Quarta-Feira fui assistir as apresentações de duas bandas brasilienses: Lips, desconhecida, e Virgem Again, a banda do meu irmão que é considerada uma promessa local.
Pois bem. Já produzi 4 canções do Virgem Again em 2005 e fiz dois vídeos recentes da banda. Acho fundamental unir música com imagem, website, notícias e raridades. Tento fazer isso com minha própria banda e trabalho solo e vejo nitidamente os resultados desse trabalho virtual.
No entanto me incomoda muito a abordagem do público com relação aos artistas novos, os mais jovens "tolos sonhadores" que estão aí dando a cara à tapa. É notória a falta de interesse do público em ouvir a letra de uma canção que não é o hit da rádio. Falta qualidade individual para sair de si mesmo, dos questionamentos interiores e sim, abrir a alma para uma nova letra, uma nova idéia musical pois é ela, fundamentalmente, que faz com que uma bela melodia vá além disso.
No livro "A profecia Celestina" existe uma passagem onde dá-se uma dica sobre como proceder ao estar ouvindo uma nova idéia:
focalize sua energia na pessoa que está falando e deixe ela falar até parar, sem interrupções; pense em boas coisas enquanto direciona essa energia, absorva com o coração aberto a nova idéia, a nova letra que está a sua disposição, agradeça por alguém querer dividir essa energia com você.
Para quem não sabe, essa troca de olhares entre público e artista é o que faz o artista prosseguir. Não é o dinheiro ou a fama repentina que abastecem o autor de uma canção e sim a profundidade que se alcança em cada indivíduo quando você está lá se expondo imensamente.
Para ouvir a letra de uma música é preciso estar vazio, em silêncio interior. Na minha opinião, esse é o motivo pelo qual as canções de hoje são superficiais, insossas e perenes. Ninguém está nem aí pra o que está sendo dito na canção. O ritmo é que está na moda dos sentidos. Cuidado com isso. Você pode estar cantando coisas que nem imagina, sem sentido real ou mesmo sendo xenófobo ou otário por investir seu gogó cantando os refrões da sua bandinha preferida.
Quando eu tinha menos do que 20 anos a banda do momento no Brasil era o Mamonas Assassinas. Pior banda que esse país já teve em todos os sentidos: conteúdo, ritmo, performance. O Brasil estava imerso em sua crise econômica e o povo só sabia cantar robocop gay e baladas da axé music. Era um momento desesperador. E esse desespero existe até hoje, enfim, um artista como eu vive o dilema de fazer arte ou criar músicas comerciais. O meio termo entre isso que eu disse é o público. É ele quem escolhe o que quer ouvir. Grande responsabilidade tem os artistas, então.
sexta-feira, novembro 30, 2007
quinta-feira, novembro 29, 2007
Virgem Again no UK Brasil, Brasília, 28/11/07
eu sempre estou tentando captar o som melhor, mas tá foda, SonyEricsson!!!
terça-feira, novembro 27, 2007
segunda-feira, novembro 26, 2007
Tocar para ninguém
Esse talvez seja um dos dilemas que toda pessoa quando pensa em ser músico tem. Quando alguém me pergunta alguma coisa interessante, geralmente é sobre tocar em um show que tinha tudo para ser cheio e não foi.
Sendo leigo, é melhor sempre pensar nas possibilidades extremas: algo muito positivo e algo muito negativo. A análise disso cria muitas possibilidades entre esses extremos e é no bom senso que a resposta mais próxima da verdade se encontra.
Já tive raras oportunidades de viver esse clima que é ruim pro contratante e desolador pro empresário. Pro público é chocante, especial, intimista um fato como esse.
E simplesmente não é nada de mais. Pra quem toca um instrumento o mais importante é o bem estar de se dedicar à música. Começa pela relação íntima com seu instrumento, tocar bem a extensão dos seus dedos e dos seus neurônios; depois tem a sensação sempre deliciosa de tocar em um som alto, com amplificadores; e depois tem o compromisso interior de, por menos ou ninguém que esteja ali te vendo, tem sempre seu companheiro de banda que está ali presente, pode ser que o sublime aconteça e à vontade de tocar supere até mesmo o silêncio entre as notas que respiram ao final de cada canção executada; tem o compromisso com a essência do músico onde estar tocando é estar sendo feliz.
Já tive experiências muito intensas e chocantes quanto à perda ou queda de um show. Isso realmente não merece alegria ou comemoração. Mas tocar, pra 100, 10, 1 ou 3000 é a mesma coisa em essência. O que dá o tempero de cada um desses números são fatores particulares que não tem nada a ver com música.
