais liberais e avançadas da época. Depois de abdicar ao trono brasileiro, em 1831, voltou a Portugal para defender as idéias liberais numa guerra épica contra o irmão, D. Miguel, que havia usurpado o trono português em um golpe absolutista. A vitória de D. Pedro nessa guerra foi celebrada pelos liberais no mundo todo. Era, portanto, um homem que idéias próprias e bem diferentes daquelas defendidas pelo seu pai, D. João VI, e a mãe, Carlota Joaquina, que os últimos soberanos absolutos de Portugal.
UOL- Qual é a importância de José Bonifácio em todo o processo?
Laurentino - O Brasil que emergiu das Margens do Ipiranga em 1822 tem a inconfundível assinatura de José Bonifácio. Foi o grande conselheiro e braço direito de D. Pedro na Proclamação da Independência. Com a ajuda dele, o jovem príncipe de apenas 23 anos conseguiu manter o país unido naquele momento em que os riscos de uma guerra civil e de separação das diferentes províncias eram enormes. Bonifácio esteve à frente do ministério de D. Pedro por escassos dezoito meses, de janeiro de 1822 a julho de 1823, mas nenhum outro homem público brasileiro realizou tanto em tão pouco tempo. Sem ele, o Brasil de hoje provavelmente não existiria. Na Independência, Bonifácio era “um homem com um projeto de Brasil”, na definição do historiador e jornalista Jorge Caldeira. Na sua visão, a única maneira de impedir a fragmentação território brasileiro após a separação de Portugal seria equipá-lo com um “centro de força e unidade” sob o regime de monarquia constitucional e a liderança do imperador Pedro I. Foi essa a fórmula de Brasil que trinfou em 1822.
UOL - Pouco depois da Independência, iniciado o Primeiro Reinado, não demorou a ocorrer um desentendimento entre o poder Executivo, exercido por dom Pedro, e os parlamentares, de modo que nossa primeira Assembleia Constituinte foi fechada e nossa primeira Constituição outorgada (em vez de promulgada). Pode-se dizer que o estigma dos governos autoritários no país nasceu simultaneamente ao próprio país?
Laurentino - Os riscos do processo de ruptura com Portugal eram tantos em 1822 que a elite brasileira, constituída por traficantes de escravos, fazendeiros, senhores de engenho, pecuaristas, charqueadores, comerciantes, padres e advogados, se congregou em torno do imperador Pedro I como forma de evitar o caos de uma guerra civil ou étnica que, em alguns momentos, parecia inevitável. Conseguiu, dessa forma, preservar os seus interesses e viabilizar um projeto único de país no continente americano. Cercado de repúblicas por todos os lados, o Brasil se manteve como monarquia por mais de meio século. Como resultado, o país foi edificado de cima para baixo. Coube à pequena elite imperial, bem preparada em Coimbra e outros centros europeus de formação, conduzir o processo de construção nacional, de modo a evitar que a ampliação da participação para o restante da sociedade resultasse em caos e rupturas traumáticas. Alternativas democráticas, republicanas e federalistas, defendidas em 1822 por homens como Joaquim Gonçalves Ledo, Cipriano Barata e Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, este líder e mártir da Confederação do Equador, foram reprimidas e adiadas de forma sistemática.
UOL - Portugal só reconheceu a Independência do Brasil em 1825, mediante uma indenização de dois milhões de libras. Teria sido esse o primeiro “arranjo entre as elites” da história do Brasil?
Laurentino - A assinatura do tratado com Portugal, em 1825, abriu o caminho para que todas as demais monarquias europeias reconhecessem o Brasil independente. A primeira foi a Inglaterra, em janeiro de 1826. Depois, Áustria, França, Suécia, Holanda e Prússia. Os termos da negociação com Portugal, no entanto, causaram revolta entre os brasileiros e contribuíram para desgastar a imagem de D. Pedro, em especial quando se tomou conhecimento de uma cláusula secreta pela qual o Brasil se comprometia a pagar aos portugueses a quantia de dois milhões de libras esterlinas a título de indenização. Parte desse dinheiro seria destinado a cobrir empréstimos que Portugal havia contraído na Inglaterra com o objetivo de mobilizar tropas, navios, armas e munições para combater a emancipação do Brasil entre 1822 e 1823. Propriedades e outros bens portugueses confiscados durante os conflitos também seriam devolvidos aos seus donos originais. Em resumo, depois de ganhar a guerra caberia aos brasileiros ressarcir os prejuízos dos adversários derrotados. Os adversários acusaram D. Pedro de “comprar a independência”

