O Glamour delas já não ofusca mais nada desde metade dos anos 90, século XX; as "raves" não agregaram ao redor delas o charme e a vontade de viver uma fantasia falsa, mas bacana; o conceito material musical vigente tem mostrado que até as coisas com defeito podem ter efeito, mesmo que efêmero e sem o devido contrapeso para continuar. Os djs carregam, como um desafio, o fardo de animarem casas e espaços cada vez mais arruinados pela minoria burguesa que, com a presença do dinheiro, minaram a graça dos reinos das boates, o reino das loucuras maneiras.
Não há esperança. E nem deveria de haver. Desmarginalizada, perdeu a força. Perdeu a independência das tendências e perdeu o público de mente aberta que a frequentava. Perdeu tudo.
A naturalidade das boates era em gênero, número e grau, dependente de seus gerentes, normalmente loucos frequentadores de outras boates que tinham em mente a vontade de criar uma fuga do mundo real através da aproximação cultural da música sexual e selvagem. Isso quer dizer que as boates eram pontos de encontros e de lá surgiam infinitas relações de afinidade de muitos tipos. Foi nas boates, por exemplo, que as diversas formas de homossexualidade começaram a ter espaço livre de preconceitos, afinal, era lá que havia a atmosfera da penumbra, do incerto e do fantasioso belo.
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