Sendo leigo, é melhor sempre pensar nas possibilidades extremas: algo muito positivo e algo muito negativo. A análise disso cria muitas possibilidades entre esses extremos e é no bom senso que a resposta mais próxima da verdade se encontra.
Já tive raras oportunidades de viver esse clima que é ruim pro contratante e desolador pro empresário. Pro público é chocante, especial, intimista um fato como esse.
E simplesmente não é nada de mais. Pra quem toca um instrumento o mais importante é o bem estar de se dedicar à música. Começa pela relação íntima com seu instrumento, tocar bem a extensão dos seus dedos e dos seus neurônios; depois tem a sensação sempre deliciosa de tocar em um som alto, com amplificadores; e depois tem o compromisso interior de, por menos ou ninguém que esteja ali te vendo, tem sempre seu companheiro de banda que está ali presente, pode ser que o sublime aconteça e à vontade de tocar supere até mesmo o silêncio entre as notas que respiram ao final de cada canção executada; tem o compromisso com a essência do músico onde estar tocando é estar sendo feliz.
Já tive experiências muito intensas e chocantes quanto à perda ou queda de um show. Isso realmente não merece alegria ou comemoração. Mas tocar, pra 100, 10, 1 ou 3000 é a mesma coisa em essência. O que dá o tempero de cada um desses números são fatores particulares que não tem nada a ver com música.
segunda-feira, novembro 19, 2007
Saber dormir
Muitas vezes fui acometido por uma disfunção na hora do sono. Eu não conseguia desligar os meus pensamentos. Era simplesmente impossível relaxar depois de um dia de trabalho ou de um show. E nos dias da semana onde eu fazia minhas refeições nos mesmos horários e dormia nas mesmas horas, ainda assim, era difícil desligar.
A meditação é a forma de se estar "presente"; é desligar-se dos pensamentos e experimentar o momento em todos os sentidos e dali entender a grandeza e a pequenice das coisas; ser como a chama da vela estática que Ram Dass descreve tão bem...
Mesmo assim o distúrbio permanecia lá, comigo.
Aprendi com Confúcio que a melhor forma de dormir é deixando de lado a vida, esquecendo-se do que foi feito assim como que se desapegando do passado e, no mais simples movimento, cair levemente respirando suavemente e deixando de lado a vida esquecer e dormir sem nada na cabeça que pese demais o travesseiro.
Hoje em dia, quando vêm o pensamento na hora de dormir em sua forma mais natural sei que é sempre uma nova canção ou uma idéia musical; isso me faz levantar e anotar sem medo a idéia, ou melodia, ou ambos, pois não quero esquecer durante o sono o que me impedia de sonhar e dormir tranquilo.
Era angústia apenas.
A meditação é a forma de se estar "presente"; é desligar-se dos pensamentos e experimentar o momento em todos os sentidos e dali entender a grandeza e a pequenice das coisas; ser como a chama da vela estática que Ram Dass descreve tão bem...
Mesmo assim o distúrbio permanecia lá, comigo.
Aprendi com Confúcio que a melhor forma de dormir é deixando de lado a vida, esquecendo-se do que foi feito assim como que se desapegando do passado e, no mais simples movimento, cair levemente respirando suavemente e deixando de lado a vida esquecer e dormir sem nada na cabeça que pese demais o travesseiro.
Hoje em dia, quando vêm o pensamento na hora de dormir em sua forma mais natural sei que é sempre uma nova canção ou uma idéia musical; isso me faz levantar e anotar sem medo a idéia, ou melodia, ou ambos, pois não quero esquecer durante o sono o que me impedia de sonhar e dormir tranquilo.
Era angústia apenas.
