terça-feira, dezembro 23, 2008

O último do ano

Motivado pelo enunciado de um blog do site UOL sobre o diário de um brasileiro viajando pela África, assim como Emile Hirsch o Speed Racer, pensei nisso aqui:

Quando alguém viaja para os e.u.a escreve emails
quando fica em casa e escreve o que pensa, blog
quando alguém vai à europa escreve cartões postais
quando alguém vai à ásia escreve sobre retiro espiritual
e quando alguém vai à áfrica escreve um diário de viagem

eita etnocentrismo que não escapa nem ao povo brasileiro!
preciso de coragem. preciso me mudar pra Angola. Pra sempre!

segunda-feira, dezembro 22, 2008

O Segundo Sorriso - 02102001

Quando me dei conta, já tinham se passado dois anos e eu ainda pensava em como as coisas podiam ter sido menos diferentes desde então. Não houve momento nem de glória ou alegria, apenas aquele sorriso amarelo de quem acabou de ser jogado de lado pelo destino ao cair do dia, com uma nota de R$10 na mão e algumas gotas de chuva começando a cair sobre elas. HOje é que eu me dei conta de como esses anos passaram lentos pelas lentes da vida, lentos como uma cena em câmera lenta vista dezenas vezes, nos seus mínimos detalhes. daí, parou de chover. Era realmente de dia e o dia seguinte parecia não ter mais fim, e fim. Do que se trata o segundo sorriso? é a segunda chance que me foi dada para reaprender a olhar com mais paciência o que aprendo a cada viagem ou pausa que faço. O segundo sorriso é meu disfarce para mostrar que o verdadeiro eu nunca morre, mas vai se esquecendo de aparecer de dia para me assustar de noite. Pois a dicotomia é tida como uma regra do mundo e eu jogo o mesmo jogo que todo mundo joga a tempos. Sonho de dia, vivo uma realidade estranha quando me ocupo com o ócio, trabalho de noite... tem 3 dias que eu não consigo dormir porque tenho em mim uma síndrome japonesa de negócios... mas ela vai passar, ahahahahhahahahahhahaha. Outro dia fiz uma matemática do sono que me foi muito cara para aguentar o sol nascendo e eu com insônia e o resultado disso é que notívagos e boêmios afrontam a sanidade com muita presteza, até descartando a possibilidade de sucesso de suas noitadas. A matemática é simples: uma noite bem dormida consome 6 garrafinhas de cerveja em um dia. Uma noite péssima é aquela que nunca termina. Duas noites sem dormir equivale a um dia inteiro. Quatro noites seguidas sem dormir equivalem a 36hs acordado... e nessa sequencia (tremas?) chega-se a conclusão que não dormir é não aproveitar o sol da devida maneira. Eu sempre me sento para escrever sobre a mesma coisa, mas nunca consigo. O que é uma pena.

terça-feira, dezembro 16, 2008

A influência de Coltrane nos neurônios despertos cheios de saudades (escrito em 2006)

