Há quem acreditasse em uma guerra na Coréia agora. Há quem acredite que a usina de Fukushima foi sabotada.
Há quem publique que os EuA pousará em Marte em 2030. Há quem escreva que nossa realidade é simulada.
Fica difícil abrir os olhos com a lentidão necessária. Fica difícil manter a respiração calma ou a lembrança
do último momento antes de acordar. O suspiro ou bocejar que ataca os pulmões agride com ar frio as narinas e
expulsa o ar viciado de ontem. Os pensamentos vão tomando conta do espírito e da mente e o corpo automatiza
tudo o que é preciso para começar o que se chama de Dia.
Há uma condição artificial, sim. A rotina é um hábito mental que, de fora pra dentro, tende a manter seu ente
fora do perigo. É natural sentir medo, mas enfrentar o perigo de agir contra a mente é questionado de dentro
pra fora, e a sociedade teme pensamentos rebeldes. A sociedade é refém da sua artificialidade.
Há quem aposte nas bandeiras políticas. Todas andam de mãos dadas com a contradição. O caminho não tem mais
começo ou fim, o meio é o que vale. E o meio não discute quem financia seus debates. Afinal, existe um sistema
a ser seguido em uma grande engenhoca que gera crédito e que a todos modificou. Uma visão de mundo em números
tão artificiais que são imensuráveis e dizem respeito a quem os inventou apenas.
E o motorista? Quem dirige as possibilidades? Há quem lute contra tantas ilusões da mente porque os olhos apenas
refletem. As imagens são reais, as construções também. Os cálculos e a fotografia. Há de ser demais.
Mas é pouco.
Pois tudo que é feito para ser forte vem sendo enfraquecido pelo regime de insegurança generalizado que se instaura
em todos os segmentos, da pessoa à sociedade. A mente é forte, o espírito é forte, o corpo, apesar de complexo, é forte.
A imagem é fraca. A imagem é perene. A imagem vai com a pessoa. Há quem viva da imagem porque ela é importante e
fundamental para o dia de hoje. A imagem que passa é a imagem que deveria ficar, mas também, a imagem, é mutante,
frágil, deteriora com mais facilidade que a pedra e não reluz quando não tem sol.
Há quem ame mais ao próximo do que a si mesmo. Há quem ainda tem dificuldade em ultrapassar os conceitos de Deus, que
não é uma pessoa, que não é um milagre, há quem já deixou de acreditar e apenas existe. Há felicidade em quase
tudo em que se possa encostar. Há o conceito de morte, onde a imagem deixa de existir. A força da morte está na
idéia máxima de carpe diem, o que é tão sociedade dos poetas mortos que enoja.
Há quem veja a humanidade nas trevas. E está. Culpa de milhões de pais que, dos anos 70 pra cá, esqueceram de
criar pessoas e criaram gênios, no pior sentido, que são incapazes de amar e são capazes ao extremo de destruir por
qualquer coisa. Sim, se a matéria e a imagem importam mais do que a força do existir, então é possível que a
realidade seja apenas uma simulação dos aspectos cabulosos que a mente humana consegue configurar para se manter
viva, resistente, seletiva e cruel.
Haja paciência.
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