sexta-feira, novembro 16, 2007
Distúrbio social - mães que abandonam filhos no século XXI
as mães estão pirando
criando filhos
parindo filhos
jogando filho no lixo
colocando filho no riacho
desespero do desesperado
e os pais estão sumidos
trabalhando como desculpa
fingindo que é bom ser rico
que o dinheiro trará a solução
pros problemas
coitadas das crianças
abandonadas nesse mundo
com fome de saber viver
aprendendo desde cedo
que seus pai e mãe
são os piores inimigos
Esse distúrbio social moderno é visível graças à expansão vertiginosa da tecnologia da informação e dos aparelhos que unem o distante do que está no interesse do cidadão. Com o agravamento das notícias e principalmente com a ciência de casos extremos da sociedade devido ao desespero social, à miséria e a necessidade criada de aparecer na T.V. até pra resolver casos conjugais, pendências materiais e etc. Até aí, tudo correu bem. As notícias sobre agressões aos bebês, as senhoras de idade, os abandonos e assassínios dolosos de recém-nascidos, as crianças esquecidas desidratadas nos seus banquinhos de proteção, as grávidas que não sabem que estão grávidas, a vergonha de ter um filho nos dias de hoje, tudo isso está levando a "família" a ter de ser repensada em nossa sociedade e qual seria seu papel fundamental na educação dessas crianças. Porque abandoná-las, infelizmente, não é nada senão uma notícia de quebrar o coração.
Meu sogro, em tom de piada ou não, deu a entender que deveríamos escrever um livro sobre infãncia e educação, eu e minha mulher, depois de debatermos algo como "qual a idade ideal de colocar nosso filho na escola?" Já debati bastante esse tema. Sou convicto de que uma criança não precisa de professores melhores do que seus pais, depois tias e tios, avós e avôs, amiguinhos da vizinhança e seus respectivos pais e frequentar os ambientes sociais dos pais, tais como padaria, supermercado, caixa-eletrônico, posto de gasolina, parques, festas diurnas, exposições de arte, etc. É mais educativo para uma criança você levá-la para um local aberto e com natureza diversificada, um zoológico inclusive, e ficar discutindo e mostrando pra ela o quanto você, mãe ou pai, sabe mais da vida do que ela, aquela coisa novinha. Depois você descasca uma pêra ou uma banana e come com a criança usando apenas as mãos e ela verá que tudo é possível.
Meu filho tem tesão por fazer tudo o que eu faço. Ele observa a mãe dele com seus olhos desde sempre, desde que seus olhos eram seus ouvidos e depois as mãozinhos criaram olhos e depois ele anda e os olhos ficam aguçados de verdade. Quer dizer então: desde sempre crianças são atentas às atitudes dos seus pais. E com isso vem a maior tarefa: como compor uma família dessa tríade?
criando filhos
parindo filhos
jogando filho no lixo
colocando filho no riacho
desespero do desesperado
e os pais estão sumidos
trabalhando como desculpa
fingindo que é bom ser rico
que o dinheiro trará a solução
pros problemas
coitadas das crianças
abandonadas nesse mundo
com fome de saber viver
aprendendo desde cedo
que seus pai e mãe
são os piores inimigos
Esse distúrbio social moderno é visível graças à expansão vertiginosa da tecnologia da informação e dos aparelhos que unem o distante do que está no interesse do cidadão. Com o agravamento das notícias e principalmente com a ciência de casos extremos da sociedade devido ao desespero social, à miséria e a necessidade criada de aparecer na T.V. até pra resolver casos conjugais, pendências materiais e etc. Até aí, tudo correu bem. As notícias sobre agressões aos bebês, as senhoras de idade, os abandonos e assassínios dolosos de recém-nascidos, as crianças esquecidas desidratadas nos seus banquinhos de proteção, as grávidas que não sabem que estão grávidas, a vergonha de ter um filho nos dias de hoje, tudo isso está levando a "família" a ter de ser repensada em nossa sociedade e qual seria seu papel fundamental na educação dessas crianças. Porque abandoná-las, infelizmente, não é nada senão uma notícia de quebrar o coração.
Meu sogro, em tom de piada ou não, deu a entender que deveríamos escrever um livro sobre infãncia e educação, eu e minha mulher, depois de debatermos algo como "qual a idade ideal de colocar nosso filho na escola?" Já debati bastante esse tema. Sou convicto de que uma criança não precisa de professores melhores do que seus pais, depois tias e tios, avós e avôs, amiguinhos da vizinhança e seus respectivos pais e frequentar os ambientes sociais dos pais, tais como padaria, supermercado, caixa-eletrônico, posto de gasolina, parques, festas diurnas, exposições de arte, etc. É mais educativo para uma criança você levá-la para um local aberto e com natureza diversificada, um zoológico inclusive, e ficar discutindo e mostrando pra ela o quanto você, mãe ou pai, sabe mais da vida do que ela, aquela coisa novinha. Depois você descasca uma pêra ou uma banana e come com a criança usando apenas as mãos e ela verá que tudo é possível.
