domingo, outubro 05, 2008

fútil e inútil

Em algum ponto da curva eu descobri que mudanças são importantes. Mudar é importante e a ação mutatória constante da humanidade e da natureza me fizeram entender que mudar é bom. Por outro lado, uma coisa mudou e foi para pior: relacionamentos. Não sinto mais a mesma ferocidade em me relacionar com alguém como eu sentia aos 17 anos. Esse traço psicológico forte que descobri em mim é algo que estou querendo mudar pra melhor, e logo. Depois de tudo o que eu passei, das escolhas que realmente fizeram diferença em minha existência, um relacionamento fútil e inútil é tudo o que eu não quero. E é isso que está, vem, me perseguindo desde algum tempo, pessoas que buscam em mim certa futilidade. Eu busco estar perto de gente pela qual eu sinto admiração ou tesão intelectual e, confesso, derrapei duas vezes este ano procurando em becos de futilidade algum tipo de aceitação que considero muito baixo, raso, abismal. Tenho certeza de que perdi meu tempo e não consegui nada, nada mesmo, que pudesse ser chamado de bom. Pessoas, conheço milhares delas. Algumas me apetecem e essas eu quase nunca vejo, moro longe, qualquer coisa como desculpa serve, de fato eu sou e estou muito ligado nos aspectos sociais latentes da paternidade e da infância do meu filhote e também procurando aliviar a tensão dos meus nervos lendo e exercitando algo que posso dizer ser de caráter espiritual. Preciso de um plano pra mim, outro pro meu filho e outro pra situação ímpar que estou passando no trabalho, tanto em casa quanto fora de casa. E por mais que eu tente ser fútil ou inútil, eu não consigo ou minha educação não permite que eu fique nessa situação por longos períodos sem que lembre e comece a ter remorso e pesadelos por estar sendo algo que não sou.
Está em todo lugar essa futilidade, não feche seus olhos pra isso. Mas onde se posicionar em tal momento histórico? E vale à pena ser fútil? De acordo com Niezstche, só a grande decadência espelhará uma grande ascendência pessoal. É preciso matar na alma aquilo que nos corrompe: sexo, inveja, ganância. Não sei e não fui de mergulhar fundo em coisas que me prejudicassem. Não me basta o fundo do poço se, para isso, eu precise me lambuzar de elementos e pessoas que não combinam comigo nem em uma realidade virtual. Está na Rua Augusta e em outras ruas pelo Brasil o sexo pago que não leva ao fim da porra seca. Está nos meios de comunicação mais abrangentes o fruto da cobiça e da inveja. A ganância é um traço humano descrito desde os tempos dos gregos do qual sei muito pouco. Confesso que, por não ser ganancioso, tenho tão pouco para um homem da minha posição. Mas foda-se.

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