Maioria é contra adoção por casal gay no Brasil - CLÁUDIA COLLUCCI

Quase dois meses após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reconhecer que casais homossexuais têm o direito de adotar, 51% dos brasileiros dizem ser contra essa prática. Outros 39% são favoráveis à adoção por gays.

É o que revela pesquisa Datafolha realizada entre os dias 20 e 21 de maio com 2.660 entrevistados em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

As mulheres são mais tolerantes à adoção por homossexuais que os homens: 44% contra 33%. Da mesma forma que os jovens em relação aos mais velhos: na faixa etária entre 16 e 24 anos, a prática é apoiada por 58%, enquanto que entre os que têm 60 anos ou mais, por apenas 19%.

"Já é um grande avanço. Na Idade Média, éramos queimados. Depois, tidos como criminosos e doentes. O fato de quase 40% da população apoiar a adoção gay é uma ótima notícia", diz Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).

Ele reconhece, porém, que o preconceito é ainda grande. "Serão necessárias muitas paradas e marchas para convencer a população de que somos cidadãos que merecemos o direito da paternidade e da maternidade."

A taxa de pessoas favoráveis à adoção por homossexuais cresce com a renda (49% entre os que recebem mais de dez salários mínimos contra 35% entre os que ganham até dois mínimos) e a escolaridade (50% entre os com nível superior e 28%, com ensino fundamental).

Para a advogada Maria Berenice Dias, desembargadora do Tribunal de Justiça do RS, a tendência é que a decisão do STJ sirva de jurisprudência em futuras ações e que isso, aos poucos, motive mais pessoas a aprovarem a adoção por homossexuais.

"A maioria da população brasileira ainda é conservadora, mas já foi pior."

Entre as religiões, os católicos são os mais "progressistas": 41% se declaram a favor da adoção por homossexuais e 47%, contrários. Entre os evangélicos pentecostais, a desaprovação alcança o maior índice: 71%, contra somente 22% favoráveis.

O padre Luiz Antônio Bento, assessor da comissão para vida e família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), afirma que a adoção por homossexuais fere o direito de a criança crescer em um ambiente familiar, formado por pai e mãe, e isso pode trazer "problemas psicológicos à criança".

A psicóloga Ana Bahia Bock, professora da PUC de São Paulo, discorda. "A questão é cultural. Se a criança convive com pessoas que encaram com naturalidade [a sexualidade dos pais], ela atribui um significado positivo à experiência."

França é capaz de converter os povos que conquista, diz cientista político - PATRICK WEIL

Em 8 de março de 1872, logo após a vitória da Prússia sobre a França na guerra de 1870-1871, Francis Lieber, professor de origem prussiana da Universidade Columbia, de Nova York, escreveu a seu amigo Charles Sumner, senador anti-escravagista e francófilo havia muito tempo: "Recebi de Berlim um apelo para levantar fundos entre os alemães dos EUA para ajudar com a edificação de uma fundação Bismarck na Universidade de Estrasburgo. Está claro que o governo alemão está muito interessado em fazer de Estrasburgo uma universidade de primeiro nível, o que não deixa de significar alguma coisa. Os franceses a relegaram ao descaso. Mas eles relegaram ao descaso e continuam a relegar ao descaso tudo, exceto Paris. Retorno a minha velha questão: o que é que faz com que os franceses sejam o único povo capaz de converter os povos que conquistam? Estes não recebem benefício algum da França. A despeito disso, eles se manifestam em favor da França. Nem os alemães, nem os ingleses, nem os americanos conseguem isso. Qual é a razão?"