Meu filho tem tesão por fazer tudo o que eu faço. Ele observa a mãe dele com seus olhos desde sempre, desde que seus olhos eram seus ouvidos e depois as mãozinhos criaram olhos e depois ele anda e os olhos ficam aguçados de verdade. Quer dizer então: desde sempre crianças são atentas às atitudes dos seus pais. E com isso vem a maior tarefa: como compor uma família dessa tríade?
quarta-feira, novembro 14, 2007
Casamento é saber
Bruno diz:
casamento tem várias facetas. saber ceder, saber respeitar, saber comandar, saber enfrentar o difícil, saber silenciar, saber acatar, saber a hora de mudar. saber exigir saber dividir. saber construir. saber abrir mão, etc
casamento tem várias facetas. saber ceder, saber respeitar, saber comandar, saber enfrentar o difícil, saber silenciar, saber acatar, saber a hora de mudar. saber exigir saber dividir. saber construir. saber abrir mão, etc
segunda-feira, novembro 12, 2007
Cozinhar um salmão pela primeira vez
Talvez nunca tenha me passado pela cabeça algo como "cheiro de peixe" ao pensar em salmão. Mas ao cozinhar uma peça do peixe em questão, e agora são 22:23hs, minhas mãos ainda contém o odor do peixe, que ficou muito bom, rosadinho, úmido e quente.
Perguntei ao meu pai qual a melhor forma de cozinhar um salmão no forno. Ele me passou três receitas das quais eu me interessei pela mais prática: salmão na manteiga com molho de maracujá e mostarda.
Sal, pimenta do reino, uma bela peça de salmão fresco de uns 668 gramas.
Para o molho: azeite, cebola bem picada, tomate bem picado, um maracujá, mostarda, sal.
Cozinhar o peixe à 220°C até que ele fique rosa, mas não seco.
Voilá!!!
Perguntei ao meu pai qual a melhor forma de cozinhar um salmão no forno. Ele me passou três receitas das quais eu me interessei pela mais prática: salmão na manteiga com molho de maracujá e mostarda.
Sal, pimenta do reino, uma bela peça de salmão fresco de uns 668 gramas.
Para o molho: azeite, cebola bem picada, tomate bem picado, um maracujá, mostarda, sal.
Cozinhar o peixe à 220°C até que ele fique rosa, mas não seco.
Voilá!!!
quarta-feira, novembro 07, 2007
Fazer uma tatuagem
Da forma como eu vejo, minha tatuagem é meu amuleto de proteção. Assim como tem gente que carrega o cordãozinho abençoado pelo Dalai Lama na carteira ou o dono do escapulário cristão no pescoço; até mesmo outros símbolos, assim como a tatuagem o é para os Maoris da Nova Zelândia, assim o foi para mim.
Uma gota negra de raiva e inveja me perseguia desde muito tempo. Me perseguia no sono, principalmente. E aquele incômodo espiritual foi se habituando a me acompanhar e eu ficava lá aceitando aquela raiva e inveja. No dia em que eu cansei, eu cresci um pouquinho mais, daquela perseguição infernal e, decididamente, intuí que me cicatrizando e me marcando eu estaria enfatizando o que estava sentindo, assim como os Maoris o fazem.
Para fazer a tatuagem, passei por diversos processos de observação e busca. Ir a uma loja e escolher meu amuleto em uma revista de tatuagens não era ideal. Por isso, eu mesmo fiz o desenho com a ajuda de um amigo. O tatuador é meu amigo também e se dispôs a reproduzir e fazer daquela nossa arte, ou seja, estava firmada nossa união. Não dei bola nenhuma para o fato de ter acertado data e hora para concluir aquela fase existencial breve. Porém, na hora de começar a fazê-la me ocorreu o seguinte:
"A dor é algo natural, mas eu não gosto de dor. Será que vai doer? Dizem que pouco? Será..." e fiquei totalmente focado na questão, na palavra, no sentir dor. Nem me lembro de nada, das horas, das vozes e nem do barulho de nada. Quandos as agulhas teceram seu primeiro risco, a primeira pressão do tatuador sobre minha pele com sua maquininha, e eu meditativo, focado, uno, senti uma dor imensa que quase me pôs desacordado. Foi como um choque de 220V de uns 10 segundos de duração. Um clarão, um branco.
Depois de sentir aquilo não pensei em mais nada. O amuleto ficou pronto em duas horas e eu confesso que não tenho muitos motivos para fazer outra.
Conselho: não pense ao tatuar se quiser ser tatuado. Pense na felicidade em fazer a tatuagem. E que seja por um bom motivo também.
