"Participe da criação de um mundo melhor, um sofá de cada vez." Essa é a ideia do Couch Surfing (surfe de sofá), rede on-line que reúne mais de 2 milhões de membros em 77 mil cidades.
Como? Ofereça o sofá para um viajante. Ou peça um. No Couch Surfing (ou CS, para os íntimos) não há cobrança de diária, como em hotéis.
O sistema é baseado na confiança. Referências positivas ou negativas são postadas nos perfis de viajantes e hospedadores, que não podem alterá-las.
Mais do que um cantinho para largar seu mochilão, o bacana é a troca cultural, dizem os surfistas de sofá ouvidos pelo Folhateen.
Rodrigo Oliveira, 18, já recebeu nove gringos. "Ver que você fez parte da jornada de uma pessoa não tem preço."
Oliveira só não tem boas recordações de um hóspede inglês "bastante folgado", que não lavava as próprias louças e atrapalhava a rotina da casa, por ser baladeiro.
Talita Torres, 23, calcula ter conhecido 70 novos amigos pelo Couch Surfing, na Turquia e na Europa.
PARA MAIORES
Por motivos de segurança, a comunidade não permite usuários menores de 18 anos. Mesmo assim, os jovens são maioria: 40% dos surfistas têm entre 18 e 24 anos.
Russo, Vadim Novozhilov, 24, teve sua primeira experiência no CS em São Paulo. "Não é só conseguir um canto para dormir de graça, mas, sim, ter a experiência de conhecer uma cultura de verdade", diz Novozhilov.
Por meio do CS, Leandro Provença, 23, conheceu um professor nos Estados Unidos, deu aulas para crianças por um dia e até jogou futebol com elas.
"Não é o tipo de coisa que acontece com quem viaja e fica em hotel, né?"
HÓSPEDE ESPECIAL NA ITÁLIA
Eu, Elisângela Roxo, 26, colaboradora do Folhateen, já viajei algumas vezes no esquema CS. Eis o relato de uma dessas viagens.
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"O trem saiu de Ventimiglia com destino a Gênova sem que eu tivesse ideia de onde dormiria naquela noite na Itália. Ainda na estação, conheci um casal de ingleses. Tínhamos o destino em comum. Eles perguntaram se o dono do sofá teria lugar para uma terceira surfista: eu!
Fui aceita e recebida por um senhor italiano e sua esposa. Ela cozinhou um banquete. Ele perguntou: gostam de vinho?
Com o sim, se levantou e voltou com uma garrafa de vinho guardada há 30 anos para "hóspedes especiais", que, naquela noite, éramos nós, surfistas de sofá.
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"FUI ROUBADO NO COUCH SURFING"
Gabriel Gaspar, 26, embaixador de São Paulo no Couch Surfing, conta uma experiência negativa no surfe de sofá.
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"Uma hora antes do voo de volta, percebi que meu iPod tinha sido roubado.
Eu e um casal de franceses estávamos hospedados pelo Couch Surfing na casa de uma família em Cartagena, na Colômbia. Conversei e contei o que tinha acontecido, mas não tinha como saber quem roubou, nem dava para acusar ninguém.
Foi uma situação chata. A filha, com quem eu tinha feito contato para pedir o sofá, ficou arrasada.
Eu também não sabia o que dizer. Sei que, em cinco anos de CS, foi a única vez em que fui roubado. Em albergues, isso aconteceu muitas vezes."
(ER)
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PEQUENO MANUAL DO SURFISTA
CONDUTA COM O DONO DO SOFÁ
1. Couchsurfing não é só um jeito de viajar de graça. Reserve um tempo para conhecer bem a pessoa que está lhe hospedando
2. Leia com atenção o perfil de quem vai hospedar você para ver as referências de outros hóspedes e checar se vocês têm gostos parecidos. Quem é mais tranquilo não precisa ficar na casa de um baladeiro, por exemplo
3. A hospedagem é de graça, mas pega bem levar um presente, tipo uma lembrancinha do Brasil
4. Para saber as regras da casa, não tenha vergonha de conversar com o dono, e siga o combinado
5. Não seja bagunceiro na casa dos outros. Dobre os seus lençóis e se ofereça para lavar a louça
6. Se a estadia no sofá foi boa, deixe uma referência no site sobre a sua experiência
SEGURANÇA DO SURFISTA
1. Informe alguém de confiança sobre quem vai lhe hospedar. Combine de ligar ou enviar um e-mail para dizer como está indo a viagem
2. Caso não se sinta confortável na casa, vá embora. Você não é obrigado a ficar
3. Anote telefone e endereço de albergues para onde possa ir se não se sentir à vontade no sofá alheio
4. Tenha à mão telefones de empresas de táxi locais
5. Leve um cartão de crédito com limite para "gastos de emergência"
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