A Maioria dos excelentes discos que eu já ouvi e ouço, porque já me acostumei a idéia de que bastam cem discos para você saciar toda sua fome de música, tem como figuras essenciais ritmistas, os quais eu admiro tanto que dói. Me lembro de quando eu era uma criança e as pessoas queriam ser guitarristas, solistas como Stevie Vai ou Joe Satriani, tocar uns rocks velozes como os do Megadeth. Pô, os três primeiros discos do Metallica o meu irmão mais bonito tem, eu já ouvi muito tudo aquilo e acho autêntico pra caralho, mas não é a minha música preferida. Mas lá nos idos de 92 o que pegava em Brasília era o Metal, não esse metal Massacration que de tão bom me dá uma certa nostalgia a lá Mamonas Assassinas, esta sim, um fenômeno do excraxo ridículo, que salve-se o Premeditando o Breque, coisa sensacional e marcante de minha infância, e os músicos da época iam ter aulas na Musimed com o Parente e com o Fred. Eu mesmo fui aluno por dois meses do Fred, mas algo chamado dinheiro, depois a preguiça de andar de ônibus duas vezes por semana com o baixo no lombo me fizeram acreditar que eu era capaz de aprender a tocar baixo sozinho. Foi a melhor decisão que eu já tomei na vida. Me guia até hoje por qualquer caminho. Tocar a vida sozinho. A raça mais difícil de encontrar pra fazer um som legal é baterista. Na época tinha o César Borgatto, eu achava ele um baterista de jam, mas adorava as técnicas que ele usava pra tirar um som. Eu pensava “preciso de um Borgatto mais porra louca, mais novo e que não seja careca!” Tinha um fenômeno da bateria chamado Maurício, um desses talentos genuínos que o pai apoiava porque é assim que um pai tem que agir. Tinha 13 anos, tocava Pink Floyd, Led Zeppelin e tinha pratos Zyldjan, todos. Aquilo me motivou. Eu tinha 16 anos, era mais velho, mais pobre e não tinha apoio algum em casa pra levar música a sério. Por isso mesmo que um baterista sério seria a chave para que uma banda desse certo. Se fizesse os meus pais rebolarem o jogo estaria meio-ganho. A outra parte, é claro, era a escola. Sempre ensaiei em casa com meu irmão gêmeo e o meu irmão mais novo ensaiava com a banda de rock psicodélico dele. Tinha um menino canhoto-guitarrista chamado Filipe, o cara mais talentoso que eu já vi tocar guitarra e, com um detalhe, com o coração. Ele era o hendrix, pra mim. E é sério quando eu digo que ele era o HENDRIX. Canhoto, solista e compositor e extremamente livre dedilhando sua péssima guitarra, uma Jennifer Strato. Que guitarrinha ruim! Mas o menino era fantástico e motivava todo mundo, eu e a minha banda, a banda dele todinha, meus pais e a vizinhança sentava na varanda, um dos meus vizinhos fumava um e ficava ouvindo a gente tocando The Beatles, Nirvana, Smashing Pumpkis, The Pixies, Led Zeppelin, Rolling Stones, Mutantes, Raul Seixas, The Smiths, Pink Floyd e todas as nossas composições. Era o nosso Woodstock porque, pra melhorar tudo, tinha platéia feminina. Isso era um hábito desde que eu me entendo por banda. Minha primeira banda, os The Sounders, tinha esse apelo feminino. A gente convidava as amigas da escola pra ir ouvir a gente ensaiando The Beatles, Raul e Roberto Carlos, tomar banho de piscina. Todo Sábado na casa do James, onde começou a minha crença de que toda banda boa não ensaia em estúdio pago. Pagar pra tocar dói muito! O menino Hendrix-Filipe foi a excessão sobre guitarra que eu já vi. Ele explodia ao vivo, solava muito bem e tinha espírito, um feeling pro bom gosto da porra. Meu irmão gêmeo é outro excelente guitarrista porque sabe criar harmonias que cantam, dobram a voz. Isso, depois que eu descobri o Jazz, é a coisa mais linda a se fazer em uma música. E se o guitarrista for bom, a magia fica rock n'roll. Tanto que os quartetos de Jazz mais famosos do mundo NUNCA tiveram um guitarrista. O baterista que tocou comigo durante anos era musical, esforçado, mas era uma merda. A minha mãe costumava dizer que o esforço que eu colocava individualmente e na própria banda era desequilibrado, superior ao dos demais integrantes. Na época eu achava isso um absurdo, mas hoje eu dou razão a minha mãe. Todos os dias eu e o Breno tocávamos de manhã, antes de ir pra escola, de tarde, de noite. Todos os dias, mais os ensaios de Sábados e Domingos. E, no fundo, por ser autodidata, eu via que meu desenvolvimento musical era lento, progressivo e estiloso. Uma coisa eu aprendi. Ninguém toca como eu. Ninguém mesmo. Já me convenci que uma das razões pelas quais eu apoie o experimentalismo em todos os sentidos é o fato de que a auto-influência somada a convivência com o meio será capaz de dar instrumentos para que cada um seja bom naquilo que se dedica. Meu colega baterista era baterista de final de semana. Pra mim isso nunca bastou. Quando eu entrei no Maskavo eu percebi que tinha muita coisa a aprender sobre baixo. O reggae estava em minhas veias, mas não nos meus dedos e no meu coração. Com o Prata, com o Quim e com o Marceleza eu pude extrapolar, dar vazão a um coisa que eu sempre admirei no contrabaixo: a capacidade instrumental de poder ser um instrumento melódico e rítmico. Nas minhas experiências e músicas anteriores eu conseguia, de uma certa maneira, ser melódico. Mas o rock, em si, faz o baixo parecer muito mais um som raso e presente do que pontuante, profundo e misterioso. James Jamerson, Jimmy Garrison, Sting, Andy Rourke, o cara do New Order, Geddy Lee são alguns exemplos de contrabaixistas que iam além do instrumento e de suas limitações. Um instrumento de 4 cordas muito elegante, inclusive. O reggae, com Aston Barret e Robbie Shakespeare, pra mim não seria nada sem Carlton Barret e Sly Dunbar. Os dois melhores bateristas do MUNDO! Tem uma caralhada de caras bons no rock, Stuart Copeland, John Boham, Mitch Mitchell, etc, mas esses dois jamaicanos deram o toque final que mais influencia as batidas de dance no mundo hoje em dia. O Raggamuffin, o DanceHall, o Funk, o HipHop, o Rap, o Reggae, o Rock. Eis que o up-down beat do reggae dominou o mundo sobre a forma de uma quimera, uma Hidra de Lerna de 200 cabeças. Mas ninguém se pergunta de onde vem e pra onde vai o reggae? Eu me pergunto todos os dias porque eu gosto tanto de reggae e de jazz, afinal são músicas genuinamente mestiças, como o forró, o baião, o xaxado, o bumba-meu-boi, muitas outras que eu não conheço. Aprendi a gostar de músicas dos orixás, a música da Bahia antiga e mística e brasileira, da música chamada Bossa Nova e estou aprendendo violão. Que instrumento bonito e charmoso. Se tiver um bom percussionista, então...