Uma gota negra de raiva e inveja me perseguia desde muito tempo. Me perseguia no sono, principalmente. E aquele incômodo espiritual foi se habituando a me acompanhar e eu ficava lá aceitando aquela raiva e inveja. No dia em que eu cansei, eu cresci um pouquinho mais, daquela perseguição infernal e, decididamente, intuí que me cicatrizando e me marcando eu estaria enfatizando o que estava sentindo, assim como os Maoris o fazem.
Para fazer a tatuagem, passei por diversos processos de observação e busca. Ir a uma loja e escolher meu amuleto em uma revista de tatuagens não era ideal. Por isso, eu mesmo fiz o desenho com a ajuda de um amigo. O tatuador é meu amigo também e se dispôs a reproduzir e fazer daquela nossa arte, ou seja, estava firmada nossa união. Não dei bola nenhuma para o fato de ter acertado data e hora para concluir aquela fase existencial breve. Porém, na hora de começar a fazê-la me ocorreu o seguinte:
"A dor é algo natural, mas eu não gosto de dor. Será que vai doer? Dizem que pouco? Será..." e fiquei totalmente focado na questão, na palavra, no sentir dor. Nem me lembro de nada, das horas, das vozes e nem do barulho de nada. Quandos as agulhas teceram seu primeiro risco, a primeira pressão do tatuador sobre minha pele com sua maquininha, e eu meditativo, focado, uno, senti uma dor imensa que quase me pôs desacordado. Foi como um choque de 220V de uns 10 segundos de duração. Um clarão, um branco.
Depois de sentir aquilo não pensei em mais nada. O amuleto ficou pronto em duas horas e eu confesso que não tenho muitos motivos para fazer outra.
Conselho: não pense ao tatuar se quiser ser tatuado. Pense na felicidade em fazer a tatuagem. E que seja por um bom motivo também.
terça-feira, novembro 06, 2007
O Passado, de Hector Babenco
Para quem ainda não assistiu ao lançamento mais recente de Hector Babenco, O Passado, assista sabendo que ali está uma obra de caráter surrealista, ou seja, o compromisso artístico do diretor é expressar uma realidade fragmentada, descompromissada com a linearidade do tempo, com a cronologia das vidas que compõem as personagens do filme. A escolha das atrizes e dos atores é ótima, principalmente dos protagonistas.
O surrealismo é um termo cunhado pelo poeta francês Guillaume Apollinaire (1886-1918) que, em um jantar oferecido por amigos artistas, cubistas da época de ouro da vanguarda mundial, criou um cardápio de idéias e sugestões "comestíveis" e que foi composta mais tarde por nomes como: os escritores franceses Paul Éluard (1895-1952), Louis Aragon (1897-1982) e Jacques Prévert (1900-1977), o escultor italiano Alberto Giacometti (1901-1960), o dramaturgo francês Antonin Artaud (1896-1948), os pintores espanhóis Salvador Dali (1904-1989) e Juan Miró (1893-1983), o belga René Magritte (1898-1967), o alemão Max Ernst (1891-1976), e o cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983). O surrealismo flertava com a psique humana e por isso foi fortemente influenciado pelos textos de Sigmund Freud.
Para quem for assistir ao filme, prepare-se. Existe nudez frontal, exageros estéticos, cortes de cenas bruscos, um pouco de degradação humana misturada com morte e cocaína. Mas isso tudo também existe no Jornal Nacional, todos os dias estão lá as notícias sobre guerras, mortes que poderiam ser evitadas e degradação humana em geral. O mundo, por si, é surreal.
Eu assisti ao filme e gostei. Custou R$2 na segunda-feira. Melhor do que Tropa de Elite, que quer dizer, tem algo de cinema ali.
O surrealismo é um termo cunhado pelo poeta francês Guillaume Apollinaire (1886-1918) que, em um jantar oferecido por amigos artistas, cubistas da época de ouro da vanguarda mundial, criou um cardápio de idéias e sugestões "comestíveis" e que foi composta mais tarde por nomes como: os escritores franceses Paul Éluard (1895-1952), Louis Aragon (1897-1982) e Jacques Prévert (1900-1977), o escultor italiano Alberto Giacometti (1901-1960), o dramaturgo francês Antonin Artaud (1896-1948), os pintores espanhóis Salvador Dali (1904-1989) e Juan Miró (1893-1983), o belga René Magritte (1898-1967), o alemão Max Ernst (1891-1976), e o cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983). O surrealismo flertava com a psique humana e por isso foi fortemente influenciado pelos textos de Sigmund Freud.