Sumner já havia respondido a pergunta: ele considerava que a igualdade perante a lei, princípio contido na Declaração francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, era o mais importante dos direitos, e ele quis introduzi-lo na Constituição americana. O que explicaria a ligação do morador de Estrasburgo com a França seria, portanto, que, sendo francês, ele era igual ao parisiense, apesar de distante dele no plano cultural --devido à língua germânica e à religião, com frequência protestante--, enquanto que, alemão desde 1871, ele se tornou inferior ao prussiano de Berlim, na medida em que a Alsácia-Mosela tinha status de colônia no novo império alemão.

Cada Estado-nação se refere a uma geografia, a uma história e ao sentimento de compartilhar um destino comum com outros cidadãos, através do elo da nacionalidade. Mas esses elementos comuns glorificados frequentemente conduzem ao nacionalismo mais absurdo. Alguns meses depois de, em 25 de junho de 1940, terem ouvido o marechal Pétain evocar a terra, definida como "a própria pátria" que "não mente", franceses enviados ao serviço de trabalho obrigatório (STO) descobriram, surpresos, que, depois de atravessarem as fronteiras da Bélgica e depois da Alemanha, "é ainda a mesma terra, árvores, vacas, lavouras, rios--nenhum sinal, nenhuma ruptura", ou que as paisagens da Alemanha "são semelhantes às da Dordonha" (Patrice Arnaud).

Os elementos comuns a todos os Estados-nações não determinam os valores e as crenças que, traduzidos nas instituições e nas condutas, simbolizam a especificidade de cada um. Me parece que há quatro "pilares" que constituem um código sociopolítico da França para os franceses e aos olhos do mundo. Produtos de nossa história, eles resistiram a numerosas contestações, a mudanças de governos, de Constituições, de regimes políticos. São ao mesmo tempo uma referência e um programa de ação que sempre precisa ser posto em prática.

Para começar, o princípio de igualdade, que permitia que os habitantes das Províncias conquistadas se identificassem com a França. Transformado e reforçado durante a Revolução, ele está inscrito nos dispositivos importantes do código civil, convertido, por sua perenidade, na Constituição concreta da França. A sucessão dos cidadãos é, por exemplo, fundamentada na igualdade dos filhos --homens e mulheres. Tocqueville via nisso a base da democracia. Em seguida, a língua francesa, língua do Estado desde 1539, foi um instrumento de unificação cultural do reino da França e, depois, da República. Ferramenta de emancipação e de debates, da escola para todos, seu status ao cerne da República das Letras confere uma posição ímpar à cultura e à intelectualidade na França.

Em seguida, a memória positiva da Revolução que compartilhamos com os americanos, mas que nenhum outro povo da Europa possui. Nem a Itália, nem a Espanha, nem a Inglaterra, nem a Alemanha. Não obstante o Terror e outros excessos, a Revolução permanece como referência que se traduz em uma abordagem positiva às mobilizações de massa. A laicidade, por fim, se fundamenta desde 1905 em três princípios: a liberdade de consciência, a separação entre Igreja e Estado e a liberdade de prática de todas as religiões. Desde 1945, ela se impôs como a referência comum de fiéis cada vez mais diversos e de ateus ou agnósticos em número cada vez maior.

Forças e fatores de unificação e de transformação, esses pilares representam a indiferenciação -- assimilação--à qual cada um aspira em certas situações, tanto quanto aspira ao respeito a sua particularidade, em outras. E esses pilares ganharam adesão mais ainda pelo fato de frequentemente terem sido aplicados no reconhecimento dessa diversidade dos franceses, em um equilíbrio que oferece a eles a possibilidade de circular entre identidades compostas.

Sob o Antigo Regime, a igualdade de direitos foi, com frequência, atribuída respeitando a diversidade cultural das províncias vinculadas ao reino da França. Os habitantes da Alsácia, de Flandres ou do Roussillon recorreram a esses direitos para defender seus interesses em conflitos entre particulares. Mas os princípios acabaram por aderir a eles, tornando-se um elemento central de sua identificação com a França (Peter Sahlins).