o bicho da seda ou o fungo do shitake

tenho uma visão muito privilegiada
da varanda do meu casulo enxergo as avenidas
o trânsito que não pára nunca
a exorbitante quantidade de ultrapassagens
todas elas emitem um som
então são meus ouvidos?
tenho um ouvido muito privilegiado
agradeço à genética de meus antepassados
são tantas canções, tantos sons naturais
todas elas me fazem pensar
então é meu cérebro?
Antes fosse
assim como não somos
o bicho da seda
ou o fungo do shitake
também não somos apenas fruto do que pensamos
então é o que sinto?
é isso
e é como se estive em contato direto
com o bicho da seda
ou com o fungo do shitake

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Turns out we don't want Fabrizio to give up the day job. New York (November 13)

A couple of hundred people are packed into a Mercury Lounge that could have sold three times as many tickets tonight. It’s not because the headliner features Strokes drummer Fabrizio Moretti, although that may have garnered the initial interest. No, tonight people simply wanted to be here because Little Joy have made a great album, released just a week before, on election day.

Moretti last year joined forces with Brazilian musician Rodrigo Amarante and diminutive vocalist Binki Shapiro and, together, the trio masterfully morphed together a sound as if The Strokes had decamped to a beach in Rio, hooked up with famed brazilian singer Astrud Gilberto and made a record under the stars. Tonight Amarante and Moretti sit side by side on the low stage, and open with the last song on the album, ‘Evaporar’, gently sung in Portuguese by the former and accompanied acoustically by the bearded latter. The room is shushed into silence with just a wave of nervous giggling among some girls at the front.

Shapiro’s vocals, a silky smooth blend of Nina Persson and Feist, ease softly into ‘Unattainable’, before being joined by Albert Hammond Jr’s drummer Matt Romano and The Dead Trees’ Todd Dahlhoff, who pick up the pace first with the charming, country-ish ‘Brand New Start’ then ‘The Next Time Around’, which even prompts some subtle shimmies from the cool kids at the back. The jangly guitars of ‘How To Hang A Warhol’ deem it the most Strokesy moment of the set, while a cover of ’60s songstress and Binki’s mother Helen Shapiro’s ‘Walking Back To Happiness’ reminds us of where tonight’s singer inherited her vocal prowess.

Amarante may assume the majority of the vocals, but it’s Moretti who takes charge of the between-song banter. His easy wit and ability to get the crowd going are something we rarely get to see when he’s behind the kit in his other band. It’s a little unusual to see him out front, yet despite an admission of pre-show nerves, he seems entirely comfortable taking the role of band spokesman. After playing the album in its entirety, and throwing in a new uplifting pop track, the band wrap up with the catchy ‘Keep Me In Mind’ and head off for the East Village aftershow party.Yes, The Strokes may be getting back together next year, but a debut album and a debut New York show later, we for one are hoping that Little Joy can stick around, too.