Para quem for assistir ao filme, prepare-se. Existe nudez frontal, exageros estéticos, cortes de cenas bruscos, um pouco de degradação humana misturada com morte e cocaína. Mas isso tudo também existe no Jornal Nacional, todos os dias estão lá as notícias sobre guerras, mortes que poderiam ser evitadas e degradação humana em geral. O mundo, por si, é surreal.
Eu assisti ao filme e gostei. Custou R$2 na segunda-feira. Melhor do que Tropa de Elite, que quer dizer, tem algo de cinema ali.
Saiu na Folha, prestem atenção na similaridade com o texto "07, me passa a 12"
BERNARDO CARVALHO
Fracasso do pensamento
Num mundo em que o jornalismo substitui a filosofia, é lógico que o bom senso não tem vez
UM MUNDO sem reflexão, onde a violência da realidade obriga o sujeito a deixar de pensar para agir, cedendo ao senso comum, ao simplismo e ao pragmatismo cínico, recorrendo ao preconceito e a ações impensadas que antes ele condenava, quando essa mesma realidade ainda não o atingia diretamente e ele podia repetir belas teorias da boca para fora, não é um mundo menos hipócrita (como alguns gostariam), é um mundo pior. Um mundo sem arte (no qual a arte, aceitando a pecha de ilusão e perfumaria, cede ao consenso da realidade e passa a funcionar como jornalismo e sociologia) também.
É nesse mundo desiludido que a representação de jovens tolos e inconseqüentes, repetindo Foucault da boca para fora, para acabar quebrando a cara na prática contraditória do trato direto com a realidade nua e crua, passa a ter um efeito catártico junto a platéias em busca de um bode expiatório.
É desse mundo (o do fracasso do pensamento) que trata "Tropa de Elite": onde só é permitido escapar à violência (e deixar de ser violento) fora da realidade -tudo o que o capitão Nascimento quer, ou diz querer, é sair desse mundo (onde quem pára para pensar morre), para poder cuidar em paz do filho e da família.
Gostei do filme, embora tivesse preferido o longa-metragem anterior de José Padilha, o documentário "Ônibus 174". Não acho o filme fascista. Mas é inegável que, como qualquer representação da realidade, ele tem um discurso (que não é exatamente o mesmo do capitão Nascimento), a despeito de dizer que se limita a mostrar a realidade. E não é um discurso novo. É o discurso de um realismo funcional que volta e meia reaparece para dizer que a realidade é o que é. E que só os fatos (ali representados) contam.
Num mundo em que o jornalismo substitui a filosofia (e em que a arte se esconde como discurso para se apresentar como espelho de uma realidade unívoca), é lógico que o bom senso não tem vez. A demagogia e a ira, sim. É preto no branco. Produção de subjetividade é coisa de elite irresponsável. Aqui, nós tratamos de fatos objetivos.
Com o desbaratamento das idéias, este passa a ser um mundo de polarizações em torno de questões simplistas e indiscutíveis. Não se produz pensamento; tomam-se partidos. Vozes da ponderação e do conhecimento de causa -como a de Alba Zaluar, que exercita o bom senso semanalmente e sem maiores alardes nas páginas deste jornal- vão se tornando inaudíveis em meio ao bruaá dos lugares-comuns estridentes. O bom senso não aparece, porque não tem graça nem dá manchete. As idéias foram reduzidas a representações sociais. Basta que cada um fale e seja reconhecido como representante do seu grupo social (e que muitas vezes se aproveite disso para respaldar a banalidade ou a demagogia do que diz). O que conta não é o teor das idéias (em geral, as mais simplistas), mas que sirvam para identificar o lugar social de quem as manifesta no campo de batalha. Essa aparente desordem apenas encobre uma ordem geral, o consenso em torno da realidade como um campo de forças autônomo, um teatro de ação e reação, imune à reflexão e à inteligência.
Foi em meio a esse contexto que bati com os olhos na recém-publicada edição espanhola dos artigos e palestras do dramaturgo francês Enzo Cormann: "Para que Serve o Teatro?" (Universidade de Valência). Na conferência de 2001 que dá título à coletânea, o autor diz que o teatro (e de resto toda arte que se preze), por ser reflexão, "consiste em reinjetar subjetividade num corpo social entrevado pelo uniforme demasiado estreito do pragmatismo econômico" -ou (por que não?) do realismo oportunista que reivindica para si uma pretensa objetividade, condenando ao mesmo tempo toda produção subjetiva à impotência e ao ridículo, como se dela não fizesse parte.
