domingo, junho 18, 2006
A gente é aquilo que o sentimento e a emoção não é - uma energia!
Me flagro diariamente em um diálogo profundo com meu trabalho. Cada dia que passa eu sinto que fica mais importante criar bases, ritmos, uma poupança segura para desempenhar minha responsabilidade com alegria. Durante minha juventude, tocar baixo sempre foi uma diversão muito boa. E hoje, tenho certeza, o nível de intimidade que eu tenho com o meu instrumento de trabalho é quase uma relação erótica e sexual, rola uns pegas aqui e ali, mas o beijo é sempre de língua. Também me sinto fragilizado quando não estou conseguindo seguir os dois ritmos que eu sou obrigado a acompanhar enquanto transando um som, um show, aquele momento mágico que rola no palco: o ritmo da bateria e o embalo do público. A relação exata entre o bumbo, a caixa e o sorriso das pessoas que vão a um show do Maskavo é diretamente proporcional ao preparo emocional necessário para embalar milhares de corações por minuto. O baixo é minha segurança e tem sido o elo de meus dedos com os pés dos fãs. Eu vibro em uníssono. Preciso que o ritmo surja das entranhas da bateria. O primeiro toque da baqueta na pele da bateria é o mais importante. A primeira nota na cabeça do tempo que sou obrigado a tocar tem que ser um veludo. O violão é o tempero. A interação do baixo com a bateria é conhecido pelo nome de swing. Com swing, com tudo. Sem swing, sem tudo. Aliás, swing hoje é também uma prática sexual coletiva, consensual e faz parte do imaginário popular. Eu acho que tocando baixo sou capaz de fazer uma pessoa gozar. Não tenho sentimentos e emoções guardados quando estou tocando. Não fico raciocinando também. Mas na hora H, quando o ritmo se perde em nosso medo, falta de preparo e falta de concentração, quando tudo está quase dando errado, a luz! Uma música ótima para reunir a energia que perdemos em nosso medo. Pois bem, eu não vascilo. E se vascilo, ninguém vê. Silêncio.
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