Mais tarde, sob a 3ª República, a escola "esforçou-se para nos tornar todos iguais" (Mona Ozouf), mas o ensino do francês tolerou a magnificação das pequenas pátrias e o uso da língua regional, que em alguns casos chegou a ser qualificada de materna (Jean-François Chanet). A lei de 1905 permite que judeus e protestantes desenvolvam uma nova diversidade, independente das estruturas oficiais antigas. Após 1918, a Alsácia-Mosela conservou seu estatuto antigo, e foi encontrado um acordo com o Vaticano. A questão da escola particular foi resolvida após 1945.

Essa mesma abordagem de assimilação jurídica e aceitação da diversidade é adotada quando, no final do século 19, a França se tornou um país de imigração. Por uma questão de igualdade, os filhos de imigrados adquiriam a nacionalidade francesa automaticamente. Mas a dupla nacionalidade também era aceita. A questão foi a debate, contudo, em 1922. Desse modo, alemães fixados na Alsácia antes de 1914 poderiam tornar-se franceses e continuar a ser alemães. O Parlamento considerou que se deve "admitir, até prova em contrário, que uma pessoa que tenha conseguido a nacionalidade francesa não é suspeita ou perigosa pelo único fato de conservar interesses morais ou pecuniários no país que deixou". Os dirigentes da França conheciam seus princípios unificadores e tinham aprendido a aplicá-los com flexibilidade e pragmatismo. É esse o espírito que está fazendo falta hoje.

Um pretexto evocado com frequência é a novidade do tempo atual, que seria a do "enfraquecimento de nossa identidade histórica" de Estado-nação, da confusão entre memória e história, da emergência das identidades de grupo (Pierre Nora) ou da presença de populações imigradas que se recusariam a integrar-se. É verdade que vivemos uma mundialização sem precedentes das trocas, tanto que a França se tornou o país da Europa que possui o maior número de budistas e de judeus, mas, sobretudo, de muçulmanos e de ateus ou agnósticos.

Essa globalização do mundo teria podido assinalar o fim dos valores morais, que, afinal, não são senão construções sociais duráveis apenas pelo fato de serem praticadas e porque se acredita nelas. Ora, nesta França mais e mais diversa, a adesão ao princípio da laicidade, por exemplo, é muito elevada, e o sentimento de pertencimento a uma mesma nação é mais forte que em qualquer outra parte da Europa.

Na primavera de 2006, alguns meses após as revoltas do outono de 2005, dois anos após a proibição de símbolos religiosos ostensivos nas escolas públicas, uma pesquisa de um instituto americano, o Centro de Pesquisas Pew, revelou que, no Reino Unido, apenas 7% dos muçulmanos britânicos se sentem em primeiro lugar britânicos (enquanto 82% se sentem em primeiro lugar muçulmanos). Na França, 42% dos muçulmanos se sentem em primeiro lugar franceses, contra 46% em primeiro lugar muçulmanos, em um país em que metade dos muçulmanos não é de nacionalidade francesa. É na França que o grau de opinião favorável de cristãos e muçulmanos em relação uns aos outros é o mais alto. E a França é o único país da Europa em que a maioria dos muçulmanos --74%-- tem opinião favorável dos judeus. Esses resultados seriam confirmados um ano mais tarde por uma pesquisa "Financial Times"/Louis Harris, feita nos Estados Unidos e nos cinco grandes países europeus: a França é o único país em que uma maioria (69%) afirma ter um ou vários amigos muçulmanos (contra 38% dos britânicos e 28% dos americanos).