Em nome de uma representação unívoca da realidade, o discurso embutido em "Tropa de Elite" (que não se assume como discurso) limita a própria possibilidade de produção de subjetividade a quem está fora desse mundo, ao diletantismo ridicularizado de estudantes inconseqüentes. Ao associar a produção de subjetividade aos ricos, aos tolos e aos irresponsáveis, como se tampouco estivesse produzindo subjetividade, o filme acaba, provavelmente sem perceber, dando um tiro no próprio pé, pois contribui para estreitar o entendimento do que num passado não muito remoto, e graças ao esforço e à resistência de grandes cineastas, garantiu ao cinema um lugar entre as artes, justamente como produção de subjetividade.
Fracasso do pensamento
Num mundo em que o jornalismo substitui a filosofia, é lógico que o bom senso não tem vez
UM MUNDO sem reflexão, onde a violência da realidade obriga o sujeito a deixar de pensar para agir, cedendo ao senso comum, ao simplismo e ao pragmatismo cínico, recorrendo ao preconceito e a ações impensadas que antes ele condenava, quando essa mesma realidade ainda não o atingia diretamente e ele podia repetir belas teorias da boca para fora, não é um mundo menos hipócrita (como alguns gostariam), é um mundo pior. Um mundo sem arte (no qual a arte, aceitando a pecha de ilusão e perfumaria, cede ao consenso da realidade e passa a funcionar como jornalismo e sociologia) também.
É nesse mundo desiludido que a representação de jovens tolos e inconseqüentes, repetindo Foucault da boca para fora, para acabar quebrando a cara na prática contraditória do trato direto com a realidade nua e crua, passa a ter um efeito catártico junto a platéias em busca de um bode expiatório.
É desse mundo (o do fracasso do pensamento) que trata "Tropa de Elite": onde só é permitido escapar à violência (e deixar de ser violento) fora da realidade -tudo o que o capitão Nascimento quer, ou diz querer, é sair desse mundo (onde quem pára para pensar morre), para poder cuidar em paz do filho e da família.
Gostei do filme, embora tivesse preferido o longa-metragem anterior de José Padilha, o documentário "Ônibus 174". Não acho o filme fascista. Mas é inegável que, como qualquer representação da realidade, ele tem um discurso (que não é exatamente o mesmo do capitão Nascimento), a despeito de dizer que se limita a mostrar a realidade. E não é um discurso novo. É o discurso de um realismo funcional que volta e meia reaparece para dizer que a realidade é o que é. E que só os fatos (ali representados) contam.
Num mundo em que o jornalismo substitui a filosofia (e em que a arte se esconde como discurso para se apresentar como espelho de uma realidade unívoca), é lógico que o bom senso não tem vez. A demagogia e a ira, sim. É preto no branco. Produção de subjetividade é coisa de elite irresponsável. Aqui, nós tratamos de fatos objetivos.
Com o desbaratamento das idéias, este passa a ser um mundo de polarizações em torno de questões simplistas e indiscutíveis. Não se produz pensamento; tomam-se partidos. Vozes da ponderação e do conhecimento de causa -como a de Alba Zaluar, que exercita o bom senso semanalmente e sem maiores alardes nas páginas deste jornal- vão se tornando inaudíveis em meio ao bruaá dos lugares-comuns estridentes. O bom senso não aparece, porque não tem graça nem dá manchete. As idéias foram reduzidas a representações sociais. Basta que cada um fale e seja reconhecido como representante do seu grupo social (e que muitas vezes se aproveite disso para respaldar a banalidade ou a demagogia do que diz). O que conta não é o teor das idéias (em geral, as mais simplistas), mas que sirvam para identificar o lugar social de quem as manifesta no campo de batalha. Essa aparente desordem apenas encobre uma ordem geral, o consenso em torno da realidade como um campo de forças autônomo, um teatro de ação e reação, imune à reflexão e à inteligência.
Foi em meio a esse contexto que bati com os olhos na recém-publicada edição espanhola dos artigos e palestras do dramaturgo francês Enzo Cormann: "Para que Serve o Teatro?" (Universidade de Valência). Na conferência de 2001 que dá título à coletânea, o autor diz que o teatro (e de resto toda arte que se preze), por ser reflexão, "consiste em reinjetar subjetividade num corpo social entrevado pelo uniforme demasiado estreito do pragmatismo econômico" -ou (por que não?) do realismo oportunista que reivindica para si uma pretensa objetividade, condenando ao mesmo tempo toda produção subjetiva à impotência e ao ridículo, como se dela não fizesse parte.
