domingo, setembro 10, 2006

Análise crítica

Minha mulher sempre me faz lembrar o que é mais importante. Seus apontamentos, conselhos, até seu silêncio ou olhar envezado, aquele olhar que me diz, bem, meu bem, melhora isso aí, troca a lâmpada, respire o ar seco e renovado de casa. Ajude, me inspira. Mesmo que isso me faça lembrar das dores nas costas, do peso que é a benção da saúde, do meu filho só querer ficar no nosso colo, não que estejamos mimando ele, o frio faz dor toda a impressão do meu filho. O que é o frio, diabos? ele sofre calado, eu tento ser mais maduro e, no colo, ele fica quente e seguro. O que me faz lembrar o motivo desta crítica. Porque está na cara que criticar virou uma tarefa do cotidiano, um prazer do submundo das conversas, dos chats, dos msns da vida. Críticas que não servem para nada, no final das contas, porque só dizem respeito ao indivíduo, a necessidade de sermos alguém materializado no sucesso de bens, de diplomas e viagens, alguém que venda a alma pro capeta mesmo e diga, vou bem, nem sei porque estou aqui trabalhando, minha saúde? o seguro cobre! af, Há existência da crítica até nos desabafos mais triviais. Tudo é voltado pra genialidade da pós-modernidade. Um grande e insípido NADA!
Mas a arte de criticar, esta em questão, talvez tenha existido no Brasil... em uma época em que eu nem era nascido. na época do meu avô, talvez. Não tenho causa pra me aprofundar na história da crítica pois nada estudei sobre ela. estou a escrever de coração e alma sangrando. A crítica é uma arte tão profunda quanto o seu objeto de investigação. Por isso a crítica tem fins de explorar o que mentes pouco treinadas, com percepções pessoais as vezes embaçadas pelo cansaço, pelo trabalho, pela Rede Globo; pela falta de carinho em existir no Brasil, penso, a crítica serve como um telescópio. Um excelente telescópio que não traduz o que investiga, normalmente ilustra e desenvolve paralelos contemporâneos ou explicita sonhos que se traduzem na imaginação ou vivência de quem criou o objeto de estudo, a obra de arte. percebo que neste meu parâmetro 90% do que se diz crítica é, na verdade, sensacionalismo, tablóide, especulação sobre a vida alheia, excesso de fama ou do que se pode chamar glamour sem glamour.
Tive a oportunidade de ler um pequeno livro chamado "Crítica da Razão Pura", de Immanuel Kant, um filósofo alemão. Sua obra aborda o que é a pedra filosofal da metafísica, o objeto de estudo sobre a natureza do que sentimos, conhecemos e sabemos, intuitivamente ou por impressão, talvez o reflexo do espelho do que seria a viagem no tempo e espaço. (As únicas constantes em nossa vida, exclusive.) Seu trabalho, nas palavras dele, é na verdade a análise crítica dos ideais empiristas máximos do século XVII, coisas de gente velha, de Descartes, Aristóteles, de Hüme, onde ele desperta do "sono dogmático" aos 53 anos de idade. Critica a filosofia da razão porque ele entende que espancar a macaca pode levá-la à morte. Busca abrir os horizontes do inexplicável para que, ao invés de Deus, se questione o potencial do que é interno e do que é percepção. A macaca é a essência da alma. por que bate o coração? por que temos dejavús? É possível a transcendentalidade material? São coisas que até hoje poluem a mente das pessoas e elas nem sequer se questionam o porque de suas vidas estar tão previsível, tão melancólica e chata. Imagina o alemão vivendo o iluminismo no meio de alienados? Eu imagino o Brasil hoje pior do que a Europa toda a 200 anos atrás em muitos sentidos, e sendo pessimista, concordo quando Caetano Veloso diz que existem canções demais.
Um viva ao experimentalismo, dóa a quem doer!!!
Para que a crítica tenha validade ela tem que, sobretudo, ter transparência. levantar pontos fortes e fracos, tirar do lugar comum o que é um paradigma ou desvendar um grande segredo. Mas do jeito que a crítica anti-profissional tem sido feita, principalmente porque enfoca justamente coisas não científicas, inumanas, fotografias, ela perde seu caráter fundamental. Abram os olhos para o que é crítica. Duvide de uma crítica. kant foi longe assim. Quem sabe?

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