Fiona Byrne

Billie Joe Armstrong speaks about recording process

"I really like fucking with arrangements," Armstrong told Altpress.com. "I always try to look at the possibilities of how you write power-pop music.

"How do you take something - and it could be anything from The Creation and The Who to The Beatles to Cheap Trick to The Jam - and try to expand on the idea of what is supposed to be three-chord mayhem?

"How do you do it in a way where the arrangements are just unpredictable? So I'm pushing myself to be progressive in songwriting and being a songwriter."

terça-feira, dezembro 02, 2008

Extemporâneas do Amor

Um brinde ao amor!
Um brinde do drinque preferido, gelado ou ao natural, fermentado, adoçado, sem alcóol, destilado!
Não há mais porque temer o amor. Esse sentimento novo? que não parece fenecer jamais sempre buscando novas formas de expansão através da música, da poesia, e das fotografias reclama até nos tablóides o seu cantinho. O amor está na moda de novo.
Nu, o jovem com seu peito aberto deitado de costas olhava com os cantos dos olhos a jovem ao seu lado que dormia, ou fingia dormir, entre a fresta do lençol aparecia o redondo dos seios amassadinhos no colchão e não havia nada de sexual nisso, não havia um pêlo pubiano que pudesse sugerir algo mais do que apreciar a beleza daquela jovem e de ter tido o prazer de ser o objeto de desejo dela até aquele momento.
Você abre uma tela no computador e só lê sobre Marcelo e Mallu. Duas entrevistas, dois jovens, duas almas apaixonadas e o que se lê são linhas e linhas que desdobram entre comentários insossos sobre música, a paixão de ambos os apaixonados, mas que tentam de tempos em tempos chegar ao fundo do poço da reportagem, falar sobre o que os dois não querem falar. É obvio: não tem como descrever! Não tem como fazer reportagem sobre amor. Só tablóide. Ao amor é necessário dedicação, paixão, carinho, dedicação e bom senso. Um poema sobre Marcelo e Mallu deveria ser escrito. Quando muito leio sobre os dois serem chatos, etc, eu prefiro crer que essa é a história deles dois e que seja feliz enquanto durar. Por experiência eu sei que dura e é muito gostoso. É o substrato das minhas canções, inclusive.
O jovem sentiu um fogo fodido ardendo no seu coração. Uma vontade de gritar com um senso de liberdade enorme e uma estranheza de estar sozinho novamente deitado em seu lençól com aquela pergunta grudada na fronte de sua testa: qual será o meu novo caminho? E para desafiar a gravidade levantou-se de uma só vez e nunca mais pensou em desistir de procurar um novo amor. O velho amor nunca deixou de existir.
E por ser o amor um sentimento tão antigo e muito discutido, distorcido e manipulado diversas vezes na história do mundo e das nossas vidas também, é ele também o gerador das mais diversas estranhezas dentro do sistema vigente de rotular a todos nós como números, por isso que pessoas de idades estranhas parecem estranhas ao estarem juntas. Uma inverdade de pequeno porte que é levada a sério demais. E pra quem estiver pensando: mas e a pedofilia? Minha resposta é: só quem tem potencial para pedófilo pensa em pedofilia. Não é o meu caso. Eu penso no amor, em coisas bonitas e em como resolver meus problemas com soluções que gerem boas ações.
Meditar é uma forma de se entender a mensagem do amor. Quando o yogue medita ele entra em contato com ele mesmo, com o todo e emana de si e recebe para si toda sorte de influências universais. Isso é amar. Quando eu coloco um fone de ouvido para ouvir uma canção não faço isso à tôa. Quando alguém me mostra uma coisa nova eu presto atenção. Quando eu vejo o anil do céu no final de tarde eu paro e fico ali alguns minutos contemplando o azul mudar de tonalidade. Quando estou ao lado do meu filho eu esqueço que o mundo é esse caos humano e eu brinco com ele e esqueço de tudo. Quando ouço um pássaro cantando eu ouço sua melodia e suas nuances. Quando eu me alimento mastigo tudo com paciência e percebo diferentes texturas, misturas e canais sensíveis de um prazer que eu desconhecia. Quando teve uma festa aqui em casa fi-la por amor ao vinis que estavam aqui um tanto empoeirados.
Se causa estranheza um amor de idades tão diferentes procure ver os casos mais próximos na família de tios, avós, até pais... isso é a vida. Acontece todos os dias desde sempre, não é?