Em nome de uma representação unívoca da realidade, o discurso embutido em "Tropa de Elite" (que não se assume como discurso) limita a própria possibilidade de produção de subjetividade a quem está fora desse mundo, ao diletantismo ridicularizado de estudantes inconseqüentes. Ao associar a produção de subjetividade aos ricos, aos tolos e aos irresponsáveis, como se tampouco estivesse produzindo subjetividade, o filme acaba, provavelmente sem perceber, dando um tiro no próprio pé, pois contribui para estreitar o entendimento do que num passado não muito remoto, e graças ao esforço e à resistência de grandes cineastas, garantiu ao cinema um lugar entre as artes, justamente como produção de subjetividade.
segunda-feira, novembro 05, 2007
Homage to Me
Você diz que trabalha demais
você se acha tão sério
Te ligaria, se eu fosse capaz
um bom conselho não tem preço
E quando deito à cabeça no travesseiro
só penso em ser diferente
você trabalha e eu fico à tôa
pois a doideira não tem fim nem começo
Você agrega os valores morais
você vai mudar o mundo
a mim, só resta te copiar
fazer bem o serviço sujo
E quando eu tenho um problema
só penso na sua solução
você trabalha, trabalha demais
recebe muita ligação e isso, pra mim, não é vida
você se acha tão sério
Te ligaria, se eu fosse capaz
um bom conselho não tem preço
E quando deito à cabeça no travesseiro
só penso em ser diferente
você trabalha e eu fico à tôa
pois a doideira não tem fim nem começo
Você agrega os valores morais
você vai mudar o mundo
a mim, só resta te copiar
fazer bem o serviço sujo
E quando eu tenho um problema
só penso na sua solução
você trabalha, trabalha demais
recebe muita ligação e isso, pra mim, não é vida
sexta-feira, novembro 02, 2007
Piada legal
> > A velhice....
> >
> > Sala de TV, o velhinho levanta e a mulher pergunta:
> > - Aonde você vai?
> > - À cozinha - responde ele.
> > - Você não quer me trazer uma bola de sorvete? - pede ela.
> > - Lógico! - responde o marido solícito.
> > - Você não acha que seria bom escrever isso no caderno? - pergunta ela.
> > - Ah, vamos! - ironiza o velhinho - Eu vou me lembrar disso!
> > Então ela acrescenta:
> > - Então me coloca calda de morango por cima. Mas escreve para não ter
> perigo de esquecer.
> > - Eu lembro disso, você quer uma bola de sorvete com calda de morango.
> > - Ah! Aproveita e coloca um pouco de chantili em cima! - pede a velha -
> Mas lembra do que o médico nos disse... Escreve isso no caderno.
> > Irritado, o velhinho exclama:
> > - Ah, que saco! Eu já disse que vou me lembrar!
> > Em seguida vai para a cozinha. Depois de uns vinte minutos ele Volta com
> um prato com uma omelete.
> > A mulher olha para o prato e diz:
> > - Eu não disse que você iria esquecer? Cadê a torrada?
> >
> > Sala de TV, o velhinho levanta e a mulher pergunta:
> > - Aonde você vai?
> > - À cozinha - responde ele.
> > - Você não quer me trazer uma bola de sorvete? - pede ela.
> > - Lógico! - responde o marido solícito.
> > - Você não acha que seria bom escrever isso no caderno? - pergunta ela.
> > - Ah, vamos! - ironiza o velhinho - Eu vou me lembrar disso!
> > Então ela acrescenta:
> > - Então me coloca calda de morango por cima. Mas escreve para não ter
> perigo de esquecer.
> > - Eu lembro disso, você quer uma bola de sorvete com calda de morango.
> > - Ah! Aproveita e coloca um pouco de chantili em cima! - pede a velha -
> Mas lembra do que o médico nos disse... Escreve isso no caderno.
> > Irritado, o velhinho exclama:
> > - Ah, que saco! Eu já disse que vou me lembrar!
> > Em seguida vai para a cozinha. Depois de uns vinte minutos ele Volta com
> um prato com uma omelete.
> > A mulher olha para o prato e diz:
> > - Eu não disse que você iria esquecer? Cadê a torrada?
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