Não se trata, aqui, de negar as tensões. Elas se originam primeiramente da recusa --muito minoritária-- de integração no que poderíamos chamar de "comunitarismo", quando a primazia é dada às leis de um grupo sobre as leis da República. Mas os atritos são mais numerosos e "normais" a partir do momento em que os recém-chegados a um país são confrontados com uma cultura e uma história que não são suas, de maneira alguma. Eles precisam se adaptar; às vezes reivindicam um reconhecimento cultural. Mas os valores de nossa República são universais e, por isso mesmo, atraentes. Eles provocam uma busca legítima por igualdade de tratamento, busca essa que às vezes obriga a ajustes que devem levar em conta tradição, igualdade e diversidade.

Foi esse tipo de processo seguido em 2003 pela comissão Stasi em matéria de laicidade: de um lado, a proibição dos símbolos religiosos ostensivos no espaço particular da escola, onde sua instrumentalização perturbaria a liberdade de consciência de outros; de outro, a atribuição ao islã dos mesmos direitos concedidos às outras religiões (criação de capelanias no exército, nas prisões ou os hospitais, projeto de um feriado para cada religião, a ser escolhido por ela).

O mesmo tipo de trabalho de inclusão em nossa memória nacional foi reivindicado por nossos compatriotas do ultramar. Chegados à metrópole no final dos anos 1950, se surpreenderam ao constatar que a cidadania francesa não era garantia contra o racismo e as discriminações e que a história da qual tinham surgido não era conhecida nem ensinada. A lei Taubira, em 2001, veio lembrar que a escravidão foi um crime contra a humanidade.

Acontece que, desde 2007, as escolhas feitas nos níveis mais altos do Estado vêm confundindo tudo e acentuando as tensões: trata-se do questionamento direto de determinados pilares de nossa República, e depois, diante do fracasso, a opção por semear a confusão, por meio de uma aplicação mais estreita desses princípios. Com relação à laicidade, por exemplo, Nicolas Sarkozy primeiramente se desculpou junto ao papa pela lei de 1905, depois louvou o padre ou o crente, em detrimento do professor ou do ateu, contrariando a neutralidade imposta no Estado e o respeito igual por todas as opções espirituais. A amplitude das reações o levou a dar marcha-a-ré. Em seguida, em lugar de aplicar os princípios da laicidade com inteligência, ele travou um combate público contra a burca. Esta é uma prisão móvel que choca. Mas sua proibição nas ruas será na melhor das hipóteses inaplicável; na pior, ela favorecerá os fundamentalistas que deveria supostamente combater, se eles vencerem a disputa diante na Corte Europeia dos Direitos Humanos. O governo está consciente disso. Que importa se muitos cidadãos de cultura muçulmana, obrigados permanentemente a justificar-se e a exprimir sua rejeição das práticas extremas, sentem mal-estar? Sarkozy optou por conservar esse assunto no centro da atenção pública, porque ele lhe vale o apoio da maioria da opinião.

A suspeita de presença ilegítima instilou-se contra nossos compatriotas de origem africana ou mediterrânea, por meio de medidas que se sucedem: à base da criação do Ministério da Imigração e da Identidade Nacional ou da vontade presidencial, felizmente censurada, de selecionar os imigrantes de acordo com sua origem geográfica, ela foi exemplificada nas restrições anunciadas à concessão de nacionalidade aos "franceses de origem estrangeira".

Essa suspeita de usurpação pesa também sobre a lei Taubira, que não para de precisar justificar sua existência. No entanto, a abolição da escravidão faz parte de uma história compartilhada: ela foi conquistada pelos escravos, mas também pela mobilização de filantropos e abolicionistas. Ela nos uniu em torno da República, que, a partir de 1848, reconheceu a escravidão como crime de "lesa-humanidade" e a puniu como tal. No caso da colonização, o trabalho de memória e história compartilhadas, mais complexo, ainda resta a fazer. Mas não estamos mais nos tempos de Renan, quando o esquecimento das divergências passadas era visto como necessário para a construção da nação. Cidadãos adultos podem ser confrontados com interpretações diferentes da história nacional, sem perderem o sentimento de pertencerem ao mesmo projeto --pelo contrário.

A França não precisa temer as identificações com uma região, com o país de origem ou com uma religião: na maioria dos casos, elas convivem com o pertencimento a uma nação e com a adesão aos valores históricos desta. O risco está muito mais na exacerbação e dramatização das diferenças, ou na interpretação das reivindicações de reconhecimento como sendo recusas de pertencimento.

