quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Dilúvio

Não foi o barulho do dilúvio que me acordou, não foi o barulho da água batendo na calçada que me instigou, não foi o sonho cíclico em estado alfa que me tirou o sono e não foi a vontade de ir ao banheiro que me fez levantar. Foi a necessidade de ler que, como o cão da arma de fogo, foi engatilhada e disparada pela minha mente esta manhã. Me sinto muito distante de Anais Nin em toda e qualquer comparação, que seja o estúpido o elemento que dirá "ela é de Paris, está morta, você está aqui" mas, meu caro estúpido, não é o caso de todos os átomos estarem aqui? E eu desejando tanto mulheres que não tenho chance e sendo perseguido pelas doidas que não me causam nenhuma paixão, meu vidro está limpo, sem riscos, é de uma translucidez invejável e, cá estou, inacessível a toda forma de contato sexual ao amanhecer porque durmo sozinho. Durmo sozinho faz meses e ainda não estou em forma, não sinto o vaso cheio e nem vazio. Acordei e senti saudades de uma menina chamada Marina, de Goiânia, que era uma pessoa poética, musical e o tipo de gente que transforma café com leite em algo desejável e, da forma como fala, dá vontade de ouví-la sem parar horas a fio. Sinto isso com outra Marina também, uma brasiliense, cuja maior qualidade é a potência de sua voz e o tamanho de seus seios. Esteriótipos de força que deixam um homem minúsculo amedrontado: como posso segurar uma mulher dessas com apenas duas mãos? Meus braços estão fortes mas meus dedos estão muito mais fortes e isso está errado. A força deveria estar em meus cabelos e eles já estão compridos demais, não suportam o calor de Salvador. Quando estive em Salvador, encontrei com Paty; Paty é outra poetisa da vida. Usa vestidos florais ou listrados curtos para mostrar suas longas pernas. Ela é mais forte que eu, pelo menos ela aparenta isso, mas é a delicadeza de suas mãos e o charme do seu sotaque que me causam forte impressão. Da forma como puxei seu corpo contra o meu é da forma como se dilacera a carne cozida entre os dentes que é do jeito que elas gostam. Um beijo doce, suspiros suaves, ritmo crescente, olhos fechados, esse transe mental que se misturou com a saudade de estar com ela misturado com tesão reprimido, esse tesão que me tirou da cama as sete horas da manhã. Tem essa menina chamada Isadora, cearense, ela é linda, inteligente e, quando está de óculos não deixa-os pendendo no nariz. Ela é decidida, apesar de não ter uma opinião firme sobre os assuntos que debate; ainda não tem porque é jovem e se arrisca pouco; ainda. Quando eu conheci a "careca" achei ter notado algo de feminino ao quadrado nela mas me enganei. A careca é apenas mais uma mulher que trocou as tempestades dos relacionamentos heterossexuais pelo charme da bissexualidade enrustida, pela penetração artificial do dia-a-dia. Dou risada disso sempre que posso. Já fumei todos os cigarros que pude e hoje só sinto que ainda tenho muitas cervejas pra degustar, muitas vodcas para vomitar e muito champagne para espocar. A chuva parou.

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