É importante lembrar sempre que a luta de classes não foi superada pela humanidade.
E existe uma força favorável aos ventos do reggae no Brasil pois o estilo de vida filosófico dele vem semeando pessoas com dons extraordinariamente artísticos e genuínos dentre os perdidos e os vencidos. Vendidos não sei, quem lida com arte sofre este dilema. Viver o reggae é uma nova onda. A realidade do Brasil é clara com relação ao reggae: caminho marginal! Muitas bandas tem reagido a isso com coragem enfrentando a situação sem desesperos comerciais e norteando a tendência à discriminalização da música e do estilo reggae de ser. Chamo de estilo pois o reggae é composto de ritmo, harmonia, melodia, poesia e estas são características que um regueiro leva consigo 24 horas sem dor nem agonia.
Fiz um show ontem em Santo André que me deixou encucado. Não sei porque os limites da sociedade tem agido com tanta força nos eventos e no modo como são feitas as grandes festas de reggae mas é fato que não existe nenhuma discussão entre as bandas quanto a privilégios ou imposições que nos façam refletir de maneira favorável a todos que estejam trabalhando nesses eventos. Horários, tempo de show e atrasos fazem parte do meu dia-a-dia, quase não me afeta mais os nervos. Ontem foi diferente. O Maskavo tocou um show bem curto, 35 ou 40 minutos, depois da Tribo de Jah e daria seqüência a noite uma banda conhecida por Filosofia Reggae. Eu estava muito afim de conhecer este trabalho tão bem quisto aqui em São Paulo e comentado pelas cabeças do reggae da vida quando recebemos a notícia de que o show seria interrompido na segunda música por causa do horário de encerramento da casa. A decepção da banda ficou transparente nas lágrimas da vocalista. Senti uma sinceridade muito grande, uma sintonia fina entre a música, a cantora e sua banda e nós, o público. Veio aquele "se" na minha mente que dizia:"se eu soubesse da situação tinha tocado menos músicas". Enfim, a gente sabe de tão pouco com relação as coisas a nossa volta, fico a par das notícias, tento dar relevância ao pouco que tenho perto de mim, mas ali senti um reggae brotando geral e isso também me encantou. Não é para isso que somos nascidos? Para chorar um pouquinho?