Recordemo-nos do que respondeu Emmanuel Levinas em 1968, quando foi interrogado na revista "Esprit" sobre o risco de lealdade dupla que a solidariedade manifestada pelos judeus da França com relação a Israel em 1967 imporia à nação: "Verdade e destino... não fazem parte das categorias políticas e nacionais. Elas não ameaçam a lealdade à França mais do que ameaçam outras aventuras espirituais... Ser judeu plenamente consciente, cristão plenamente consciente, é encontrar-se sempre em situação desajeitada no Ser. Também você, amigo muçulmano, meu inimigo sem ódio da Guerra dos Seis Dias! Mas é a aventuras como estas, vividas por seus cidadãos, que um grande Estado moderno --ou seja, servidor da humanidade_ deve sua grandeza, sua atenção ao presente e sua presença no mundo." A tarefa que cabe aos dirigentes do país é, antes de mais nada, encarnar esses valores universais e fazê-los viver.

Patrick Weil é doutor em ciência política e diretor de pesquisas do CNRS (Centro Nacional de Pesquisas Científicas) e trabalha com a história da imigração na França. Em 2003 ele participou da comissão Stasi sobre a laicidade e foi membro do Alto Conselho para a Integração. Publicou "La France et ses étrangers" (Calmann-Lévy, 1991) e "Qu'est-ce qu'être français?" (Grasset, 2002).

sábado, setembro 04, 2010

Corinthians espanta zebra e fecha festa do Centenário com goleada sobre o Goiás - Thales Calipo

Mais de 35 mil pessoas lotaram o Pacaembu neste sábado. Cem bandeiras foram espalhadas pelo alambrado para lembrar as principais personalidades da história do clube. O clima estava preparado para uma grande festa de encerramento pela comemoração do Centenário do clube alvinegro, e nem um susto no início foi capaz de estragar os planos. Depois de ver o Goiás abrir o placar, o Corinthians conseguiu superar a retranca rival e mostrou força para golear por 5 a 1.

Com a vitória, o Corinthians chegou a 37 pontos e, apesar de permanecer na segunda colocação, colocou pressão no líder Fluminense, que tem apenas um ponto a mais e entrará em campo neste domingo, contra o Guarani. Já o Goiás segue com o seu calvário e, após a sexta derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro, continua na última colocação, com 13 pontos.

A festa corintiana, no entanto, teve uma das principais características do clube no início: o sofrimento. Quando os dois times ainda estavam se acertando em campo, o lateral-esquerdo Júnior fez boa jogada individual e, com um chute no ângulo, abriu o placar para o Goiás.

Os torcedores corintianos, no entanto, seguiram apoiando a equipe e a energia das arquibancadas contagiou os jogadores. Porém, mesmo com muita disposição, os atletas da equipe alvinegra não conseguiam furar a boa retranca armada pelo Goiás. Sem muito espaço, a opção foi buscar o gol nas bolas paradas, mas Harlei conseguiu fazer três boas defesas em cobranças de Bruno César.

A pressão só aumentava e o Corinthians já havia acertado duas bolas na trave, com Iarley e Jorge Henrique. O Goiás, no entanto, acabou tendo o meio-campista Amaral expulso aos 37min. E, para piorar a situação para a equipe do Cerrado, o Corinthians conseguiu empatar com um gol de cabeça de Bruno César, o nono do artilheiro do Campeonato Brasileiro.

Os corintianos continuaram em ritmo acelerado no segundo tempo, mas Harlei fez duas boas defesas logo no início e voltou a salvar a sua equipe. Porém, na terceira chance, Iarley conseguiu driblar o goleiro rival e colocar a equipe alvinegra em vantagem. Cinco minutos depois, Jorge Henrique aproveitou o rebote para ampliar a vantagem e dar tranquilidade para o Corinthians.

Com o Goiás sem forças para ameaçar, os jogadores corintianos passaram a administrar o resultado, para alegria dos torcedores, que se divertiam aos gritos de “olé”. Bruno César, no entanto, conseguiu entrar na área e, ao se chocar com um marcador, caiu. Para desespero dos atletas do Goiás, o árbitro assinalou o pênalti, e Iarley converteu.

A festa ficou completa quando Boquita chutou, a bola desviou em Marcão e acabou morrendo nas redes, dando números finais à goleada do Corinthians.

A equipe alvinegra volta a campo nesta quarta-feira para enfrentar o Atlético-PR, às 22h, na Arena da Baixada. Já o Goiás recebe, no mesmo dia, mas às 19h30, o Guarani, no estádio Serra Dourada.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Video Rafa3

Wayne's World - I'm the Leprechaun

Humoristas enfrentam autocensura após suspensão da lei antihumor - Ivan Finotti

Uma semana depois de o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto ter liberado a gozação geral, ou melhor, ter suspendido a legislação que proíbe programas de fazerem piadas com os candidatos que disputarão as eleições de outubro, a censura ainda faz sombra em cima dos humoristas.

As últimas edições dos principais programas de humor da TV brasileiros --"Casseta & Planeta" (Globo), "CQC" (Band) e "Pânico" (Rede TV)-- fizeram, finalmente, piadas em cima dos presidenciáveis.

"O problema é que rola um sintoma pós-traumático", avalia Marcelo Tas, do "CQC". "É como quando você leva uma porrada no futebol ou quebra um braço e tira o gesso. Fica com receio de bater de novo ali. Espero que isso desapareça logo. Estamos em 2010 e é muito tarde pra esse tipo de brincadeira."

Na edição de segunda-feira, o "CQC" exibiu cenas gravadas nas semanas anteriores e que não foram ao ar devido ao medo da multa. São entrevistas com intervenções gráficas, como dentes de vampiro em José Serra.

"O ponto é que isso tudo gera intimidação psicológica. É o efeito da censura, o que a censura quer."

Segundo Tas, previa-se uma punição "injustificável" (leia texto nesta página). "Imagine a paranoia que isso gera numa empresa. Na dúvida, extrapola-se e corta-se tudo, desde o repórter até o editor, todo mundo fica se autocensurando."

A suspensão de Ayres Britto seria levada ontem ao plenário do STF, para ser referendada ou anulada pelos seus colegas ministros (não havia decisão até o fechamento desta edição).

PERSONAGENS

A turma do "Casseta & Planeta Urgente" retomou os personagens que fazia antes da proibição: Dilmandona, Zé Careca e Magrina da Silva. Esta última, interpretada por Hélio de La Peña. "O timing foi ótimo pra gente. A lei caiu na quinta, na sexta estávamos na Redação e escrevemos as piadas para incluir nas gravações de segunda-feira", conta o humorista.

No programa de terça, eles não fizeram referência à suspensão. "Cobrimos as eleições sempre com o que está acontecendo nas campanhas na última semana. Desta vez, brincamos com o clima de 'já ganhou' da Dilma e com a queda nas pesquisas de Serra, por exemplo."

De La Peña diz que não chega a se preocupar com os minutos de aparição dos personagens, mas que se preocupa em não sacanear muito um e poupar outro. "Nossa preocupação é sempre fazer uma piada com cada um, mas não contamos tempo."

Já o "Pânico", por ser exibido no domingo, teve menos tempo para se agilizar. "Foi muito em cima da hora pra gente. Fizemos só uma paródia musical com os três principais presidenciáveis. Estamos aguardando orientações do departamento jurídico da emissora", diz Emílio Surita.

"Estamos esperando essa votação permanente. Fizemos reunião de pauta na terça e não decidimos nada. Temos uns personagens, como a Dilma Duchefe, mas pode fazer só dela ou tem que fazer dos outros para equilibrar? Não sei."

E é Surita quem resume o clima nos bastidores dos programas de TV do Brasil em 2010: "É duro, mas estamos fazendo piada com advogado do lado".